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A primeira edição do livro
Os baobás do fim do
mundo
teve lançamento em 11 de novembro de
2011, na Bibliotheca Pública Pelotense, esgotando
no mesmo ano, depois de realizar exposições de
lançamento por diversos municípios do extremo
sul do Brasil. Primeiro livro de poesia da poeta e
antropóloga Marília Kosby, a obra foi uma parce-
ria com o artista plástico José Darci Barros Gon-
çalves (Zé Darci), tendo sido publicada pela hoje
extinta editora Novitas, de Vera Cruz/RS.
É bem possível ser “Os
Baobás
do Fim do Mundo”
uma obra carente de definições mais precisas –
às vistas de quem por estas se interessar, é claro.
Talvez seja sua publicação a expressão mesma
desta busca por um lugar legítimo dentre as
construções textuais que se erigem do encontro
etnográfico; e que, simultaneamente imprimem
neste a pretensão de ser uma experiência em
parte apreensível pelos outros, os leitores.
O que se pode dizer a respeito dessa primeira
compilação de textos em verso é que o material
reunido foi escrito por uma antropóloga, e surgiu
durante a fase de conclusão de seu mestrado
acadêmico, cujo projeto de pesquisa se tratou da
continuidade de um trabalho etnográfico realiza-
do junto a
terreiras
na região de Pelotas, sul do
Rio Grande do Sul.
Os três capítulos em que o livro se divide marcam a
passagem de diferentes momentos da experiência
etnográfica da autora, trazendo textos que expres-
sam como foi sendo elaborado o conhecimento a
respeito do modo de viver junto aos grupos com os
quais estudava.
O primeiro capítulo, Etnodelírios, traz versos
construídos em sonhos relacionados ao diário de
campo, transcritos entre março e julho de 2008,
durante a realização do curso “Jogos, performan-
ces e simbolismos – etnografias afro-brasileiras”,
ministrado pelo professor Marcio Goldman, no
Programa de Pós-Graduação em Antropologia So-
cial do Museu Nacional, na Universidade Federal
do Rio de Janeiro.
Os textos apresentados no capítulo Do
Banzo
foram escritos juntamente com sua dissertação de
mestrado, intitulada “Se eu morrer hoje, amanhã
eu melhoro: sobre afecção na etnografia dos pro-
cessos de feitura da
pessoa de religião
no Batu-
que, em Pelotas/RS”, trabalho defendido em abril
de 2009 e orientado pela professora Flávia Rieth,
no Programa de Pós-Graduação em Ciências So-
ciais da Universidade Federal de Pelotas.
Por fim, no capítulo Os
Baobás
do Fim do Mundo,
tem-se os guias, os caminhos, as vertentes, de uma
força chamada
axé,
cuja arte de brotar, se desdo-
Revista Poiésis, Niterói, v. 23, n. 39, p. 94-101, jan./jun. 2022. [DOI: https://doi.org/10.22409/poiesis.v23i39.52950]