https://periodicos.uff.br/gragoata/issue/feedGragoatá2025-07-10T20:13:17+00:00Revista Gragoatágragoata.egl@id.uff.brOpen Journal Systems<p class="western" align="justify">A revista <strong><em>Gragoatá</em></strong> (<span class="value" style="color: rgba(0, 0, 0, 0.84);">ISSN 2358-4114) </span>tem como missão a divulgação nacional e internacional de artigos inéditos, de traduções e de resenhas de obras que representem contribuições relevantes tanto para a reflexão teórica quanto para a análise de questões, procedimentos e métodos específicos nas áreas de Linguagem e Literatura.<br />E-mail: gragoata.egl@id.uff.br<span class="label" style="color: rgba(0, 0, 0, 0.84);"> | Telefone </span><span class="value" style="color: rgba(0, 0, 0, 0.84);">+55 21 2629-2600.<br /></span><span class="value" style="color: rgba(0, 0, 0, 0.84);"><strong>Suporte aos Autores e Editores: </strong></span><span class="value" style="color: rgba(0, 0, 0, 0.84);">E-mail: secretaria.editorial@editoraletra1.com</span><span class="value" style="color: rgba(0, 0, 0, 0.84);"> | Telefones +55 51 983290203 e +55 51 3372-9222.<br /></span></p>https://periodicos.uff.br/gragoata/article/view/60139Locus amoenus e locus terribilis em Long Weekend (1978)2024-01-26T15:44:38+00:00Raimundo Expedito dos Santos Sousaraimundosou@gmail.com<p>Bafejados por correntes ecocríticas, os <em>Horror Studies</em> medraram, em anos recentes, vertente exegética dedicada ao escrutínio do ecoterror, subgênero no qual o primado do entretenimento é acrescido de inflexão bioética atinente às implicações catastróficas da degradação ambiental. Alinhado a esse prisma hermenêutico, este artigo tem como objetivo medular o exame de <em>Long Weekend</em> (Colin Eggleston, 1978), inscrito numa genealogia de filmes de terror que, entre 1970 e 1985, revigorou o cinema australiano. Para fins metodológicos, tomo de empréstimo dois paradigmas topológicos da <em>poiesis</em> clássica, quais sejam, o <em>locus amoenus</em> e o <em>locus terribilis</em>, aqui ressignificados conforme o texto/contexto de<em> Long Weekend</em>. Espólio do Gênese bíblico, o primeiro <em>topos</em> tinha largo emprego na poesia pastoral latina, por vezes ombreado pelo segundo como tropo retórico contrapontístico. Na película em apreço, ambos os <em>topói </em>são indissociáveis, já que, no “longo” fim de semana vivido por um casal numa praia deserta, o prometido <em>locus amoenos</em> se reverte em <em>locus terribilis</em> precisamente porque a intervenção humana provoca a degeneração daquele neste último. Nesse pioneiro do ecoterror, a quebra distópica de expectativas legatárias da sanha expropriatória imperialista compete, de um lado, para o <em>frisson</em> peculiar ao subgênero e, de outro, para reflexões em torno do consumo abusivo de recursos naturais e seus impactos apocalípticos.</p>2025-07-01T00:00:00+00:00Copyright (c) 2025 Gragoatáhttps://periodicos.uff.br/gragoata/article/view/68046Traduzindo para a Modernidade: O Nalai-ismo na Primeira Tradução Chinesa de Robinson Crusoe2025-05-30T18:46:30+00:00Ren Haiyanhaiyren@hunnu.edu.cn<p>Jue Dao Piao Liu Ji, a primeira tradução chinesa de Robinson Crusoe, é apenas uma das traduções nalai-ísticas na virada do século XX na China. Como uma resposta a pressões externas súbitas em um tempo de crise existencial para a nação, estas traduções priorizavam a eficácia sócio-histórica como critério primário. Elas não querem servir a dois senhores nem ser apanhadas na chamada tragédia do tradutor dividido entre traição e lealdade. Em vez disso, como se demonstra em Jue Dao Piao Liu Ji, traduções nalai-ísticas utilizam a corrente subjacente de violência resultante do estranhamento na tradução para impactar e desmontar as estruturas fechadas da cultura receptora. A tradução nalai-ística demonstra não somente abertura e intenção de diálogo, mas também envolve o jogo do tradutor a partir de/com o centro da cultura receptora, que, como uma criação transvisionária gera uma nova visão, distinta tanto do texto fonte quanto da cultura receptora original. Como um espécimen histórico, Shen Zufen e seu Jue Dao Piaoliu Ji serve como um traço e uma recordação: é a tradução que traduz a China para a modernidade.</p>2025-07-10T00:00:00+00:00Copyright (c) 2025 Gragoatáhttps://periodicos.uff.br/gragoata/article/view/65556De provações, demandas e derrotas: Buenos Aires, primeira fundação2025-02-28T14:49:49+00:00Alfredo Cordiviolaalfredo.cordiviola@gmail.com<p>Considerando os breves anos que separam a primeira fundação e o posterior abandono de Buenos Aires (1536-1541), a fome é o tema dominante e impossível de esquivar na profusa literatura relativa a esse capítulo da expansão espanhola no Prata. Sem conseguir alimentos suficientes, sem manter os pactos com os indígenas que poderiam ter garantido uma certa estabilidade, e sendo recorrentemente atacado, o casario de pobres taipas encontrava-se em situação de absoluto desamparo, que o tempo contribuiria a piorar. Neste trabalho revisamos, dentre as crônicas, memoriais e ficções que compõem essa constelação de testemunhos e mitologias, textos como os de Ulrico Schmidl, Francisco de Villalta, Luis de Miranda, Ruy Díaz de Guzmán ou Isabel de Guevara, entre outros.</p>2025-07-10T00:00:00+00:00Copyright (c) 2025 Gragoatáhttps://periodicos.uff.br/gragoata/article/view/66780Imaginário, política e diferença: assimetrias e dificuldades2025-03-11T20:47:35+00:00Alexandre Montauryalexandre.montaury@gmail.com<p>O artigo propõe um olhar panorâmico sobre as políticas de assimilação cultural empreendidas pelo regime colonial português e sobre a composição de um universo cultural estruturado na órbita da língua portuguesa e caracterizado pela heterogeneidade e diversidade. A complexidade e a vastidão do corpus literário produzido nesses diferentes espaços ao longo das últimas décadas podem oferecer importantes subsídios acerca do mundo contemporâneo, em que estratégias de sobrevivência de práticas simbólicas de matriz colonial ameaçam a autonomia de indivíduos e populações. O artigo propõe, ainda, a formulação de uma hipótese: um quadro político-cultural que implica diretamente as disputas modernas e contemporâneas pelo imaginário produzido nos diferentes estados-nação que integram o conjunto de<br />ex-colônias portuguesas. A premissa central deste trabalho é de que as racionalidades gestadas em mundividências do Sul e baseadas em cosmogonias e universos simbólicos próprios foram identificadas como culturas do atraso a serem corrigidas nos processos civilizatórios da modernidade colonial. Os esforços anticoloniais contemporâneos implicam uma revisão pormenorizada das forças e dos vetores que atuaram e atuam na assimilação de pessoas e grupos humanos às racionalidades ocidentais hegemônicas para que seja possível a formação de uma consciência crítica presente em textos literários e ensaísticos e em objetos culturais que delineiam novas formas de resistência.</p>2025-06-16T00:00:00+00:00Copyright (c) 2025 Gragoatáhttps://periodicos.uff.br/gragoata/article/view/66804Nacional por tradução2025-03-01T11:33:16+00:00Nabil Araujonabil.araujo@gmail.com<p>Num ensaio hoje clássico, Roberto Schwarz (1986) demarcou-se tanto dos “nacionalismos de esquerda e direita” e sua “busca de um fundo nacional genuíno [...] através da eliminação do que não é nativo” (o “nacional por subtração”), quanto de “certa filosofia francesa recente” na esteira da qual críticos como Silviano Santiago e Haroldo de Campos teriam buscado inverter o lugar-comum segundo o qual “a cópia é secundária em relação ao original”, oferecendo “uma interpretação triunfalista do nosso atraso”. Três décadas mais tarde, João Adolfo Hansen (2016), assumindo uma “perspectiva internacionalista” que descarta a um só tempo o problema das “ideias fora do lugar” bem como a resposta nacionalista ao mesmo, irá defender, com base em Abel Barros Baptista, a “ideia da literatura como hospitalidade incondicional e tradução”, ignorando, com isso, as profundas desigualdades reconhecidas por Franco Moretti (2001) no “sistema-mundo literário”. O problema reside na falsa equivalência sugerida por Hansen entre “hospitalidade condicional” e “tradução”: voltando às proposições de Baptista (2005; 2014), mostraremos que a tradução se impõe, na verdade, justamente porque a hospitalidade incondicional no que se refere à literatura não passa de uma “utopia”, e que a heterogeneidade linguística que reclama a tradução como performance constitutiva do idioma é justamente o que permite que se recoloque em nova chave o problema do nacional(ismo) no campo estético-literário em geral, e no campo comparatista em particular: nacional por tradução.</p>2025-06-18T00:00:00+00:00Copyright (c) 2025 Gragoatáhttps://periodicos.uff.br/gragoata/article/view/66688Quando o Norte é Sul: Literatura Comparada e circulação literária e cultural na Amazônia Brasileira2025-02-21T15:31:46+00:00Roberto Mibiellirmibielli@yahoo.com.brSheila Praxedes Pereira Campossheila.praxedes@yahoo.com.brFábio Almeida de Carvalhofabioalmeidadecarvalho@yahoo.com.brFernando Simplício dos Santosfernandosimpliciosantos@gmail.com<p>O ensaio aborda as especificidades do comparatismo literário produzido a partir da Amazônia brasileira. Para tanto, divide-se em três tópicos principais: o primeiro discute a influência de viajantes e teóricos na construção de significados sobre a região amazônica; o segundo explora os desafios específicos que a região impõe ao campo do comparatismo, considerando seu contexto histórico e cultural distinto; e o terceiro examina as peculiaridades da produção literária e dos artefatos verbais indígenas, mostrando como essa situação transforma as estratégias metodológicas e os aspectos epistemológicos do comparatismo literário na Amazônia.</p>2025-07-10T00:00:00+00:00Copyright (c) 2025 Gragoatáhttps://periodicos.uff.br/gragoata/article/view/68323A obra de Zhang Longxi e a falácia da incomensurabilidade cultural2025-06-23T20:24:02+00:00João Cezar de Castro Rochajccr123@yahoo.com.br<p>Neste artigo, defendo que as contribuições de Zhang Longxi para os estudos literários, em geral, e para a literatura comparada, em particular, oferecem um ponto de partida muito bem-vindo para o desenvolvimento de um novo quadro teórico, capaz de permitir a superação dos impasses resultantes de uma teorização exclusivamente ocidental.</p>2025-07-10T00:00:00+00:00Copyright (c) 2025 Gragoatáhttps://periodicos.uff.br/gragoata/article/view/66814Sul Global como método: visão decolonial nos filmes de Walter Salles (Brasil) e Jia Zhangke (China)2025-03-03T13:55:25+00:00Christopher Vecolivecoli_chris@hotmail.com<p>Anne Garland Mahler fornece um roteiro para estudar e validar o diálogo Sul-Sul através de um modelo consistindo em três níveis: na periferia; o (trans)nacional; e o reconhecimento recíproco da posicionalidade e resistência subalternas partilhadas sob o neoliberalismo global, com os seus nós de poder nos centros urbanos de elite em todos os cantos do mundo. Este artigo oferece um resumo ricamente detalhado dos contextos, conexões e colaborações multifacetadas dos cineastas Walter Moreira Salles do Brasil (e seu irmão João) e Jia Zhangke da China (e seu colaborador mais próximo e diretor de fotografia, Yu Lik-wai). Finalmente, através de comparações pareadas de três filmes de cada cineasta em escalas de Região, Nação e Transnacional, são reveladas algumas semelhanças subjacentes e até estranhas. Apesar de centenas de artigos escritos sobre Salles, por um lado, e Jia, por outro, pontos em comum passaram completamente despercebidos. Juntos, este trabalho propõe um caso paradigmático para o estudo da solidariedade lateral através de muitas latitudes, com base em compromissos semelhantes com o Sul Global.esses pontos em comum passaram completamente despercebidos.</p>2025-07-14T00:00:00+00:00Copyright (c) 2025 Gragoatáhttps://periodicos.uff.br/gragoata/article/view/66702O Sul é lugar na totalidade-mundo: crítica e literatura relacionais na América Latina2025-02-21T15:34:50+00:00Claudete Daflonclaudetedaflon@id.uff.br<p>O presente ensaio deslinda as potencialidades representadas por uma literatura e uma crítica relacionais na América Latina, isto é, comprometidas com processos multidirecionais e dinâmicos não restritos aos limites estabelecidos por fronteiras nacionais, disciplinares ou formais. Para esse fim, definiu-se como base teórica a obra do poeta e ensaísta das Antilhas Édouard Glissant, com ênfase nos conceitos de totalidade-mundo, lugar, diversidade e relação, associada a uma perspectiva decolonial. A poética da Relação de Glissant e a contribuição dos estudos decoloniais tornaram possível um estudo que, crítico às estruturas dicotômicas modernas (como centro e periferia; natureza e cultura; corpo e mente), explorasse a percepção, no âmbito da literatura latino-americana contemporânea, de consonâncias éticas e estéticas não óbvias. Nesses termos, buscou-se reconhecer processos criativos intercomunicantes desenvolvidos em realidades situadas na América Latina por meio da abordagem comparativista de obras do poeta brasileiro Edimilson de Almeida Pereira e da escritora chilena Diamela Eltit. Diante da constatação de que, em suas evidentes diferenças, Pereira e Eltit exploram a violência impressa no corpo da linguagem como parte de uma atitude criadora capaz de convocar relações, propôs-se a mutilação como conceito operador da leitura crítica de obras que, a exemplo das selecionadas, pressupõem o lugar como elemento da enunciação da experiência no Sul Global. A mutilação constituiria, nesses termos, elemento estético de conexão entre atividades literárias desenvolvidas a partir da apropriação criativa e reflexiva de ações de destruição em contextos geopolíticos e culturais atravessados pela colonialidade. Concomitantemente, buscou-se desenvolver a própria ensaística como exercício da relação convertida em fundamento metodológico da crítica literária. </p>2025-06-18T00:00:00+00:00Copyright (c) 2025 Gragoatáhttps://periodicos.uff.br/gragoata/article/view/68536“Sem porteira”: nada mais sul-sul que o sul da América2025-07-10T20:13:17+00:00Regina Zilbermanregina.zilberman@gmail.com<p>Aldyr Garcia Schlee, em artigo de 1989, expôs a tese de que se pode entender a produção ficcional originária do Uruguai, da Argentina e do Rio Grande do Sul enquanto uma unidade, propondo nomeá-la “literatura gaúcha”. Essa matéria literária resultaria das trocas, intencionais ou não, entre autores atuantes nessas regiões, ultrapassando os limites das territorialidades nacionais e linguísticas. O exame de narrativas de Aldyr Garcia Schlee, extraídas de <em>Contos de sempre</em>, e de João Simões Lopes Neto, pertencentes a <em>Contos gauchescos</em>, valida a proposta, apresentando-se como alternativa ao Regionalismo nacionalista, tal como descrito pela História da Literatura brasileira desde o começo do século XX. O paralelo estabelecido com a concepção de Antonio Candido, afirmada em “Literatura e subdesenvolvimento”, faculta a compreensão de um comparatismo Sul-Sul introjetado pelas próprias obras literárias do presente e do passado.</p> <p><strong>Palavras-chave</strong>: Regionalismo; Aldyr Garcia Schlee; Antonio Candido.</p>2025-07-21T00:00:00+00:00Copyright (c) 2025 Gragoatáhttps://periodicos.uff.br/gragoata/article/view/68047Descolonizando o global: perspectivas africanas da literatura-mundo2025-05-30T18:55:05+00:00Inocência Mata mata.inocencia@gmail.com<p>Este artigo propõe uma reflexão crítica sobre o lugar das literaturas africanas no campo contemporâneo da chamada literatura-mundo, tal como formulada pelo <em>Institute for World Literature</em> (IWL/Harvard University), com base nas contribuições teóricas de David Damrosch. A análise parte do pressuposto de que a literatura africana contemporânea participa de um duplo movimento: por um lado, reafirma filiações históricas, culturais e linguísticas marcadas pelas lutas de afirmação nacional; por outro, estabelece um diálogo crítico com o sistema literário mundial, ainda operando sob lógicas hierárquicas herdadas da colonialidade.</p> <p>Tendo como ponto de partida a ideia do “perigo de uma história única” (Chimamanda Adichie), que denuncia os estereótipos e reivindica a reinscrição de vozes africanas em gramáticas transnacionais, o artigo articula uma reflexão teórica sustentada em autores como Dipesh Chakrabarty (<em>Provincializing Europe</em>, 2000), que propõe uma descolonização do pensamento capaz de tornar visíveis outras histórias e epistemologias sem subordiná-las ao modelo ocidental de modernidade; Ngũgĩ wa Thiong’o, cuja noção de “globalética” (<em>Globalectics</em>, 2012) defende a descolonização do imaginário e da linguagem como condição para uma globalização autêntica; e Felwine Sarr, que em <em>Afrotopia</em> (2016) propõe uma modernidade africana fundada em epistemes locais e imaginários de futuro. Em conjunto, essas abordagens apontam para a urgência de reconfigurar os termos de pertencimento global.</p> <p>A partir dessas premissas, defende-se que os diversos corpos literários africanos devem ser compreendidos não como periferias, mas como centros discursivos capazes de reorientar os modos de pensar o literário, o tempo histórico e o universal. Questiona-se, assim, o modelo de literatura-mundo enquanto sistema de inclusão acrítica e propõe-se uma concepção de <em>globalidade</em> fundada na diversidade radical de cosmovisões e vozes. Conclui-se que o reposicionamento das literaturas africanas não se realiza por meio da assimilação aos parâmetros do centro, mas pela capacidade de formular outras centralidades – enraizadas, plurais e insurgentes. O gesto de “fazer mundo” (<em>world-making</em>) a partir de África é simultaneamente literário, político e epistémico, e impõe a necessidade de repensar as categorias da crítica literária global.</p>2025-07-10T00:00:00+00:00Copyright (c) 2025 Gragoatáhttps://periodicos.uff.br/gragoata/article/view/66613Buchi Emecheta e Françoise Ega: Escritas Migrantes do Sul Global2025-02-19T17:09:48+00:00Liliam Ramosliliamramos@gmail.comNôva Marques Brandonovabrando@gmail.com<p>No cenário de deslocamentos de pessoas entre o centro e a periferia do globo, narrativas emergentes, sujeitos literários e práticas discursivas cruzam fronteiras físicas e culturais impostas pelo colonialismo. Esse quadro está presente em Cidadã de Segunda Classe (2018), de Buchi Emecheta e Cartas a uma negra: narrativa antilhana (2021), de Françoise Ega. Das experiências da nigeriana Adah e da martinicana Maméga, que emigraram para Londres e Marselha, respectivamente, são selecionadas e problematizadas aquelas relativas à maternidade, à moradia, às ocupações profissionais e à escrita. Para isso, buscamos ferramentas que julgamos adequadas para análises das vivências das personagens nos debates do feminismo decolonial através de pesquisas de Françoise Vergès, Oyèrónke Oyewùmí, Grada Kilomba, Gayatri Spivak, Conceição Evaristo e Gloria Anzaldúa relacionadas à reprodução social e racialização, à generificação das relações, ao controle da fala e da enunciação, ao privilégio epistêmico e à escrita como agência de enfrentamento ao colonialismo; da mesma forma, contribuições de Aníbal Quijano, Edward Said e Frantz Fanon quanto à colonialidade do poder, à produção de conhecimento, linguagem e mentalidades dominadoras. O diálogo realizado entre os textos e a bibliografia teórica nos permitirá afirmar a existência de uma relação entre o lugar que essas mulheres racializadas ocupam na reprodução social da ordem capitalista e a escrita de mulheres como resistência e protagonismo diante das políticas colonialistas.</p>2025-05-28T00:00:00+00:00Copyright (c) 2025 Gragoatáhttps://periodicos.uff.br/gragoata/article/view/66785O outro, o mesmo, em três tempos: circularidades poéticas entre Angola e Brasil2025-02-28T18:09:15+00:00Roberta Guimarães Francorobertagf@uol.com.brRodrigo Garcia Barbosarodrigobarbosa@ufla.br<p>Os estudos, em diversos campos do conhecimento, acerca de territórios que tiveram suas histórias atravessadas por processos coloniais frequentemente padecem de uma premissa centralizadora: a concepção de influência ou o uso de certa noção de tradição que parte do elemento colonizador. No mundo de língua portuguesa, esta centralidade é atribuída a Portugal, de onde teria saído a base cultural e a mediação entre seus territórios colonizados. Este artigo, contudo, propõe uma análise Sul-Sul entre Angola e Brasil sem a intermediação do país do Norte. Reconhecidos o imaginário acerca de algumas imagens e a tradição poética ocidental, propõe ultrapassar a noção simplória de influência, colocando em diálogo produções de três temporalidades distintas na história literária desses países, os séculos XVII, XIX e XXI, utilizando o conceito de “memória cultural”, de Jan Assmann. Apesar do percurso temporal começar no período colonial dos dois espaços, a circularidade poética é lida no eixo do Atlântico Sul, entre poemas de Antônio Dias Macedo (Angola) e Gregório de Matos (Brasil). Já no século XIX, momento de independência do Brasil e intensificação da colonização portuguesa em Angola, focaliza-se a produção de José da Silva Maia Ferreira, autor do considerado primeiro livro angolano, publicado após o retorno do Brasil a Angola e o contato com poetas como João D’Aboim e Gonçalves Dias. Por fim, no século XXI, propõe uma comparação entre poemas do angolano Ondjaki e da brasileira Ana Martins Marques, diálogo que, independente de contato efetivo entre os poetas, centra-se em um éthos compartilhado via “memória cultural”.</p>2025-05-28T00:00:00+00:00Copyright (c) 2025 Gragoatáhttps://periodicos.uff.br/gragoata/article/view/66453Entre os Estudos Latino-Americanos e a Literatura Comparada2025-02-19T16:53:21+00:00Florencia Garramuñoflorg@udesa.edu.ar<p>Os estudos literários latino-americanos sempre foram, de certa forma - como já foi argumentado por muitos estudiosos - comparativos. Mas desde a observação de Antonio Candido de que “a literatura brasileira é um galho secundário da literatura portuguesa” até trabalhos recentes sobre a literatura latino-americana contemporânea, o significado de “comparativo” sofreu uma transformação radical. Esta intervenção procura seguir algumas dessas mudanças e teorizar sobre as possibilidades que elas abrem para uma redefinição contemporânea da literatura comparada dentro dos estudos latino-americanos, a partir da análise de algumas obras paradigmáticas</p>2025-06-03T00:00:00+00:00Copyright (c) 2025 Gragoatáhttps://periodicos.uff.br/gragoata/article/view/66287Repertórios culturais heterogêneos no Sul Global: intersecções entre a matriz oral iorubá e o romance nigeriano contemporâneo2025-02-01T19:00:31+00:00Adriana Cristina Aguiar Rodriguesadrianaguiarodrigues@gmail.comIsabela Taís de Oliveira Cerqueiraisabebelacercerqueira@gmail.com<p>Propomo-nos, neste artigo, a uma leitura crítico-analítica do romance africano-nigeriano contemporâneo no que tange às suas formas de inter-relação com repertórios culturais da tradição e da oralidade iorubá. Considerando perspectivas teórico-epistemológicas encontradas em Literaturas africanas comparadas, de Brugioni (2019), em “Conjeturas sobre a literatura mundial”, de Moretti (2000), e em textos de Leite (1998, 2010, 2012), assumimos o pressuposto de que as culturas africanas contemporâneas resultam de transformações abruptas, de mesclagens involuntárias (e algumas delas violentas), responsáveis, dentre outros, pela modificação de línguas, de tradições, bem como pela introdução, em seus territórios, de formas culturais, como o romance, que terminam também por ser transformadas, uma vez que os escritores, ao delas se apropriarem, alimentam-na com conteúdos locais (Moretti, 2000). A partir desse contexto, dialogando com debates em torno de processos de tradução (Brugioni, 2019) e de intersecção entre repertórios orais e escrita literária (Leite, 1998, 2010, 2012), tomamos como corpus de análise a obra Fique comigo (2018), da nigeriana Ayòbámi Adébáyò, a fim de analisarmos os modos como esses repertórios modelam a composição narrativa escrita. Falamos em estudos comparados aqui, portanto, a partir da relação entre a matriz oral iorubá e o romance nigeriano contemporâneo, almejando compreender como escritoras situadas ao Sul Global têm constituído seus projetos estético-literários, em muitos casos, extrapolando categorias como nação ou ideais de vernaculismo cultural. </p>2025-06-16T00:00:00+00:00Copyright (c) 2025 Gragoatáhttps://periodicos.uff.br/gragoata/article/view/66433O mito do espelho: Silviano Santiago e o desconforto do entre-lugar do discurso latino-americano2025-02-01T13:44:42+00:00Danilo Matavelimatavelidanilo@gmail.com<p>Este trabalho é uma tentativa de releitura histórica de um importante debate levantado por Silviano Santiago nos anos 1970 a respeito das ideias de modelo e cópia. Nesse ponto, estão em foco os problemas do desenvolvimento técnico e do papel do escritor dentro de suas condições produtivas. O estudo baseia-se em considerações de Karl Marx e Walter Benjamin sobre a atuação do desenvolvimento técnico na estrutura das relações sociais. O texto analisa a possível criação do mito do espelho como um paradigma da suposta superioridade do colonizador em relação ao indígena, simbolizando a dialética civilização/barbárie. Para isso, o ensaio “O entre-lugar do discurso latino-americano” (1971) e a sua busca por alternativas para a dialética entre o “modelo original” do colonizador e a “cópia” do escritor latino-americano são retomados como foco da discussão; a principal proposta desse estudo é de que o mito do espelho é o ponto arcaico do problema e que é a partir do espelho trazido pelo colonizador que se pode enxergar o reflexo do Novo Mundo.</p>2025-05-13T00:00:00+00:00Copyright (c) 2025 Gragoatáhttps://periodicos.uff.br/gragoata/article/view/66242Dependência editorial: Austrália, Brasil, Argentina2025-02-01T19:15:10+00:00Ian Alexanderianalex63@gmail.com<p>A Austrália é uma província cultural pequena, marginal e fraca em relação aos centros do mundo anglófono. Já que um sistema literário só pode existir se obras puderem encontrar leitores, e já que a publicação e a distribuição de livros são atividades econômicas, a literatura da Austrália existe desde sempre em relação a Londres (antiga capital imperial e centro econômico do mundo no século XIX) e, mais recentemente, Nova York. O presente artigo trata dos efeitos de tal dependência editorial na publicação de livros australianos e na existência de traduções australianas, em comparação com a situação do Brasil e da Argentina.</p>2025-05-08T00:00:00+00:00Copyright (c) 2025 Gragoatáhttps://periodicos.uff.br/gragoata/article/view/66678Comparatismo sul-sul – comparando “o resto” além do Ocidente2025-02-19T16:50:59+00:00Theo D´ haentheo.dhaen@kuleuven.be<p>É um lugar comum julgar a literatura comparada como eurocentrista, e a acusação é, sem dúvida, justificada durante a maior parte da história da disciplina. Embora desde a virada do século XXI a disciplina, tanto em seus tradicionais redutos europeus e norte-americanos quanto em outras regiões, tenha ampliado seu escopo para incluir muitas (se ainda não todas) literaturas anteriormente negligenciadas ou marginalizadas, o termo principal na maioria das comparações envolvendo literaturas não ocidentais ou, com um termo mais recente, do Sul Global, ainda continua sendo literatura ocidental. Apenas muito recentemente surgiu uma forma de comparação que envolve diretamente várias literaturas do Sul Global e elimina qualquer literatura de referência ocidental. Essa comparação Sul-Sul pode assumir várias formas, várias das quais são discutidas em meu artigo. Argumento também que o princípio de tais comparações pode ser estendido igualmente a comparações entre as chamadas literaturas menores, mesmo que originárias do Norte Global ou do Ocidente, que até agora sofreram uma negligência comparável em relação a pouquíssimas literaturas de língua europeia que tradicionalmente têm estado no centro da disciplina Literatura Comparada.</p>2025-05-13T00:00:00+00:00Copyright (c) 2025 Gragoatáhttps://periodicos.uff.br/gragoata/article/view/66264Não o Sul, mas Suis: pluralidade e impermanência nas contemporâneas formulações do pensamento pós-colonial – diálogos literários africanos e afrodescendentes2025-02-19T17:00:15+00:00Marcelo Brandão Mattosmarcelobmatt@gmail.com<p style="font-weight: 400;">Este artigo propõe uma análise da conjuntura contemporânea das nações e dos coletivos pós-coloniais a partir das ideias de pluralidade e impermanência, tendo por base conceitos das teorias pós-coloniais e do pensamento pós-moderno. Para tanto, são referidos os trabalhos teóricos de pensadores como Franz Fanon, Boaventura de Sousa Santos e Walter Mignolo, entre outros. As investigações socioculturais e histórico-políticas servem de fundamentação para se pensar a literatura de escritores africanos e afrodiaspóricos, como Pepetela, Kalaf Epalanga, Aida Gomes, Djaimilia Pereira de Almeida e Conceição Evaristo.</p>2025-05-08T00:00:00+00:00Copyright (c) 2025 Gragoatáhttps://periodicos.uff.br/gragoata/article/view/66351Una Corsa All’avventura: o percurso intelectual de Gianfranco Contini2025-02-28T14:06:16+00:00Raphael Salomão Khederaphaelsalomao@hotmail.com2025-06-25T00:00:00+00:00Copyright (c) 2025 Gragoatáhttps://periodicos.uff.br/gragoata/article/view/66181Entre a estética e a política, a Literatura Comparada: a defesa de um compromisso ético2025-01-15T10:53:23+00:00Larissa Moreira Fidalgolarissamfidalgo@gmail.com<p>Resenha do livro</p> <p>HASSAN, Waïl S. <strong>Arab Brazil: Fictions of Ternary Orientalism.</strong> New York: Oxford University Press, 2024. 332 p.</p>2025-05-13T00:00:00+00:00Copyright (c) 2025 Gragoatáhttps://periodicos.uff.br/gragoata/article/view/67658O paradigma emergente do comparatismo Sul-Sul2025-05-05T17:32:15+00:00José Luís Jobimjjobim@id.uff.brWaïl Seddiq Hassanwhassan@illinois.edu<p>Breve resumo do que está em jogo no comparatismo Sul-Sul</p>2025-06-03T00:00:00+00:00Copyright (c) 2025 Gragoatá