E DEPOIS?
AND THEN WHAT?
¿Y LUEGO QUÉ?
Resumo O trabalho utiliza a linguagem da fotografia, atravessando e atravessada pela arte corporal, para tratar de processos de luto, luta e vulnerabilidades. O corpo modificado e os fluídos corporais reviram, remexem e remontam memórias. Busca fazer eco. E, quem sabe, fazer luz em um mundo construído para oferecer trevas para nós, as travas.
Palavras-chave modificação corporal; arte corporal; trans; dissidente; memória
Abstract The work uses the language of photography, traversed and crossed by body art, to address processes of mourning, struggle, and vulnerabilities. The modified body and bodily fluids revise, stir and reassemble memories. It seeks to echo. And, who knows, make light in a world built to offer darkness to us, the locks.
Keywords body modification; body art; trans; dissident; memory
Este documento é distribuído nos termos da licença Creative Commons Atribuição-Não Comercial 4.0 Internacional (CC-BY-NC)
© 2022 T. Angel
* T. Angel (ela/elu) é uma pessoa Freak, trans não-binárie, mestranda em Educação na FE-USP, historiadora (FIEO, 2012), com especialização em Educação Inclusiva (FMU,2018) e MBA em Gestão Escolar (USP/Esalq, 2021). É artista da performance, ativista pelos direitos humanos e dos animais, trabalha com educação pública na periferia de Osasco, onde vive. Está nas redes eletrônicas como @tang3l. E-mail: t.ang3l@gmail.com. Orcid: https://orcid.org/0000-0002-2624-413X
T. Angel *
(Universidade de São Paulo, Brasil)
Resumen La obra utiliza el lenguaje de la fotografía, atravesado y traspasado por el arte corporal, para abordar procesos de duelo, lucha y vulnerabilidad. El cuerpo modificado y los fluidos corporales revisan, revuelven y reúnen los recuerdos. Busca el eco. Y, quién sabe, hacer luz en un mundo construido para ofrecernos oscuridad, las cerraduras.
Palabras clave modificación corporal; arte corporal; trans; disidente; memoria
E depois?
Fotografias contam histórias e nos afetam de uma maneira muito específica e muito diferente do que um texto pode ou poderia fazer. Sou atravessada, penso e sinto a transformação das coisas no tempo. Ter tempo (de vida) é um privilégio e, ao mesmo tempo, um tipo de maldição. O tempo em si é essa complexa, intensa e caótica contradição...
Gosto de pensar e de sentir a transformação das fotografias no tempo.
Ainda que implique entrar em contato com algum nível de dor. E não só...
Gosto de pensar e saber que as fotografias ficarão quando eu não mais estiver aqui. É tudo temporário. As fotografias expandem e brincam com o tempo.
Gosto de pensar que a forma com que as pessoas olharão e serão afetadas pelas fotografias organizadas para esse ensaio agora será completamente diferente daqui
uma semana, um mês, dez anos. Cinco segundos. E, a relação mudará radicalmente, principalmente quando meu corpo físico for só pó... E memória. E, talvez, eco.
Eco. E quem sabe luz em um mundo construído para
nos oferecer trevas.
As fotografias organizadas para esse ensaio dançam sobre o espectro do luto e da luta, com o fino véu do desespero do desejo de morrer e da batalha rebelde para continuar (com vida). Falam sobre compromisso e vulnerabilidade. Contam sobre conexão e elos. E, acima de todas as coisas, o amor. Ainda... Há amor.
Ao amor e ao tempo,
T. Angel
Revista Poiésis, Niterói, v. 23, n. 40, p. 46-57, jul./dez. 2022. [DOI: https://doi.org/10.22409/poiesis.v23i40.54898]
Revista Poiésis
Dossiê: Transmissão - Imaginários radicais trans
Concepção artística: T. Angel
Fotografia: Leonardo Waintrub
Maquiagem e picomã: Adriano Magalhães
Perfurações: Metamorfo Piercer
Osasco, São Paulo, Brasil. 2022.