O dispositivo de oficinas de corpo e a questão da recalcitrância

Autores

  • Ana Claudia Lima Monteiro Universidade Federal Fluminense, Niterói, RJ
  • Clara Sym Cardoso de Souza Universidade Federal Fluminense

DOI:

https://doi.org/10.22409/1984-0292/v29i2/2220

Palavras-chave:

recalcitrância, corpo, subjetividade, dispositivo

Resumo

Em nosso texto apresentaremos as oficinas de sensibilização realizadas no Serviço de Psicologia Aplicada da Universidade Federal Fluminense (SPA-UFF), no segundo semestre de 2014 e primeiro semestre de 2015. Nosso trabalho visa construir um dispositivo em que corpos e subjetividades são efetuados pelos afetos gerados e geridos no mesmo. A recalcitrância atravessa a produção deste texto e das oficinas, pois, ao trazer à cena a construção das mesmas, nos vimos envolvidos tanto numa preocupação em construir as oficinas a partir de nosso campo teórico-metodológico, quanto em um comprometimento de compor, com os participantes, estas oficinas. Nossa pergunta era: como gerar uma disponibilidade afetiva sem cair na docilidade? Optamos então por apresentar a questão seguindo tais passos: teórico, metodológico, de elaboração das oficinas e de execução das mesmas. Nossa aposta em considerar os afetos nos fez perceber a possibilidade de criar dispositivos em que haja disponibilidade sem docilidade, pois consideramos também o que é trazido pelos participantes.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Referências

DELEUZE, G. Lógica do sentido. 4. ed. São Paulo: Perspectiva, 2000.

DELEUZE, G. Diferença e repetição. 2. ed. São Paulo: Graal, 2006.

DESCARTES, R. As paixões da alma. In: ______. Obras Escolhidas/Descartes. 3. ed. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 1994. p. 295-404.

DESPRET, V. Ces émotions qui nous fabriquent: ethnopsychologie de l’authenticité. Paris: Institut d’édition Sanofi-Synthelabo, 1999.

DESPRET, V. Hans: le cheval qui savait compter. Paris; Les Empêcheurs de penser en rond/ Le Seuil, 2004a.

DESPRET, V. The body we care for: figures of anthropo-zoo-genesis. Body and Society, [S.l.], v. 10, n. 2-3, p. 111-134, 2004b. doi.org/10.1177/1357034X04042938.

DESPRET, V. Être Bête. Paris: Actes Sud, 2007.

DESPRET, V. As ciências da emoção estão impregnadas de política? Catherine Lutz e a questão do gênero na ciência as emoções. Fractal Revista de Psicologia, Niterói, v. 23, n.1, p. 29-42, jan./abr. 2011a. doi.org/10.1590/S1984-02922011000100003.

DESPRET, V. Os dispositivos experimentais. Fractal: Revista de Psicologia, Niterói, v. 23, n.1, p. 43-58 jan./abr. 2011b. doi.org/10.1590/S1984-02922011000100004.

DESPRET, V. O que as ciências da etologia e da primatologia nos ensinam sobre as práticas científicas? Fractal: Revista Psicologia, Niterói, v. 23, n. 1, p. 59-72, jan./abr. 2011c. doi.org/10.1590/S1984-02922011000100005.

DESPRET, V. Acabando com o luto, pensando com os mortos. Fractal: Revista de Psicologia, Niterói, v. 23, n. 1, p. 73-92, jan./abr. 2011d. doi.org/10.1590/S1984-02922011000100006.

FAVRET-SAADA, J. Ser afetado. Cadernos de Campo, São Paulo, n. 13, p. 155-161, 2005.

HARAWAY, D. Saberes Localizados: a questão da ciência para o feminismo e o privilégio da perspectiva parcial. Cadernos Pagu, Campinas, v. 5, p. 07-41, 1995.

LATOUR, B. Jamais fomos modernos. São Paulo: Editora 34, 1994.

LATOUR, B. Des sujets recalcitrants. La Recherce, Paris, v. 301, p. 88-90, 1997.

LATOUR, B. Como falar do corpo? A dimensão normativa dos estudos sobre a ciência. In: NUNES, J.; ROQUE, R. (Org.). Objectos impuros: experiências em estudos sobre a ciência. Porto: Afrontamento, 2007. p. 40-61.

MOL, A. The body multiple: ontology in medical practice. Duham: Duke University Press, 2002.

MONTEIRO, A. C. L. As tramas da realidade: considerações sobre o corpo em Michel Serres. 2009. Tese (Doutorado)−Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, São Paulo, 2009. Disponível em: <https://tede2.pucsp.br/handle/handle/11811>. Acesso em: 13 out. 2016.

MORAES, M. PesquisarCOM: política ontológica e deficiência visual. In. MORAES, M.; KASTRUP, V. (Org.). Exercícios de ver e não ver: arte e pesquisa com pessoas com deficiência visual. Rio de Janeiro: Nau, 2010. p. 26-51.

SERRES, M. Diálogos sobre a ciência, a cultura e o tempo. Lisboa: Instituto Piaget, 1997.

SERRES, M. Os cinco sentidos. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 2001.

SERRES, M. Variações sobre o corpo. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 2004.

STENGERS, I. Quem tem Medo da Ciência? Ciências e Poderes. São Paulo: Siciliano, 1990.

STENGERS, I. Cosmopolitiques VII: pour en finir avec la tolérance. Paris: La Decouverte, 1997.

Downloads

Publicado

2017-08-31

Como Citar

MONTEIRO, A. C. L.; DE SOUZA, C. S. C. O dispositivo de oficinas de corpo e a questão da recalcitrância. Fractal: Revista de Psicologia, v. 29, n. 2, p. 158-167, 31 ago. 2017.

Edição

Seção

Dossiê Corporeidade