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Art-educational displacements in the Transamazônica-Xingu area as experiences of the sensitive
shared toward a new sharing of the common
Desplazamientos en arte educación en la Transamazónica-Xingu como experiencias de lo sensi-
ble hacia otro compartir de lo común
Leonardo Zenha [Universidade Federal do Pará, Brasil]*
Raquel Lopes [Universidade Federal do Pará, Brasil]**
*Leonardo Zenha é Doutor em Políticas Públicas e Formação Humana pela UERJ e professor na Universidade Federal do Pará. E-mail: leozenha@gmail.com
**Raquel Lopes é Doutora em Ciências Sociais/Antropologia pela Universidade Federal do Pará, onde também leciona. E-mail: ralopes@ufpa.br
RESUMO
O objetivo do trabalho é compartilhar experiências no campo da arte e da educação, demonstrando atos de
deslocamento como experiências de partilha do sensível. Pela realização de ações coletivas com estudantes
de graduação e da educação básica, a partir de dispositivos visuais como a fotografia, o vídeo e a instalação,
procurou-se materializar possibilidades e inquietações no campo da arte-política, focando temas do cotidiano
das populações locais, trazendo a lume pontos de tensão e ruptura na perspectiva da construção de um novo
comum a ser partilhado a partir dos olhares dos sujeitos que vivem nesse território.
PALAVRAS-CHAVE Amazônia, arte, sensível partilhado, educação
ABSTRACT
The aim of this work is to share experiences in the field of art and education, evidencing acts of displacement as experi-
ences of sharing of the sensitive. From performing collective actions with undergraduate and high school students, using
imaging devices like photography, video and installations. We seek to materialize possibilities and concerns in the field
of political art, focusing on themes of the daily lives of local populations, bringing highlights points of tension and rupture,
in the perspective of building a new common to be shared from the perspective of the subjects who live in that territory.
KEYWORDS Amazônia, art, sensible shared, education
DESLOCAMENTOS ARTEEDUCATIVOS NA TRANSAMAZÔNICA
XINGU COMO EXPERIÊNCIAS DO SENSÍVEL EM DIREÇÃO A UMA
OUTRA PARTILHA DO COMUM
Citação recomendada:
ZENHA, Leonardo; LO-
PES, Raquel. Desloca-
mentos arte-educativos
na Transamazônica-Xin-
gu como experiências
do sensível em direção
a uma outra partilha
do comum. Revista
Poiésis, Niterói, v. 22,
n. 38, p. 82-105, jul./
dez. 2021. [https://doi.
org/10.22409/poiesis.
v22i38.45642 ]
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Zenha, Raquel Lopes
Revista Poiésis, Niterói, v. 22, n. 38, p. 82-105, jul./dez. 2021 [https://doi.org/10.22409/poiesis.v22i38.45642]
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RESUMEN
El propósito de este ensayo es compartir experiencias en el campo del arte y de la educación, demonstrando
actos de desplazamiento como experiencias para compartir de lo sensible. Mediante la realización de acciones
colectivas con estudiantes de graduación y de la enseñanza básica, a partir de dispositivos visuales como la
fotografía, el vídeo y la instalación, se ha buscado materializar posibilidades e inquietudes en el campo del arte
político, centrándose en temas del cotidiano de las poblaciones locales, exponiendo puntos de tensión y fractur-
as en la perspectiva de la construcción de un nuevo común a ser compartido a partir de la mirada de los sujetos
que viven en ese territorio.
Leonardo Zenha e Raquel Lopes, Deslocamentos arte-educativos na Transamazônica- Xingu como experiências do sensível em direção a uma outra partilha do comum.
PALABRAS CLAVE Amazonia, arte, compartir de lo sensible, educación
(Submetido: 30/8/2020;
Aceito: 7/1/2021;
Publicado: 7/7/2021)
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INTRODUÇÃO: “E DE NADA VALERIA ACONTE
CER DE EU SER GENTE. E SER GENTE É OUTRA
ALEGRIA. DIFERENTE DAS ESTRELAS...
1
Os excertos acima apontam, cada um a seu modo,
a imprescindibilidade da dimensão artística na
constituição do humano em nós. Neste texto, pre-
tendemos compartilhar duas experiências arte-e-
ducativas que evidenciam essa proposição e nos
desafiam a pensá-la em sua radicalidade, para
além de certas obviedades ou lugares-comuns a
que fomos acostumados por uma tradição que nos
levou ao afastamento entre “fazer e sentir”, sepa-
rando-nos em blocos distintos: os que pertencem
ao mundo da vida ‘prática’ [e trabalham] e os que
pertencem ao mundo etéreo [e apenas sentem].
Pretendemos, também, questionar pressupostos
dessa tradição que afasta a arte da política, proble-
matizando o quão nociva e desumanizante é essa
separação, pelo fato de negar o direito ao prazer ar-
tístico a grandes parcelas da população, ao impedir
que façam parte de uma justa “partilha do sensível”,
condenando-as a um comum empobrecido, opaci-
ficado, desumanizado.
Num momento tão delicado no
mundo, trazemos esse relato de
experiências do sensível viven-
ciadas no interior da Amazônia
paraense, pelas ruas da Tran-
samazônica e pelos rios do Rio
Xingu, provocando o pensamen-
to e o saber sobre arte, política
e essas formas de resistências construídas, reela-
boradas, cocriadas e compartilhadas por pessoas
comuns nos mais longínquos lugares. Acreditamos
em sua importância e tentamos refletir sobre essa
temática da arte-política, buscando vivenciá-la
como forma de partilha do sensível [RANCIÈRE,
2005], partilhando sua potência como diálogo e
produção de humanidade no cotidiano de vida e re-
sistência dos povos desse lugar, a partir das expe-
riências do fazer coletivo. Queremos pensar a arte
[assim como a política] como forma de produção
de conhecimento socialmente situado, mas dialeti-
camente móvel, volante, diaspórico: florestas, rios,
praças e ruas em movimento, deslocados.
As experiências aqui trazidas emergiram nesse en-
contro entre arte e política, advindas de processos
educativos que foram ganhando cor, forma, criação
...Você não precisa de artistas? Então fecha os olhos, mora no breu. Esquece
o que a arte te deu, finge que não te deu nada. Nenhum som, nenhuma cor,
nenhuma flor na sua blusa. Nem Van Gogh, nem Tom Jobim, nem Gonzaga, nem
Diadorim […]. Você vai rimar com números. Vai dormir com raiva, e acordar sem
sonhos, sem nada. E esse vazio no seu peito não tem refrão para dar jeito, não
tem balé para bailar [...] Você não precisa de artistas? Então nos perca de vista.
Nos deixe de fora desse seu mundo perverso, sem graça, sem alma.
Zélia Duncan
Revista Poiésis, Niterói, v. 22, n. 38, p. 82-105, jul./dez. 2021 [https://doi.org/10.22409/poiesis.v22i38.45642]
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e cocriação [CORDEIRO; LOPES, 2020; SANTOS;
WEBER, 2015] com os estudantes e outros sujeitos
do campo, da cidade e dos rios no interior da Ama-
zônia Paraense. Esses “deslocamentos” de arte e
política foram sendo construídos em processos de
formação, seja no curso de Pedagogia, ao nível da
educação superior, seja no curso do Magistério das
Reservas Extrativistas, ao nível da educação básica;
seja na cidade [Uruará e Altamira], seja nas comu-
nidades ribeirinhas [Resex Rio Iriri].
Esse é o convite: partilhar, trocar, aprender, desa-
prender. Sentir a arte, a educação e a política como
maneiras de fazer, com mais abertura ao devir,
àquele vir a ser ainda em embrião, incerto mas
promissor; com menos apego ao passado como
porto seguro, mas aprendido como lição de expe-
riência/saber que impulsiona passos novos em
deslocamento, tanto do corpo físico que sai da sala
de aula, dos muros seguros da escola, e vai para as
ruas, quanto do corpo-pensamento que se reinven-
ta na contradição para construir um novo comum e
partilhá-lo, com mais beleza, mais alegria.
DESLOCARSE: PENSAMENTO, EDUCÃO,
ARTE E POLÍTICA EM MOVIMENTO
Aqui estabeleceremos algumas pontes de diálo-
go entre referências que nos ajudam a deslocar o
pensamento sobre as temáticas tratadas, espe-
cialmente a relação entre o fazer artístico e o fazer
político, na perspectiva da elaboração de uma nova
partilha do comum. Considerando o caráter histórico
e, portanto, passível de mudanças das disposições
mentais pelas quais se formaram as concepções
que sustentam nossas ações, tratamos a educação
em sua transversalidade estrutural e estruturante de
todo esse conjunto de percepções e hábitos men-
tais, móvel também de um comum em devir, a ser
partilhado com base em novos parâmetros.
Começamos com Jacques Rancière [RANCIÈRE,
2005; 2012], particularmente no que diz respeito às
proposições visando a uma nova “partilha do sensível”
e aos desafios dos “paradoxos da arte-política”. Nessa
mesma direção, dialogamos também com as propos-
tas de Campbell [2015], que traz várias experiências
de grupos e coletivos com “intervenções urbanas, arte
pública, arte participativa, arte colaborativa, arte rela-
cional, arte contextual, situações...” [CAMPBELL, 2015,
p. 20]. Essas duas principais referências se aproxi-
mam bastante, tanto entre si quanto relativamente
aos nossos propósitos neste trabalho: evidenciar
possibilidades de subversão na produção artística e
na sua publicização, no seu processo de se dar a ver,
de se tornar comum, por meio de uma rede de afetos
que nos mobiliza, embora não nos dê garantias, pois
como nos lembra Rancière:
Leonardo Zenha e Raquel Lopes, Deslocamentos arte-educativos na Transamazônica- Xingu como experiências do sensível em direção a uma outra partilha do comum.
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Nessa perspectiva, as experiências aqui relatadas
podem ser vistas numa direção dupla: como ato de
vontade inscrito em uma ordem subjetiva de de-
sejo/busca pela transcendência do fazer artístico
[que implica o encanto pela beleza, a atratividade
plástica exercida pela superfície física dos arranjos,
assim como a pulsão do inédito
e seu poder de sedução]; mas
também como ato político inscri-
to na ordem do sensível comum
que, ao ser partilhado, mobiliza
e acende o desejo nos outros
sujeitos envolvidos, engendrando
uma ambiência coletiva de ação-criação coletiva.
Assim, essas experiências podem ser inicialmen-
te atribuídas a uma autoria de sujeitos singulares,
que as conceberam num dado momento como
possibilidade/virtualidade [pensaram, escreveram,
propuseram], mas só se atualizaram na materiali-
dade histórica porque se tornaram coletivas e foram
legitimadas e validadas por
sujeitos coletivos que, como tal,
se colocaram na cena pública e
as assumiram como ato político,
transgredindo fronteiras do pos-
sível da arte, desenhando marcas
novas no improvável da política;
enfim, recuperando de forma cria-
tiva os elos entre o fazer artístico e
o fazer político naquele sentido lato e plural; movidos
pelo desejo de atuar conjugando esses atos em uma
performance que retoma a “gênese estética” que
arte e política compartem. Campbell nos lembra que
Rancière identificou a existência dessa gênese:
As experiências aqui tratadas foram tecidas nas
malhas do cotidiano, como maneiras de fazer cujo
ponto de partida e de entrelaçamento se locali-
za nas práticas sociais no contexto do cotidiano
[CERTEAU, 2009; ALVES, 2003, 2008], a exemplo
das aulas, da coleta da castanha, da produção de
farinha, da pesca; além de eventos ou episódios
de intervenções como aqueles levadas a cabo por
A vontade de repolitizar a arte manifesta-se assim em estratégias e práticas muito
diversas. Essa diversidade não traduz apenas a variedade dos meios escolhidos
para atingir o mesmo fim. Reflete uma incerteza mais fundamental sobre o fim em
vista e sobre a própria configuração do terreno, sobre a que é a política e sobre
o que a arte faz. Contudo, essas práticas divergentes têm um ponto em comum:
geralmente consideram ponto pacífico certo modelo de eficácia: a arte é consi-
derada política porque mostra os estigmas da dominação, porque ridiculariza os
ícones reinantes ou porque sai dos seus lugares próprios para transformar-se em
prática social [RANCIÈRE, 2012, p. 52]
Escreve Jacques Rancière que há uma gênese estética que a arte compartilha com
a política: ambas intervêm na partilha que fazemos do nosso mundo sensível.
Arte e política são maneiras de se recriar as “propriedades do espaço” e os “pos-
síveis do tempo”, as condições históricas a partir das quais dividimos e percebe-
mos o que é ruído e o que é palavra, o que é visível e o que é invisível, os que
fazem parte da cena ou dela estão excluídos. [CAMPBELL, 2015, p. 28]
Revista Poiésis, Niterói, v. 22, n. 38, p. 82-105, jul./dez. 2021 [https://doi.org/10.22409/poiesis.v22i38.45642]
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artistas como Brígida Campbell, Paulo Nazareth e
Éder Oliveira
2
. Esse mergulho na experiência e as
reflexões daí decorrentes nos convidam a pensar os
fazeres no dia a dia e suas possibilidades potencia-
lizadas pelas intervenções no campo da arte e da
educação, tentando reaproximar o chão do cotidia-
no do fazer artístico e do fazer político, percepções
muitas vezes negadas, mas que podem ser poten-
cializadas pelo sensível:
O inteligível e o sensível vieram, pois, sendo progressivamente apartados entre
si e mesmo considerados setores incomunicáveis da vida, com toda a ênfase
recaindo sobre os modos lógico-conceituais de se conceber as significações. No
entanto, em larga medida a nossa atuação cotidiana se dá com base nos saberes
sensíveis de que dispomos, na maioria das vezes sem nos darmos conta de sua
importância e utilidade. [DUARTE JR, 2000, p. 112]
O movimento de ‘reabilitação’ do cotidiano no cam-
po da arte e da educação é pautado pela urgência
de recuperar o cotidiano como espaço do conhe-
cimento. Nesse sentido, é “preciso compreender o
saber que surge do uso, com sua forma e inventivi-
dade próprias” [ALVES, 2008, p. 98], pela percep-
ção e reconhecimentos dos “atos desses pratican-
tes” em sua lida diária com as coisas da vida e suas
formas diárias de realizar as ações. Acreditamos
nessa luta coletiva e em novas formas de conheci-
mento que a alimentam; pois, como afirma Alves
[2008], novos caminhos exigem novas organiza-
ções em rede, nesse cotidiano, que potencializem o
aprendizado de um novo sensível, desencadeando
várias outras mudanças nesse aparente “caos”.
Nessa perspectiva, a arte deixa de ser uma mera
atividade de entretenimento e torna-se forma de
conhecimento, considerada como prática que vai
muito além de pinturas elaboradas sem uma finali-
dade estabelecida. Ela tem um espaço fundamen-
tal na sociedade, tornando-se visível em diversas
formas e linguagens: dança, música, teatro, pintu-
ra; o fazer artístico ganha, assim,
novos espaços para além de mu-
seus e galerias, ocupando tam-
bém ruas, praças, bares e perife-
rias. Dessa forma, a arte, como
área de conhecimento, seja na
educação básica ou na superior,
possibilita o desenvolvimento da criatividade e a
sensibilidade humana, expandindo-se para abran-
ger as manifestações culturais e políticas.
Para Campbell [2015], obras de arte realizadas no
espaço público dão ênfase ao lugar, incorporando-
-o em todas as suas dimensões – físicas, sociais,
culturais, ambientais. Praças, ruas, túneis, prédios,
parques são espaços onde a arte se faz presente,
embora muitas vezes fique imperceptível aos olhos
da sociedade, devido à correria do cotidiano. Ao
adotarem esses espaços, os artistas se aproximam
do mundo real e diminuem a distância que se criou
Leonardo Zenha e Raquel Lopes, Deslocamentos arte-educativos na Transamazônica- Xingu como experiências do sensível em direção a uma outra partilha do comum.
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entre a vida prática e a prática artística; a cidade vai
deixando de ser apenas estrutura física e passa ser
um lugar de fluxo, criatividade, interatividade. Visto
que a arte é algo imprescindível ao sujeito, ela se
manifesta em resposta aos desafios do mundo, seja
com um caráter de criação ou de ‘consumo’/fruição.
É no cotidiano que as formas de percepção sensível se incorporam e ganham
força social, do individual ao coletivo. Na maneira como vivemos nosso dia a dia,
como experimentamos os espaços e as relações a nossa volta. A arte, contra a
banalização do cotidiano, pode ser assim entendida como pequenas táticas que
desmobilizam as práticas sociais instituídas, gerando estruturas ínfimas que se ram-
ificam pelas estruturas tecnocráticas, alterando seu funcionamento, articulando-se
sobre detalhes poéticos do cotidiano. [CAMPBELL, 2015, p. 25]
ditos, envolvendo os sujeitos e as práticas nesses
processos de deslocamentos individuais e coletivos,
apostando em suas diversas reverberações.
DESLOCAMENTOS 1  DES CAMINHOS DA
ARTE EM EDUCÃO COM PROFESSORES EM
FORMAÇÃO NA TRANSAMA
ZÔNICA URUARÁ/PARÁ
Em atividades da disciplina Arte
e educação, ministrada com es-
tudantes do Curso de Pedagogia
pelo PARFOR
3
/UFPA, no municí-
pio de Uruará, na Transamazô-
nica, estabelecemos como objetivos potencializar
reflexões acerca dos saberes teóricos e práticos no
campo da arte e da educação, por meio de estudos,
observações, experimentações e intervenções na
cidade. Na turma, havia uma média de 24 estudan-
tes, e a disciplina ocorreu em uma semana inteira,
nos períodos da manhã e tarde. Em tão curto espa-
ço de tempo e com tantas possibilidades, optamos
pelas artes visuais e das intervenções.
Optamos por autores que trabalham o cotidiano e as
intervenções artísticas, refletindo os limites e pos-
sibilidades da escola, do nosso fazer em educação
visando maneiras de subverter a lógica vigente, pois
acreditamos na proposição de Rancière quando diz
que “As práticas artísticas são “maneiras de fazer” que
As práticas artísticas que são expostas em muros de
diversas cidades trazem consigo reflexões que, como
bem aponta a autora acima mencionada, podem
não ser identificadas de imediato frente à dimensão
do que nos cerca, por estarem em um ambiente
inusitado, podendo haver uma perda nesse potencial
reflexivo diante dos problemas sociais que elas tenta-
ram expressar. Esse é um risco que não pode invalidar
as tentativas, pois as práticas artísticas carregam
consigo uma expressão forte de cada cultura em que
se inserem, provocando influências sobre o que elas
pretendem expressar, criar e cocriar.
Trazemos a seguir alguns caminhos trilhados como
processos experimentais do pensar a arte, a política
e a educação nessa interação com espaços inau-
Revista Poiésis, Niterói, v. 22, n. 38, p. 82-105, jul./dez. 2021 [https://doi.org/10.22409/poiesis.v22i38.45642]
intervêm na distribuição geral das maneiras de fazer
e nas suas relações com maneiras de ser e formas
de visibilidade.” [RANCIÈRE, 2012, p. 17]. Essa proposta
inicial, de certa forma, parte de um pensamento/fazer
individual do professor, mas precisa de uma cum-
plicidade, uma adesão, um ‘cimento’ coletivo – que
acontece em alguns momentos e, em outros, não.
Quando pensadas com base apenas em uma ra-
cionalidade técnico-instrumental ou colocadas de
forma unilateral, essas propostas mais ‘desviantes’
têm grande probabilidade de não acontecerem ou
de serem somente uma burocracia para cumprir
um protocolo pedagógico; para se efetivarem como
práticas artísticas significativas, precisam ter sua
dimensão afetiva explorada, precisam tocar as
pessoas. Por isso dizemos que saem do campo
puramente racional para se alojarem e crescerem
no campo do intuitivo e das “partilhas do sensível”.
Assim, ao lado de reflexões, experiências senso-
riais, apreciação de videodocumentários, leitura
de textos, debates mais conceituais, realizamos
experiências do olhar e saídas/deslocamentos da
sala de aula para diferentes espaços da cidade.
Toda essa sequência “didática” vivenciada teve
como foco pensar outros modelos de arte ou de arte-
-educação para além do conhecido ou do usualmen-
te praticado pelas escolas e seus currículos. Como já
foi dito, esses deslocamentos também tiveram que
ocorrer no método de pensar/fazer, repensando o
campo da arte e educação a partir de elementos da
posição dos sujeitos frente a seu território. Quando
os estudantes foram provocados pelos textos, deba-
tes, documentários e o papel da arte ou a situação
de cada um ou de todos nesse processo, foram
surgindo outros olhares sobre a cidade, a rua e o ter-
ritório. Nesse “flanar” pela cidade com os celulares
e máquinas fotográficas, era possível perceber um
certo grau de apreensão dos sentidos e, ao mesmo
tempo, a possibilidade de explorar espaços e lugares
sob o ângulo da arte da imagem.
Fig. 1 - Sequência de fotos Flanar pela cidade. [Fonte: Registros dos
estudantes, 2017]
Fig. 2 - Sequência Flanar pela cidade [Fonte: Registros dos estudantes, 2017]
Fig. 3 - Sequência Flanar pela cidade [Fonte: Registros dos estudantes, 2017]
90
91
Outro ponto chave dessa experiência foram os ele-
mentos constantes nessa paisagem física e imagé-
tica. Em uma cidade construída ou cortada pela di-
tadura, como ocorreu ao longo da Transamazônica,
suas contradições e fragilidades, o descaso com a
saúde, a educação e até mesmo a forma da relação
urbano/campo, na qual esses sujeitos foram socia-
lizados, se fazem presentes afetando seus modos
de vida, as lutas diárias por sobrevivência e aqui,
em específico, ganha destaque a luta pela forma-
ção na graduação em uma universidade pública.
Nessa construção de dispositivos [ARDOINO, 1998]
e seus deslocamentos, refletindo sobre o papel da
arte, o contexto, a educação para além da sala de
aula e as possíveis formas de intervenção: instala-
ções, exposições, murais, recitais, saraus e outras
práticas/formas subversivas, foram surgindo dis-
cussões sobre o lugar e a participação de cada su-
jeito nesses espaços, com seus possíveis descon-
fortos e incômodos. Essa tomada de consciência
da inseparabilidade entre arte e política tem muito
mais a ver com uma percepção do sensível, uma
consciência corporal, do que com uma decisão
racional, pois a percepção de si no coletivo leva a
uma percepção do outro como sujeito e não mais
como objeto.
Algumas fotografias foram projetadas em tama-
nhos maiores, foram impressas e colocadas em
circulação novamente. Esse processo de manipu-
lação das imagens no momento da sua captação
e, depois, quando foram impressas, causou tam-
bém novos deslocamentos, provocando olhares
diferentes entre os estudantes.
Depois de algumas discussões e de análises
das imagens, decidimos por uma intervenção na
cidade com as fotografias [algo ainda inusitado
e pouco comum], a serem colocadas nas praças
por um mapeamento de possíveis espaços para
a instalação de placas, com aproveitamento de
madeiras encontradas nas caminhadas, sugestão
de um grupo de estudantes.
Nesse processo de deslocamentos e interven-
ções pela cidade, foram se formando novas
percepções dos sujeitos envolvidos. Convivendo
com falta de estrutura, de suporte em saúde, edu-
cação e lazer, sem espaços como teatro, cinema
ou museu, as pessoas podem ser sensibilizadas
e começar a pensar provocações no campo da
arte e da política; a experiência acima relatada
evidencia que é possível, mesmo em condições
adversas e pouco favoráveis em termos mate-
riais, fomentar a construção de um novo comum
a ser partilhado, proporcionado por reverbera-
ções em potencial de outras perspectivas no
campo da arte e da educação.
Leonardo Zenha e Raquel Lopes, Deslocamentos arte-educativos na Transamazônica- Xingu como experiências do sensível em direção a uma outra partilha do comum.
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Fig. 4 - Sequência Preparação da intervenção. [Fonte: Registros dos estudantes, 2017]
Revista Poiésis, Niterói, v. 22, n. 38, p. 82-105, jul./dez. 2021 [https://doi.org/10.22409/poiesis.v22i38.45642]
93
Fig. 5 - Sequência Intervenção [Fonte: Registros dos estudantes, 2017]
94
Fig. 6 - Sequência Intervenção [Fonte: Registros dos estudantes, 2017]
Revista Poiésis, Niterói, v. 22, n. 38, p. 82-105, jul./dez. 2021 [https://doi.org/10.22409/poiesis.v22i38.45642]
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DESLOCAMENTOS 2  EDUCAÇÃO, ARTE E
POLÍTICA EM AÇÃO NA FLORESTA RESEX RIO
IRIRI E NA CIDADE ALTAMIRA
A segunda experiência que trazemos aqui foi viven-
ciada no âmbito do Projeto de Formação de Profes-
sores Extrativistas da Terra do Meio – Magistério
4
.
Esse Projeto evidencia de modo muito radical o que
estamos chamando de experiência de desloca-
mento, por vários motivos que não poderemos tra-
tar aqui e por isso remetemos o leitor interessado a
trabalhos mais específicos [especialmente PAREN-
TE; LOPES; MILÉO, 2020]. Nosso relato incide em
atividades desenvolvidas com os jovens extrativis-
tas estudantes do Magistério na turma da Reserva
Extrativista Rio Iriri, em duas ocasiões: nas aulas de
Informática e Educação [em maio de 2019, na pró-
pria Resex] e na Instalação/exposição fotográfica
Povos que gritam
por inclusão
[realizada na cidade
de Altamira, em setembro de 2019].
O Magistério da Extrativista da Terra do Meio con-
densa, de forma bastante contumaz, a “gênese
estética” partilhada pela arte e pela política, de que
nos fala Rancière [2012], por se constituir medular-
mente como experiência educativa enraizada no
cotidiano dos sujeitos implicados. Sua dimensão
política é facilmente notável pelo sentido de afirma-
ção de direitos que representou para as comunida-
des extrativistas quando conseguiram, por via da
mobilização popular, que a Universidade Federal do
Pará assumisse sua implementação, garantindo a
dezenas de jovens extrativistas a elevação da esco-
laridade em nível do ensino fundamental e a con-
clusão do ensino médio, na modalidade Magistério.
Até um pouco antes da decretação das áreas de
conservação, em meados dos anos 2000, as popu-
lações residentes na Terra do Meio não tinham sua
existência reconhecida, vivendo em quase comple-
ta invisibilidade, excluídas de praticamente todos os
direitos sociais afirmados na Constituição Federal
de 1988; para se ter uma ideia desse processo de
exclusão, basta saber que as primeiras escolas
foram ali instaladas, e com muita precariedade,
apenas em 2008.
No contexto da disciplina Informática e Educação,
nosso objetivo principal foi refletir sobre o concei-
to de Tecnologias da Informação e Comunicação
[TICs] em relação com o contexto local, problema-
tizando usos e formas de apropriação, problemati-
zando as desigualdades existentes nas formas de
acesso a esses dispositivos. Nesse roteiro, come-
çamos a fazer dentro de dispositivos de ensino e
aprendizagem alguns experimentos para entender
a realidade do lugar de maneira coletiva e, em
grupo, criar possibilidades de reinvenção, de usos
transgressores dos dispositivos estudados. Com
isso, conseguimos explorar modelos “alternativos”
Leonardo Zenha e Raquel Lopes, Deslocamentos arte-educativos na Transamazônica- Xingu como experiências do sensível em direção a uma outra partilha do comum.
96
para usos das TICs, utilizando os conceitos de re-
mix, audiovisual, música e arte.
Mesmo estando nas reservas extrativistas, que são
locais muito remotos, os jovens que participavam
do projeto já faziam usos de tecnologias, inclusive
com computadores e aparelhos celulares, mesmo
não havendo luz elétrica, nem tampouco internet
[eles se valem de geradores]. Sabemos que os
usos das tecnologias estão presentes em pro-
cessos de organização social e produção da vida,
desde o arado, passando pelos instrumentos ne-
cessários à retirada do látex, até as TICs [PRETTO,
2011], com internet, celulares e câmeras presentes
no cotidiano de jovens e adultos, com diversas
maneiras inventivas.
Um dos pontos nodais da discussão foi como fazer
uso dessas tecnologias para potencializar proces-
sos identitários e repensar a inserção social desses
sujeitos e suas formas de vida, de luta e de afirma-
ção de direitos. Assim, mobilizados pelo debate
sobre temas que lhes são caros, os estudantes se
envolveram de tal modo na ação/reflexão coletiva e
crítica sobre o contexto educativo usando as TICs,
na perspectiva identitária, por meio de técnicas da
remixagem do audiovisual, que chegaram a criar
produtos primorosos, misturando imagens já reali-
zadas e outras produzidas ali no momento, trazen-
do elementos do seu dia a dia, de forma inusitada,
surpreendente e profundamente autoral.
No final, conseguimos criar, com produção de
“baixo custo”, seis videodocumentários produzidos
e realizados pelos estudantes
6
, envolvendo temá-
ticas que foram emergindo durante o processo
de estudo, como a falta de postos de saúde para
combater a malária, a falta de perspectiva de con-
tinuidade de estudos dentro das Resex, o transpor-
Fig. 7 – Sequência
III Curta ANPEd | Educação diferenciada na reserva extrativista da terra do Meio – Pará
[Fonte: imagens de internet
5
]
Revista Poiésis, Niterói, v. 22, n. 38, p. 82-105, jul./dez. 2021 [https://doi.org/10.22409/poiesis.v22i38.45642]
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te escolar deficitário em barcos pouco seguros, os
projetos de vida dos jovens, a questão do lazer e as
condições de vida e de trabalho na região. Mesmo
em pouco tempo, em torno de 10 dias, consegui-
mos trabalhar a potência dessa produção a partir
do cotidiano desses jovens, cuja inventividade re-
verberou, para outros espaços, elementos de lutas
e reinvindicações envolvendo a arte e a política,
trazendo algo do comum para o audiovisual, uma
singular experiência de nova partilha do sensível
no interior da floresta amazônica. Esses vídeos
trouxeram elementos sobre as possibilidades que
já estavam sendo utilizadas e que foram incremen-
tadas por uma mensagem clara no audiovisual, a
ser passada para além das fronteiras da Resex. E
o mais vital: superando a ideia de que esses jovens
fossem apenas consumidores, para se tornarem
autores desse processo.
Esses resultados, mas especialmente os processos
que os geraram, corroboram a afirmação de Cam-
pbell [2015] a respeito da possibilidade de contrain-
formação dessas produções como apropriação dos
meios e da produção da informação para deslegi-
timar o estado de poder das mídias “oficiais”, pelo
uso dos meios de comunicação; no caso presente,
do audiovisual, mesmo que distante dos grandes
centros urbanos. É como mais uma evidência dessa
possibilidade, articulando arte e política de forma
bastante interessante, que apresentamos a ex-
periência a seguir, protagonizada pelos mesmos
sujeitos e alguns novos parceiros.
A intervenção
Povos que gritam por inclusão
, que
aconteceu no espaço urbano de Altamira, em
setembro de 2019, foi uma espécie de desdobra-
mento da experiência com audiovisual vivenciada
na Resex, em maio do mesmo ano. Os experimen-
tos com as TICs produziram vários sentidos sobre
as imagens na região e, a partir desse trabalho,
vários pontos foram sendo problematizados pelos
estudantes extrativistas, como o próprio Projeto
Magistério, o acesso à escola, a invisibilização
da região e de seus modos de vida, as formas de
trabalho e de lazer e vários outros elementos do
cotidiano dessas populações.
Aproveitando da presença de alguns desses
jovens na cidade, por ocasião de um evento de
reivindicação de direitos em que eles usariam
alguns dos produtos criados nas aulas em maio,
propusemos uma ação artístico-política a partir
da própria vivência no Projeto Magistério, por
meio da criação e cocriação de produtos/obras
de arte, em que fossem mostradas suas subjeti-
vidades, a visibilidade e invisibilidade envolvidas
nos processos políticos, com suas especificida-
des, contradições, dissensos.
Leonardo Zenha e Raquel Lopes, Deslocamentos arte-educativos na Transamazônica- Xingu como experiências do sensível em direção a uma outra partilha do comum.
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Fig. 8 - Sequência Resex [Fonte: Arquivo pessoal dos autores, 2019]
Revista Poiésis, Niterói, v. 22, n. 38, p. 82-105, jul./dez. 2021 [https://doi.org/10.22409/poiesis.v22i38.45642]
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Fig. 9 - Sequência Resex [Fonte: Arquivo pessoal dos autores, 2019]
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Fig. 10 - Sequência Intervenção Cidade. [Fonte: Arquivo pessoal dos autores, 2019]
Revista Poiésis, Niterói, v. 22, n. 38, p. 82-105, jul./dez. 2021 [https://doi.org/10.22409/poiesis.v22i38.45642]
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Fig. 11 - Sequência Intervenção Cidade [Fonte: Arquivo pessoal dos autores, 2019]
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Foram instalados cavaletes com as fotos. Hou-
ve execução de música local e também outras,
executadas por outros artistas, como uma violi-
nista que reinterpretou a canção
Rosa de Hiroshi-
ma
, trazendo singularidades como, por exemplo,
referência à bomba de Hiroshima e ao processo
de destruição da floresta amazônica. Esse remix
trouxe novas indagações, um rompimento dos
espaços/fluxos e novos olhares, subvertendo a
lógica desses espaços.
A intervenção foi composta por imagens e apresen-
tações de artistas interagindo na experiência vivida
e pautando o poder inclusivo e transformador da
educação em uma ambiente intercultural, trazendo
para a cena pública novos atores e autores, num
processo de diálogo e partilha do sensível, inclusive
com a interação entre os habitantes da cidade em
espaços inusitados para a educação escolar, como
o bar e a praça.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
As experiências em arte, educação e política aqui
trazidas nos colocam a questão do compromisso
epistêmico-existencial e tocam de muito perto as-
pectos implicados no nosso próprio fazer cotidiano,
a que não costumamos prestar muita atenção, mas
que concentram as possibilidades de concepção
e elaboração do que Rancière chama “paisagem
nova e inédita” com novas formas, estabelecendo
novas conexões a partir de novos ritmos. Evidente
que, quando embebidos na atividade, não estáva-
mos percebendo essas questões de forma racional
e direta. Mas, desde o momento em que estabe-
lecemos o processo de intervenção a partir desse
continuum
, trazendo-o para a cidade e reconfigu-
rando-o por meio das instalações, ficou evidente o
desafio da nossa implicação no processo, suas sin-
gularidades e desdobramentos. O que está posto é
como o público que vê e partilha esse novo sensível
tornado comum pode ser tocado.
Uma das ideias foi trazer para a cidade fotogra-
fias sobre o tempo em que estávamos fazendo o
trabalho na Resex, ocupando espaços diferentes
como o bar e a praça, experimentando como os
sujeitos poderiam trocar percepções, revisitar e
cocriar novas perspectivas. Nessas intervenções,
estiveram presentes estudantes das reservas ex-
trativistas, movimentos sociais que trabalham com
povos indígenas e também moradores da cidade
que não conheciam ou não conhecem as reservas
extrativistas, mas têm sobre elas e seus habitantes
pré-conceitos e julgamentos de valor.
Assim como a experiência em Uruará, essas vi-
vências mostraram que o fazer artístico como ato
político de projeção dos sujeitos na esfera pública
Revista Poiésis, Niterói, v. 22, n. 38, p. 82-105, jul./dez. 2021 [https://doi.org/10.22409/poiesis.v22i38.45642]
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é uma forma de produção de saber, que responde
a necessidades humanas mediante a construção
de objetos de conhecimento, os quais, juntamente
com as relações sociais, políticas e econômicas,
compõem um conjunto de manifestações ca-
racterísticas de uma determinada cultura. Nesse
contexto, o fazer artístico, como prática estética
mas também como mecanismo de ruptura de uma
certa ordem estabelecida, passa também a ser
peça fundamental nos movimentos políticos, pois
os coletivos que experimentam esse novo sensível
passam a ter uma atitude reflexiva e ativa diante
dos problemas sociais, o que pode contribuir para
ressignificar a vida pela construção e partilha de
um novo comum.
NOTAS
1 VELOSO, Caetano.
Terra
. Rio de Janeiro: Phillips, 1978.
2 Disponível no site do artista: http://www.ederoliveira.net/
intervencoes#7. Acesso em julho de 2020.
3 O Programa Nacional de Formação de Professores da
Educação Básica [Parfor] é uma ação da CAPES que visa induzir
e fomentar a oferta de educação superior, gratuita e de quali-
dade, para profissionais do magistério que estejam no exercício
da docência na rede pública de educação básica e que não
possuem a formação específica na área em que atuam.
4 Este Projeto foi elaborado de forma colaborativa com as
próprias comunidades demandantes e realizado por meio de
parceria interinstitucional entre a Faculdade de Etnodiversidade
da Universidade Federal do Pará [UFPA] e a Escola de Apli-
cação [EA/UFPA], com o apoio do Ministério da Educação
[MEC] e das Associações de Moradores da áreas envolvidas
[AMORA, AMORERI, AMOMEX, e AERIM], com início em
dezembro de 2015 e término em dezembro de 2019. Seu prin-
cipal objetivo foi a formação de jovens comunitários para atuar
nas escolas das três Resex de Altamira [Riozinho do Anfrísio, Rio
Iriri e Xingu] e adjacências, como professores dos anos iniciais.
5 Disponível em https://www.youtube.com/watch?v=-
Z4Rkux-7ZA. Acesso em 26/10/2020.
6 Uma dessas produções foi enviada e aprovada para o
Festival de Curtas da Associação Nacional de Pós-Graduação
em Educação.
Leonardo Zenha e Raquel Lopes, Deslocamentos arte-educativos na Transamazônica- Xingu como experiências do sensível em direção a uma outra partilha do comum.
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