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Indigestos Trópicos
apresenta-se assim como uma
baliza, não determinante.
No precipício dessas inquietações, decidimos que
além de coletiva, nossa indigestão seria também
imprevisível. Assim, acionamos um convite-dispo-
sitivo a 6 artisties-pesquisadories com a seguinte
proposta performativa:
1. Convide outra pessoa, de sua livre escolha, para
realizar com ela seu trabalho;
2. A forma e o conteúdo são livres, mas a proposta, seja
ela qual for, deve surgir do encontro de vocês, em co-
autoria;
3. Pedimos que, sempre que possível, levem em
consideração o formato da revista, que não comporta
vídeos, apenas imagens e textos.
Fosse através de um trabalho visual, um ensaio,
um texto literário ou o que mais lhes apetecesse,
nossa proposição fundamentava-se no desejo de
incrementar com dissonância uma receita intuitiva
de curadoria aberta. Não sabíamos, naquele
momento, que o acaso direcionado traria consigo
contribuições tão pulsantes sobre transversalidade,
fronteiras, imaginários sonhados-cruzados, e
fricções entre a História contada e as estórias
desviantes. Fabular o presente para sonhar com
futuros mais possíveis e alegres para todes.
Os trópicos podem ser enfim remodelados em
margens fluídas, vibrantes e furtivas, configurando
resistências abrigadas em comunalidades e comu-
nidades transitórias, espaços onde a borda invade
o centro, e o centro se espalha sem retorno. Aqui,
falamos de uma contra-exterioridade daquela pro-
duzida pelo que se convenceu chamar de centro. A
borda produz, quebra e reorganiza os olhares. Desde
a borda pensamos e articulamos este Dossiê. Desde
o seu lugar da contra-exterioridade disparamos um
gatilho: produzir uma dissonância no centro.
Depois de organizar, reorganizar estas ordens, de
entender na prática, nas escritas, nas fotografias e
relatos os Indigestos Trópicos, o que se configurava
como uma provocação, um gatilho e até mesmo
uma baliza, transfere-se para uma ação. Corpus
Indigestos Trópicos, conceito Indigestos Trópicos,
performance e ação Indigestos Trópicos.
Pensar neste dispositivo convidativo de produção
para este trabalho de curadoria proporcionou
que cada trabalho presente formasse sua própria
teia com outres sujeitos, sejam pelas centenas de
vozes que foram ouvidas pelo artista, professor e
pesquisador Elilson e transmitidas em seu trabalho
123 ponteiros de Brasil
; ou seja pela presença dos
artistas fortalezenses Ednardo e Augusto Pontes; da
artista cearense que nasceu no distrito de Quitaiús
do município de Lavras da Mangabeira-CE, Maria
NASCIMENTO, A. C. P.; MATTOSO, A. C.; TRANCHESI, A. S.; BRANDÃO, A. M.; ALMEIDA, T. Apresentação: Pergunte à Terra..