Outras ruínas e seus assombros / Other ruins and its astonishment
DOI:
https://doi.org/10.22409/geograficidade2020.101.a28128Palabras clave:
Geografia. Patrimônio. Interdisciplinaridade.Resumen
No decorrer da constituição das políticas e do discurso acerca do patrimônio histórico, as ruínas estiveram presentes em uma situação marginal, como um processo (arruinamento) ou estado (em ruínas) pelo qual casas, prédios, objetos se encontram quando não são preservados e conservados, atestando a destruição e a perda tanto da materialidade como dos sentidos de política, história e de tempo que estão imbricados nos patrimônios. Nosso movimento de pensamento, no entanto, é caminhar com as ruínas para um outro sentido: para além de problemas do patrimônio elas são, também, problemas do pensamento. Queremos defender que as ruínas são potências do pensamento à medida que estão envolvidas na ideia de assombro proposta por Tim Ingold, relacionada à ontologia anímica e a abertura para o mundo. Arruinar-se, portanto, é um movimento de destruição que reverbera numa abertura para outras ruínas que assombram nossas vidas e nossos pensamentos.
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