predominância da ampliação da acumulação de capital de forma cada vez mais concentradora.
Agora, porém, essas indústrias se apresentam cada vez mais atreladas a um avançado sistema
financeiro, interligado globalmente, engendrando grandes conglomerados industriais e financeiros
que, em consequência de sua grande relevância para a economia de certa nação, passam a ter papel
considerável e, na maioria das vezes, prioritário, no tocante das tomadas de decisões
macroeconômicas e políticas públicas adotadas, enviesando as decisões da esfera governamental
cada vez mais às benesses capitalistas.
As significativas tendências de mudança e de reorganização tecnológica, empresarial e
financeira das principais economias capitalistas na última década e a projeção do
aprofundamento dessas tendências nos anos 90 (peso crescente do complexo eletrônico,
avanço da automação fabril flexivelmente integrada por computadores, reorganização dos
processos de trabalho, mudanças nas estruturas e nas estratégias das grandes empresas,
caráter crescentemente “construído” da competitividade, avanço de formas “globais” de
internacionalização, sourcing tecnológico, e em especial da interpenetração patrimonial
entre as grandes burguesias nacionais, intensificação de alianças tecnológicas inter-
oligopolistas) configuram um cenário de evidente aceleração da inovação econômica,
entendida como uma onda Schumpeteriana endogenamente articulada (COUTINHO,
1992, p. 86).
Apresenta-se ainda nesse novo contexto o fato de que as políticas salariais que eram
coordenadas por forte articulação sindical se mostram cada vez mais enfraquecidas em um cenário
de “vitória” da vertente ortodoxa (neoliberalismo) consentida entre as economias mais influentes.
Hoje trata-se de forma orgânica os atuais processos de flexibilização do emprego e da jornada de
trabalho, parece haver um consenso entre as economias que naturalizar esse processo é necessário
para essa nova era tecnológica, diretamente conseguimos entender as novas necessidades do capital
moderno afetando as relações que tangem o contexto do trabalho assalariado.
Referimo-nos à menor participação dos sindicatos na definição das políticas salariais e no
controle do processo de trabalho, e à “flexibilização” do mercado de trabalho aceita por
quase todo o mundo capitalista com a exceção, até agora, do Japão e de alguns poucos
países da antiga tradição socialdemocrata. Essa mudança ajuda a explicar por que a
“pactuação social”, como alternativa às políticas ortodoxas de estabilização, sofreu tantos
reveses na década que se encerra e por que quase todos os países capitalistas tornaram-se
“monetaristas” (TAVARES, 1992, p. 21).
Pelo que foi explicitado até aqui é possível observar mudanças sobre a continuidade do
processo de acumulação na esteira dos avanços tecnológicos necessários para o desenvolvimento
do capitalismo industrial. Entretanto, as formas como essas indústrias se desenvolvem, a partir das
inovações decorrentes da década de 1970, apresentando, por exemplo, caráter ultra poupador de
mão-de-obra, evidenciam algumas mudanças na composição industrial. A indústria, porém,
símbolo do avanço e desenvolvimento capitalista a despeito das novas mudanças no contexto