As crenças: entre as palavras
DOI:
https://doi.org/10.22409/reh.v1i8.67488Resumo
Em “Ceticismo e Política”, Cesar Kiraly (2013) estabelece um vínculo condicional entre a pregnância de uma crença e sua dimensão de silêncio. Por essa leitura, a crença não se faz instituir por alguma capacidade de eloquência, mas por um modo não discursivo de gerar significados. Resta algo de enigmático: de que natureza seria o silêncio constituitivo; e como este se relacionaria com a linguagem e a instituição sa crença? O presente texto procura contribuir com tais reflexões, desde o enunciado de Kiraly e contando, sobretudo, com o referencial da teoria da crença de David Hume. Num primeiro passo, constatamos o inefável na concepção de crença na filosofia do escocês e o relacionamos com o silêncio apontado por Kiraly. O silêncio da crença reside na dimensão tácita do associacionismo operado pela imaginação, que articula as repetições da experiência. Podemos pensar sua expressão como exterioridade de intensidades, que se manifestam pelas ações e pelos hábitos, meios pelos quais as crenças ganham pregnância no mundo social. Num segundo sentido, com contribuições de Merleau-Ponty, passamos a tratar da possibilidade de expressão da crença pela linguagem, e também da linguagem ser compreendida como uma crença, enquanto força significativa e social. Na medida em que a crença ganha pregnância e se fixa, fecunda o mundo de sentidos e se institui como enunciado. Por fim, o texto argumenta que a distinção entre os campos da crença e do acreditar, proposta por Kiraly, nos permite apontar relações potenciais entre os conceitos de crença, linguagem, experiência e agência, que, espera-se, sejam fecundas ao campo da política.
Palavras-Chave
David Hume; Crenças; Enunciação
Downloads
Downloads
Publicado
Edição
Secção
Licença
Direitos de Autor (c) 2025 Lilian Laranja

Este trabalho encontra-se publicado com a Licença Internacional Creative Commons Atribuição 4.0.
Para submeter um manuscrito, os autores devem realizar o cadastro na plataforma, fornecer os dados solicitados e seguir as orientações recomendadas. Para tanto, será necessário apresentar o número da identidade de pesquisador. Para obtê-lo, é necessário realizar o cadastro na plataforma Open Researcher and Contributor ID (ORCID).
Ao submeter um manuscrito, os autores declaram sua propriedade intelectual sobre o texto e se comprometem com todas as práticas legais relativas à autoria. A submissão implica, ainda, na autorização plena, irrevogável e gratuita de sua publicação na REH, a qual se responsabiliza pela menção da autoria.
A REH tem acesso aberto e não cobra pelo acesso aos artigos.
Orientando-se pelo princípio de que tornar público e disponibilizar gratuitamente o conhecimento científico contribui para a democratização mundial do conhecimento, a REH adota a política de acesso livre e imediato ao seu conteúdo.
No mesmo sentido, a REH utiliza a licença CC-BY, Creative Commons, a qual autoriza que terceiros distribuam, remixem, adaptem e criem a partir do trabalho, inclusive para fins comerciais, desde que se reconheça e torne público o crédito da criação original.