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FOLHAS SECAS: MEMÓRIA POLÍTICA DA FLORESTA
ORGANIZAÇÃO: ANA CAROLINA PRUDENTE
NASCIMENTO E AUGUSTO MELO BRANDÃO
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Ana Carolina Prudente Nascimento [Universidade Federal Fluminense, Brasil] *
Augusto Melo Brandão [Universidade Federal Fluminense, Brasil] **
QUANDO PISO EM FOLHAS SECAS...
https://doi.org/10.22409/poiesis.v22i38.50693
* Ana Carolina Prudente Nascimento é psicóloga, psicanalista e mestranda em Estudos Contemporâneos das Artes pela Universidade Federal Fluminense.
E-mail: anacpru@outlook.com, ORCID: https://orcid.org/0000-0002-9946-3210
** Augusto Melo Brandão é mestrando em Estudos Contemporâneos das Artes pela Universidade Federal Fluminense, performer, escritor, tarólogo e astrólogo.
E-mail: cartas.m.b.a@gmail.com, ORCID: https://orcid.org/0000-0003-1894-634X
errando, errando –
Apátria, Exlândia, Des-
terra, há anos: esse Estado,
teu estado, de estar
em-viagem.
Em viagem, Age de Carvalho
Lianas abraçarão na curva do rio
a insónia dos mortos
quando a primeira mulher
lavar as tranças no leito ressuscitado.
Reabitaremos a casa, nossa intacta morada.
Sóya
, Conceição Lima
Revista Poiésis, Niterói, v. 22, n. 38, p. 14-20, jul./dez. 2021 [https://doi.org/10.22409/poiesis.v22i38.50693]
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Pisar em folhas secas: gesto de colocar as
memórias para que tomem sol. Derretendo como
a pele dos velhos, as folhas vão aos poucos caindo
das copas. Vingativas, forçam a memória à custa
de seu próprio fim, quando pressionadas pela sola
calejada dos pés, estalam. Mas... de que pés? Dos
pés do sambista Nelson Cavaquinho [1973], por
exemplo, que de tanto subir e cantar o morro da
Mangueira sob o calor quente do sol, vai aos pou-
cos se acabando até que, um dia, não reste mais
que folhas secas, saudades de sua mocidade. Ao
escutar o samba que dá o título deste dossiê, o
ouvinte menos empático poderia argumentar que
enquanto o sambista acaba pouco a pouco – der-
retido pelo calor do sol, pelo trabalho extenuante
e pelo sobe-e-desce diário morro-asfalto – haverá
sempre outras folhas e mangas para cair de cima,
sustentadas pela seiva que une as raízes aos frutos,
os jovens aos anciãos.
Não é o que tem acontecido, entanto, por essas
paragens. Como lembra outro compositor, “o galo
já não canta mais no Cantagalo/ a água não corre
mais na Cachoeirinha/ menino não pega mais
manga na Mangueira/ e agora que cidade grande
é a Rocinha” [PINHEIRO, 2003]. Versos como os de
Pinheiro e Cavaquinho parecem revelar que aqui
os frutos têm escasseado, e as raízes, quando não
arrancadas do solo infértil, já não podem fornecer
senão o som seco das folhas. Em um segundo nível,
eles nos fazem pensar sobre o que nos permite
comungar de um “aqui”, desenhar uma topogra-
fia capaz de unir o que a violência colonial dividiu
segundo os binarismos do morro e do asfalto, da
mata e da cidade, do sertão e do litoral, da colônia
e da metrópole. Um desenho que só pode ser feito
por pés como os de Cavaquinho, pés de poetas,
trabalhadores, negros e indígenas, que escutam
a cada pisada o barulho ensurdecedor das folhas.
Enquanto as árvores queimam, a marcha disso-
nante desses pés calejados é hoje o tronco que nos
resta, nossa esperança de um outro comum que
não a morte. Tronco sonoro, porque feito do estalar
das folhas secas em revolta, dos cantos de sau-
dade e de fúria em nome daqueles que não querem
ir-se daqui. Pela poesia dos nomes da floresta.
“Ivo Azevedo dos Santos, Ribeirinho, Coari-AM,
11/1/2000 / Trabalhador rural desconhecido, Santa-
na do Araguaia-PA, 31/5/2000 / Neuci Barbosa da
Silva, Liderança, Parauapebas, 30/5/2000...” – em
Memorial Da Terra: AMZ.21
, Hugo Nascimento cole-
ta 420 nomes de pessoas – ambientalistas, indí-
genas, sindicalistas, quilombolas e trabalhadores
sem-terra – vítimas diretas dos conflitos fundiários
na Amazônia brasileira a partir dos anos 2000. Em
meio aos nomes, encontramos fotocópias produzi-
das através de emulsões fotossensíveis de jenipapo
Ana Carolina Prudente Nascimento e Augusto Melo Brandão, Quando piso em folhas secas... [apresentação do dossiê].
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e urucum, extraídas e processadas na Ilha de Cara-
tateua, Belém-PA. Entre revelações e apagamentos,
o trabalho parece propor um encontro entre os
que já foram e os que ficam, encontro que no lugar
de resolver tensões, denuncia fraturas abissais,
alertando para o risco de que, no próprio gesto de
ver o passado, acabemos por enterrá-lo novamente
com as pisadas silenciosas de nossos olhos.
É da dimensão política desse gesto de alerta que
desejamos tratar aqui.
Folhas secas: memória
política da floresta
reúne ao todo sete trabalhos
que, de diferentes formas, politizam olhares e
memórias sobre a Amazônia. São artigos e en-
saios visuais que chegaram às nossas mãos du-
rante o processo de elaboração da última edição
da Revista Poiésis, marcados por uma mesma
urgência: a de denunciar o processo sistemático
de destruição da floresta e de apagamento de
seus povos, escutando as memórias que habitam
as serapilheiras. Nosso abre-alas,
Memorial da
Terra – AMZ.21
coloca em primeiro plano os limites
dessa tarefa, quando nos leva a perguntar: diante
de 420 nomes, o que podem as imagens? Formu-
lando de outro modo: o que significa olhar as su-
cessivas cenas de biomas em chamas, lideranças
indígenas assassinadas, pessoas sufocando em
hospitais por falta de oxigênio, chacinas policiais e
uma cifra de 500.000 vidas interrompidas?
Se o panóptico moderno destituiu o olhar de sua
materialidade – em prol da ficção daquele que
tudo vê – encontramos sua evolução nos meios de
comunicação e nas redes sociais, com sua miríade
de imagens e receitas anestésicas para a [des]
mobilização via vigilância. O descabimento dessa
tragédia faz pensar na compulsão à repetição pon-
tuada por Freud e na cultura dos choques que atro-
fia a experiência através da exposição continuada
ao trauma. Mas também nos leva a questionar a
preponderância do estímulo ocular na experiência
contemporânea. Nesse sentido, queremos propor
ao leitor que pense as imagens e textos a seguir
como exercícios de escuta, à procura dos sons das
folhas secas. Em meio à aceleração progressiva
dos tempos, voltar os ouvidos para o passado – não
com o ímpeto arquivístico, mas com o gesto imag-
inativo da memória e da arte – podendo sugerir
ressonâncias que de outro modo passariam des-
percebidas, oferecendo instrumentos para que, na
diferença de nossos pés, possamos marchar juntos
e juntas em direção à luta no presente.
É o caso do artigo
A Última Aventura de Romy
Pocztaruk: uma viagem entre as utopias e ruínas na
região amazônica
. Nesse ensaio, Rafael Fontes
Gaspar retoma a série
A Última Aventura
, em que
Pocztaruk percorre quase quatro mil quilômetros da
Rodovia Transamazônica, obra faraônica do regime
Revista Poiésis, Niterói, v. 22, n. 38, p. 14-20, jul./dez. 2021 [https://doi.org/10.22409/poiesis.v22i38.50693]
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militar que, construída sob o argumento de ocupar
e integrar a região norte ao restante do território
brasileiro, jamais foi concluída. Entre as cidades
que a artista atravessa ao longo de seu trajeto,
destaca-se Fordlândia, lugar em que Henry Ford
construiu em 1927 uma utopia industrial às margens
do Rio Tapajós. Entre Transamazônica e Fordlândia,
temporalidades diversas se cruzam para desnudar
o discurso que, hoje como ontem, enxerga na
floresta um território a ser conquistado.
O próximo passo foi a Revolução Industrial: o significado da “natureza” em Acosta e
Bacon mudou, chegando a se referir a “recursos naturais”, o alimento necessário para
nutrir as máquinas da Revolução Industrial que produziam outras máquinas [a ferro-
via e o automóvel], que, por sua vez, precisavam de mais alimento, carvão e óleo. A
“catástrofe ambiental” começou nesse momento. [...] A “natureza” – amplamente
concebida – se transformou em “recursos naturais”, enquanto a “natureza” – como
substantivo concreto que nomeia o mundo físico e não humano – se tornou no Novo
Mundo a base para o cultivo de açúcar, tabaco, algodão etc. [MIGNOLO, 2017, p. 7]
Não obstante as sucessivas catástrofes ambientais
em mais de 500 anos de empreendimento colonial
– presentificadas na forma do projeto político bol-
sonarista – as ruínas da Transamazônica e de Ford-
lândia revelam que a floresta resiste às sucessivas
investidas da máquina. No contraste entre o sépia
das máquinas e o verde da floresta, as imagens de
Pocztaruk são para serem vistas ao som de
Fora da
ordem
, de Caetano Veloso:
aqui tudo parece que
era ainda construção e já é ruína.
Por um caminho diverso, o artigo de Gil Vieira Costa
opera um movimento análogo de pôr em evidência
as falências do projeto moderno em perspecti-
va amazônica. Em
Imagens da Amazônia na arte
brasileira: do território a conquistar ao território a
resistir
, o autor mapeia os regimes de visibilidades da
Amazônia que perpassaram a arte brasileira desde
o início do século XX. É necessário nos atermos aos
títulos das quatro primeiras obras que ilustram o tra-
balho –
A conquista do Amazonas,
Posse da Amazô-
nia
,
A conquista da Ama-
zônia
e
As Forças Armadas
e a Integração da Amazô-
nia
– que representam a
ambiguidade fundamental
do olhar colonizador e
sudestino sobre a floresta e
seus povos, ora vistos como
“inferno verde”, ora como
eldorado paradisíaco”. Ao final desse generoso
trajeto, o autor nos indaga sobre o futuro: como des-
construir um imaginário em ruínas para criar imagens
de uma Amazônia condizente com as aspirações de
nosso tempo? [COSTA, 2021]. E nos faz pensar que
se a crise de um tempo é marcada pelo recrudesci-
mento das ideologias hegemônicas, o cenário atual é
estratégico para a mudança dos paradigmas com os
quais pensamos, enxergamos e ouvimos a floresta.
Ana Carolina Prudente Nascimento e Augusto Melo Brandão, Quando piso em folhas secas... [apresentação do dossiê].
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Ouvir o “grito” de Frans Krajcberg: reverberar sua luta
,
de Luciana Valio,
e
As peles de imagem dos sonhos
Yanomami
, de Joana Mazza, são artigos que rec-
lamam diretamente a urgência de suas questões,
destacando em meio ao contexto pandêmico duas
trajetórias que puseram suas vidas a serviço da
memória política da floresta: Frans Krajcberg e
Claudia Andujar. Ambos emigrados de seus países de
origem por conta da Segunda Guerra Mundial,
Krajcberg e Andujar parecem falar, através das
distintas materialidades de seus trabalhos, da
condição própria do estrangeiro, aquele que, para
Julia Kristeva, só pode fixar raízes provisórias aonde
encontrar uma paixão – uma luta? – à qual se dedicar.
A violência do problema hoje colocado pelo estrangeiro provém, sem dúvida [...] pelo fato
de que a absorção do estranho proposta por nossas sociedades revela-se inaceitável para o
indivíduo moderno, defensor de sua diferença, não somente nacional e ética, mas essencial-
mente subjetiva, irredutível. Saído da revolução burguesa, o nacionalismo tornou-se o sintoma,
primeiramente romântico, em seguida totalitário, dos séculos XIX e XX. [...] Não procurar fixar,
coisificar a estranheza do estrangeiro. Apenas tocá-la, roçá-la, sem lhe dar estrutura definitiva.
Simplesmente esboçar o seu movimento perpétuo [...]. Tornar também mais leve essa estranhe-
za, voltando a ela incessantemente, cada vez de forma mais rápida. [KRISTEVA, 1994, p. 10]
Por um lado, a condição nortista parece ressoar os
dilemas da estrangeiridade na figura do migrante
que parte de sua terra natal em busca de melhores
condições de vida, traduzida com maestria na obra
do poeta paraense Age de Carvalho. Por outro, os
versos “Apátria, Exlândia, Des-/ terra há anos: esse
Estado, teu estado, de estar em-viagem” [CARVAL-
HO, 2017], que servem de epígrafe para esse texto,
revelam outra sintaxe da estrangeiridade, mais
tropical porque mais violenta. A necropolítica impôs
aos povos do sul do sul global um estado de desterro
em suas próprias terras, materializado na condição
indígena, povo cujo território pertence, constitucio-
nalmente, ao Estado. Esse gesto de expropriação
continuada – que tem no projeto de lei do marco
temporal seu mais novo e funesto capítulo – é todavia
mais paradoxal quando percebemos que a “uto-
pia” de uma relação harmônica com o estrangeiro,
tal como formulada por Kristeva, não é estranha à
episteme Yanomami, cuja diferença em relação aos
demais seres – povos
– da floresta jamais
foi vista sob o signo da
separabilidade, mas
da contiguidade e da
transmutação. Como
ressalta Joana Mazza,
no contato com os
xapi-
ri
em seus sonhos comunitários, os Yanomami co-
mungam com os demais seres da floresta, e alertam
para os riscos da cobiça ocidental: a queda do céu.
Quando a separabilidade se encontra entranhada
em discursos à direita e à esquerda do espectro
político, sonhar comunitariamente pode parecer
Revista Poiésis, Niterói, v. 22, n. 38, p. 14-20, jul./dez. 2021 [https://doi.org/10.22409/poiesis.v22i38.50693]
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uma tarefa impossível. Não é o que percebemos, no
entanto, ao nos depararmos com o relato de Leon-
ardo Zenha e Raquel Lopes em
Deslocamentos
arte-educativos na Transamazônica-Xingu
. Nesse
artigo, os autores entrelaçam os saberes da arte e
da política no interior do Pará, à beira da Transam-
azônica e dos braços do rio Xingu. Em participação
conjunta com o ensino superior local, o trabalho de-
screve experiências a partir do campo da arte-edu-
cação, relatando processos artísticos coletivos que
se materializaram em atos políticos na região. O
trabalho retrata ainda a importância dos decretos
de áreas de conservação ambiental dos anos 2000,
que refletiram diretamente na garantia de direitos
básicos da Constituição Federal de 1988, como a in-
stalação de escolas, apontando a educação como
caminho para a construção de uma nova partilha
do sensível a partir das comunidades ribeirinhas.
No pôr do sol, a cigarra voa reto
, ensaio visual de
Wilka Sales que encerra o Dossiê, aponta que os
caminhos para aprender com a floresta podem
encontrar-se também na intimidade das memórias
familiares. O exercício de autoficção proposto pela
artista cruza as linguagens da performance, da fo-
tografia e do vídeo para criar narrativas intemporais
a partir de experiências adquiridas por Sales junto
das matriarcas de sua família. Em uma série, a auto-
ra faz colagens com páginas de uma enciclopédia
botânica, folhas e ramagens, questionando o ímpeto
arquivístico ocidental através de uma coleta afeti-
va. Em outro trabalho, reproduz cenas do cotidiano
de sua avó, manufaturando as próprias vassouras,
urinando de pé ou acendendo lamparinas. Numa
espécie de ritual místico, atenta para a performativi-
dade de gênero implicada nos gestos de cuidado do
lar, ao mesmo tempo que nos lembra os Yanomamis,
que consomem as cinzas de seus ancestrais durante
seus ritos fúnebres. Uma das cenas do ensaio mos-
tra um espelho quebrado em uma peneira de vime,
o céu e as copas das árvores despedaçados. Partin-
do de memórias tão pessoais, o trabalho de Sales
parece entrever na ancestralidade um portal para
o futuro. Como escreve Octavia Butler [2018] em
A
parábola do semeador
: “para ressurgir das próprias
cinzas, uma fênix deve primeiro queimar”.
Gostaríamos de agradecer aos colaboradores Hugo
Nascimento, Gil Vieira Costa, Rafael Fontes Gaspar,
Leonardo Zenha, Raquel Lopes, Luciana Benetti
Marques Válio, Joana Mazza e Wilka Sales por
terem enviado à Revista Poiésis seus trabalhos. Ao
Programa de Pós-Graduação em Estudos Contem-
porâneos das Artes da Universidade Federal Flu-
minense, em especial ao Professor Luiz Sérgio de
Oliveira, pela oportunidade da curadoria e edição
do presente Dossiê. Ao brilhante corpo docente do
PPGCA-UFF e aos colegas e amigos que fizemos no
Mestrado, apesar de todas as distâncias e dificul-
dades, que sigamos atentos e fortes.
Ana Carolina Prudente Nascimento e Augusto Melo Brandão, Quando piso em folhas secas... [apresentação do dossiê].
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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BUTLER, Octavia.
A parábola do semeador
. São Paulo: Editora Morro Branco, 2018.
CARVALHO, Age de.
Antologia Coleção Postal
. Rio de Janeiro: Cozinha Experimental, 2017.
CAVAQUINHO, Nelson.
Folhas secas.
Rio de Janeiro: Odeon, 1973.
FREUD, Sigmund.
Além do princípio do prazer e outros textos [1917-1920].
São Paulo: Companhia das Letras, 2010.
KRISTEVA, Julia.
Estrangeiros para nós mesmos
. Rio de Janeiro: Rocco, 1994.
LIMA, Conceição.
A dolorosa raiz do micondó.
São Paulo: Geração Editorial, 2012.
MIGNOLO, Walter. Colonialidade: o lado mais escuro da modernidade.
Revista Brasileira de Ciências So-
ciais
, v. 32, n. 94, jun. 2017.
OSBORNE, Peter. Arte contemporânea é arte pós-conceitual.
Revista Poiésis
, n. 27, p. 39-54, jul./dez. 2016.
PINHEIRO, Paulo César.
Nomes de favela
. Rio de Janeiro: Quelé, 2003.
SELIGMANN-SILVA, Márcio. A fotografia em Walter Benjamin: a “dialética na imobilidade” e a “segunda técni-
ca”.
Revista Brasileira de Psicanálise
, São Paulo, v. 46, n. 2, p. 121-136, jun. 2012.
Revista Poiésis, Niterói, v. 22, n. 38, p. 14-20, jul./dez. 2021 [https://doi.org/10.22409/poiesis.v22i38.50693]