Ver a cidade em movimento: fragmentos perceptivos de um olhar em movimento / Perceptive fragments of a moving look
DOI:
https://doi.org/10.22409/geograficidade2020.100.a38346Keywords:
Trajetórias. Paisagem. Imagem. Poético.Abstract
Há beleza nas duras formas de concreto, do asfalto, dos prédios, dos viadutos. Em meio a solidez rachaduras teimam em se formar nos canteiros das ruas, por onde árvores insistem em crescer, flores insistem em brotar. Nas trajetórias cotidianas pela cidade, entre as janelas dos ônibus vê-se, na efemeridade das passagens, cenas que afetam o desejo nos encontros esperados e inesperados pelas ruas. Paisagens do exterior fundem-se com as do interior, envolvendo pensamentos, contemplações e percepções. Nos ônibus, nas ruas, a receptividade do olhar dos sujeitos se enraíza na geograficidade, em afetações que mobilizam o corpo no olhar e no sentir. Para lhes dizer sobre o encantamento nas trajetórias dos ônibus, as fotografias analógicas registraram em filme, as cores refletidas na captura do instante. Registros fotográficos, mapa mental e o ensaio poético se enredam para dizer o que se vê, se pensa e se sente sobre a primavera efêmera na cidade do Natal.
Downloads
References
BARTHES, Roland. A câmara clara. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1984.
BESSE, Jean-Marc. Ver a Terra: seis ensaios sobre a paisagem e a geografia. São Paulo: Perspectiva, 2006.
BESSE, Jean-Marc. O Gosto do Mundo: exercícios de paisagem. Rio de Janeiro: EdUERJ, 2014.
BERGER, John. Passos em direção a uma pequena teoria do visível. In: BERGER, John (Org). Bolsões de resistência. Lisboa: Editorial Gustavo Gilli, 2004. p. 13-23.
BERGER, John. Modos de ver. São Paulo: Martins Fontes, 1972.
CALVINO, Ítalo. Marcovaldo ou As estações na cidade. São Paulo: Companhia das Letras, 1994.
CAUQUELIN, Anne. A invenção da paisagem. São Paulo: Martins Fontes, 2007.
DARDEL, Eric. O Homem e a Terra: natureza da realidade geográfica. Trad. Werther Holzer. São Paulo: Perspectiva, 2011.
DIDI-HUBERMAN, Georges. Inquietar-se diante de cada imagem. Entrevista realizada por Mathieu Potte-Bonneville e Pierre Zaoui. Vacarme, n. 37, 2006.
GOMES, Paulo Cesar da Costa. Quadros geográficos: uma forma de ver, uma forma de pensar. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 2017.
LEMOS, Famara de Souza. Ver a cidade em movimento: fragmentos perceptivos das paisagens nas trajetórias dos ônibus. 2019. 170f. Dissertação (Mestrado em Geografia) – Centro de Ciências Humanas, Letras e Artes, Universidade Federal do Rio Grande do Norte, Natal, 2019.
MEINIG, Donald. O olho que observa: dez versões da mesma cena. Espaço e Cultura, UERJ, n. 13, p. 35-36, 2002.
MANGUEL, Alberto. Lendo imagens. São Paulo: Companhia das Letras, 2011.
MASSEY, Doreen. Pensamentos Itinerantes. Terra Livre, São Paulo, n. 27, v. 2, p. 93-100, 2006.
MERLEAU-PONTY, Maurice. Fenomenologia da percepção. São Paulo: Martins Fontes, 1996.
MERLEAU-PONTY, Maurice. O olho e o espírito. São Paulo: Cosac & Naif, 2004.
PESSOA, Fernando. Cancioneiro. Domínio público: Ciberfil Literatura Digital, 2002
SEAMON, David. Corpo-sujeito, rotinas espaço-temporais e danças-do-lugar. Geograficidade, Niterói, v. 3, n. 2, p. 4-18, 2013.
STOLNITZ, Jerome. A atitude estética. In: D'OREY, Carmo (Org). O que é arte? A perspectiva analítica. Lisboa: Dinalivro, 2007. p. 45-60.
TUAN, Yi-fu. Espaço e lugar: a perspectiva da experiência. Londrina: Eduel, 2013.