138
replica: Não. O que eu desejo obter é a demarcação de nosso
território
[KOPENAWA; ALBERT, 2015, p. 35].
5 En el original: [...]
Para nós, a política é outra coisa. São as
palavras de Omama e dos xapiri que ele nos deixou. São as
palavras que escutamos no tempo dos sonhos e que preferimos,
pois são nossas mesmo. Os brancos não sonham longe como
nós. Dormem muito, mas só sonham consigo mesmos
[DA-
NOWSKI apud KOPENAWA; ALBERT, 2015, p. 37].
6 La relación de los Yanomamis con las palabras es muy par-
ticular. Hay palabras que deben estar siempre cerca, presentes
en los sueños y en las conversaciones, mientras que otras pueden
existir, pero lejos de uno mismo.
7 La relación entre la individualidad y lo colectivo es comple-
tamente distinta de la tradición occidental/civilización, incluso
la aldea es comprendida básicamente en una única gran casa
circular, compartida por todos los miembros.
8 La palabra “espíritu” se utiliza para facilitar la comprensión en
una cultura judaico-cristiana, pero no es exacta a la significación
Yanomami.
9 Sería comparable al Dios cristiano con respecto al poder
de creación, sin embargo, a diferencia de la versión católica,
Omama
no es el responsable exactamente por la creación del
mundo, sino por la reorganización-organización y cuidado.
10 En el original:
A floresta está viva. Só vai morrer se os
brancos insistirem em destrui-la. Se conseguirem, os rios vão de-
saparecer debaixo da terra, o chão vai se desfazer, as árvores
vão murchar e as pedras vão rachar no calor. A terra ressecada
ficará vazia e silenciosa. Os espíritos xapiri, que descem das
montanhas para brincar na floresta em seus espelhos, fugirão
para muito longe. Seus pais, os xamãs, não poderão mais cha-
má-los e fazê-los dançar para nos proteger. Não serão capazes
de espantar as fumaças de epidemia que nos devoram. Não
conseguirão mais conter os seres maléficos, que transformarão
a floresta num caos. Então morreremos, um atrás do outro, tanto
os brancos quanto nós. Todos os xamãs vão acabar morrendo.
Quando não houver mais nenhum deles para sustentar o céu, ele
vai desabar
[KOPENAWA; ALBERT, 2015, p. 6].
11 En el original:
Os espíritos auxiliares dos xamãs Yanomami,
chamados xapiripë ou hekurapë, aparecem primeiramente a
quem os invoca na forma de luzes cintilantes. Aos poucos reve-
lam seus corpos minúsculos e brilhantes, enfeitados com plumas
brancas na cabeça e braçadeiras de penas de arara e papa-
gaio. Nesse universo, a luz assume uma densidade simbólica
que somada à especificidade da linguagem fotográfica – luz e
sombra – permite a expressão de um pensamento interior. Dessa
forma, Claudia não fotografa “a luz”, mas a cultura, ou ainda, os
espíritos Yanomami. Em seu trabalho, é principalmente o diálogo
entre a luz “material” e a luz “simbólica” que produz o resultado
fotográfico
[Duarte, 2002].
12 En el original:
Foi Titiri, o espírito da noite, que no primeiro
tempo ensinou o uso do wayamuu e do yãimuu. Fez isso para
que pudéssemos fazer entender uns aos outros nossos pensa-
mentos, evitando assim que brigássemos sem medida. Porém,
antes disso, Titiri, furioso, devorou Xõemari, o ser da alvorada,
para que ele parasse de voltar sem parar desde a jusante do
céu, caminhando à frente de sua trilha de luz. Desde então, o
fantasma de Xõemari só pode interromper a escuridão uma única
vez, no raiar do dia. Então, Titiri disse a nossos ancestrais: “Que
essa fala da noite fique no fundo do seu pensamento! Gracas
a ela, vocês serão realmente ouvidos por aqueles que vierem
visitá-los
” [KOPENAWA; ALBERT, 2015, p. 378].
13 En el original:
Mas os brancos são gente diferente de nós.
Devem se achar muito espertos porque sabem fabricar multi-
dões de coisas sem parar. Cansaram de andar e, para ir mais
Revista Poiésis, Niterói, v. 22, n. 38, p. 121-140, jul./dez. 2021 [https://doi.org/10.22409/poiesis.v22i38.45531]