A GRANDE DEPRESSÃO AMERICANA: EXPOSIÇÃO DOS DISCURSOS DIVERGENTES SOBRE A CRISE QUE ABALOU O SÉCULO XX*


THE GREAT AMERICAN DEPRESSION: EXPOSITION OF DIVERGENT DISCOURSES ON THE CRISIS THAT SHOOK THE XX CENTURY


PURL: http://purl.oclc.org/r.ml/v6n2/a2


Filipe Peixoto Neves



Resumo: O presente artigo busca expor os principais argumentos utilizados por diversos autores, economistas e intelectuais acerca da crise americana de 1929, que abalou o país e o mundo, tanto de forma econômica quanto social, utilizando o recorte de 1929 à 1941. São realizados apontamentos e revisões pelo campo da história econômica, com seus métodos quantitativos dos dados e das teorias econômicas, sobre discursos de liberais clássicos, keynesianos, monetaristas e também da escola austríaca de economia, assumindo a ideia de rica sustentação das teorias econômicas divergentes entre si, na tentativa de compreensão do processo histórico-econômico que envolveu a época e que ecoa até os dias de hoje.

Palavras-chave: Grande Depressão. Crise de 1929. História econômica.


Abstract: This article seeks to expose the main arguments used by several authors, economists and intellectuals about the American crisis of 1929, which shook the country and the world, both economically and socially, by using the 1929–1941 period. Appointments and reviews are carried out by the field of economic history, with their quantitative methods of data and economic theories, on discourses of classical liberals, Keynesians, monetarists and of the Austrian school of economics, assuming the idea of rich support of divergent economic theories between themselves, in an attempt to understand the historical-economic process that involved the time and that echoes until today.

Keywords: Great Depression. 1929 crisis. Economic history.



1. Introdução

Ao longo de décadas, a crise de 1929 tem sido campo de debate pelos principais espectros políticos o redor do mundo. O objetivo deste trabalho seria encontrar argumentos centrais sobre a depressão econômica pela ótica da história econômica, campo da História este a qual o professor Luiz de Souza (SOUZA, 2003, p. 5) diz: “o estudo da história econômica envolveria, portanto, a incorporação de elementos de teorias econômicas e/ou métodos quantitativos às ferramentas de análise de que dispõe o historiador”. Neste artigo, o método quantitativo da pesquisa está exposto nos gráficos e tabelas com os números reais da época de recorte da crise (1929 – 1941), onde o próprio método da história econômica permite que as ferramentas quantitativas estabeleçam a construção de relações funcionais entre dados e argumentos teóricos (SOUZA, 2003, p. 1), tendo sido analisadas referências como no caso do site do Federal Reserve Economic Data (FRED). Já os elementos teóricos ficam expostos no decorrer do texto conforme são apresentadas as discussões propostas por cada linha de pensamento econômico, onde não se busca confirmar certezas da teoria econômica, mas sim abrir espaços para dúvidas e possibilidades que rodeiam o tema em cada ponto do tempo histórico, em favor do pluralismo dos discursos.

Em perfeito liame com os séculos anteriores, o século XX pode estontear multidões ante inúmeros conflitos, guerras, assassinatos, conspirações, traições e jactâncias de líderes governamentais. Filhos diretos de uma Europa marcada pelo modernismo e antimodernismo cultural de De Maistre, Chateaubriand, Baudelaire§, Benda e Maritain, suas angústias somar-se-iam ao pessimismo de Spengler** e aos ideais revolucionários de pensadores como Rosa Luxemburgo. Mesmo que jamais tenham sentado numa mesma roda de conversa informal, esses pensadores observam e analisam um mesmo fenômeno: o enterro, por definitivo, do Ancien Régime (que tentava respirar na Alemanha e Rússia) e o alvorecer de uma sociedade cada vez mais liberal e de mercado, em detrimento da sociedade “com mercado”.

Ignorando críticas ferozes e crises já superadas, a Weltanschauung liberal ainda teria, por pouco tempo††, suas fortificações inabaladas dentro dos Estados Unidos e tentaria se manter de pé em uma Europa cada vez mais ácida aos ideais do laissez-faire, acidez essa que já havia produzido a Revolução Bolchevique na Rússia e, no período em que uniformes vermelhos fundavam uma união de repúblicas populares, camisas negras marchavam sobre a Cidade Eterna de Roma. Seria o prelúdio de uma grande crise que o capitalismo passaria?


2. Os Loucos Anos 20

Luzes, brilhos, festas, limousines, champagnes, jazz e um bom e velho scotch. Nada seria suficiente para resumir The roaring twenties, os loucos anos 20.

A década de 1920 foi uma era de crescimento econômico e prosperidade generalizada, impulsionada pela recuperação da devastação dos tempos da Grande Guerra e gastos diversos, pelo boom da indústria da construção e pelo rápido crescimento de bens de consumo, como automóveis e eletricidade nos Estados Unidos e na Europa (SOULE, 1977, p. 23). A economia dos Estados Unidos, que havia permutado de uma economia em tempos de guerra para uma economia em tempos de paz, prosperou e forneceu empréstimos para, também, um boom europeu. Os Estados Unidos se tornaram o país mais rico do mundo e, desde o final do século 19, um dos maiores números em Produto Interno Bruto – PIB total (INTERNATIONAL MONETARY FUND, 2019). A indústria americana baseava-se na produção em massa e a sociedade aculturava-se no consumismo.

Durante os anos 20, a produção de automóveis expandiu-se drasticamente de 1,5 milhão no início da década para 4,8 milhões no final. Em 1929, a indústria utilizava 15% de todo o aço e 80% de toda a produção de borracha nos Estados Unidos. Os fabricantes de automóveis empregavam 7,1% de todos os assalariados do país e produziam 12,7% do valor de todos os produtos manufaturados (SOULE, 1977, p. 93-96).

A energia elétrica tornou-se também um importante interesse econômico durante a chamada “Era da Prosperidade”. A ampla disponibilidade de eletricidade estimulou a invenção de novos aparelhos, como ferros, máquinas de lavar roupa, aspiradores de pó e refrigeradores.

A febre de otimismo não embarcava somente a indústria americana, o Fed (Banco Central Americano), costumeiramente conservador, começou a adotar uma política monetária agressiva: os juros de 6% ao ano em 1920 haviam sido reduzidos para 3,5%, uma redução total de 59% (ver Figura 1). Tamanha política monetária agressiva só aumentaria a febre especulativa dos investidores.


Figura 1 – Taxa de juros do Banco da Reserva Federal de São Luís (EUA).

Fonte: FRED (2003).



. A política do Federal Reserve, de criação de dinheiro a juros baixos, estimularia os bancos a emprestar dinheiro de forma contínua e facilitada, aparentemente sem limites, para que especuladores comprassem cada vez mais ações e as revendessem por um valor muito maior que o de compra. Segundo Rothbard‡‡, tamanha façanha do Federal Reserve garantiu que o preço das ações subisse continuamente, de forma agressiva, e que, sem uma sustentação monetária e uma feroz política de expansão de crédito, os preços das ações jamais subiriam continuamente, quase que de forma infinita (ROTHBARD, 2012). Quem controla a expansão monetária de um país é o seu Banco Central, função do Federal Reserve nos Estados Unidos.

Já em 1928, o Fed§§ começava a se preocupar com todo o exagero especulativo dos investidores. Contrariando as expectativas, o Banco Central americano aumentaria os juros três vezes seguidas, num curto período de 5 meses, elevando o patamar de 3,5% para 5% (ver Figura 2). Um aumento de 43% em meses. Obviamente, tamanha intervenção na economia não passaria despercebida pelo mercado.


Figura 2 – Taxa de empréstimos do corretor e taxa de juros bancária do Sistema Federal de Reserva (1919-1930).

Fonte: Lewis (2012).


3. A Grande Depressão


Já então a agricultura era uma indústria, e os donos das terras seguiam o sistema da Roma antiga, conquanto o não soubessem. Importavam escravos, embora lhes não dessem tal nome: chineses, japoneses, mexicanos, filipinos. Vivem de arroz e de feijão, diziam os negociantes. Não precisam de muita coisa para viver. Nem saberiam o que haviam de fazer com bons salários. Ora vejam como eles vivem. Ora vejam o que eles comem. E, se eles se tornarem exigentes, a gente expulsa-os do país. E as propriedades cresciam cada vez mais e os proprietários iam simultaneamente diminuindo. E havia tão poucos fazendeiros pobres na terra, que até fazia dó. E os escravos importados passavam fome; eram maltratados, sentiam-se apavorados; alguns regressavam aos lugares de onde tinham vindo e outros rebelavam-se, mas eram assassinados ou deportados. E as propriedades cresciam e diminuía a quantidade dos proprietários (STEINBECK, 1939, p. 239).


A Grande Depressão foi uma grave crise econômica mundial que ocorreu principalmente durante a década de 1930, tendo início nos Estados Unidos. O momento exato em que os efeitos da Grande Depressão começaram a incidir variou entre as nações. Na maioria dos países, começou em 1929 e durou até o final dos anos de 1930. Foi a depressão mais longa, profunda e difundida do século XX.

A Grande Depressão começou nos Estados Unidos depois de uma grande queda no preço das ações, que começou por volta de 4 de setembro de 1929, e se tornou notícia mundial com a quebra do mercado de ações em 24 de outubro daquele ano (conhecida como Quinta-Feira Negra). Entre 1929 e 1932, o PIB mundial caiu cerca de 15%. A título de comparação, depois da crise de 2008, o PIB mundial, em 2009, caiu menos de 1%. Algumas economias começaram a se recuperar em meados da década de 1930, no entanto, em muitos países, os efeitos negativos da Grande Depressão duraram até o início da Segunda Guerra Mundial.

Nos Estados Unidos, a Grande Depressão começou no Outono de 1929. Conforme observa-se na Tabela 1, a retração econômica piorou acentuadamente no final de 1929 e continuou até o início de 1933. A produção real e os preços caíram vertiginosamente. Entre o pico e a baixa da retração econômica, a produção industrial nos Estados Unidos declinou 54% e o PIB real caiu 30% (ROMER, 2003, p. 12). O índice de preços por atacado caiu 33% e a taxa de desemprego excedeu 20% em seu ponto mais alto. A gravidade dessa depressão torna-se gritante quando comparada à recessão americana de 1981-1982, quando o PIB real caiu apenas 2% e a taxa de desemprego chegou a menos de 10%. Além disso, durante a recessão de 1981-1982, os preços continuaram a subir, embora a taxa de aumento de preço tenha desacelerado substancialmente (CRAFTS; FEARON, 2010, p. 285-317).

A crise na produção que começou em 1929 não foi, evidentemente, a primeira crise na economia. Mas nunca a economia dos Estados Unidos caiu tanto e por tanto tempo. Alguns estudos econômicos e históricos estimam que nos setenta e cinco anos antes da Depressão houve diversas outras recessões (EICHENGREEN, 2014, p. 217-220), mas essas crises duraram, em média, menos de dois anos, enquanto a Grande Depressão durou mais de uma década. É a gravidade e a duração da Grande Depressão que a diferenciam de outras crises.

Tabela 1 – Estados Unidos: Indicadores econômicos selecionados (1929-1941).

Ano

PIB Real 1932=100

Produção Industrial 1932=100

Formação privada bruta de capital fixo (US$ bilhões)

Consumo pessoal (US$ bilhões)

PIB nominal (US$ bilhões)

1929

139,2

185,1

15,0

77,5

103,7

1932

100,0

100,0

3,6

48,7

56,4

1933

98,0

116,4

3,2

45,9

66,0

1934

105,6

126,9

4,2

51,5

73,3

1935

114,1

152,2

5,5

55,9

83,7

1936

130,4

179,1

7,4

62,2

91,9

1937

136,8

191,1

9,6

66,8

86,1

1938

130,6

149,3

7,6

64,2

92,0

1939

140,9

189,6

9,1

67,2

101,3

1940

152,2

219,4

11,2

71,2

126,7

1941

179,0

291,0

13,8

81,0

161,8

Fonte: Mazzucchelli (2008).


A situação já era grave nos Estados Unidos e na Europa no Outono de 1929. Bolhas estouraram, preços caíram, investidores queriam vender suas ações o mais rápido possível, causando quedas abruptas. Simultaneamente a isto, negócios e empresas colapsaram, pessoas começaram a resgatar dinheiro nos bancos, e os bancos que não tinham o dinheiro faliram (principalmente nas áreas rurais, que dependiam da grande produção do homem do campo, que já não encontrava mercado consumidor – a crise no campo agiu de forma ainda mais severa), e os bancos que faliram ajudaram outros a falir, uma vez que todos estavam economicamente conectados devido a empréstimos interbancários.


4. O Que Causou a Crise?

Deixe-me terminar minha fala abusando um pouco do meu status de representante oficial do Federal Reserve. Eu gostaria de dizer ao Milton e a Anna: Em relação à Grande Depressão. Vocês estavam certos, nós o fizemos. Sentimos muito. Mas graças a vocês, nós não faremos isso novamente***.


Warren Buffet††† costuma dizer que é quando a maré está baixa que se descobre quem está nadando nu. A frase, um tanto curiosa, tem a pretensão de dizer que é nos momentos de crise e recessão que se descobre quais instituições, bancos, empresas, mercados e até mesmo governos estão utilizando de maquiagem fiscal para promover uma determinada ideia/negócio a fim de lucrar mais. É quando a maré abaixa que se descobre quem mentiu e quem causou a coisa toda.

As causas da Grande Depressão de 1929 foram amplamente discutidas por vários economistas do mundo e levaram as principais correntes do pensamento econômico a se enfrentar. Até hoje, a causa da crise continua sendo uma questão de debate ativo e polêmico, conjecturando-se parte de um dos debates mais amplos sobre crises econômicas e suas influências na vida social do homem urbano e rural. Alguns eventos econômicos específicos que ocorreram durante a Grande Depressão estão bem estabelecidos. Houve um crash inicial no mercado de ações, que desencadeou uma venda em pânico de ativos, e o chamado flight to quality, quando os investidores saem do mercado de ação – considerado de alto risco – para algo mais seguro, como dívidas públicas. Na sequência, houve uma deflação nos preços dos ativos e das commodities, quedas drásticas na demanda e no crédito, bem como a interrupção do comércio, resultando em desemprego generalizado e empobrecimento. No entanto, economistas e historiadores não chegaram a um consenso em relação às relações causais entre vários eventos e políticas econômicas do governo americano sobre as causas ou recuperação da Depressão.

Algumas teorias atuais são classificáveis de acordo com alguns dos principais pontos de vista expostos. As primeiras são as teorias orientadas pela demanda, de economistas keynesianos e institucionais, que argumentam que a Depressão foi causada por uma perda generalizada de confiança que levou ao subconsumo. As teorias orientadas pela demanda defendem que a crise financeira após o crash de 1929 levou a uma redução súbita e persistente do consumo e dos gastos com investimentos (EICHENGREEN, 2014, p. 323-325). Uma vez que o pânico e a deflação se instalaram, muitas pessoas acreditavam que poderiam evitar mais perdas mantendo-se longe dos mercados. A posse de dinheiro, portanto, tornou-se lucrativa à medida que os preços caíam e uma determinada quantia de dinheiro comprava cada vez mais bens, exacerbando a queda na demanda.

Em seguida, os monetaristas – como Milton Friedman e Anna Schwartz – acreditavam que a Grande Depressão começou como uma recessão comum, mas que erros políticos significativos das autoridades monetárias (especialmente do Federal Reserve) causaram um encolhimento da oferta monetária que exacerbou muito a situação econômica, causando uma recessão‡‡‡.

Numa terceira via, a Escola Austríaca sustenta a ocorrência de uma recessão, que teria começado com um crash da bolsa, sendo gradativamente agravada por políticas intervencionistas na economia e má gestão das instituições e autoridades monetárias.


5. O Argumento da Escola Austríaca de Economia

Se o governo não restabelecer as coisas como eram antes, e desistir da interferência, isto é, anular os controles de preços, então, deverá prosseguir com outras medidas. À proibição de solicitar preço maior que o prescrito deverá acrescentar não apenas medidas para compelir a venda de todos os estoques retidos, sob um sistema de racionamento forçado, mas também tetos de preços para bens de categoria superior, controle de salários e, em última análise, trabalho compulsório para trabalhadores e empresários. Tais regulamentações não poderão limitar-se a um ou a uns poucos setores de produção, mas devem abarcar a todos. Simplesmente não há outra escolha que não esta: ou abster-se de interferir no livre jogo do mercado, ou delegar toda a administração da produção e distribuição ao governo. Capitalismo ou socialismo: não há meio termo (MISES, 2011, p. 101).


A Escola Austríaca, fundada por Menger e Bohm-Bawerk, sempre foi tida como o quartel-general em defesa do “verdadeiro” liberalismo econômico e político, do laissez-faire, da teoria do valor subjetivo e da defesa da inviabilidade do cálculo econômico-socialista, centralizado e planejado. Basicamente, os austríacos defendem que a economia é uma ciência apriorística lógico-dedutiva – ou seja, irrefutável – e não empírica, uma vez que seria impossível colocar a ação humana dentro do método empírico. Logo, para a Escola Austríaca, experiências não são necessárias, úteis ou sequer possíveis (MURPHY, 2010).

Para a Escola Austríaca, a política de intervenção das autoridades monetárias dará o empurrão essencial para que um crash na bolsa se transforme numa Depressão que seria alongada com mais intervenção e com pior gestão monetária. Para alguns mais radicais, como Rothbard, o próprio fato de existir um Banco Central já seria política monetária desastrosa suficiente para justificar as grandes crises econômicas§§§. A expansão e a tentativa de correção da agressiva política monetária do Federal Reserve, já vista no início deste artigo, foi crucial para o desandar de toda a economia que parecia vir tão bem nos dourados anos 20. Um aumento de 3,5% para 5,0% nos juros, a fim de corrigir a farra especulativa, quando ninguém esperava essa correção, não passaria despercebido pelos investidores. Numa trágica prerrogativa de imitar a vida e as leis de Newton, a nova política do Federal Reserve teve ação e reação. Um carro em alta velocidade, quando freia abruptamente, sofre com a inércia. E dentro desse carro desgovernado em alta velocidade estavam os negócios, os mercados, as famílias americanas e as do mundo inteiro.

Com essa correção monetária pelo Fed, e a diminuição de sua política de impressão de dinheiro, pegar crédito emprestado com banco para comprar ações ficou 43% mais caro em poucos meses. Menos dinheiro foi emprestado, menos dinheiro começou a circular na economia e menos ações foram compradas. A atividade especulativa perdia potência. Uma correção na bolsa de valores era inevitável.

No dia 24 de outubro de 1929, a bolsa de valores americana desabava 12%, a nova política monetária do Fed já encontrava seu lugar na crise, mas algo acelerava a abrupta correção de preços: a tarifa Smoot-Hawley. O então presidente Hoover, em meio ao caos econômico, prometia implantar uma lei que aumentaria as tarifas de produtos importados aos maiores níveis da história americana. Uma verdadeira guerra comercial se iniciaria, era o fim do livre-mercado.

A tarifa Smoot-Hawley foi considerada tão calamitosa pelos investidores americanos que Thomas Lamont, executivo da J.P. Morgan, disse: “Eu quase me prostrei de joelhos perante Herbert Hoover para implorar que ele vetasse e não assinasse a tarifa Smoot-Hawley” (HUWART; VERDIER, 2013).

Uma legislação a fim de reduzir o comércio internacional inevitavelmente afetaria o preço das ações e dos mercados. Com um comércio global muito mais restringido, os lucros das empresas exportadoras e importadoras seriam severamente afetados. Hoover se mostrava um político grosseiramente intervencionista, o mercado estaria apenas precificando o futuro e as consequências de suas intervenções na economia.

O principal ponto dos austríacos é de que, por si só, a queda na bolsa de valores não determina uma crise econômica. Uma prova disso seria a Segunda-Feira Negra de 1987, onde as bolsas americanas perderam 22% de seu valor, se recuperando totalmente no dia seguinte. A Grande Depressão não precisaria durar mais de um ano, caso houvesse liberdade de preço e de salários. Mas o contrário havia sido feito: Herbert Hoover aumentou impostos, aumentou gastos, e implantou políticas de controle de preços, de controle de salários, e de aumento de tarifas de importação (que chegou ao maior nível da história). Somado a tudo isto, ele estimulou uma arregimentação sindical de modo a impedir que as empresas baixassem seus preços (OHANIAN, 2009).

Um simples crash da bolsa americana teria sido amplificado por políticas intervencionistas e totalitárias, gerando uma depressão por longos 15 anos.


6. O Argumento de Lee Ohanian

Lee Ohanian, professor de Economia da Universidade da Califórnia, membro sênior do Hoover Institution e conselheiro do Federal Reserve em Minneapolis, argumenta que Hoover jamais teria sido um defensor do liberalismo laissez-faire. Ao contrário, suas políticas teriam sido sempre amistosas a políticas sindicais, controle de preços e de salários. Ohanian também argumenta que as políticas de Hoover foram muito similares às de Franklin Delano Roosevelt (OHANIAN, 2009).

Ohanian propõe que as políticas trabalhistas de Hoover já se encontravam presentes no início da década de 1920 como secretário do comércio americano nos governos Harding e Coolidge, ambos membros do partido republicano. Hoover teria ajudado a criar associações comerciais da indústria a fim de promover uma “competição justa” e políticas de ganhos reais de salário. O objetivo era diminuir as “competições injustas” para promover um ganho real com os mercados industriais. A política comercial de limitação de “competições injustas” teria sido comumente aceita pelos americanos desde o final da então Grande Guerra, a fim de propiciar que o governo, e não o mercado, organizasse as alocações de ordens de produção, a serem produzidas por determinados grupos de industriais. Uma espécie de planejamento econômico centralizado e semi-planificado. Em 1927, Hoover teria dito:


O interesse nacional exige um certo grau de cooperação entre os indivíduos para que possamos reduzir e eliminar os desperdícios industriais, lançando as bases para uma constante diminuição dos custos de produção e distribuição e, assim, obter o aumento fundamental dos salários e dos padrões de vida. Associações comerciais, como muitas outras coisas boas, podem ser abusadas, mas a investigação do Departamento de Comércio mostrou que tais abusos tornaram-se exceções. Nos últimos anos, as associações comerciais desenvolveram-se rapidamente em campos legítimos e construtivos de grande interesse público e marcaram um passo fundamental na evolução gradual de toda a nossa vida econômica (OHANIAN, 2009).


Hoover também teria sido um grande promovedor de políticas sindicais de ganhos elevados de salário e de unificação salarial de um mesmo setor laboral. As chamadas union wages teriam crescido 40% na década de 1920, em comparação com os 6% anteriores (Bureau of the Census, 1976). Em sua política de alta de salários, Hoover acreditava que isso seria necessário para que se mantivesse a demanda por produtos.

Há poucos anos, o empregador considerava de seu interesse usar as oportunidades de desemprego e imigração para reduzir os salários[...] os salários mais baixos e as horas mais longas eram então concebidas como os meios para obter os maiores lucros. Mas estamos muito longe no caminho de novas concepções. A própria essência da grande produção são os altos salários[...] porque depende de uma ampla gama de consumo apenas para ser obtida a partir do poder de compra dos altos salários reais****.


Ainda em defesa de sua tese – de que Hoover promovia políticas sindicais e trabalhistas –, Ohanian nos lembra que, em 1931 e 1932, respectivamente, Hoover teria aprovado e sancionado as leis federais Davis-Bacon e Norris-Lauguardia. Na Lei Davis-Bacon, todos os contratos de construção do governo federal e a maioria dos contratos para construções federais acordadas acima de US$ 2.000 (dois mil dólares americanos) deveriam incluir provisões para pagar aos trabalhadores locais não menos que os salários e benefícios locais vigentes em projetos similares. A Lei Norris-Lauguardia proibia que os tribunais viessem a emitir liminares contra greves, piquetes ou boicotes, e também vedava a possibilidade de contratos “yellow dogs”, que continham cláusula trabalhista prevendo a demissão compulsória dos trabalhadores que se juntassem a sindicato.

Em sua conclusão da análise do governo Hoover e da Grande Depressão, Ohanian diz:


Concluo que a Depressão foi consequência de programas e políticas governamentais, incluindo aquelas de Hoover, que aumentaram o poder que a mão de obra tinha de elevar os salários acima de seus níveis competitivos. A Depressão teria sido muito menos severa na ausência desse programa. Similarmente, e considerando-se esse programa de Hoover, a Depressão teria sido muito menos severa caso a política monetária tivesse respondido de forma a impedir que os preços tivessem caído, que foi o que fez aumentar os salários reais. Essa análise também fornece uma teoria que explica por que os baixos gastos nominais – ao que alguns economistas se referem como '‘demanda agregada insuficiente' - geraram tamanha depressão nos anos 1930, porém não tiveram o mesmo efeito no início dos anos 1920, que foi um período de semelhante deflação e contração monetária, porém um em que as empresas reduziram consideravelmente os salários nominais (OHANIAN, 2009, p. 52).


7. O Argumento de Joseph Schumpeter

Joseph Alois Schumpeter, economista e cientista político austríaco, foi ministro de finanças da Áustria (1919-1920) e professor da Universidade de Harvard de 1932 até sua morte, em 1950. Schumpeter foi um economista de destaque do século XX devido às suas pesquisas sobre o ciclo econômico e também por suas teorias sobre a importância vital do empreendedor, sublinhando seu papel na inovação que determina o aumento e a diminuição da prosperidade. Schumpeter popularizou o conceito de destruição criativa†††† como uma forma de descrever o processo de transformação que acompanha as inovações.

Como ponto de partida, Schumpeter insiste que as depressões não são inevitáveis no ciclo econômico capitalista, ou seja, ele entende que as depressões são evitáveis, e que a intervenção governamental, em um nível “aceitável”, poderia prevenir efetivamente situações de crise sem causar danos substanciais ao ciclo econômico em si ou ao crescimento econômico de longo prazo (CURVO, 2011, p.21).

No mesmo sentido dos colegas economistas de tradição austríaca, Schumpeter começa suas discussões enfatizando o papel da “febre especulativa” da década de 1920. Ele advertia os economistas contra o perigo desses empréstimos “irresponsáveis” como uma característica essencial do desenvolvimento capitalista. Enquanto ele admitia que a especulação de ações e de terras é um componente “natural” e mesmo “necessário” do mundo dos negócios, ele considerou que os excessos “selvagens” e as práticas financeiras inconsequentes dos anos 20 eram inteiramente anormais.

Essa febre especulativa e a política de empréstimos exagerados seriam totalmente evitáveis a partir de uma política com maior rigor pelas instituições financeiras e autoridades monetárias. Assim sendo, a mais importante ignição da Depressão foi o sistema bancário ineficiente dos Estados Unidos, que permitiu tais empréstimos irresponsáveis em primeiro lugar. Seguidores de Schumpeter – os chamados neoschumpeterianos – argumentam que a política de empréstimos não regulamentados pelos bancos americanos causou a epidemia bancária e, consequentemente, acarretou desemprego e dificuldades econômicas. Um sistema bancário maior e mais eficiente, com maior supervisão regulatória, segundo ele, era facilmente atingível e poderia manter os hábitos de empréstimo dentro das restrições regulamentares saudáveis.

Em seu livro “Business cylces”, publicado em 1939, Schumpeter argumenta que somente em 1932, devido à contração econômica, foi possível observar que a temida recessão de 1929 havia se encaminhado para a Grande Depressão.

Os ideais “schumpeterianos” defendem que a resposta ao pânico financeiro normalmente é histérica, na medida em que o comportamento inicial for imprudente e especulativo – e nenhuma quantidade de persuasão cientificamente fundamentada pode impedir essa reação de ocorrer no futuro.


8. O Argumento de Keynes

Será visível em meados de 1933 que essa queda é do mesmo tipo das quedas anteriores embora mais violenta, e está se superando pela operação das forças naturais e pela própria resiliência do sistema? (KEYNES, 1982, p. 210).


Ferrenho crítico do liberalismo econômico, mas jamais simpatizante de qualquer tipo de teoria de engenharia social distópica e autoritária, Lord Keynes teria sido um dos primeiros economistas a analisar a Grande Depressão, com a obra The general theory of employment, interest and money, publicada em 1936, quando nenhuma teoria econômica conseguiu prever a crise de 1929. Keynes argumentou que existem razões pelas quais os mecanismos de autocorreção (livre mercado), que muitos economistas defendiam funcionar, durante uma recessão podem não funcionar.

Um dos argumentos para uma política de não intervenção durante uma recessão era de que, se o consumo caísse devido à poupança (processo natural onde as pessoas deixariam de ser exacerbadamente consumistas), o mercado faria com que a taxa de juros real caísse. Segundo alguns economistas (e o entendimento do Fed até então), taxas de juros mais baixas levariam a um aumento nos gastos de investimento e a demanda permaneceria constante. No entanto, Keynes argumenta que há boas razões pelas quais o investimento não aumenta necessariamente em resposta a uma queda na taxa de juros (CURVO, 2011, p.17).

As empresas fazem investimentos com base em expectativas de lucro (precificação do mercado futuro), portanto, se uma queda no consumo parecer ser de longo prazo, as empresas que analisam as tendências reduzirão as expectativas de vendas futuras. Destarte, a última coisa que eles estão interessados em fazer é investir no aumento da produção futura, mesmo que taxas de juros mais baixas tornem o capital barato. Nesse caso, a economia pode ser lançada em uma recessão geral devido a um declínio no consumo que afetaria a demanda agregada (CURVO, 2011, p.12). De acordo com Keynes, essa dinâmica auto reforçadora é o que ocorreu em um grau extremo durante a Depressão, onde as falências eram comuns e os investimentos, que requerem um grau de otimismo do mercado, eram muito improváveis de ocorrer. Essa visão é frequentemente caracterizada por economistas como estando em oposição à Lei de Say.

Keynes argumentava que, se o governo federal gastasse mais dinheiro para ajudar a economia a recuperar-se, o dinheiro voltaria a ser gasto pelos consumidores e empresas, e as taxas de desemprego cairiam. A solução seria que o Federal Reserve ampliasse suas bases monetárias e mantivesse uma política de expansão monetária mais agressiva ainda, concedendo crédito e empréstimos a juros baixos, e também cortando impostos em vez de aumentá-los, para que os consumidores gastassem mais, e maiores investimentos de alto risco fossem feitos, em detrimento da fuga do flight to quality.

Para economistas keynesianos, Hoover escolheu um caminho oposto ao que Keynes pensara ser a solução, e permitiu que o governo federal elevasse os impostos excessivamente para reduzir a escassez orçamentária trazida pela Grande Depressão. Keynes defendeu que mais trabalhadores poderiam ser empregados diminuindo as taxas de juros, incentivando as empresas a emprestar mais dinheiro e fabricar mais produtos. O emprego impediria o governo de ter que gastar mais dinheiro aumentando o montante que os consumidores gastariam. Diferente dos economistas da Escola Austríaca, alguns economistas defendem que a teoria de Keynes foi confirmada pela extensão da Grande Depressão nos Estados Unidos e pela taxa de desemprego constante (que para os keynesianos seria devido às práticas do laissez-faire americano, negado por economistas liberais de tradição austríaca). As taxas de emprego começariam a subir em preparação para a Segunda Guerra Mundial, aumentando os gastos do governo e tirando os Estados Unidos da recessão.


9. O Argumento de Milton Friedman e Anna Schwartz

A Depressão que começou em meados de 1929 foi uma catástrofe de dimensões sem precedentes para os Estados Unidos. A renda em dólar do país foi cortada pela metade antes que a economia atingisse o fundo do poço em 1933. A produção total caiu em um terço e o desemprego atingiu o nível sem precedentes de 25% da mão de obra. Para o resto do mundo, a Depressão deixou de ser uma catástrofe. À medida que se espalhou por outros países, causou menor produção, aumento do desemprego, fome e miséria em todos os lugares. Na Alemanha, a depressão ajudou Adolf Hitler a chegar ao poder, abrindo o caminho para a Segunda Guerra Mundial. No Japão, reforçou a camarilha militar voltada para a criação de uma esfera de coprosperidade para a Grande Ásia Oriental. Na China, desencadeou mudanças monetárias que aceleraram a hiperinflação final, selando o destino do regime Chiang Kai-shek e ainda levando os comunistas ao poder (FRIEDMAN, 1963, p. 86-87).


Nascido em 1912 e falecido em 2006, Milton Friedman foi um economista norte-americano muito influente no século XX, grande defensor do capitalismo e do livre mercado‡‡‡‡. Friedman também ganha destaque por ter ganho o “prêmio de ciências econômicas em memória de Alfred Nobel”.

Anna Schwartz, por sua vez, foi uma economista americana da National Economic Research Agency em Nova York. Foi considerada por muitos uma das monetaristas mais importantes do mundo. Ela é muito conhecida também por sua colaboração com Milton Friedman em “A Monetary history of the United States”.

Na obra “A monetary history of the United States”, de 1963, Friedman e Schwartz expuseram seu argumento para uma explicação diferente da Grande Depressão (ROCKOFF, 1965). Essencialmente, a Grande Depressão, na opinião dos dois autores, foi causada pela queda da oferta monetária. Friedman e Schwartz argumentaram que, de 1929 até 1933, a oferta de dinheiro caiu em 1/3. O resultado disso foi o que Friedman e Schwartz chamaram de “A Grande Contração” (Great Contraction), um período de queda de renda, preços e emprego causado pelos efeitos sufocantes de uma oferta restrita de dinheiro. Friedman e Schwartz defendem que as pessoas desejavam ter mais dinheiro do que a nova política do Federal Reserve estava fornecendo. Como resultado, as pessoas pouparam e acumularam dinheiro por consumirem menos. Isso teria causado uma contração no emprego e na produção, já que os preços não eram flexíveis o suficiente para cair imediatamente. Para Friedman, o fracasso do Fed foi não perceber o que estava acontecendo e não tomar medidas corretivas.

Durante os anos de 1928-1932, o Federal Reserve não agiu para fornecer liquidez aos bancos que sofreram bank runs (fenômeno que ocorre quando milhares de pessoas vão até os bancos para sacar seu dinheiro). De fato, a política do Fed teria contribuído para a crise bancária, ao permitir uma contração repentina da oferta monetária. Durante os anos 20, o Federal Reserve teria definido como meta principal a "estabilidade de preços". De acordo com Bernanke(2019), as subsequentes crises de crédito levaram às ondas de falências, direcionando a recessão de 1929 à Grande Depressão Americana.


10. Considerações Finais

Por meio deste trabalho, procurou-se apontar temas singulares que envolveram os Estados Unidos e o mundo durante a Grande Depressão. Também buscou-se esclarecer o que foi a crise de 1929, como esta foi um prelúdio para a Grande Depressão e como este cenário se desenvolveu no recorte americano. As exposições dos argumentos de algumas das principais teorias econômicas da época nos mostra como este debate perdurou por muitas décadas no meio acadêmico, levando a economistas, historiadores e pesquisadores da Grande Depressão a divergirem em muitos pontos e a avaliarem posições do campo da história econômica que abrange este tópico do século XX em específico. As análises dos valores nominais das taxas de juros, PIB, produção industrial, consumo, etc. pelo método quantitativo do campo histórico-econômico elucida quão complexo foi e continua sendo tal tema para as abordagens argumentativas das teorias econômicas como este trabalho quis demonstrar.

Conforme exposto, os debates sobre a Grande Depressão transpassam barreiras temporais e ideológicas. São inúmeras as interpretações do que causou a crise, do que a aumentou, como ela se alimentou, como transformou-se numa Grande Depressão e como o pesquisadores se desdobraram para buscar a recuperação. O desenvolvimento do trabalho promove uma exposição dos argumentos divergentes dos pensadores sobre a crise, apontando alguns dos cenários de pluralidades, que se faz necessário no campo da história econômica (HOBSBAWN, 2013, p. 123), onde espaços de possibilidades teóricas fortalecem o debate.


11. Referências

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*Artigo recebido em: 13 de março de 2020. Aceito em: 1 de abril de 2020

Graduando em História, Instituto de Ciências da Sociedade e Desenvolvimento Regional, Universidade Federal Fluminense (UFF), Campos dos Goytacazes, RJ, Brasil. Autor correspondente. E-mail: filipeneves72@gmail.com

Banco de dados mantido pela divisão de pesquisa do Federal Reserve Bank de St. Louis.

§Apesar de ser considerado o fundador da poesia moderna, Baudelaire é considerado por alguns autores, como Antoine Compagnon, um antimoderno, justamente por suas críticas à modernidade, sendo os modernos os primeiros antimodernos.

**Historiador e filósofo alemão Oswald Spengler é conhecido por suas obras “O declínio do Ocidente” e “Prussianismo e Socialismo”, 1918 e 1920, respectivamente.

††A partir de 1933 uma nova visão política e econômica assume o debate nos Estados Unidos. O New Deal foi uma série de programas, projetos de obras públicas, reformas financeiras e regulamentações promulgadas pelo presidente Franklin D. Roosevelt nos Estados Unidos. Ele respondeu às necessidades de ajuda, reforma e recuperação da Grande Depressão.

‡‡Apesar de ter suas teses econômicas diversas vezes criticadas por economistas clássicos, a heterodoxia austríaca do matemático Murray Rothbard se apresenta neste artigo para dar eco à ideia de uma interpretação mais plural e complexa do contexto social-econômico conturbado que foi o cenário de crise mundial em 1929.

§§Fed vem do inglês “Federal Reserve System”. A fonte “FRED”, das imagens, se refere ao Federal Reserve Economic Data, de onde são tiradas as fontes e imagens sobre os históricos dos juros e preços nos EUA.

***Original: Let me end my talk by abusing slightly my status as an official representative of the Federal Reserve. I would like to say to Milton and Anna: Regarding the Great Depression. You're right, we did it. We're very sorry. But thanks to you, we won't do it again. (BERNANKE, 2019.)

†††Magnata americano, Warren Edward Buffet é conhecido por ser um grande investidor e filantropo. Também é notável por sempre estar presente na lista da revista Forbes como um dos homens mais ricos do mundo, totalizando uma fortuna de 86 bilhões de dólares em março de 2019.

‡‡‡Sobre as ideias principais de Milton Friedman e Anna Schwartz, ler o livro “A monetary history of the United State”, de 1963. O presente artigo também tratará sobre a visão dos autores acerca da Grande Depressão mais à frente.

§§§Murray N. Rothbard teria publicado seus artigos e ensaios contrariando o Federal Reserve e as políticas econômicas americanas já na década de 1970 na revista Inquiry (ROTHBARD, 2009).

****Tradução da fala: “Not so many years ago, the employer considered it was in his interest to use the opportunities of unemployment and immigration to lower wages... the lowest wages and longest hours were then conceived as the means to obtain highest profits. But we are a long way on the road to new conceptions. The very essence of great production is high wages...because it depends upon a widening range of consumption only to be obtained from the purchasing power of high real wages” (OHANIAN 2009).

††††Destruição criativa, nas ciências econômicas, é um conceito idealizado pelo sociólogo alemão Werner Sombart e popularizado pelo economista austríaco Joseph Schumpeter em seu livro “Capitalismo, Socialismo e Democracia” (1942). Com ele, Schumpeter descreve o processo de inovação que ocorre em uma economia de mercado na qual novos produtos destroem antigas empresas e modelos de negócios. Para Schumpeter, as inovações dos empreendedores são a força por trás do crescimento econômico sustentado a longo prazo, embora possam destruir ao longo do caminho o valor de empresas bem estabelecidas.

‡‡‡‡Acerca das considerações de Milton Friedman sobre capitalismo e livre mercado, ler os livros “Liberdade e Capitalismo” e “Livres para Escolher”, de 1962 e 1963, respectivamente. As posições de Friedman demonstram seu caráter positivo sobre um governo limitado que tenha pleno controle de seus gastos públicos.

Rev. Mundo Livre, Campos dos Goytacazes, v. 6, n.2, p. 184-201, jul./dez. 2020

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