ficava imaginando meu pai indo, armando
a rede na mata, e aquilo me parecia muito
estranho. Assim fui crescendo, dando cer-
ta atenção às redes.
Na cidade, sempre que passava em pon-
tos de vendas de redes, principalmente na
rua onde as mesmas ficam atadas, eu as
admirava pela sua estética e múltiplas co-
res. As redes, principalmente no Nordeste
e no Norte, têm uma importância cultural
ampla, sendo o seu uso diverso: dormir,
descansar, esperar, carregar pessoas em
passeios, carregar pessoas doentes pelos
varadouros das matas, enterrar mortos e
outras utilidades. Ao pensar no termo re-
de, essa palavra atualmente dispõe de um
arsenal de variações com relação ao seu
significado, dependendo da área do co-
nhecimento. No seu sentido mais amplo,
temos redes sociais, rede de lojas, de pes-
ca, de esgoto, de vôlei... enfim.
A partir dessas observações, comecei a
comprar redes em diversos locais do Brasil
e, por último, dei preferência por adquiri-
las em algodão cru, mais ou menos o
mesmo tecido utilizado para a fabricação
de pinturas em tela.
Legendas das imagens em sequência
(todas de autoria de Ueliton Santana e
parte do acervo do autor):
Fig. 1 – Território amazônico I, 2012. acrílica sobre
rede de algodão, 80 x 120 cm.
Fig. 2 – Esperando a caça, 2012. acrílica sobre rede
de algodão, 250 x 150 cm.
Fig. 3 - Território Amazônico II.
Fig. 4 – Soldados da borracha. Meu pai, 2015. carvão
sobre rede de algodão, 250 cm x 150.
Fig. 5 – Corpos vulneráveis em tempos de crise.
Fig. 6 - Corpos vulneráveis em tempos de crise.
Fig. 7 - Corpos vulneráveis em tempos de crise.
Fig. 8 – Peles.
Fig. 9 – Carne de sol.
Fig. 10 – A terceira margem do território.