Loco Abreu: a autoconstrução de uma idolatria
Resumo
Em 13 de novembro de 2015, a torcida organizada “Loucos pelo Botafogo” reinaugurou o “Muro dos Ídolos” do Club Botafogo de Futebol e Regatas, painel pintado no muro em frente à sede do clube na Rua General Severiano, no bairro Botafogo, no Rio de Janeiro. O convidado de honra deste evento foi o jogador uruguaio Washington Sebastian Abreu Gallo, mais conhecido como “Loco Abreu”, que defendeu as cores do clube, entre janeiro de 2010 e março de 2012. Durante sua passagem como atleta do clube e no evento, encontramos inúmeros torcedores do clube vestindo a camisa Celeste Olímpica da seleção uruguaia ou envoltos na bandeira uruguaia. O artigo busca compreender os fatores motivacionais, que levaram os dirigentes e a torcida de um clube de futebol brasileiro a idolatrar, de forma singular e improvável, um jogador de futebol profissional - politicamente incorreto segundo a imprensa esportiva carioca - cuja nacionalidade (uruguaio) é pertencente aos autores da maior derrota simbólica e esportiva sofrida pelo Brasil no campo futebolístico. Esta idolatria atropelou identidades, a partir da mistura profana de ícones quase que sagrados: eles vestem a mística camisa “Celeste Olímpica”, na qual insertaram o escudo com a estrela solitária do clube Botafogo de Futebol e Regatas. Alguns torcedores inclusive, compareceram envoltos na Bandeira Uruguaia, símbolo máximo da representação do país.
Palavras-chave: Herói. Ídolo. Identidade. Idolatria. Comunicação