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27 “Tanto estórias como espíritos deslocam-se entre enqua-
dres, presentificando assim a própria passagem entre o ‘ritual’
e o ‘mundano’, entre o ‘extraordinário’ e o ‘cotidiano’. Iconica-
mente representadas pela encruzilhada enquanto morada do
‘povo da rua’, as estórias narram não só um entrecruzamento de
tempo e espaço, mas também uma abertura de possibilidades
interpretativas.” [CARDOSO, 2007a, p. 324].
28 “
To avoid rejection some of us conform to the values of the
culture, push the unacceptable parts into the shadows. […] Yet still
others of us take another step: we try to waken the Shadow-Beast
inside us
.” [ANZALDÚA, 2012, p. 19].
29 “O ato de escrever é um ato de criar alma, alquimia. É a
busca de um eu, do centro do eu, o qual nós mulheres de cor
somos levadas a pensar como “outro” — o escuro, o feminino.
[…] A escrita é uma ferramenta para penetrar naquele mistério,
mas também nos protege, nos dá um distanciamento, nos ajuda
a sobreviver.”
[ANZALDÚA, 2000 [1980], p. 232-233].
30 Referência à exposição
online
da artista Jota Mombaça,
Atravessara GrandeNoiteSemAcendera Luz
, junto ao Centro
Cultural São Paulo, em 2021. Disponível em http://www.centro-
cultural.sp.gov.br/jota-mombaca/. Acesso em 4/12/2021.
31
cf.
BUARQUE DE HOLLANDA, 2019.
32 “
A border is a dividing line, a narrow strip along a steep
edge. A borderland is a vague and undetermined place created
by the emotional residue of an unnatural boundary. It is in a
constant state of transition. The prohibited and forbidden are
its inhabitants. Los atravesados live here: the squint-eyed, the
perverse, the queer, the troublesome, the mongrel, the mulato,
the half-breed, the half dead; in short, those who cross over, pass
over, and go through the confines of the “normal
”. [ANZALDÚA,
2019 [1987], p. 3]
33 “Somos o povo que salta no escuro, somos o povo no colo
dos deuses”. [ANZALDÚA, 2019 [1987], p. 327]
34 Gravação de relato oral de Laicon no terreiro, fe-
vereiro/2020.
35 Categoria corrente na cena LGBT local, que abarca
homens
gays
“não efeminados” e que são, supostamente, ape-
nas “ativos”, ou ainda homens heterossexuais que somente têm
relações com outros homens às escondidas, não afetando o seu
estatuto social
hétero
.
36 Retomando Deleuze e Guattari - que falam de “uma
literatura menor” a respeito de Kafka -, Didi-Huberman postula a
existência de uma “
luz menor
” que possuiria os mesmos aspec-
tos filosóficos, notadamente o seu aspecto político, imanente e
desterritorializante [DIDI-HUBERMAN, 2011, p. 52].
37 “A imagem é lucciola das intermitências passageiras; o
horizonte banha na luce dos estados definitivos, tempos paralisa-
dos do totalitarismo ou tempos acabados do Juízo Final. [...] Os
pequenos vagalumes dão forma e lampejo a nossa frágil imanên-
cia, os “ferozes projetores” da grande luz devoram toda forma e
todo lampejo - toda diferença - na transcendência dos fins derra-
deiros. Dar exclusiva atenção ao horizonte é tornar-se incapaz de
olhar a menor imagem.” [DIDI-HUBERMAN, 2011, p. 115]
38 Tradução nossa do original: “
[...]une façon d’habiter le
monde pour un sujet nomade, clandestin, irrepérable et dont
l’identité fugitive échappe à tout contrôle, à toute assignation à
résidence et à identité.
” [MONDZAIN, 2012, p. 84]
39 Do original: “
Survivance et revenance. Le survivre déborde
à la fois le vivre et le mourir, les suppléant l’un et l’autre d’un sur-
saut et d’un sursis, arrêtant la mort et la vie à la fois, y mettant fin
d’un arrêt décisif, l’arrêt qui met un terme et l’arrêt qui condamne
d’une sentence, d’un énoncé, d’une parole ou d’une surparole.
”
[DERRIDA, 2003, p. 153]
FREITAS, Camila; OLIVAR, José Miguel. imagem trans: transe, fabulação e sobre vivências na fronteira.