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A MULHER CIENTISTA E A MULHER ALIENÍGENA: A REPRESENTAÇÃO
FEMININA EM UMA FICÇÃO CIENTÍFICA BRASILEIRA
THE SCIENTIST WOMAN AND THE ALIEN WOMAN:
female representation in Brazilian science fiction
LA MUJER CIENTÍFICA Y LA MUJER EXTRANJERA:
representación femenina en la ciencia ficción brasileña
Carolina de Oliveira Silva [Universidade Estadual de Campinas, Brasil]*
RESUMO Partindo do filme
Os Cosmonautas
[1962] de Victor Lima, uma ficção científica nacional que conta
a história de uma missão espacial brasileira bastante confusa, a análise destaca duas personagens femininas
relevantes – a cientista Alice [Telma Elita] e a alienígena Krina Iris [Neide Aparecida]. Ao abordar o filme a
partir das problemáticas de gênero, a hipótese é de que a produção explora a construção de suas persona-
gens, prevendo outras possibilidades de existência aos estudos feministas no cinema brasileiro em meio a um
gênero cinematográfico tão híbrido e, quiçá para alguns, inexistente. Assim, a análise fílmica pretende apontar
as complexidades na criação das personagens femininas que: confirmam estereótipos, utilizam-nos a seu favor
e, por vezes, os negam, construindo outras formas de sobrevivência para as mulheres no mundo.
PALAVRASCHAVE ficção científica, personagens femininas, estudos feministas, cinema brasileiro
ABSTRACT Departing from the film
Os Cosmonautas
[1962] by Victor Lima, a national SF that tells the story of a
very confused Brazilian space mission, the analysis highlights two relevant female characters – the scientist Alice
[Telma Elita] and the alien Krina Iris [Neide Aparecida]. When approaching the film based on gender issues,
the hypothesis is that the production explores the construction of its characters, foreseeing other possibilities of
*Carolina de Oliveira Silva é Mestre em Comunicação Audiovisual [UAM] e Doutoranda em Multimeios pela UNICAMP. E-mail: coralinacarol@gmail.com, ORCID: https://
orcid.org/0000-0002-8447-1576
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Carolina de Oliveira Silva, A MULHER CIENTISTA E A MULHER ALIENÍGENA: a representação feminina em uma ficção científica brasileira.
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existence for feminist studies in Brazilian cinema in the midst of such a cinematographic genre, hybrid and perhaps
for some, non-existent. Thus, the film analysis aims to point out the complexities in the creation of female characters
who: confirm stereotypes, use them in their favor and, sometimes, deny them, building other forms of survival for
woman in the world.
KEYWORDS science fiction, female characters, feminist studies, Brazilian cinema
RESUMEN Partiendo de la película
Os Cosmonautas
[1962] de Victor Lima, una ciencia ficción nacional que
cuenta la historia de una misión espacial brasileña muy confusa, el análisis destaca a dos personajes femeninos
relevantes: la científica Alice [Telma Elita] y la alienígena Krina Iris [Neide Aparecida]. Al abordar la película
desde la perspectiva de género, la hipótesis es que la producción explora la construcción de sus personajes,
vislumbrando otras posibilidades de existencia para los estudios feministas en el cine brasileño en medio de un
género tan híbrido y, quizás, inexistente. Así, el análisis cinematográfico pretende señalar las complejidades
en la creación de personajes femeninos que: confirman estereotipos, los utilizan a su favor y en ocasiones los
niegan, construyendo otras formas de supervivencia para las mujeres en el mundo.
PALABRAS CLAVE ciencia ficción, personajes femeninos, estudios feministas, cine brasileño
Citação recomendada:
SILVA, Carolina de
Oliveira. A mulher científi-
ca e a mulher alienígena:
a representação feminina
em uma ficção cientí-
fica brasileira. Revista
Poiésis, Niterói, v. 22, n.
38, p. 293-308, jul./
dez. 2021. [https://doi.
org/10.22409/poiesis.
v22i38.49000]
Este documento é
distribuído nos termos da
licença Creative Com-
mons Atribuição-Não-
Comercial 4.0 Inter-
nacional [CC-BY-NC]
© 2021 Carolina de
Oliveira Silva
Revista Poiésis, Niterói, v. 22, n. 38, p. 293-308, jul./dez. 2021 [https://doi.org/10.22409/poiesis.v22i38.49000]
(Submetido: 5/3/2021;
Aceito: 7/5/2021;
Publicado: 7/7/2021)
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INTRODUÇÃO
Nos livros
Cinema de Bordas
[2006] e C
inema de
Bordas 2
[2008], Bernadette Lyra e Gelson Santana
organizam uma série de artigos sobre a produção
de “um cinema brasileiro ‘invisível’” [LYRA; SANTA-
NA; 2006, p. 5] no Brasil. Tais produções pretendem
trazer à tona para os estudos acadêmicos algumas
práticas cinematográficas, costumeiramente con-
sideradas periféricas ou marginais e que, muitas
vezes, são colocadas às bordas pelas instituições.
Todavia, esse cenário está aos poucos se modifi-
cando, muito devido ao grande e plural interesse
demonstrado por pesquisadoras e pesquisadores
das mais diversas áreas do conhecimento.
A valorização de uma história a contrapelo, ou
seja, aquela do ponto de vista dos vencidos, é uma
preocupação da Nova História desde a década de
1970, o que implicou em uma série de modificações
das metodologias de análise sobre os materiais
que, até então, não eram considerados como docu-
mentos válidos para a história. Com o aumento da
incorporação sobre as questões de gênero dentro
da academia e nas próprias discussões em socie-
dade, atualmente, muitas pesquisas atentam-se
para perspectivas que destaquem a histórias das
mulheres e suas lutas. Longe da compreensão que
abarque apenas o crescimento econômico e de de-
sempenho tecnológico, o desenvolvimento de tais
assuntos devem ser encarados como uma forma
de implementação das transformações sociais, da
promoção da igualdade e sustentabilidade, e que
junto a perspectiva de gênero, precisam ser coloca-
dos em debate.
Desde 1970, as questões acerca do tema já come-
çaram a ser discutidas na Conferência do México,
conhecida como a I Conferência Mundial sobre as
Mulheres, promovida pela ONU e que estabeleceu
o Ano Internacional da Mulher em 1972 e a Declara-
ção da Década da Mulher [1976-1985]. A partir daí,
observou-se a contribuição feminina em setores
como: a produção de alimentos em lugares como a
África, a Índia e a América Latina que, em sua gran-
de maioria, contam com a mão-de-obra feminina.
Apesar disso, muitos impactos negativos também
foram reconhecidos: as sobrecargas no trabalho,
a distorção do controle familiar, a diferença de
salário, a falta de acesso aos benefícios sociais,
além das diversas consequências multifacetadas
relacionadas ao meio ambiente e a cultura –, são
os estudos de gênero começando a habitar outros
terrenos, inclusive o cinematográfico.
Dessa maneira, ao destacar os estudos que se
preocupam em compreender um gênero fílmico que
ocupa um terreno aparentemente incerto dentro
das produções brasileiras, obras como a de Alfredo
Carolina de Oliveira Silva, A MULHER CIENTISTA E A MULHER ALIENÍGENA: a representação feminina em uma ficção científica brasileira.
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Luiz Paes De Oliveira Suppia,
Cartografias para a
ficção científica mundial – cinema e literatura
[2015],
funcionam como um ponto de partida para este
estudo, que propõe a expansão das análises sobre
um viés que considere, também, a representação
feminina. Com o intuito de desvendar as persona-
gens femininas nesse tipo de produção, a hipótese
é ir além de promover uma categoria de arte femi-
nista para o filme, o que poderia ser problemático e
bastante restritivo a uma estratégia característica
das artistas norte-americanas do início da década
de 1970, como bem explica Duda Kuhnert em seu
texto para o livro
Explosão feminista: arte, cultu-
ra, política e universidade
[2018], organizado por
Heloísa Buarque de Hollanda. A autora compreende
o termo “arte feminista” como algo equivocado,
historicamente ligado a uma realização que só
poderia depender de mulheres ao promover uma
estratégia característica para um grupo específico,
o que impediria a observação de construções mais
complexas e menos óbvias em torno do assunto. A
ideia é percorrer as possibilidades advindas de um
gênero que, em grande parte de suas narrativas,
trabalha a multiplicidade dos universos e as possi-
bilidades de passados, presentes e futuros. Assim,
abrimos nosso questionamento: o que exatamente
essas produções consideradas como ficção cien-
tífica podem oferecer para os debates feministas
contemporâneos brasileiros?
Ao partir do filme
Os Cosmonautas
[1962] de Victor
Lima, salientamos a construção de duas persona-
gens: Alice, uma jovem cientista que auxilia o pro-
fessor Inacius Isidorius [Álvaro Aguiar] e sua equipe
nos procedimentos e estudos responsáveis por en-
viar os cosmonautas à Lua, por meio do foguete Na-
cionalista II – missão essa que precisa ser cumpri-
da antes que os russos e os americanos cheguem
ao satélite; e Krina Iris, uma simpática e inteligente
alienígena habitante do planeta Korson, que surge
com a missão de convencer os seres humanos do
planeta Terra a cessarem com os gastos em armas,
guerras e a exploração espacial – alertando assim,
para a construção de uma sociedade mais pacífica.
Em ambas as personagens a caracterização a par-
tir de um viés cômico é recorrente, algo muito capaz
de reforçar as estruturas amplamente sexistas da
sociedade, além de repetitivas das ideias do que
poderia ser considerado como engraçado em uma
determinada época. Assim, em
Os Cosmonautas
lidamos sim com o reforço de alguns estereótipos
como a sexualização e a objetificação do corpo
feminino: a música leitmotiv de Krina, por exemplo,
a apresenta como uma figura tipicamente sedutora,
já as insinuações com relação a beleza como algo
a ser mais valorizado que a profissão, no caso de
Alice, é uma constante em seu ambiente de traba-
lho. No entanto, a dupla que se encontra em lados
à primeira vista antagônicos, reverbera de uma
Revista Poiésis, Niterói, v. 22, n. 38, p. 293-308, jul./dez. 2021 [https://doi.org/10.22409/poiesis.v22i38.49000]
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perspectiva mais contemporânea, uma abordagem
que deixa de se preocupar somente com os retra-
tos reificados e permanentes, o que nos concede a
possibilidade de uma visão mais panorâmica. Por
essa razão, a análise proposta tenciona entre as
leituras centradas em um suposto olhar masculino
2
,
mas que não deixam de colocar em pauta um viés
crítico e que aponte as complexidades na constru-
ção dessas figuras.
ENTRE CIENTISTAS E ALIENÍGENAS  POR
CONSTRUÇÕES MAIS PLURAIS
O filme de 90 minutos com argumento e direção de
Victor Lima, é considerado uma chanchada tardia,
estreada um pouco depois da crise dos mísseis em
Cuba. A denominação de chanchada tardia se dá
pelo fato de que, quando o filme fora lançado, o tipo
de comédia nomeada de chanchada já estava em
amplo declínio. No entanto, críticas da época che-
gam até a descomprometer o filme como chancha-
da, reconhecendo que nele havia algo a mais com
relação as preocupações a respeito da Guerra Fria
e a modernização do país, ainda que grande parte
das críticas concluíssem de forma severa e até bas-
tante negativa as impressões sobre sua história.
Ao apresentar um enredo bastante pacifista,
Os
Cosmonautas
conta a história do professor Inacius
Isidorius, chefe do Centro de Pesquisas Espaciais de
Cabo Carnaval no Brasil, que acaba de lançar um
de seus foguetes para o espaço, sempre acompa-
nhado da atenciosa cientista/secretária Alice [Telma
Elita] – essa duplicidade de funções é estabelecida
por este trabalho, já que na sinopse disponibilizada
pelo site da Cinemateca Brasileira, a personagem
de Alice não é citada em relação a sua função. Alice
é uma moça que funciona como um ponto de equilí-
brio no caótico laboratório espacial constantemente
visitado por jornalistas, figuras políticas e cientistas
– em sua grande maioria homens. O professor se
prepara de forma muito confusa para enviar não
mais um símio, mas dois homens à Lua, antes que
russos e americanos cheguem ao satélite. A busca
emergencial por dois cosmonautas começa com a
ajuda do irrequieto Zenóbio [Grande Otelo], chefe
do FBI [Fiscalização Brasileira de Investigações], que
deve encontrar duas pessoas designadas como
inúteis, já que, se a experiência não for bem-suce-
dida, ninguém sentirá falta deles. Gagarino da Silva
[Ronald Golias] é um dos cosmonautas que passa
por um treinamento intensivo para o dia do lança-
mento. Gagarino é bastante irreverente, engraçado
e atrevido, completamente o oposto de Zeca [Átila
Iório], sua dupla na viagem espacial, um homem
interessado na bomba de cobalto, capaz de destruir
o planeta e que vale alguns milhões de cruzeiros. No
Carolina de Oliveira Silva, A MULHER CIENTISTA E A MULHER ALIENÍGENA: a representação feminina em uma ficção científica brasileira.
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meio dessa confusão, Gagarino
recebe a visita da alienígena Krina
Iris [Neide Aparecida], dotada de
alguns poderes especiais e muita
perspicácia. Habitante do planeta
Korson, a alienígena vem em bus-
ca de ajuda para completar a sua
missão: é preciso que se conven-
ça os seres humanos a cessarem os gastos com as
guerras e começarem a investir em melhorias para
melhores condições de vida de sua sociedade.
Ao apontar para um dos caminhos possíveis de flo-
rescimento da ficção científica no cinema brasileiro,
Os Cosmonautas
é um raro exemplo de comédia em
que a ficção científica assume a dominante narrativa,
ou pelo menos compete em igualdade de condições”
[SUPPIA, 2007, p. 107]. Diferente da corrente mais de-
purada e com intenções de problematizar temáticas
ambientais e ecológicas, o filme de Victor Lima se as-
sume em meio a um tipo de produção que se apropria
da chave da paródia em sua leitura debochada da
Guerra Fria. Tal artifício de recriação não é recente e
não se resume, apenas, às lógicas do cinema con-
temporâneo, como bem explica Rogério Ferraraz no
artigo
Da ficção científica à comédia: o [des]arranjo
dos gêneros
em
O homem do Sputnik e Por incrível
que pareça
[FERRARAZ, 2006, p. 140-153], disponível
no livro
Cinema de Bordas
.
Assim, a comédia acaba se impondo como um
dos nossos grandes gêneros cinematográficos de
nosso país. A perspectiva que o escritor de ficção
científica Roberto de Sousa Causo descreve em sua
crítica de
Os Cosmonautas
também aponta para
uma confirmação do uso dessa comicidade e das
produções à margem do dito cinema
mainstream
,
revelando uma perspectiva igualmente importante
para pensar a estrutura e o desenvolvimento das
personagens femininas nessa história: a sátira so-
bre a invenção da padronização e dos estereótipos
em nossa sociedade.
Assim como as comédias de FC americanas com os Três
Patetas ou Abbott e Costello, [Os Cosmonautas] é sáti-
ra de filmes B de ficção científica que usa muito bem a
linguagem dessas produções [ao contrário do que Os
Trapalhões, por exemplo, iriam fazer quinze ou vinte anos
mais tarde]. [FERRARAZ, 2006]
Ao desenvolver uma metodologia sincrética e tão
canibal quanto a chave antropofágica da chancha-
[...] como a nossa cinematografia, em momentos distintos como os anos 50 e 80,
conseguiu, a partir de fragmentos e ideias de um gênero específico, no caso, a
ficção científica, desenvolver outro gênero, a comédia, construindo filmes que
satirizavam e parodiavam não só o cinema, e suas convenções estéticas e narra-
tivas, como o próprio país. Alguns iam além e ridicularizavam, através da ironia
ou do escracho, o discurso das grandes potências e o desenvolvimento científico
e tecnológico, um dos pilares que sustentavam [e sustentam até hoje] o gênero
que servia de ponto de partida aos próprios filmes. [FERRARAZ, 2006, p. 143]
Revista Poiésis, Niterói, v. 22, n. 38, p. 293-308, jul./dez. 2021 [https://doi.org/10.22409/poiesis.v22i38.49000]
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da, os enredos adaptados à realidade das produ-
ções nacionais confirmam o escracho e o deboche
como uma forma autêntica de falarmos sobre nós
mesmos. E esse falar sobre si não descarta a
necessidade de criticar aquilo que é dominante e do
qual nos alimentamos, ou seja, aquilo que vem de
fora – algo como um eurocentrismo velado. É
preciso levar em conta os prazeres inegáveis desse
alimento – em nosso caso, as referências estaduni-
denses, reconhecendo-as como parte integrante e
importante de nosso cinema. Tal perspectiva é
muito bem pontuada por autores como Ella Shohat
e Robert Stam em
Crítica da imagem eurocêntrica
– Multiculturalismo e Representação
[2006], ao
discutirem sobre a construção das imagens no
cinema e os cuidados com uma suposta simplifica-
ção das representações.
A preocupação exclusiva com imagens, positivas ou negativas, pode levar a um
certo tipo de essencialismo, em que críticos menos sutis reduzem uma variedade
complexa de retratos a uma série limitada de fórmulas reificadas. Esse tipo de crítica
força diversos personagens a se encaixarem em categorias preestabelecidas, levan-
do a um tipo de simplificação reducionista que reproduz justamente o essencialismo
racial que deveria ser combatido. [SHOHAT; STAM, 2006, p. 289]
Nesse sentido, conseguimos identificar nas perso-
nagens femininas apresentadas uma configuração
que perpassa pelos modelos canônicos ou estereo-
tipados, que sugerem ideias irrefutáveis de imagens
positivas e/ou negativas, muitas vezes, como
representações rotuladas, mas que, em determina-
dos momentos conseguem apontar para outros
caminhos de interpretação.
PEQUENAS SUBVERSÕES PARA
GRANDES PERSONAGENS
Alice é, praticamente, a única mulher cientista do
filme, e sua personagem se exercita em uma cons-
tante retaguarda, pelo menos em termos de ima-
gem. Na maior parte das vezes, ao executar o seu
papel de cientista, ela aparece em segundo plano
ou, se em primeiro, divide a cena com outras perso-
nagens que, em sua grande maioria são homens.
Todavia, em alguns momentos ela se destaca,
principalmente nos trechos em que a relação com
Gagarino é explorada – aqui, a sua aparência su-
gere algumas mudanças. Um
vestido preto que lhe permite
deixar os braços a mostra
– possibilidade que o jaleco
branco não concedia até
então; o cabelo parcialmente
solto que faz volume em uma franja presa, deixa em
destaque o seu rosto, que agora também se livra
dos óculos, enfatizando o seu olhar – a atenção se
volta para o dito espelho da alma, o melhor e mais
óbvio lugar para enxergarmos o amor entre o casal.
Carolina de Oliveira Silva, A MULHER CIENTISTA E A MULHER ALIENÍGENA: a representação feminina em uma ficção científica brasileira.
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À Gagarino o comentário sobre essa transforma-
ção é concedido por meio de uma comparação
machista que estabelece algumas concepções
do que pode ser bonito ou não: é quando ele retira
gentilmente os óculos de Alice – um símbolo de sua
capacidade intelectual, “com esse negócio de cien-
tista aí eu nem olhei pra você, agora que eu tô repa-
rando que você é um bocado bonita”, sugerindo que
o fato de ser cientista e portadora de uma beleza
física, fossem qualidades incapazes de ocupar um
mesmo corpo. É importante lembrar que, tal ideia,
constantemente apreciada por Gagarino, também
se estende a própria concepção dada por Alice,
quando a cientista, mais tarde, afirma que estava
se esquecendo de ser mulher pelo fato de estar
apaixonada pela ciência – uma alarmante incom-
patibilidade entre inteligência e beleza que também
faz parte das convicções da jovem cientista.
O assédio sofrido por Alice é recorrentemente
abordado por meio de piadas, sua profissão de
cientista não parece tão comum a uma mulher: ao
receber diversos flertes do deputado Veloso [Car-
los Tovar], quase sempre sozinha – “uma cientista
tão bonita”, “gostaria que fosse minha secretária”
– comenta o político, sempre se aproximando.
Alice é obrigada a se afirmar de alguma maneira,
promovendo um juízo de valor próprio com relação
à sua classe – “eu não sou secretaria, deputado,
sou cientista”, revela ela por meio de uma voz que
existe, e é rebatida com outro flerte que coloca o
seu trabalho em função de uma relação amorosa
forçada e embasada na ideia de posse, “pois bem,
gostaria que fosse minha cientista”.
No caso de Krina Iris, a extraterrestre que surge
para promover um tratado de paz entre as potên-
cias do planeta Terra, reconhece-se a tratativa de
uma figura mais petulante, sugerindo outras possi-
bilidades de existência para as mulheres em meio
a um vasto e desconhecido universo. A alienígena é
confirmada por meio de pequenas ações que cos-
tumam infringir algumas leis ou regras pré-estabe-
lecidas em nosso mundo, como quando ela obriga
Gagarino a entrar em um local estritamente proibi-
do no laboratório ou no momento em que ela deixa
propositalmente os cosmonautas congelados para
poder decidir algumas coisas da missão completa-
mente sozinha. Quando surge, Iris é recebida com
piadas que exacerbam a sua beleza – “a senhorita
é muito bonita, simpática, até cheirosa” – e, poste-
riormente, ao apaixonar-se por Gagarino, se revela
por meio de uma certa inocência com relação às
questões amorosas entre os indivíduos, algo que se
explicaria: [1] pelo modo de vida em seu planeta? ou
[2] a partir de uma ideia de feminilidade já reconhe-
cida, taxada como inocente e utilizada por ela, de
forma amplamente consciente?
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301
Na discussão entre Krina e Gagarino, as partes
parecem falar de coisas distantes: a missão de
salvar o planeta e as relações amorosas heterosse-
xuais. Krina questiona Gagarino sobre o seu com-
portamento com Alice, “você me viu namorando
a Alice e está com ciúmes”, afirma o cosmonauta,
enquanto isso, Krina nega tal sentimento e explica
que ela não pode esquecer de sua missão. Dessa
forma, é possível constatar que, salvar o mundo e
ter um namorado são duas coisas que não podem
acontecer ao mesmo tempo para uma mulher/
extraterrestre, ou pelo menos, não são permitidas
neste planeta. Nesse momento, Gagarino muda
novamente o foco do assunto e responde que pode
conquistar qualquer mulher com um beijo, é quando
Krina pergunta o que é um beijo, estabelecendo as-
sim, duas diretrizes possíveis: [1] uma compreensão
distinta do amor, que não se baseia, somente, nas
relações heterossexuais e, [2] uma compreensão
completa das intenções do cosmonauta, mas que
ela camufla com uma suposta inocência, utilizada
com ampla sagacidade.
Dona de um corpo capaz de atravessar as pare-
des, Krina demonstra, por meio dos não limites de
seu físico, diferenças muito significativas entre a
sua sociedade e a dos terráqueos. Com uma apa-
rência futurista composta por roupas angulosas e
um penteado timidamente despojado – ainda que
cuidadosamente arrumado em uma franja que lhe
concede um ar bastante juvenil, Krina se movi-
menta com muito mais facilidade nos espaços
quando comparada, por exemplo, a mais comedi-
da Alice – o fato da extraterrestre não ter que lidar
com os limites físico de um corpo, obviamente,
contribui muito para isso. Krina, diferente de Alice,
está quase sempre em primeiro plano, até mesmo
quando divide o quadro com os cosmonautas. A
extraterrestre, já prestes a completar a sua missão
interplanetária, demonstra toda a sua sabedoria
e conhecimento quando começa a explicar sobre
a gravidade em meio a espaçonave – uma das
forças fundamentais da nossa natureza, mas que
produz efeitos incapazes de a atingir. Ao mesmo
tempo, ela recebe um elogio de Zenóbio por sua
exposição e domínio do verbo – “a senhora que é
tão sabida”. Nessa mesma cena, o agente do FBI
está completamente desesperado por estar fora
de seu habitat natural e pede para que ela os ajude
a retornar para o planeta Terra: Krina é vista como
uma autêntica heroína.
Nesse segmento fica demarcado o tom irônico,
mas nem por isso debochado de Krina Iris com
relação a angústia dos cosmonautas – o deses-
pero dos terráqueos aponta para um despreparo
não apenas emocional, mas científico daqueles
homens – a extraterrestre está, definitivamente,
Carolina de Oliveira Silva, A MULHER CIENTISTA E A MULHER ALIENÍGENA: a representação feminina em uma ficção científica brasileira.
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mais bem preparada para enfrentar tal situação.
A ironia está, justamente, nesse embate: a figura
feminina quase sempre ligada aos comportamen-
tos histéricos e desestabilizados pelo aspecto
emocional, precisa surgir de outros mundos para
refutar a falácia da fragilização.
No entanto, mesmo com algumas pequenas, mas
representativas modificações no trato da figura fe-
minina, as trajetó-
rias de Alice e Krina
Iris ainda tentam
replicar uma lógica
do relacionamento
heterossexual e que
chega a apontar
brevemente para
uma disputa entre
elas, algo que, na verdade, não ocorre profunda-
mente. Ambas habitam mundos aparentemente
diferentes, mas compartilham entre si e sem sa-
ber, um espírito que é coletivo e colaborativo. Esse
espírito que é simbolicamente feminino – como
explica a historiadora e designer em sustentabili-
dade Carla Tennenbaum [2019], ao se referir a um
tipo de economia e modo de vida ligado à circula-
ridade, a regeneração e o cuidado com o lugar que
habitamos, pode parecer, em um primeiro mo-
mento, bastante essencialista, mas é útil para nos
fazer pensar além dos aspectos binários e linea-
res, trazendo à tona elementos como as agências
dessas personagens. Tennenbaum se refere ao
pensamento linear dentro de uma lógica que, não
precisa ser destruída, mas repensada e, no caso
de nossas personagens, as colaborações para um
mundo melhor – o bem estar social em detrimento
da guerra, nos parece condizente.
Não é que esse pensamento esteja errado, ou precise acabar. Pelo contrário: ele é útil e ajudou
a impulsionar diversas conquistas – sejam científicas, econômicas ou tecnológicas. Mas a sua
prevalência absoluta contribuiu para o estado de destruição e crise ambiental, econômica e
social em que nos encontramos. Se estamos buscando alternativas, e nos lançando ao desafio
de construir outras imagens de futuro – essa que estamos chamando de economia circular, por
exemplo… Então é preciso antes de tudo questionar a lógica que criou o problema, entender as
suas sombras e os seus limites. E investigar outros modos de perceber e atuar no mundo.
[TENNENBAUM, 2019]
Seriam Alice e Krina pontos de partida para tal
investigação? Dentro do alcance de cada uma, sim!
O ímpeto da colaboração – seja participando das
descobertas científicas ou colocando em prática
um plano de salvamento – faz com que Alice e Kri-
na, mesmo exacerbadas à sujeição ao tempo cícli-
co, sejam capazes de incorporar uma ação dentro
do tempo linear. Os diferentes tempos apontados
por Julia Kristeva em
The Kristeva Reader
[1986]
dizem respeito à forma como as mulheres foram
confinadas ou privadas do tempo da história e do
progresso – o dito tempo linear e, de outra perspec-
tiva, como foram e ainda são designadas ao tempo
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circular, ou seja, aquele da gravidez, de uma supos-
ta índole feminina da qual não é possível escapar e
que se explica por meio da natureza e suas “fases”
– ou o dito tempo natural da mulher.
Entre os meandros do cíclico e do linear, seria
possível descobrir as complexidades desse “ser”
denominado mulher? Alice e Krina Iris promovem
o que podemos chamar de desconstrução de con-
ceitos supostamente naturais ou naturalizados –,
principalmente nos momentos da negação amo-
rosa ou no combate das justificativas biológicas
para explicar o trabalho. Ambas incorporam, em
determinados momentos, as complexidades dos
processos, as mudanças e as descontinuidades
de uma constante e incansável construção sobre
o ser mulher. Autoras como Maria Izilda Santos de
Matos, Andrea Boreli e Rosana Schwartz em
Da
invisibilidade ao gênero: trajetórias, perspectiva,
possibilidades e desenvolvimento
[2015], apontam
para transformações das questões de gênero,
revelando que é impossível argumentar apenas a
partir de lugares fixos ou sedimentados, pois, ao
mesmo tempo que enxergamos a contribuição
feminina, também revelamos as suas sobrecargas
e distorções no trabalho, na família, no âmbito
social e na cultura.
Ao considerarmos tal multiplicidade para a aná-
lise de
Os Cosmonautas
, ainda que um pouco na
contramão de Alice e Krina, não podemos deixar
de citar outras personagens femininas que, mes-
mo ocupando papéis secundários, também con-
seguem desvelar questões não contempladas na
cientista e na extraterrestre. Inclusive, essas tantas
personagens nem sequer são citadas nos créditos
iniciais do filme e não foram igualmente catalogas
em suas identidades/elenco na base de dados
disponibilizada pelo site da Cinemateca Brasilei-
ra. Nesse sentido, podemos destacar dois grupos
principais de mulheres: as cosmonautas que estão
no laboratório em preparação para uma viagem ao
espaço e as terráqueas, que se encontram em uma
loja de roupas no início do filme.
As mulheres que estão há meses congeladas sendo
preparadas para o espaço, prefiguram uma repre-
sentação da mulher sexualmente ativa e selvagem
– estão vestidas de biquíni e são transformadas em
estátuas geladas como uma forma de silenciamen-
to: o que importa são os seus corpos e não o que
elas têm a dizer, ainda que suas falas passeiem por
afirmações irônicas como a de que Gagarino até
que serve para as garotas que estão congeladas há
meses. Agora, essas mulheres, colocam o apren-
diz de cosmonauta em segundo plano, deixando
subentendido de forma igualmente problemática,
que também é possível dividir os homens em cate-
gorias, como acontece com elas mesmas – já que
Carolina de Oliveira Silva, A MULHER CIENTISTA E A MULHER ALIENÍGENA: a representação feminina em uma ficção científica brasileira.
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uma delas comenta, “gostaríamos que eles fossem
simpáticos [os cosmonautas] assim como você” –
revelando um suposto estereótipo do como seria o
homem da ciência.
As futuras cosmonautas, promovem a repeti-
ção de lógicas totalmente machistas, o que não
as fazem muito diferentes em comportamento,
somente pelo fato de serem mulheres. Ainda que
encaradas como as mulheres da ciência – na
visão e sob o poder e controle dos homens, já
que foram congeladas por eles – apresentam-se
sobre uma outra chave quando comparadas às
mulheres encontradas por Gagarino no início do
filme. Nessa sequência, Gagarino ainda não fora
selecionado para participar da viagem espacial,
por isso, tenta outras formas de sobrevivência,
como por exemplo, ser vendedor de eletrodo-
mésticos. É quando o aprendiz de vendedor entra
em uma loja de roupas totalmente voltada para
o público feminino, na tentativa nada bem-suce-
dida de vender o seu aspirador de pó. Na loja, as
mulheres são apresentadas como incisivamente
consumistas e histéricas, muitas aparecem com
pouca roupa – já que se trata, justamente, de
uma loja em que as pessoas podem experimentar
diferentes peças. Nesse aspecto, a utilização do
corpo feminino com pouca roupa é igualmente
explorada em ambos os casos: tanto para as ga-
rotas congeladas no laboratório quanto para as
mulheres que fazem compras na cidade.
Enquanto no Centro de Pesquisas Espaciais de
Cabo Carnaval no Brasil as mulheres se prepa-
ram para viagens espaciais, na loja terráquea, as
mulheres experimentam roupas, sapatos e pas-
sam o tempo dispendendo atenção para objetos
que satisfazem os seus desejos por um consumo
desenfreado. Em ambos os grupos de mulheres
conseguimos observar uma dinâmica aparente-
mente binária e problemática que o filme almeja
tratar, um já ultrapassado julgamento que “ignora a
instabilidade histórica dos estereótipos” [SHOHAT;
STAM, 2006, p. 289] ao contrapor, como valores
anuláveis, a aparência e o conteúdo. Todavia, ao
retornarmos para as protagonistas – Alice e Krina
Iris –, tal afirmação não deve ser feita de maneira
categórica, afinal, a abordagem de um tipo de per-
sonagem – se é que ainda podemos falar em tipos
– não significa necessariamente confirmá-lo, mas
confrontá-lo em sua própria existência: o que pode
ser uma mulher? Uma extraterrestre que está há
anos luz de compreensão do planeta Terra pode se
apaixonar por um homem “mulherengo”? Cabe a
uma cientista bem-sucedida ser “ingênua” em seus
relacionamentos amorosos?
3
Aparentemente sim.
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PRIMEIRAS CONSIDERÕES
A procura por personagens femininas que ultrapas-
sem os modelos canônicos e as divindades impe-
cáveis que obedecem aos repetitivos padrões de
beleza e comportamento da sociedade ocidental,
aponta para caminhos muito valiosos na compre-
ensão da figura feminina no cinema brasileiro de
ficção científica. Ao resgatarmos um filme como
Os Cosmonautas
, uma ficção científica também
fora dos padrões reconhecidos do gênero e esta-
belecidos, em sua grande maioria, por histórias
estadunidenses ou europeias, conseguimos cons-
truir pensamentos que não se limitam, apenas, ao
entendimento desse gênero em nosso país, mas
como esse gênero pode ajudar na criação de per-
sonagens instigantes e que podem, mesmo depois
de muito tempo, ter algo para nos dizer.
Assim, longe de promover algo como uma ficção
científica feminista, o que provavelmente nos faria
cair em um círculo vicioso de categorização do
qual grande parte do gênero está longe, a análise
reforça as construções complexas e que se utili-
zam também do corpo feminino – ferramenta não
apenas de enclausuramento, mas de emancipa-
ção, mesmo que em situações muito pontuais. Ao
revelar momentos que se intercambiam entre uma
representação mais estereotipada de mulheres
universalmente sensíveis, amorosas e subservien-
tes, assim como o fortalecimento de outras ideias,
como a das mulheres presentes no mundo da ciên-
cia ou realizadoras de grandes feitos,
Os Cosmo-
nautas
indica transformações importantes que uma
ficção científica de viés mais antropológico poderia
sugerir para as mulheres.
As inúmeras possibilidades do ser mulher já podem
ser apontadas nessa história: seria essa uma pos-
sível premissa do que viria a ser os esperançosos
anos 60 para o mundo e, em alguma escala, para
o Brasil? Nos confrontamos com uma premissa
para a tímida, mas florescente e cada vez maior e
mais intensa tomada de espaço, voz e mãos das
mulheres no mundo científico, sejamos cientistas
ou extraterrestres – nas mais diversas compreen-
sões do que isso pode significar – é preciso nos
entendermos como parte operante e fundamental:
são as nossas ações postas em prática para a [des]
construção de um futuro cada vez mais presente.
Carolina de Oliveira Silva, A MULHER CIENTISTA E A MULHER ALIENÍGENA: a representação feminina em uma ficção científica brasileira.
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NOTAS
1 Trabalho apresentado no VII Colóquio de Cinema e Arte
da América Latina em 2019 na mesa sobre Cinema, Arte e
Gênero.
2 O “suposto olhar masculino” a que me refiro, não pretende
reproduzir a ideia de que exista um olhar essencialmente mas-
culino ou feminino, tornando as análises tão dualistas. Ao longo
de texto, é possível perceber que, os estereótipos são momenta-
neamente reforçados também, pelas personagens femininas – o
que não elimina a possibilidade de utilizá-los como formas de
subversão por elas mesmas. Tal problemática está imbuída na
análise fílmica, ainda que não tenha sido amplamente percorrida
no âmbito teórico, demonstrando que a discussão levantada
para este filme merece outros aprofundamentos.
3 As perguntas de teor ambíguo servem para retomar o que
acontece na trajetória de cada uma das personagens no filme,
demonstrando que elas não devem obedecer a padrões de ou/
ou, reforçando um caráter dual do qual o pensamento feminista,
ou pelo menos alguma parte dele, tenta de desvencilhar.
Revista Poiésis, Niterói, v. 22, n. 38, p. 293-308, jul./dez. 2021 [https://doi.org/10.22409/poiesis.v22i38.49000]
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