De volta a Tessalonika, na larga avenida
que beira o mar, Alexander encontra com
seu médico e conversam sobre o estado de
saúde terminal do protagonista. Há uma
dose de melancolia na sequência. O menino
sai de cena e Alexander se dirige em dire-
ção ao mar, sussurrando palavras em des-
vario, chamando por sua esposa Anna. Ou-
tra ruptura acontece, certamente causada
pelo excesso de emoções, e Alexander se
encontra em um barco, com pessoas can-
tando e dançando. Ele se dirige ao final da
embarcação onde estão Anna e sua mãe.
Alexander beija carinhosamente sua mãe e
conversa com Anna, que reclama sua au-
sência em todos os anos do casamento.
Corte. Todos agora se encontram em uma
ilha grega, vestidos com roupas claras, com
exceção de Alexander que ainda veste suas
roupas pretas e puídas de sua própria rea-
lidade. Como um ato contínuo, repetição de
toda uma vida, Alexander se dirige para o
lado oposto de Anna que parece desistir do
relacionamento e se di-rige ao mar. Do alto
de um penhasco, Alexander acena para um
barco, como se estivesse se despedindo da
própria vida. Alexander, agora sozinho,
após deixar seu jovem amigo no porto onde
embarcaria em um navio para a Itália, se
dirige ao centro de Tessalonika.
Alexander, agora sozinho após deixar seu
jovem amigo em um porto, deve escolher
entre o hospital ou sua antiga casa, aquela
que morou com Anna e sua família. A esco-
lha recai na segunda opção. A casa, vazia,
não guarda nenhum resquício do conforto e
beleza anteriores. Curiosamente, ele entra
no mesmo quarto com varanda para a praia
onde estava no início do filme, mostrando
a circularidade do tempo. A varanda se
abre: seus amigos, sua família e sua fale-
cida Anna dançam na praia. Alexander se
aproxima e dança com eles. As pessoas
abandonam a praia vagarosamente dei-
xando apenas o casal em cena. “Perguntei-
lhe um dia: quanto tempo o amanhã de-
mora para chegar? E você me respondeu:
Uma eternidade e um dia”. Anna sai de
cena. Alexander está só: “Minha passagem
para o outro lado hoje à noite, com pala-
vras, a trouxe de volta. Você está aqui. E
tudo é verdade, esperando, pela verdade”.
Alexander transcende espaço e tempo para
ficar com Anna e sua família. Todas as ex-
periências místicas anteriores, como ruptu-
ras no templo cronológico, naturais e sem
qualquer conotação religiosa, forneceram
momentos para Alexander corrigir sua au-
sência, reconstruir seus contatos e ressigni-
ficar seu presente, preparando o terreno