Gragoatá
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<p class="western" align="justify">A revista <strong><em>Gragoatá</em></strong> (<span class="value" style="color: rgba(0, 0, 0, 0.84);">ISSN 2358-4114) </span>tem como missão a divulgação nacional e internacional de artigos inéditos, de traduções e de resenhas de obras que representem contribuições relevantes tanto para a reflexão teórica quanto para a análise de questões, procedimentos e métodos específicos nas áreas de Linguagem e Literatura.<br />E-mail: gragoata.egl@id.uff.br<span class="label" style="color: rgba(0, 0, 0, 0.84);"> | Telefone </span><span class="value" style="color: rgba(0, 0, 0, 0.84);">+55 21 2629-2600.<br /></span><span class="value" style="color: rgba(0, 0, 0, 0.84);"><strong>Suporte aos Autores e Editores: </strong></span><span class="value" style="color: rgba(0, 0, 0, 0.84);">E-mail: secretaria.editorial@editoraletra1.com</span><span class="value" style="color: rgba(0, 0, 0, 0.84);"> | Telefones +55 51 983290203 e +55 51 3372-9222.<br /></span></p>Universidade Federal Fluminensept-BRGragoatá1413-9073<p><strong>AUTORIZAÇÃO</strong></p> <p>Autores que publicam em <em>Gragoatá</em> concordam com os seguintes termos:</p> <p>Os autores mantêm os direitos e cedem à revista o direito à primeira publicação, simultaneamente submetido a uma licença <em>Creative Commons</em> Atribuição 4.0 Internacional (CC BY 4.0), que permite o compartilhamento por terceiros com a devida menção ao autor e à primeira publicação pela <em>Gragoatá</em>.</p> <p>Os autores podem entrar em acordos contratuais adicionais e separados para a distribuição não exclusiva da versão publicada da obra (por exemplo, postá-la em um repositório institucional ou publicá-la em um livro), com o reconhecimento de sua publicação inicial na <em>Gragoatá</em>.</p> <p> </p> <p>A <strong><em>Gragoatá</em> </strong>utiliza uma Licença <a href="https://creativecommons.org/licenses/by/4.0/deed.pt" target="_blank" rel="license noopener">Creative Commons - Atribuição CC BY 4.0 Internacional</a>.</p>Gestos de edição na divulgação do conhecimento: censura e resistência
https://periodicos.uff.br/gragoata/article/view/61400
<p>A proposta deste artigo é contribuir com estudos sobre a produção e funcionamento de práticas censórias, bem como caminhos para se analisar a constituição dos sentidos de censura. Para o momento, propõe-se questionar em que medida o que aqui se propõe compreender como ‘gestos de edição’ intervém no real dos sentidos, considerando sua produção-circulação regulada pelo batimento silenciamento-evidenciamento (Moreira, 2007, 2009, 2018) mediado pela Inteligência Artificial (IA). Noções e procedimentos metodológicos da Análise do Discurso materialista (Pêcheux, 1990a, 1975) e seus desdobramentos no Brasil (Orlandi, 1996, 2016) nortearão a análise discursiva do fragmento de dois vídeos referentes à live Marcha pela Ciência-MG (2020), evento científico invadido por hackers disseminando discurso de ódio.</p>Carla Barbosa Moreira
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2024-07-312024-07-312964e61400e6140010.22409/gragoata.v29i64.61400.ptLíngua e cosmogonia em Bakairi: práticas de pesquisa voltadas ao conhecimento das línguas originárias
https://periodicos.uff.br/gragoata/article/view/62604
<p>O trabalho toma como objeto a língua Bakairi (Caribe), modalidade falada na Terra Indígena Bakairi, localizada no município de Paranatinga, Mato Grosso, Brasil Central. Os dados foram coletados, sobretudo, em duas aldeias – a Aldeia Pakuenra e a Aldeia Paikun, ambas localizadas na Terra Indígena Bakairi. O objetivo principal a ser alcançado visa a organização do léxico na língua Bakairi, descrita e analisada sob uma perspectiva interdisciplinar, colocando em jogo a relação entre língua e cosmogonia, quando se trabalha pelo viés da escola francesa de Análise de Discurso e, paralelamente, trabalha-se a análise formal dos dados nos moldes da Morfologia Derivacional. Como objetivos secundários, procuramos focalizar dois mecanismos principais: (i) a discussão da formação de palavras motivadas pela cosmogonia do grupo através da presença de formativos (morfemas) fechados e não produtivos, ficando estes restritos à criação de palavras num tempo mítico e (ii) a análise de outros morfemas da língua, dando lugar a palavras abertas. Dentre o conjunto de palavras fechadas, as que fundam a identidade dos Kurâ e que nos remtem à organização social do povo em seu todo e aos valores de ordem moral e social, escolhemos duas para ser o foco de nossa discussão: udodo e pekobaym. O enfoque aqui apresentado contribui ao conhecimento e descrição do sistema da língua tanto para falantes nativos, quanto a pesquisadores que se voltem para a dimensão étnica inscrita na materialidade discursiva da língua.</p> <p> </p>Tania Conceição Clemente de SouzaValdo Kutaiava Xagope
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2024-09-112024-09-112964e62604e6260410.22409/gragoata.v29i64.62604.ptApresentação do volume 64 – Novos desenvolvimentos em semântica e pragmática
https://periodicos.uff.br/gragoata/article/view/63144
<p>.</p>Luciana Sanchez Mendes Brenda Laca
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2024-09-032024-09-032964e63144e6314410.22409/gragoata.v29i64.63144.ptAlternância estativo-locativa no PB: verbos com sentido de continência
https://periodicos.uff.br/gragoata/article/view/60366
<p>Neste artigo, analisamos, de acordo com os pressuspostos teóricos-metodológicos adotados pelos estudos na área da Interface Sintaxe-Semântica Lexical, um tipo de inversão locativa do português brasileiro. Ele ocorre com verbos do tipo <em>armazenar</em>, que são bitransitivos e denotam o sentido de mudança de estado em relação a uma locação: <em>o fazendeiro armazenou 25 mil toneladas de milho no depósito</em>/ <em>o depósito armazenou 25 mil toneladas de milho</em>. Em uma classificação mais ampla, esses verbos pertencem à classe dos verbos de mudança de estado locativo, juntamente a outros verbos que não realizam a inversão locativa, como <em>colocar</em>: <em>a menina colocou o livro na caixa/ *a caixa colocou o livro</em>. Ao analisarmos o sentido mais específico do verbo <em>armazenar</em>, percebemos que este denota uma relação de continência entre seus argumentos, de modo que <em>as 25 mil toneladas de milho</em> passam a ficar contidas no <em>depósito</em>. É essa relação que licencia a ocorrência da inversão locativa em questão, a qual se caracteriza por uma reinterpretação da estrutura temática dos verbos e por uma mudança aspectual na forma alternada. Mostramos que essa reinterpretação temática ocorre através de um processo semântico conhecido como <em>coercion,</em> e que a mudança aspectual da sentença alternada é um epifenômeno da ocorrência desse processo. Também mostramos que a relação semântica de continência é relevante gramaticalmente.</p>Letícia Meirelles
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2024-07-242024-07-242964e60366e6036610.22409/gragoata.v29i64.60366.ptTravelling in time with natural language: Some cross-linguistic considerations
https://periodicos.uff.br/gragoata/article/view/60553
<p>This paper investigates the grammatical strategies deployed by natural languages in order to express temporal reference. We show that temporal reference is obtained by combining a finite set of pieces of meaning which are constrained by the metaphysics of natural language (BACH 1986) and which languages distribute differently across functional categories. The paper discusses more specifically temporal adverbial clauses that express the meanings of anteriority and posteriority with respect to some reference time. We consider a relevant set of languages that make use of different strategies in order to generate these meanings, and conclude that the tools that languages may deploy are of a limited number, and include tense, aspect and temporal connectives.</p>Ana MullerMarta Donazzan
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2024-08-262024-08-262964e60553e6055310.22409/gragoata.v29i64.60553.enInterpretação temporal de sentenças negativas em Karitiana
https://periodicos.uff.br/gragoata/article/view/60385
<p>Este artigo apresenta um estudo sobre a interpretação temporal de orações negativas em Karitiana (ISO 639-3: ktn). O Karitiana é uma língua da família Arikém e tronco Tupi (RODRIGUES, 1986, p. 46) cujo sistema temporal é futuro vs. não-futuro (STORTO, 2002; MÜLLER; FERREIRA, 2020). Semanticamente, tempo é uma relação entre um momento de referência e momento da enunciação (KLEIN, 2013). Nessa língua, ele é expresso por sufixos verbais que estão presentes em orações afirmativas, mas ausentes em orações negativas (STORTO, 2018). Então, o objetivo deste estudo foi verificar como se dá a interpretação temporal nas negativas dada a ausência de morfologia de tempo nessas orações. Nossas hipóteses iniciais eram: (i) que a interpretação temporal é determinada contextualmente ou (ii) que ela é determinada gramaticalmente por outros fatores. Para testá-las, elaboramos um teste em duas etapas: (i) coleta contextualizada de dados de negativas tanto no futuro quanto no passado com um falante nativo e (ii) apresentação descontextualizada e aleatória desses áudios para outro falante nativo para tradução. Esse teste mostrou que a interpretação default de sentenças negativas descontextualizadas é o passado, mesmo que elas tenham sido coletadas em um contexto de futuro corroborando a segunda hipótese. A coleta de dados para análise semântica geralmente é feita de forma contextualizada (MATTHEWSON, 2004; SANCHEZ-MENDES, 2014). No entanto, mostramos como a tradução descontextualizada pode também ser uma ferramenta para detectar a existência de mecanismos gramaticais não salientes ao linguista determinando a interpretação.</p>Luiz Fernado Ferreira
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2024-07-242024-07-242964e60385e6038510.22409/gragoata.v29i64.60385.ptRelaciones temporales en construcciones absolutas de gerundio
https://periodicos.uff.br/gragoata/article/view/60367
<p><span style="font-weight: 400;">El objetivo de este trabajo es explorar de qué modo se codifican las relaciones temporales en las construcciones absolutas de gerundio y, al mismo tiempo, presentar un modelo semántico que dé cuenta de este fenómeno de un modo explícito. En concreto, este trabajo presentará evidencias en favor de la hipótesis de que la información aspectual contenida en las construcciones absolutas de gerundio permite “resolver” las relaciones temporales. Partimos de la hipótesis central de Portner para el estudio de las construcciones absolutas del inglés, que supone una relación R que permite establecer relaciones temporales entre la construcción de gerundio y la cláusula principal. Sin embargo, a diferencia de su propuesta, en el que la relación R se especifica a partir de las relaciones entre la construcción absoluta y la oración principal, aquí sostenemos que esta relación temporal se especifica a partir del aspecto léxico del predicado de la construcción absoluta (i.e., es independiente de la oración principal). Así, siempre que la construcción de gerundio presente un predicado atélico obtendremos una interpretación simultánea, mientras que en los casos en los que la construcción presente un predicado télico obtendremos una interpretación de anterioridad.</span></p>Romina TrebisacceAna Polakof
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2024-08-262024-08-262964e60367e6036710.22409/gragoata.v29i64.60367.es'Se pá' um condicional epistêmico!
https://periodicos.uff.br/gragoata/article/view/60585
<p>Este artigo tem como objetivo apresentar uma proposta para a semântica-pragmática da expressão ‘se pá’<em>,</em> característica da fala de comunidades mais jovens no Brasil. Em textos escritos, como whatsapp ou twitter, aparece grafada de maneiras distintas: ‘cepá', 'sepá', 'cpá' e etc.... Argumentamos que se trata de uma expressão composicional, em que o ‘se’ é a conjunção condicional e o ‘pá’ ocupa o lugar da sentença antecedente. Defendemos inicialmente que não estamos diante de um operador de possibilidade como ‘talvez’, mas de um condicional indicativo, já que não se combina com formas do verbo no subjuntivo. Mostramos, com base em Potts (2007), que o ‘pá’ carrega expressividade, veiculando a posição subjetiva do falante. Para a semântica, partimos da proposta de Kratzer (2012) para os condicionais em que o ‘se’ indica que a restrição da quantificação universal, que é implícita, é dada pelo antecedente. O antecedente está ocupado por ‘pá’, que veicula que as restrições são aquilo que é o curso normal dos eventos. A base modal são os mundos acessíveis a partir do mundo de avaliação, que são ordenados segundo a normalidade. O ‘pá’ é a proposição que resume as condições normais. Assim, o falante indica que se tudo for normal, o consequente se segue. Logo, ele não apenas está inclinado na direção do consequente, mas a expressividade da expressão veicula que o falante está emocionalmente inclinado nessa direção.</p>Roberta Pires de OliveiraBernar Costa de Carvalho
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2024-07-242024-07-242964e60585e6058510.22409/gragoata.v29i64.60585.ptSobre a semântica de ‘juntos’ no português brasileiro: tipologia e investigação preliminar
https://periodicos.uff.br/gragoata/article/view/60739
<p>Neste artigo, realizaremos uma investigação preliminar sobre a expressão 'junto', que ainda não conta com uma descrição no português brasileiro (PB). Para empreender este estudo, nosso primeiro passo será demonstrar, por meio de testes linguísticos, as interpretações que o termo pode ter em sentenças do PB e oferecer uma tipologia semântica. Na segunda etapa deste artigo, apresentaremos duas teorias propostas para o item together, que pode ser entendido como a contraparte do 'junto' na língua inglesa, e investigaremos se essas teorias dão conta dos dados apresentados para a expressão no PB. Por fim, apresentaremos uma primeira descrição teórica para o 'junto' no PB, com base na hipótese de que a função deste item é a de efetuar uma soma de entidades. Na Conclusão, retomaremos o caminho percorrido e as principais conclusões, além de citar brevemente outras questões sobre o 'junto' que merecem nossa investigação.</p>Ana Carolina de Sousa AraújoRenato Miguel Basso
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2024-07-242024-07-242964e60739e6073910.22409/gragoata.v29i64.60739.ptConsiderações semântico-pragmáticas sobre o item ‘já’
https://periodicos.uff.br/gragoata/article/view/60551
<p>Neste artigo discutimos características semânticas e aspectos pragmáticos do item lexical ‘já’ e, assim, procuramos entender o(s) seu(s) significado(s). Nosso objetivo é explorar alguns dos aspectos linguísticos de ‘já’, pois esse item é pouco discutido nas gramáticas tradicionais. As bases teóricas utilizadas são Gritti (2013), Lopes (2003) e Morais (2004), que abordam aspectos da semântica do item, e algumas considerações gerais de gramáticas descritivas (PERINI, 2008; NEVES, 2011). A partir da revisão bibliográfica, verificamos que ‘já’ pode ter valor temporal (localizando eventos na linha do tempo), aspectual (modificando o aspecto do evento) e conjuntivo (ligando orações) e concluímos que o item apresenta aspectos pragmáticos relevantes que o caracterizam e que não foram analisados na literatura consultada, tais como leituras de contraexpectativa e de promessa. A presença dessas leituras e a natureza das inferências que as geram foram investigadas neste artigo em sentenças no modo indicativo (presente, passado e futuro) e imperativo, estando as leituras de contraexpectativa e de promessa ausentes do último. Após testes de acarretamento e pressuposição e de cancelamento de implicatura, as leituras de contraexpectativa e de promessa revelaram-se implicaturas conversacionais, sendo, assim, inferências de natureza pragmática.</p>Letícia Lemos GrittiLovania Roehrig TeixeiraGabriela Paulina Aparecida Aiolfi
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2024-08-052024-08-052964e60551e6055110.22409/gragoata.v29i64.60551.ptAlgumas considerações sobre os minimizadores no português brasileiro: contextos (não) afetivos e escalas
https://periodicos.uff.br/gragoata/article/view/60555
<p>Este artigo discute algumas propriedades dos minimizadores no Português Brasileiro. Partindo de Ilari (1984), talvez o primeiro e um dos poucos trabalhos sobre polaridade negativa no Português Brasileiro, abordamos a restrição de tais expressões a contextos negativos e apresentamos brevemente o modelo de Chierchia (2013). Também discutimos certos contextos de acarretamento decrescente, inerentes ao licenciamento de minimizadores. Em seguida, investigamos o fenômeno da afetividade, argumentando que, apesar de, a princípio, esse aspecto parecer escapar à abordagem de Chierchia (2013), é possível explicar tais nuances levando em consideração a definição escalar do minimizador. Por fim, indicamos uma possível existência de uma classe de minimizadores de escala não definida lexicalmente, isto é, itens que funcionam como minimizadores, mas que não possuem uma escala definida em sua entrada lexical, como o <em>nem a pau</em> e o <em>nem fodendo</em>.</p>Kayron Beviláqua
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2024-09-102024-09-102964e60555e6055510.22409/gragoata.v29i64.60555.ptUma explicação para o licenciamento de alguns adjetivos em duas posições atributivas em italiano
https://periodicos.uff.br/gragoata/article/view/60678
<p>Em línguas românicas, a posição canônica do adjetivo é a pós-nominal (Cinque, 1994). Observou-se, porém, que, embora a maioria dos adjetivos seja apenas pós-nominal em românicas, alguns poucos adjetivos aparecem somente como pré-nominais, e há um grupo, mais extenso, que pode vir antes ou depois do núcleo, com mudança de sentido (Gomes; Sudré, 2021). Apesar desses três padrões distribucionais, a cartografia (Cinque, 2010, 2014) propõe apenas duas fontes sintáticas: relativas reduzidas (associadas a adjetivos pós-nominais, de interpretação extensional) e projeções funcionais, que incluem todos os adjetivos pré-nominais e alguns pós-nominais, identificadas pela interpretação intensional. Propomos que aqueles adjetivos que são licenciados em italiano tanto antes quanto depois do núcleo nominal estão em uma projeção funcional, DegP (Corver 1991), e são comparativas implícitas. As diferentes interpretações (intensional e extensional) são fruto de diferenças no domínio de onde provém o parâmetro de comparação, e não de fontes sintáticas diversas. Portanto, propomos que nem a distribuição nem a interpretação de adjetivos em línguas românicas podem ser explicadas apenas com base na fonte sintática. Defendemos a necessidade de recorrer a um componente semântico. Adotamos a semântica de graus (Kennedy; McNally, 2005). Todos os adjetivos móveis (licenciados tanto na posição atributiva canônica quanto na outra) em um corpus do italiano passaram nos testes independentes como sendo adjetivos de grau</p>Ana Paula Quadros GomesNicolly Dutra de Carvalho Cabral
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2024-09-032024-09-032964e60678e6067810.22409/gragoata.v29i64.60678.ptImplicaturas escalares na aquisição de português brasileiro: uma análise da Teoria da Otimidade para o conectivo “ou”
https://periodicos.uff.br/gragoata/article/view/60581
<p>Quando “ou” é proferido em uma sentença, em princípio, as leituras “A ou B, mas não ambos” (exclusiva) e “A ou B e possivelmente ambos” (inclusiva) são possíveis. A literatura em aquisição tem detectado uma assimetria no comportamento infantil. Por um lado, crianças em idade pré-escolar, diferentemente dos adultos, aceitam o equivalente de “ou”, nas línguas testadas, em contextos onde “e” seria mais adequado (TIEU <em>et al</em>., 2017; SKORDOS <em>et al</em>., 2020). Por outro lado, crianças adquirindo inglês produzem “ou-exclusivo” antes dos quatro anos (MORRIS, 2008; EITELJÖRGE; POUSCOULOUS; LIEVEN, 2018). Este trabalho argumenta que a Teoria da Otimidade (OT) pode explicar essa assimetra na linguagem infantil, onde a produção ocorre antes da compreensão. Focando no Português Brasileiro (PB), foi investigado o comportamento linguístico infantil na produção de “ou”. Foram analisados dois <em>corpora</em> de fala infantil: um com 119 horas de gravações espontâneas envolvendo quatro crianças entre 2;0 e 5;6 anos, e outro com 51 horas de gravações que contou com sete crianças entre 4;3 e 9;0 anos. Os resultados corroboram os achados para o inglês, observando a primeira produção de “ou-exclusivo” aos 2;4 anos. Para dar conta dos resultados, é proposta uma extensão da análise, partindo da OT, de Mognon <em>et al</em>. (2021), para o “<em>some</em>” ao “ou”. A otimização unidirecional é incapaz de selecionar um <em>output</em> vencedor e, para o cálculo de implicatura, é necessário que a otimização bidirecional entre em cena. A partir dessa análise, será argumentado que a otimização bidirecional é adquirida tardiamente no desenvolvimento infantil, podendo explicar os achados da literatura que apontam para a assimetria entre produção e compreensão.</p>Jonathan TorresElaine Grolla
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2024-07-312024-07-312964e60581e6058110.22409/gragoata.v29i64.60581.ptO efeito da familiaridade como variável pragmática no processamento de metáforas
https://periodicos.uff.br/gragoata/article/view/60477
<p>A convencionalidade é normalmente considerada a principal variável atuante no processamento de frases metafóricas. Neste artigo, defende-se, alternativamente, a hipótese de que é a familiaridade o fator pragmático determinante para a compreensão de metáforas nominais do tipo “X é um Y”. Autores como Searle (1979), Gibbs (1981), Janus e Bever (1985), Glucksberg (1988 e 2003), Bowdle e Gentner (2005) e Ricci (2016) utilizaram-se da convencionalidade como variável fundamental para os seus estudos experimentais, ignorando o efeito da familiaridade. É dentro deste contexto, e por contraste, que o presente estudo se insere. Um experimento <em>on-line </em>de leitura segmentada autocadenciada com frases metafóricas do tipo “X é um Y” apresentadas sem contexto prévio foi aplicado e revelou que a familiaridade foi a única variável que registrou efeito significativo.</p>Eduardo KenedyGladiston Silva
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2024-08-052024-08-052964e60477e6047710.22409/gragoata.v29i64.60477.pt(In)definitude, número e implicatura de multiplicidade em uma língua sub-representada: um estudo do Kaiowá (Tupí-Guarani)
https://periodicos.uff.br/gragoata/article/view/61256
<p>O ponto de partida para o estudo é o entendimento de que sintaxe, semântica e pragmática atuam de forma simultânea e recursiva na derivação de sentenças. Nossa evidência empírica provém do Kaiowá (Tupí-Guaraní). Apresentamos duas formas pelas quais o plural do Kaiowá pode ser expresso: pela forma básica do nome e pela forma nominal modificada por <em>-kuera</em>, um marcador especial de plural. As duas formas não estão em competição pelo plural. Ambas levam a um plural fraco que inclui o singular em sua extensão. O plural forte não é fornecido de forma gratuita pela lógica, sendo derivado por meio de uma “implicatura de multiplicidade”. Defendemos também que o NP nu do Kaiowá é ambíguo entre interpretações definidas e denotadoras de espécie. Teoricamente, amparamo-nos na visão neo-Carlsoniana de Chierchia (1998) que propõe dois princípios reguladores da mudança de tipo semântico, <em>Blocking</em> e <em>Ranking</em>. O Kaiowá fornece evidência adicional para a versão revisada por Dayal (2004) de <em>Ranking</em>. Nessa última, <sup>∩</sup> e ι estão ranqueados acima de ∃, que só é acionado em último caso. Ao demonstrarmos que o Kaiowá apresenta as mesmas leituras de línguas que possuem artigos no que diz respeito à expressão de número e (in)definitude, sugerimos que essa língua apresenta evidência adicional a favor de uma abordagem localista, que defende que as implicaturas de multiplicidade sejam calculadas passo a passo, na gramática, assim que os termos escalares entram na derivação, em detrimento de uma abordagem globalista, que faz o cálculo sobre a proposição completa, em nível pós-gramatical.</p>Helena Guerra-VicenteDaiane Ramires
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2024-09-102024-09-102964e61256e6125610.22409/gragoata.v29i64.61256.ptA dinâmica de perguntas de constituinte em português brasileiro: uma proposta escalar
https://periodicos.uff.br/gragoata/article/view/60458
<p>Esta pesquisa teve como objetivo analisar diálogos do português brasileiro, doravante PB, que sejam formados por perguntas de constituinte ou abertas (BORGES-NETO, 2007; FERREIRA, 2023) e apresentem respostas completas ou parciais (GROENENDIJK; STOKHOF, 1984). Mais especificamente, este trabalho se propôs a investigar quais inferências estão envolvidas em cada tipo de resposta: acarretamento, pressuposição, implicatura conversacional. Ainda, buscou-se desenvolver uma escala de respostas possíveis para as perguntas de constituinte, das mais informativas às menos informativas. Nossa hipótese é que há uma relação escalar entre a diversidade de respostas para as perguntas de constituinte, considerando a proposta de Horn (2004), para as implicaturas escalares. Tem como base teórica estudos em Semântica e Pragmática formais, como a semântica e a pragmática de perguntas (HAMBLIN, 1973; KRIPKE, 1980; GROENENDIJK; STOKHOF, 1984; FERREIRA, 2023), o Princípio Cooperativo (GRICE, 1975) e as implicaturas escalares (HORN, 2004). A metodologia utilizada foi a introspectiva, com criação de diálogos com perguntas de constituinte e respostas completas ou parciais das mais variadas, com marcação prosódica de foco (ROOTH, 1985, 1995), marcação de tópico contrastivo (BÜRING, 1999, 2003), quantificadores universais e existenciais, entre outras. Após análise dos diálogos, pode-se concluir que a depender do tipo de resposta, diferentes tipos de inferências são disparados, desde acarretamento e pressuposição de exaustividade, até implicaturas conversacionais de exaustividade e de desconhecimento do falante. Ainda, propomos uma escala lógica, que vai desde a pergunta mais informativa e com inferências lógicas até a menos informativa, com implicatura conversacional generalizada de desconhecimento do falante.</p>Fernanda Rosa-Silva
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2024-07-242024-07-242964e60458e6045810.22409/gragoata.v29i64.60458.pt