Estádios sem mito
cadeiras e esquizofrenia
Resumo
Partindo de alguns relatos etnográficos ao longo de uma pesquisa realizada no
cotidiano de torcidas organizadas de futebol, em especial da Torcida Young Flu do Rio de
Janeiro e de um grupo de torcedores do Paris Saint-German em Paris, este artigo, baseando-se
teoricamente em autores que fazem dialogar os campos da antropologia e da psicologia como
Durand, Clastres e mesmo Freud e Jung, trata do embate fundamental entre a coletividade da
torcida, com todos os sintomas ao mesmo tempo prazerosos e perigosos e sua aparente
incompatibilidade aos projetos de Estádios destinados à Copa do Mundo de 2014 no Brasil e à
EuroCopa 2016, cujas arquiteturas trazem, camuflada sob um “conforto do torcedor”, sob uma
“visão completa de campo”, sob a “cadeira”, uma preferência pela cisão dessas subjetividades
táteis em favor de uma objetividade da visão, ou seja, privilegiam um torcedor mais do tipo
individual, um torcedor sem mito.
Palavras-chave: torcida, futebol, estádio, antropologia