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Historiadora de Arte pela Universidade Ibero-Ameri-
cana e Mestre em Museografia Interativa e Didática
pela Universidade de Barcelona, Nayeli Zepeda
Arias colabora há mais de dez anos com institui-
ções públicas e privadas no México e nos Estados
Unidos. Além de coordenar o NodoCultura, coletivo
multidisciplinar que explora práticas comuns e dis-
sidentes em museus, integra o Museu Empathetic,
iniciativa dedicada à construção de museus diver-
sos, equitativos, acessíveis e inclusivos.
Neste artigo, a autora se refere ao museu como
uma mesa, um lugar de comunhão, onde cada
participante leva seu prato e todos compartilham a
ceia, de modo que a mesa se torna o espaço onde
se desenvolvem atividades sociais, comunitárias e
também de pertencimento – é preciso enfatizar a
importância do pertencimento, pois o visitante que
não se sente pertencente à uma determinada co-
munidade ou espaço não demonstra interesse na
preservação e participação das atividades ali exer-
cidas. Logo de início, a autora afirma que a mesa
está aberta e todos são bem-vindos e capazes de
contribuir e apreender, de modo que é necessário
reaprender com o visitante para, então, construir
um novo museu. Ela afirma que as desigualdades
socioeconômicas perdem a importância quando se
compartilha a mesa dentro de um contexto cotidia-
no e as diferenças não restringem as formas de in-
teração, mas evidenciam ainda mais tais trocas. O
design centrado em pessoas é apresentado como
uma estratégia para compartilhar a mesa com os
visitantes e estabelecer processos colaborativos na
construção do museu.
O museu do século XXI transcende as funções
básicas de preservar, conservar, expor e pesquisar,
e torna-se parte da dinâmica cultural das cidades.
Dessa forma, estratégias como a curadoria educa-
cional, a mediação e a integração de outras prá-
ticas, como o design centrado em pessoas, apre-
sentam o museu como um local crítico, consciente,
transparente e inclusivo, oferecendo ao visitante
a oportunidade de experienciar e interagir com o
espaço e os outros visitantes. Segundo a autora,
compartilhar a mesa e criar relações democráticas
dentro do museu é mais do que criar ferramentas
que valorizam a participação do público. O design
centrado em pessoas parte de uma abordagem
empática e está ligado ao design participativo e co-
-design, que se baseia na investigação, no conhe-
cimento profundo dos usuários e em suas formas
de interagir e construir significado; esta abordagem
está ligada ao
design thinking
, um processo crítico
e criativo que possibilita a organização de ideias e
a busca por conhecimento. No artigo, assim como
na abordagem do
design thinking
, a autora divide o
processo em quatro fases: inspiração, idealização,
Revista Poiésis, Niterói, v. 22, n. 38, p. 345-349, jul./dez. 2021 [https://doi.org/10.22409/poiesis.v22i38.48996]