Poética do fogo: imaginação bachelardiana entre vela, brasa e fogueira na produção ritualística de tambores / Poetics of fire: bachelardian imagination between candle, ember and bonfire in the ritualistic production of drums
DOI:
https://doi.org/10.22409/geograficidade2020.100.a38365Palavras-chave:
Saberes ancestrais. Corpo-tambor. Experiência. Geopoética.Resumo
Iluminada pela imaginação material por Bachelard, a experiência com mestres artesãos de tambor inspira uma poética do fogo animada pela transformação e vitalidade ígneas, e instaura uma geografia vívida aquecida pela vela (que batiza), pela brasa (que oca) e pela fogueira (que convida, dissolve e impregna) em uma ritualística aterrada e abrasada entre corpos e tambores. Manusear o fogo na ritualística de tambores é lidar com o efêmero, controle e descontrole, ora brasa e ora labaredas, que dá forma e/ou finda em cinzas, produzindo internos ocados nos grandes tambores e diagramas poéticos nas fogueiras coletivas e concêntricas.A intensidade é essencial na poética do fogo: ao aproximar e afastar, manter e retirar, as obras nascem junto com seus mestres que sabem sentir o tambor nascente e respondem a ele, aderindo ao encantamento do fogo vitalizador da geopoética corpo-tambor por conhecimentos ancestrais que constituem uma Geografia-Sul.
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