Lugar, paisagem e experiência / Place, landscape and experience
DOI:
https://doi.org/10.22409/geograficidade2020.100.a38410Palavras-chave:
Escala. Situação. Geografia do dia a dia. Espacialidade diferencial.Resumo
Lugar, paisagem e experiência são apresentados aqui sob uma perspectiva de uma Geografia que se faz no dia a dia, o que pode revelar camadas mais profundas na banalidade do cotidiano trivial e corriqueiro, se estivermos atentos às maneiras e modos como criamos e produzimos espaço. Parte-se da premissa de que produzimos e reproduzimos espaço no cotidiano através de relações sociais e sociabilidades de toda ordem, pois temos um corpo, percebemos paisagens, habitamos lugares, nos refugiamos em nossos territórios íntimos e, afinal, somos humanos. Busca-se distinguir, na argumentação, os processos de lugarização e territorialização, sublinhando-se o lugar (frente ao território) como uma base para o pensar (e o agir) em escala, ampliando suas possibilidades para além de uma perspectiva localista. Finalmente, e à guisa de conclusão, afirma-se que a escala e o “pensar em escala” são também condições primeiras, como o “se localizar” e o “se situar”, para a constituição dessa Geografia do dia a dia, que se afirma e constrói nas situações cotidianas, a partir de um corpo localizado e situado, implicado em uma espacialidade diferencial e em uma dialética entre interior e exterior. Abre-se, desse modo, caminho para se pensar lugar e território não mais associados a ordens de grandeza ou escalas específicas, mas para pensá-los, ambos, como vastos e íntimos.
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