CALABRE, Lia; COUTINHO, Rosely. Cultura popular e educação, uma
experiência de visitação ao Museu Casa do Pontal
Revista Latino-
Americana de Estudos em Cultura,
20, p. 90-108, março 2021.
Cultura popular e educação, uma experiência de visitação ao Museu Casa do
Pontal
DOI:
https://doi.org/10.22409/pragmatizes.v11i20.
Resumo:
A cultura atua como um componente ativo e aliado ao processo de ensino aprendizagem, o
que justifica a formação do indivíduo crítico e participativo de uma sociedade. Muito além de gerar
condições para a apropriação de conhecimentos em sala de aula, a educ
alinhamento para o debate em torno da atuação do aprendiz em novas experiências culturais. O
Museu Casa do Pontal, classificado como um museu de arte popular é um lugar de educação e
cultura que colabora positivamente com o processo co
busca contribuir com as reflexões sobre a relação cultura e educação, com a apresentação das
experiências de vivências extramuros, especificamente concretizadas a partir da visitação por turmas
do ensino fundamen
tal I, de escolas regulares da rede pública do município do Rio de Janeiro ao
referido museu. O artigo faz uma rápida abordagem sobre a educação não formal, mostra o espaço
do museu, reflete sobre a educação museal com o apoio da arte educação e procede a
situações nas quais os alunos interagem, trocam e experimentam momentos de aprendizagem,
prazer e deleite.
Palavras-chave: C
ultura popular; educação; Museu Casa do Pontal; educação museal
Cultura y educación popular, una experiencia de v
Resumen:
La cultura actúa como un componente activo aliado al proceso de enseñanza
lo que justifica la formación del individuo crítico y participativo en la sociedade. Mucho más que
generar condiciones para la apropriación del conocimiento en el aula,
alinearse con el debate en torno al desempeño de la participacion del alumno en nuevas experiencias
culturales. El museo Casa do Pontal, classificado como museo de arte popular, es un lugar de
educación y cultura que colabora positiv
Este artículo busca contribuir a las reflexiones sobre la relación entre cultura y educación, a partir de
la presentación de experiências extramuros. La investigación se realizo a partir de la visita
de grupos de escuelas públicas de la cuidad de Río de Janeiro. El artículo analisa brevemente la
educación no formal, muestra el espacio del museo, reflexiona sobre la educación museística com el
1
Lia Calabre. Doutora em História (UFF), Professora do PPG Memória e Acervos da FCRB e do PPG
Cultura e Territorialidades
UFF, Brasil.E
0002-7586-7210
2
Rosely Gonçalves Coutinho. Mestra em Memória e Acervos (FCRB), Professora regente do Ensino
Fundamental I –
Município do Rio de Janeiro, Brasil E
Texto recebido em 27/08/20
20
CALABRE, Lia; COUTINHO, Rosely. Cultura popular e educação, uma
experiência de visitação ao Museu Casa do Pontal
. PragMATIZES -
Americana de Estudos em Cultura,
Niterói/RJ, Ano 11, n.
www.periodicos.uff.br/pragmatizes
(Dossiê "
Tramas entre cultura e educação")
Cultura popular e educação, uma experiência de visitação ao Museu Casa do
https://doi.org/10.22409/pragmatizes.v11i20.
45577
Rosely Coutinho
A cultura atua como um componente ativo e aliado ao processo de ensino aprendizagem, o
que justifica a formação do indivíduo crítico e participativo de uma sociedade. Muito além de gerar
condições para a apropriação de conhecimentos em sala de aula, a educ
ação precisa fazer o
alinhamento para o debate em torno da atuação do aprendiz em novas experiências culturais. O
Museu Casa do Pontal, classificado como um museu de arte popular é um lugar de educação e
cultura que colabora positivamente com o processo co
nstrutivo dos estudantes. O presente artigo
busca contribuir com as reflexões sobre a relação cultura e educação, com a apresentação das
experiências de vivências extramuros, especificamente concretizadas a partir da visitação por turmas
tal I, de escolas regulares da rede pública do município do Rio de Janeiro ao
referido museu. O artigo faz uma rápida abordagem sobre a educação não formal, mostra o espaço
do museu, reflete sobre a educação museal com o apoio da arte educação e procede a
situações nas quais os alunos interagem, trocam e experimentam momentos de aprendizagem,
ultura popular; educação; Museu Casa do Pontal; educação museal
Cultura y educación popular, una experiencia de v
isita al Museo Casa do Pontal
La cultura actúa como un componente activo aliado al proceso de enseñanza
lo que justifica la formación del individuo crítico y participativo en la sociedade. Mucho más que
generar condiciones para la apropriación del conocimiento en el aula,
la educación necessita
alinearse con el debate en torno al desempeño de la participacion del alumno en nuevas experiencias
culturales. El museo Casa do Pontal, classificado como museo de arte popular, es un lugar de
educación y cultura que colabora positiv
amente con el proceso de aprendizaje de los estudiantes.
Este artículo busca contribuir a las reflexiones sobre la relación entre cultura y educación, a partir de
la presentación de experiências extramuros. La investigación se realizo a partir de la visita
de grupos de escuelas públicas de la cuidad de Río de Janeiro. El artículo analisa brevemente la
educación no formal, muestra el espacio del museo, reflexiona sobre la educación museística com el
Lia Calabre. Doutora em História (UFF), Professora do PPG Memória e Acervos da FCRB e do PPG
UFF, Brasil.E
-mail: liacalabre@gmail.com.br -
https://orcid.org/0000
Rosely Gonçalves Coutinho. Mestra em Memória e Acervos (FCRB), Professora regente do Ensino
Município do Rio de Janeiro, Brasil E
-mail:
liucoutinho@yahoo.com.br
20
, aceito para publicação em 24/11/2020
e disponibilizado online
em 01/03/2021.
90
www.periodicos.uff.br/pragmatizes
- ISSN 2237-1508
Tramas entre cultura e educação")
Cultura popular e educação, uma experiência de visitação ao Museu Casa do
Lia Calabre
1
Rosely Coutinho
2
A cultura atua como um componente ativo e aliado ao processo de ensino aprendizagem, o
que justifica a formação do indivíduo crítico e participativo de uma sociedade. Muito além de gerar
ação precisa fazer o
alinhamento para o debate em torno da atuação do aprendiz em novas experiências culturais. O
Museu Casa do Pontal, classificado como um museu de arte popular é um lugar de educação e
nstrutivo dos estudantes. O presente artigo
busca contribuir com as reflexões sobre a relação cultura e educação, com a apresentação das
experiências de vivências extramuros, especificamente concretizadas a partir da visitação por turmas
tal I, de escolas regulares da rede pública do município do Rio de Janeiro ao
referido museu. O artigo faz uma rápida abordagem sobre a educação não formal, mostra o espaço
do museu, reflete sobre a educação museal com o apoio da arte educação e procede a
descrição das
situações nas quais os alunos interagem, trocam e experimentam momentos de aprendizagem,
ultura popular; educação; Museu Casa do Pontal; educação museal
.
isita al Museo Casa do Pontal
La cultura actúa como un componente activo aliado al proceso de enseñanza
-aprendizaje,
lo que justifica la formación del individuo crítico y participativo en la sociedade. Mucho más que
la educación necessita
alinearse con el debate en torno al desempeño de la participacion del alumno en nuevas experiencias
culturales. El museo Casa do Pontal, classificado como museo de arte popular, es un lugar de
amente con el proceso de aprendizaje de los estudiantes.
Este artículo busca contribuir a las reflexiones sobre la relación entre cultura y educación, a partir de
la presentación de experiências extramuros. La investigación se realizo a partir de la visita
al Museo
de grupos de escuelas públicas de la cuidad de Río de Janeiro. El artículo analisa brevemente la
educación no formal, muestra el espacio del museo, reflexiona sobre la educación museística com el
Lia Calabre. Doutora em História (UFF), Professora do PPG Memória e Acervos da FCRB e do PPG
https://orcid.org/0000
-
Rosely Gonçalves Coutinho. Mestra em Memória e Acervos (FCRB), Professora regente do Ensino
liucoutinho@yahoo.com.br
e disponibilizado online
CALABRE, Lia; COUTINHO, Rosely. Cultura popular e educação, uma
experiência de visitação ao Museu Casa do Pontal
Revista Latino-
Americana de Estudos em Cultura,
20, p. 90-108, março 2021.
apoyo de la educación artística y describe las sit
intercambian y experimentam momentos de aprendizaje y placer.
Palabras clave: C
ultura popular; ed
Popular culture and education, a visitation experience to
Abstract:
Culture acts as an active component allied with the teaching
justifies the formation of the critical and participative individual in society. Much more than creating
conditions for classroom
learning, education needs to establish the debate about learner participation
in new cultural experiences. The Casa do Pontal Museum is classified as a popular art museum, being
a place of education and culture that positively collaborates with the student
article aims to contribute to the reflections on the relationship between culture and education, based
on the presentation of experiences from outside the walls. The research was carried out from the visit
to the Casa do Pontal Mu
seum by elementary school groups from regular public schools in the city of
Rio de Janeiro. The article briefly discusses non
reflects on museum education with the support of art education and describes the situa
students interact, exchange and experience moments of learning, pleasure and treat.
Keywords: Popular culture; edu
cation; Casa do Pontal Museum; m
Cultura popular e educação, uma experiência de visitação ao Museu Casa do
O presente artigo é construído a
partir da perspectiva de que as
experiências
de vivências extramuros,
em especial quando essas se dão no
campo da cultura, têm um papel
fundamental e diferenciado dentro dos
tradicionais processos formais de
aprendizagem.
Nessa direção, abordaremos
aspectos da categoria de educação
não formal, a qu
al possibilita que os
conteúdos a serem explorados na
produção de vários conhecimentos,
venham ao indivíduo como uma leitura
de mundo, a partir das situações que o
cercam. Crítico
aos métodos
CALABRE, Lia; COUTINHO, Rosely. Cultura popular e educação, uma
experiência de visitação ao Museu Casa do Pontal
. PragMATIZES -
Americana de Estudos em Cultura,
Niterói/RJ, Ano 11, n.
www.periodicos.uff.br/pragmatizes
(Dossiê "
Tramas entre cultura e educação")
apoyo de la educación artística y describe las sit
uaciones en las que los etudiantes interactúan,
intercambian y experimentam momentos de aprendizaje y placer.
ultura popular; ed
ucación, Museo Casa do Pontal, educación
m
Popular culture and education, a visitation experience to
the Casa do Pontal Museum
Culture acts as an active component allied with the teaching
-
learning process, which
justifies the formation of the critical and participative individual in society. Much more than creating
learning, education needs to establish the debate about learner participation
in new cultural experiences. The Casa do Pontal Museum is classified as a popular art museum, being
a place of education and culture that positively collaborates with the student
s' learning process. This
article aims to contribute to the reflections on the relationship between culture and education, based
on the presentation of experiences from outside the walls. The research was carried out from the visit
seum by elementary school groups from regular public schools in the city of
Rio de Janeiro. The article briefly discusses non
-
formal education, shows the museum's space,
reflects on museum education with the support of art education and describes the situa
students interact, exchange and experience moments of learning, pleasure and treat.
cation; Casa do Pontal Museum; m
useal e
ducation
Cultura popular e educação, uma experiência de visitação ao Museu Casa do
Pontal
O presente artigo é construído a
partir da perspectiva de que as
de vivências extramuros,
em especial quando essas se dão no
campo da cultura, têm um papel
fundamental e diferenciado dentro dos
tradicionais processos formais de
Nessa direção, abordaremos
aspectos da categoria de educação
al possibilita que os
conteúdos a serem explorados na
produção de vários conhecimentos,
venham ao indivíduo como uma leitura
de mundo, a partir das situações que o
aos métodos
tradicionais de ensino o pedagogo e
educador francês Célestin
(1896-1966),
importante
início do século XX, para os que lutam
por uma escola democrática, aponta
para a importância de modernizar os
métodos escolares de ensino,
3
Freinet desenvolveu uma técnica pedagógica
baseada na experimentação e na
documentação, almejando uma prática
educacional centrada na criança, com o intuito
de formar crianças ativas e dinâmicas. Sua
pedagogia busca promover os direitos das
crianças, dos a
lunos e dos professores.
(FREINET, Celestin.
diferentes perspectivas
. 2015) Disponível em:
https://educimat.cefor.ifes.edu.br/images/storie
s/Publica%C3%A7%C3%B5es/Livros/Livro
Aprendizado-em-
diferentes
perspectivas_2015.pdf#page=116 Acess
10 jan. 2020.
91
www.periodicos.uff.br/pragmatizes
- ISSN 2237-1508
Tramas entre cultura e educação")
uaciones en las que los etudiantes interactúan,
m
useal.
the Casa do Pontal Museum
learning process, which
justifies the formation of the critical and participative individual in society. Much more than creating
learning, education needs to establish the debate about learner participation
in new cultural experiences. The Casa do Pontal Museum is classified as a popular art museum, being
s' learning process. This
article aims to contribute to the reflections on the relationship between culture and education, based
on the presentation of experiences from outside the walls. The research was carried out from the visit
seum by elementary school groups from regular public schools in the city of
formal education, shows the museum's space,
reflects on museum education with the support of art education and describes the situa
tions in which
students interact, exchange and experience moments of learning, pleasure and treat.
ducation
.
Cultura popular e educação, uma experiência de visitação ao Museu Casa do
tradicionais de ensino o pedagogo e
educador francês Célestin
Freinet
importante
referência
3
no
início do século XX, para os que lutam
por uma escola democrática, aponta
para a importância de modernizar os
métodos escolares de ensino,
Freinet desenvolveu uma técnica pedagógica
baseada na experimentação e na
documentação, almejando uma prática
educacional centrada na criança, com o intuito
de formar crianças ativas e dinâmicas. Sua
pedagogia busca promover os direitos das
lunos e dos professores.
(FREINET, Celestin.
Aprendizagem em
. 2015) Disponível em:
https://educimat.cefor.ifes.edu.br/images/storie
s/Publica%C3%A7%C3%B5es/Livros/Livro
-1-
diferentes
-
perspectivas_2015.pdf#page=116 Acess
o em:
CALABRE, Lia; COUTINHO, Rosely. Cultura popular e educação, uma
experiência de visitação ao Museu Casa do Pontal
Revista Latino-
Americana de Estudos em Cultura,
20, p. 90-108, março 2021.
buscando fazer com que as atividades
educativas propostas aos estudantes
sejam ligadas às situações da vida. No
seu fazer pedagógico, defendia e
desenvolvia uma rotina escolar
pautada em
aulas passeio.
caso,
Freinet indicava que era
negativa a permanência constante do
discente em ambiente fechado, ou
seja, apenas em sala
s de aula. Na
construção do conhecimento
observava
o valor da descoberta e de
novas sensações. Tais contribuições
motivam a reflexão de muitos dos
profissionais da educação atentos aos
desdobramentos possíveis de tais
atividades nos processos de
aprendizagem.
O sentido da educação não
formal para a construção da formação
integral da pessoa ganha relevância
nas ações educativas quando estas
são realizadas em espaços capazes
de produzir relações de identidade e
pertencimento.Aqui necessitamos abrir
um parêntesis para explicitarmos que,
especificamente nesse artigo, estamos
buscando um diálogo com
experiências vivenciadas com alunos
da rede pública de educação do
município do Rio de Janeiro, mais
especi
ficamente da zona oeste da
CALABRE, Lia; COUTINHO, Rosely. Cultura popular e educação, uma
experiência de visitação ao Museu Casa do Pontal
. PragMATIZES -
Americana de Estudos em Cultura,
Niterói/RJ, Ano 11, n.
www.periodicos.uff.br/pragmatizes
(Dossiê "
Tramas entre cultura e educação")
buscando fazer com que as atividades
educativas propostas aos estudantes
sejam ligadas às situações da vida. No
seu fazer pedagógico, defendia e
desenvolvia uma rotina escolar
aulas passeio.
Nesse
Freinet indicava que era
negativa a permanência constante do
discente em ambiente fechado, ou
s de aula. Na
construção do conhecimento
o valor da descoberta e de
novas sensações. Tais contribuições
motivam a reflexão de muitos dos
profissionais da educação atentos aos
desdobramentos possíveis de tais
atividades nos processos de
O sentido da educação não
formal para a construção da formação
integral da pessoa ganha relevância
nas ações educativas quando estas
são realizadas em espaços capazes
de produzir relações de identidade e
pertencimento.Aqui necessitamos abrir
um parêntesis para explicitarmos que,
especificamente nesse artigo, estamos
buscando um diálogo com
experiências vivenciadas com alunos
da rede pública de educação do
município do Rio de Janeiro, mais
ficamente da zona oeste da
cidade com um museu d
popular também localizado na mesma
região: o Museu Casa do Pontal. Um
pouco inspiradas por Freinet, os
alunos aqui são pensados não como
indivíduos isolados, mas como
integrantes de uma comunidade maior,
marcada por processos cotidianos que
acent
uam e reforçam as múltiplas e
graves desigualdades presentes na
sociedade brasileira.
Dentro dessa perspectiva o
acesso, talvez mais que isso
explicitação, a publicização
riqueza, da dinâmica e da diversidade
da cultura popular cumprem um
importante
papel na construção de
uma sociedade mais democrática,
mais inclusiva, mais próxima da
própria realidade.
Os museus, são nossos
espaços
de guarda da memória social.
Segundo a definição da Lei 11.904,
de 14/01/2009, que institui o Estatuto
de Museus, e
ssas são instituições que
“conservam, investigam, comunicam,
interpretam e expõem, para fins de
preservação, estudo, pesquisa,
educação, contemplação e turismo,
conjuntos e coleções...” .
O movimento de comunicação e
percepção da cultura popular em
92
www.periodicos.uff.br/pragmatizes
- ISSN 2237-1508
Tramas entre cultura e educação")
cidade com um museu d
e cultura
popular também localizado na mesma
região: o Museu Casa do Pontal. Um
pouco inspiradas por Freinet, os
alunos aqui são pensados não como
indivíduos isolados, mas como
integrantes de uma comunidade maior,
marcada por processos cotidianos que
uam e reforçam as múltiplas e
graves desigualdades presentes na
Dentro dessa perspectiva o
acesso, talvez mais que isso
, a
explicitação, a publicização
, da
riqueza, da dinâmica e da diversidade
da cultura popular cumprem um
papel na construção de
uma sociedade mais democrática,
mais inclusiva, mais próxima da
Os museus, são nossos
de guarda da memória social.
Segundo a definição da Lei 11.904,
de 14/01/2009, que institui o Estatuto
ssas são instituições que
“conservam, investigam, comunicam,
interpretam e expõem, para fins de
preservação, estudo, pesquisa,
educação, contemplação e turismo,
conjuntos e coleções...” .
O movimento de comunicação e
percepção da cultura popular em
CALABRE, Lia; COUTINHO, Rosely. Cultura popular e educação, uma
experiência de visitação ao Museu Casa do Pontal
Revista Latino-
Americana de Estudos em Cultura,
20, p. 90-108, março 2021.
museus
, tanto pelo acervo, como pela
condução da visitação que é
proporcionada por alguns desses
ambientes culturais, tem uma
potencialidade especial de gerar
processos de identidades, em especial
em alguns segmentos da sociedade.
Em alguns desses espaços, os
acervos tê
m o potencial de promover
trocas
e diálogos, entre os visitantes, a
respeito da compreensão de
determinado patrimônio ou da
apropriação de uma significação
diversa.
Educação e Museu
O Museu Casa do Pontal como
lugar de educação e cultura, segundo
Angela Mascelani, atual diretora da
instituição, é considerado o mais
significativo museu de arte popular do
Brasil (MASCELANI, 2009). Seu
espaço de visitação colabora
positivamente com o processo
educativo de estudantes das redes
públicas e particulares
recebendo ainda a visita de grupos
provenientes de Organizações Não
Governamentais (ONGs), de grupos
religiosos e de turistas, além do
público em geral, formado por
visitantes independentes.
CALABRE, Lia; COUTINHO, Rosely. Cultura popular e educação, uma
experiência de visitação ao Museu Casa do Pontal
. PragMATIZES -
Americana de Estudos em Cultura,
Niterói/RJ, Ano 11, n.
www.periodicos.uff.br/pragmatizes
(Dossiê "
Tramas entre cultura e educação")
, tanto pelo acervo, como pela
condução da visitação que é
proporcionada por alguns desses
ambientes culturais, tem uma
potencialidade especial de gerar
processos de identidades, em especial
em alguns segmentos da sociedade.
Em alguns desses espaços, os
m o potencial de promover
e diálogos, entre os visitantes, a
respeito da compreensão de
determinado patrimônio ou da
apropriação de uma significação
O Museu Casa do Pontal como
lugar de educação e cultura, segundo
Angela Mascelani, atual diretora da
instituição, é considerado o mais
significativo museu de arte popular do
Brasil (MASCELANI, 2009). Seu
espaço de visitação colabora
positivamente com o processo
educativo de estudantes das redes
públicas e particulares
de ensino,
recebendo ainda a visita de grupos
provenientes de Organizações Não
Governamentais (ONGs), de grupos
religiosos e de turistas, além do
público em geral, formado por
O acervo do referido museu foi
formado em quarenta
pesquisa pelo designer francês
Jacques Van de Beuque (1922
que conheceu vários
presentes, durante inúmeras viagens
pelo Brasil. Tal estruturação teve início
na década de 1950 e, a partir de
então, estendeu-
se com forma de
coleção.
Hoje o acervo é composto por
cerca de 9.000 peças, de 300 artistas,
oriundos de vários estados brasileiros.
Seu espaço para exposições
temporárias e permanentes abriga
obras que representam cenas e
atividades do cotidiano sejam festivas,
imaginárias e
religiosas ou ainda de
trabalho, de diversas partes do país.
O número de obras em exibição
também reforça a compreensão de
que a arte popular é feita em todo o
país e não diz respeito a um único
estilo de arte. Trata
propriamente, de um campo
que demarca a origem social
daquele indivíduo que é artista.
(MASCELANI, 2014, p. 7).
Encontrada nas mais diversas
regiões do país, a arte popular de
acordo com Poel (2012, p. 209
testemunha que “a prática artística do
mestre popular faz par
cotidiano e tem laços essenciais com a
cultura e a história de sua comunidade
e sua religião”. Entendendo ainda que
93
www.periodicos.uff.br/pragmatizes
- ISSN 2237-1508
Tramas entre cultura e educação")
O acervo do referido museu foi
formado em quarenta
anos de
pesquisa pelo designer francês
Jacques Van de Beuque (1922
-2000),
que conheceu vários
dos artistas ali
presentes, durante inúmeras viagens
pelo Brasil. Tal estruturação teve início
na década de 1950 e, a partir de
se com forma de
Hoje o acervo é composto por
cerca de 9.000 peças, de 300 artistas,
oriundos de vários estados brasileiros.
Seu espaço para exposições
temporárias e permanentes abriga
obras que representam cenas e
atividades do cotidiano sejam festivas,
religiosas ou ainda de
trabalho, de diversas partes do país.
O número de obras em exibição
também reforça a compreensão de
que a arte popular é feita em todo o
país e não diz respeito a um único
estilo de arte. Trata
-se, mais
propriamente, de um campo
de arte,
que demarca a origem social
daquele indivíduo que é artista.
(MASCELANI, 2014, p. 7).
Encontrada nas mais diversas
regiões do país, a arte popular de
acordo com Poel (2012, p. 209
–211)
testemunha que “a prática artística do
mestre popular faz par
te de seu
cotidiano e tem laços essenciais com a
cultura e a história de sua comunidade
e sua religião”. Entendendo ainda que
CALABRE, Lia; COUTINHO, Rosely. Cultura popular e educação, uma
experiência de visitação ao Museu Casa do Pontal
Revista Latino-
Americana de Estudos em Cultura,
20, p. 90-108, março 2021.
“na arte do povo, o social, o
econômico, o geográfico, o religioso, o
estético e o funcional se
complementam de modo natural e
din
âmico. Na hora de criar, o artista
popular, na sua condição marginal,
nos surpreende pela inventividade
pessoal e espontânea”. (
Idem
Nesse contexto, notadamente
sobre a arte que compõem o acervo
do Museu Casa do Pontal, Frota
discorre que:
Importa inicial
mente esclarecer que
os objetos aqui representados nada
têm de ‘rústico’, ‘pitoresco’, ‘tosco’,
‘primitivo’ ou conceitos de atribuições
similares. Estes são frutos de
culturas com valores próprios,
critérios de gosto e aperfeiçoamento
próprios, que demonst
invenção formal, mestria técnica e
fruição estética [...] Na verdade, o
que nos interessa para além de
qualquer codificação é a pessoa
destes artistas, pela reformulação
que sem saber nos propõem, no
tocante à sacralização das artes que
a Renas
cença nos legou. São eles
indivíduos cuja criatividade espelha
um viver assumido, onde a
imaginação reintegra e reinventa os
objetos do existir, modificando
modificando-
se. Homens e mulheres
em que não distinção entre o ser
e o fazer, que não disso
da vida. (FROTA, 1976,
2012, p. 209).
Ainda na perspectiva de Frota
(2012,
p. 209) no que se refere ao
acervo do Museu Casa do Pontal “o
que interessa para além de qualquer
codificação é a pessoa destes
artistas”, e como tal, Noemisa Batista
CALABRE, Lia; COUTINHO, Rosely. Cultura popular e educação, uma
experiência de visitação ao Museu Casa do Pontal
. PragMATIZES -
Americana de Estudos em Cultura,
Niterói/RJ, Ano 11, n.
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(Dossiê "
Tramas entre cultura e educação")
“na arte do povo, o social, o
econômico, o geográfico, o religioso, o
estético e o funcional se
complementam de modo natural e
âmico. Na hora de criar, o artista
popular, na sua condição marginal,
nos surpreende pela inventividade
Idem
)
Nesse contexto, notadamente
sobre a arte que compõem o acervo
do Museu Casa do Pontal, Frota
mente esclarecer que
os objetos aqui representados nada
têm de ‘rústico’, ‘pitoresco’, ‘tosco’,
‘primitivo’ ou conceitos de atribuições
similares. Estes são frutos de
culturas com valores próprios,
critérios de gosto e aperfeiçoamento
próprios, que demonst
ram possuir
invenção formal, mestria técnica e
fruição estética [...] Na verdade, o
que nos interessa para além de
qualquer codificação é a pessoa
destes artistas, pela reformulação
que sem saber nos propõem, no
tocante à sacralização das artes que
cença nos legou. São eles
indivíduos cuja criatividade espelha
um viver assumido, onde a
imaginação reintegra e reinventa os
objetos do existir, modificando
-os e
se. Homens e mulheres
em que não distinção entre o ser
e o fazer, que não disso
ciam a arte
da vida. (FROTA, 1976,
apud POEL,
Ainda na perspectiva de Frota
p. 209) no que se refere ao
acervo do Museu Casa do Pontal “o
que interessa para além de qualquer
codificação é a pessoa destes
artistas”, e como tal, Noemisa Batista
dos Santos, ceramista mais de
cinquenta anos no Vale do
Jequitinhonha
MG desenvolve
técnica de maneira singular. Expõe
obras específicas da grande
representatividade da vida simples e
do cotidiano. Utiliza barro da região e
técnicas apuradas de modelagem,
tratamento, secagem, que particulariza
suas peças com flores, bolinhas
(sucesso
na percepção das crianças) e
outros detalhes que transborda de
poesia e delicadeza. Com a arte
figurativa, dificilmente reproduz cenas
que não sejam do seu mundo, do
próprio universo. Recorrente nas
temáticas consideradas universais,
que permeiam o cotidi
comuns, observa-
se em suas peças as
fases costumeiramente identificadas
no desenvolvimento humano,
inclusive, é comum que construa seu
autorretrato nas situações do dia a dia.
As estratégias das práticas estéticas
contemporâneas variam: cada
escolhe o meio em que a obra se
fará, mobilizado pelos signos que lhe
pedem passagem na experiência
que ele vive do meio em questão. O
trabalho se completará com a
criação de uma fórmula singular para
decifrá-
los, ou seja, tra
invisível p
ara o visível. (ROLNIK,
2002, p. 46).
94
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Tramas entre cultura e educação")
dos Santos, ceramista mais de
cinquenta anos no Vale do
MG desenvolve
uma
técnica de maneira singular. Expõe
obras específicas da grande
representatividade da vida simples e
do cotidiano. Utiliza barro da região e
técnicas apuradas de modelagem,
tratamento, secagem, que particulariza
suas peças com flores, bolinhas
na percepção das crianças) e
outros detalhes que transborda de
poesia e delicadeza. Com a arte
figurativa, dificilmente reproduz cenas
que não sejam do seu mundo, do
próprio universo. Recorrente nas
temáticas consideradas universais,
que permeiam o cotidi
ano de pessoas
se em suas peças as
fases costumeiramente identificadas
no desenvolvimento humano,
inclusive, é comum que construa seu
autorretrato nas situações do dia a dia.
As estratégias das práticas estéticas
contemporâneas variam: cada
artista
escolhe o meio em que a obra se
fará, mobilizado pelos signos que lhe
pedem passagem na experiência
que ele vive do meio em questão. O
trabalho se completará com a
criação de uma fórmula singular para
los, ou seja, tra
-los do
ara o visível. (ROLNIK,
CALABRE, Lia; COUTINHO, Rosely. Cultura popular e educação, uma
experiência de visitação ao Museu Casa do Pontal
Revista Latino-
Americana de Estudos em Cultura,
20, p. 90-108, março 2021.
Dispostas num ambiente interno
de 1.500m²
4
, as obras do acervo do
Museu Casa do Pontal ficavam
organizadas em galerias com setores
divididos em 12 temáticas, quais
sejam: Profissões; Mestre Vitalino;
Vida Rural; Cic
lo da Vida; Brasil
Festa Popular; Jogos e Diversão;
Circo; Arte incomum; Arte Erótica;
Cangaço e História do Brasil; Religião
e Ex-
voto e Escolas de Samba. Estes
setores buscam oferecer uma visão
abrangente do universo cultural
brasileiro, compondo as va
culturas rurais e urbanas do país. O
Museu conta com um potente projeto
educativo.
As motivações para que
atividades educativas pudessem ser
realizadas em museus e a implantação
dessa ação teve início no Brasil em
1927, com a criação do Serviço de
Assistência ao Ensino do Museu
Nacional
5
, pretendendo difundir as
4
Área ocupada pelas exposições no período
das visitações que deram ensejo ao presente
artigo.
5
Setor educativo institucionalizado no Brasil
em 1927, o Serviço de Assistência ao Ensino
do Museu Nacional, foi criado por Roquete
Pinto.
O Serviço tinha como missão auxiliar o
desenvolvimento de práticas educativas que
colaborassem com o aprendizado e com o
currículo escolar. Instituto Brasileiro de
Museus. Caderno da Política Nacional de
Educação Museal. 2018, p. 14.
Disponível em:
https://www.museus.gov.br/wp-
CALABRE, Lia; COUTINHO, Rosely. Cultura popular e educação, uma
experiência de visitação ao Museu Casa do Pontal
. PragMATIZES -
Americana de Estudos em Cultura,
Niterói/RJ, Ano 11, n.
www.periodicos.uff.br/pragmatizes
(Dossiê "
Tramas entre cultura e educação")
Dispostas num ambiente interno
, as obras do acervo do
Museu Casa do Pontal ficavam
organizadas em galerias com setores
divididos em 12 temáticas, quais
sejam: Profissões; Mestre Vitalino;
lo da Vida; Brasil
Festa Popular; Jogos e Diversão;
Circo; Arte incomum; Arte Erótica;
Cangaço e História do Brasil; Religião
voto e Escolas de Samba. Estes
setores buscam oferecer uma visão
abrangente do universo cultural
brasileiro, compondo as va
riadas
culturas rurais e urbanas do país. O
Museu conta com um potente projeto
As motivações para que
atividades educativas pudessem ser
realizadas em museus e a implantação
dessa ação teve início no Brasil em
1927, com a criação do Serviço de
Assistência ao Ensino do Museu
, pretendendo difundir as
Área ocupada pelas exposições no período
das visitações que deram ensejo ao presente
Setor educativo institucionalizado no Brasil
em 1927, o Serviço de Assistência ao Ensino
do Museu Nacional, foi criado por Roquete
O Serviço tinha como missão auxiliar o
desenvolvimento de práticas educativas que
colaborassem com o aprendizado e com o
currículo escolar. Instituto Brasileiro de
Museus. Caderno da Política Nacional de
Disponível em:
ciências nas escolas, e, dessa
maneira, desenvolver novas práticas
que enriquecessem o aprendizado e o
programa escolar, ainda que fosse
reforçando a visão histórica construída
pelas elites
do país. Devido
importância e considerado um dos
marcos da Museologia, o Seminário
Regional Latino-
Americano da
UNESCO em 1958, no Museu de Arte
Moderna no Rio de Janeiro, contribuiu
para uma nova perspectiva
pedagógica na esfera museal, e
podemos observar:
O Seminário Regional da UNESCO,
realizado na cidade do Rio de
Janeiro em 1958, viabilizou a
construção de um novo referencial
teórico-
prático no que se trata do
fazer museológico e das próprias
instituições ao discutir o papel
educativo dos museus.
daí, o conceito de museu vai se
ampliando, passando então a ser
também compreendido como um
espaço de educação para auxiliar
nas atividades do ensino formal e
como ferramenta didática, ou seja,
uma espécie de extensão do espaço
da escola. O do
cumento elaborado a
partir deste Seminário, a Declaração
do Rio de Janeiro, apresentou uma
preocupação dos profissionais de
museus com as questões
educativas, no âmbito da Museologia
e dos museus. A questão educativa
passa a ser mais enfatizada e
assumida
em um plano paralelo em
relação às outras funções
museológicas tradicionais. (SOTO,
2010, p. 31).
content/uploads/2018/06/Caderno
PNEM.pdf. Acesso em: 5 jan. 2020.
95
www.periodicos.uff.br/pragmatizes
- ISSN 2237-1508
Tramas entre cultura e educação")
ciências nas escolas, e, dessa
maneira, desenvolver novas práticas
que enriquecessem o aprendizado e o
programa escolar, ainda que fosse
reforçando a visão histórica construída
do país. Devido
a sua
importância e considerado um dos
marcos da Museologia, o Seminário
Americano da
UNESCO em 1958, no Museu de Arte
Moderna no Rio de Janeiro, contribuiu
para uma nova perspectiva
pedagógica na esfera museal, e
O Seminário Regional da UNESCO,
realizado na cidade do Rio de
Janeiro em 1958, viabilizou a
construção de um novo referencial
prático no que se trata do
fazer museológico e das próprias
instituições ao discutir o papel
educativo dos museus.
E, a partir
daí, o conceito de museu vai se
ampliando, passando então a ser
também compreendido como um
espaço de educação para auxiliar
nas atividades do ensino formal e
como ferramenta didática, ou seja,
uma espécie de extensão do espaço
cumento elaborado a
partir deste Seminário, a Declaração
do Rio de Janeiro, apresentou uma
preocupação dos profissionais de
museus com as questões
educativas, no âmbito da Museologia
e dos museus. A questão educativa
passa a ser mais enfatizada e
em um plano paralelo em
relação às outras funções
museológicas tradicionais. (SOTO,
content/uploads/2018/06/Caderno
-da-
CALABRE, Lia; COUTINHO, Rosely. Cultura popular e educação, uma
experiência de visitação ao Museu Casa do Pontal
Revista Latino-
Americana de Estudos em Cultura,
20, p. 90-108, março 2021.
Entretanto, trabalhando com a
história das contribuições na área da
ciência, estudando e investigando
processos educacionais em museus,
Margaret Lopes, dou
tora em História
Social, alerta sobre os cuidados na
utilização de modelos de trabalho
melhor adaptados para o público
escolar nas instituições. Nesse caso,
a prática pode trazer resultados mais
eficazes para a comunicação dos
objetos pertencentes ao muse
esta ação não deve ser incorporada
como proposta permanente, pois
resultaria em “museus escolarizados”
(LOPES, 1991, p. 5).
A pesquisadora discorre ainda,
utilizando a crítica sobre a “animação
cultural em museus”, feita por Varine
Bohan (1987) n
a ação educativa
desenvolvida nesses espaços. O autor
divide o tipo de abordagem em três
categorias, quais sejam: terapêutica,
promocional e conscientizante. Com
características distintas a terapêutica e
a promocional corresponderiam ao que
o educador e fi
lósofo Paulo Freire
(1921–
1997) chama de
bancária
6
, que a comunicação é
6
Em lugar de comunicar-
se, o educador faz
“comunicados” e depósitos que os educandos,
meras incidências, recebem pacientemente,
memorizam e
repetem” (FREIRE, 2005, p. 66).
CALABRE, Lia; COUTINHO, Rosely. Cultura popular e educação, uma
experiência de visitação ao Museu Casa do Pontal
. PragMATIZES -
Americana de Estudos em Cultura,
Niterói/RJ, Ano 11, n.
www.periodicos.uff.br/pragmatizes
(Dossiê "
Tramas entre cultura e educação")
Entretanto, trabalhando com a
história das contribuições na área da
ciência, estudando e investigando
processos educacionais em museus,
tora em História
Social, alerta sobre os cuidados na
utilização de modelos de trabalho
melhor adaptados para o público
escolar nas instituições. Nesse caso,
a prática pode trazer resultados mais
eficazes para a comunicação dos
objetos pertencentes ao muse
u, porém
esta ação não deve ser incorporada
como proposta permanente, pois
resultaria em “museus escolarizados”
A pesquisadora discorre ainda,
utilizando a crítica sobre a “animação
cultural em museus”, feita por Varine
-
a ação educativa
desenvolvida nesses espaços. O autor
divide o tipo de abordagem em três
categorias, quais sejam: terapêutica,
promocional e conscientizante. Com
características distintas a terapêutica e
a promocional corresponderiam ao que
lósofo Paulo Freire
1997) chama de
educação
, que a comunicação é
se, o educador faz
“comunicados” e depósitos que os educandos,
meras incidências, recebem pacientemente,
repetem” (FREIRE, 2005, p. 66).
feita em um único sentido. Dessa
maneira, ainda de acordo com Lopes:
A animação dos museus, em direção
ao público escolar, não tem por
objetivo, salvo muito raras exceções
as necessidades deste público
(sejamos francos e honestos) ou
mesmo responder à demanda
pedagógica expressa pelos
professores. Se considerarmos a
literatura sobre o assunto, se
participarmos, como eu faço
muito tempo, de reuniões de
educadores de museus
constataremos imediatamente que
para este tipo de animação
somente duas motivações principais:
justificar a existência da instituição
museu e valorizar o patrimônio.
(LOPES, 1991, p. 1).
Para completar a ideia de
categorias em relação à abordagem no
espaço museal, a conscientizante mais
uma vez está relacionada a uma
posição de Paulo Freire, sendo que
nesse caso refere
-
libertadora.
Somamos à
nossa reflexão, as
experiências e inovações que vieram
ocorrendo na educação,na busca de
novas i
deias relativas
de conhecimentos, e examinamos a
noção de alfabetização cultural, que
ganha significado quando contribui
para a produção e reprodução de
experiências culturais, ademais em
relação aos grupos sociais. Dessa
maneira, devemos
proposta de Paulo Freire, na qual o
educando pode reconhecer e
96
www.periodicos.uff.br/pragmatizes
- ISSN 2237-1508
Tramas entre cultura e educação")
feita em um único sentido. Dessa
maneira, ainda de acordo com Lopes:
A animação dos museus, em direção
ao público escolar, não tem por
objetivo, salvo muito raras exceções
as necessidades deste público
(sejamos francos e honestos) ou
mesmo responder à demanda
pedagógica expressa pelos
professores. Se considerarmos a
literatura sobre o assunto, se
participarmos, como eu faço
muito tempo, de reuniões de
educadores de museus
,
constataremos imediatamente que
para este tipo de animação
somente duas motivações principais:
justificar a existência da instituição
-
museu e valorizar o patrimônio.
(LOPES, 1991, p. 1).
Para completar a ideia de
categorias em relação à abordagem no
espaço museal, a conscientizante mais
uma vez está relacionada a uma
posição de Paulo Freire, sendo que
-
se à educação
nossa reflexão, as
experiências e inovações que vieram
ocorrendo na educação,na busca de
deias relativas
à mesma e troca
de conhecimentos, e examinamos a
noção de alfabetização cultural, que
ganha significado quando contribui
para a produção e reprodução de
experiências culturais, ademais em
relação aos grupos sociais. Dessa
maneira, devemos
dialogar com a
proposta de Paulo Freire, na qual o
educando pode reconhecer e
CALABRE, Lia; COUTINHO, Rosely. Cultura popular e educação, uma
experiência de visitação ao Museu Casa do Pontal
Revista Latino-
Americana de Estudos em Cultura,
20, p. 90-108, março 2021.
compreender sua identidade cultural, a
consciência de seus valores próprios,
seja na memória pessoal ou coletiva,
ou seja, pode-
se enxergar uma ação
cultural para a liberdade (co
intitula uma de suas obras). O autor
nos mostra que:
"[...] a criticidade e as
finalidades que se acham nas relações
entre os seres humanos e o mundo
implicam em que estas relações se
dão com um espaço que não é apenas
físico, mas histórico e cultura
(FREIRE, 2003
apud
WAZENKESKI, 2015, p. 6).
O trabalho para promover a
relação entre museus e educação
ganha ainda destaque nos estudos e
reflexões do professor Mário Chagas,
ele nos alerta para a necessidade de
se buscar, localizar, e conhecer
foram idealizados métodos para a
educação em museus. O estudioso
chama a atenção
para o fato de que,
além de considerar as diferenças
culturais e até educacionais existentes
no Brasil, vale observar que, de
maneira mais ampla:
Para além da educação p
interessa pensar a educação como
7
A Educação Patrimonial constitui
os processos educativos formais e não formais
que têm como foco o patrimônio cultural,
apropriado socialmente como recurso para a
compreensão sócio-
histórica das referências
cu
lturais em todas as suas manifestações, a
fim de colaborar para seu reconhecimento, sua
CALABRE, Lia; COUTINHO, Rosely. Cultura popular e educação, uma
experiência de visitação ao Museu Casa do Pontal
. PragMATIZES -
Americana de Estudos em Cultura,
Niterói/RJ, Ano 11, n.
www.periodicos.uff.br/pragmatizes
(Dossiê "
Tramas entre cultura e educação")
compreender sua identidade cultural, a
consciência de seus valores próprios,
seja na memória pessoal ou coletiva,
se enxergar uma ação
cultural para a liberdade (co
mo se
intitula uma de suas obras). O autor
"[...] a criticidade e as
finalidades que se acham nas relações
entre os seres humanos e o mundo
implicam em que estas relações se
dão com um espaço que não é apenas
físico, mas histórico e cultura
l".
apud
COSTA;
WAZENKESKI, 2015, p. 6).
O trabalho para promover a
relação entre museus e educação
ganha ainda destaque nos estudos e
reflexões do professor Mário Chagas,
ele nos alerta para a necessidade de
se buscar, localizar, e conhecer
como
foram idealizados métodos para a
educação em museus. O estudioso
para o fato de que,
além de considerar as diferenças
culturais e até educacionais existentes
no Brasil, vale observar que, de
Para além da educação p
atrimonial
7
,
interessa pensar a educação como
A Educação Patrimonial constitui
-se de todos
os processos educativos formais e não formais
que têm como foco o patrimônio cultural,
apropriado socialmente como recurso para a
histórica das referências
lturais em todas as suas manifestações, a
fim de colaborar para seu reconhecimento, sua
alguma coisa que não se faz sem se
ter em conta um determinado
patrimônio cultural e determinados
aspectos da memória social; para
além da educação patrimonial,
interessa compreender a educação
como prática soc
e ao novo, à eclosão de valores que
podem nos habilitar para a alegria e
a emoção de lidar com o diferente.
(CHAGAS, 2004, p. 145).
É exatamente nesse sentido de
prática social aberta à criação e ao
novo, somado aos aspectos da
memória social de um amplo
segmento da sociedade que
reconhecemos no trabalho
desenvolvido pelo setor educativo da
Casa do Pontal a habilidade de a partir
da ludicidade trazer a alegria e a
emoção de lidar com o diferente para
alguns e descobrir o igual e
identidade para outros.
Para a compreensão do modo
como se desenvolvem as atividades
elaboradas para a visitação na referida
instituição museal, trabalharemos com
o Programa Social e Educacional do
Museu Casa do Pontal. O documento
tem como ponto central
valorização e preservação. Considera
ainda, que os processos educativos devem
primar pela construção coletiva e democrática
do conhecimento, por meio da participaçã
efetiva das comunidades detentoras e
produtoras das referências culturais, onde
convivem diversas noções de patrimônio
cultural. Disponível em:
http://portal.iphan.gov.br/pagina/detalhes/343
Acesso em: 21 mar.2020.
97
www.periodicos.uff.br/pragmatizes
- ISSN 2237-1508
Tramas entre cultura e educação")
alguma coisa que não se faz sem se
ter em conta um determinado
patrimônio cultural e determinados
aspectos da memória social; para
além da educação patrimonial,
interessa compreender a educação
como prática soc
ial aberta à criação
e ao novo, à eclosão de valores que
podem nos habilitar para a alegria e
a emoção de lidar com o diferente.
(CHAGAS, 2004, p. 145).
É exatamente nesse sentido de
prática social aberta à criação e ao
novo, somado aos aspectos da
memória social de um amplo
segmento da sociedade que
reconhecemos no trabalho
desenvolvido pelo setor educativo da
Casa do Pontal a habilidade de a partir
da ludicidade trazer a alegria e a
emoção de lidar com o diferente para
alguns e descobrir o igual e
a
identidade para outros.
Para a compreensão do modo
como se desenvolvem as atividades
elaboradas para a visitação na referida
instituição museal, trabalharemos com
o Programa Social e Educacional do
Museu Casa do Pontal. O documento
tem como ponto central
a integração
valorização e preservação. Considera
-se,
ainda, que os processos educativos devem
primar pela construção coletiva e democrática
do conhecimento, por meio da participaçã
o
efetiva das comunidades detentoras e
produtoras das referências culturais, onde
convivem diversas noções de patrimônio
http://portal.iphan.gov.br/pagina/detalhes/343
.
CALABRE, Lia; COUTINHO, Rosely. Cultura popular e educação, uma
experiência de visitação ao Museu Casa do Pontal
Revista Latino-
Americana de Estudos em Cultura,
20, p. 90-108, março 2021.
da ação dos profissionais na facilitação
de leituras das obras expostas
a contribuir para a construção, por
parte dos visitantes, de um
conhecimento de maneira interativa e
coletiva.O planejamento estratégico do
referido programa, com
o ferramentas
de gestão cultural,foi desenvolvido a
partir do ano de 1996.Contou com a
direção de Guy Van de Beuque (1951
2004), filósofo, matemático e filho do
colecionador e fundador do museu,
Jacques Van de Beuque, além da
coordenação de Angela
antropóloga, atual diretora do museu,
escritora e curadora de arte.
Tal gestão reconhecia no
acervo de arte popular uma propensão
para a colaboração em processos de
produção de conhecimento não
tradicionais junto às escolas e para a
mediação diferenci
ada junto aos
grupos de visitantes.Nesse espaço de
mediação entre o acervo e os
visitantes atuariam os profissionais de
arte educação. Ao examinar o
movimento que se realizou na direção
de expandir a relação dos alunos em
visitação com esse espaço museal,
podemos dizer que está apoiado na
ideia de que:
A arte na educação como expressão
pessoal e como cultura é um
CALABRE, Lia; COUTINHO, Rosely. Cultura popular e educação, uma
experiência de visitação ao Museu Casa do Pontal
. PragMATIZES -
Americana de Estudos em Cultura,
Niterói/RJ, Ano 11, n.
www.periodicos.uff.br/pragmatizes
(Dossiê "
Tramas entre cultura e educação")
da ação dos profissionais na facilitação
de leituras das obras expostas
visando
a contribuir para a construção, por
parte dos visitantes, de um
conhecimento de maneira interativa e
coletiva.O planejamento estratégico do
o ferramentas
de gestão cultural,foi desenvolvido a
partir do ano de 1996.Contou com a
direção de Guy Van de Beuque (1951
-
2004), filósofo, matemático e filho do
colecionador e fundador do museu,
Jacques Van de Beuque, além da
Mascelani,
antropóloga, atual diretora do museu,
escritora e curadora de arte.
Tal gestão reconhecia no
acervo de arte popular uma propensão
para a colaboração em processos de
produção de conhecimento não
tradicionais junto às escolas e para a
ada junto aos
grupos de visitantes.Nesse espaço de
mediação entre o acervo e os
visitantes atuariam os profissionais de
arte educação. Ao examinar o
movimento que se realizou na direção
de expandir a relação dos alunos em
visitação com esse espaço museal,
podemos dizer que está apoiado na
A arte na educação como expressão
pessoal e como cultura é um
importante instrumento para a
identificação cultural e o
desenvolvimento. Através das artes
é possível desenvolver a percepção
e a imaginação, ap
realidade do meio ambiente,
desenvolver a capacidade crítica,
permitindo analisar a realidade
percebida e desenvolver a
criatividade de maneira a mudar a
realidade que foi analisada. (MAE
BARBOSA, 2012).
A instituição prevê um papel
estratégico
para a área de arte
educação. Os responsáveis pelo
programa consideraram que a
formação dos profissionais envolvidos,
deveria desenvolver e aperfeiçoar uma
abordagem criativa, para que
pudessem ampliar as possibilidades
de leitura e comunicação dos
vis
itantes em relação ao acervo da
instituição. Observa-
se uma ação bem
alinhada n
a definição do trabalho que
deve ser realizado pelos educadores
de museus segundo o Comitê
Educativo do Sistema Estadual de
Museus de São Paulo com o conceito:
Os educadores de
responsáveis por ampliar a relação
entre o museu e seus públicos,
sendo mediadores do objeto do
museu e do público visitante, no
momento do fato museal. Ao agir
neste encontro (fato museal) o
educador atua no processo de
manter contemporâneo o ca
comunicacional do patrimônio,
manifestando a latência significativa
dos objetos. (SISEM
98
www.periodicos.uff.br/pragmatizes
- ISSN 2237-1508
Tramas entre cultura e educação")
importante instrumento para a
identificação cultural e o
desenvolvimento. Através das artes
é possível desenvolver a percepção
e a imaginação, ap
reender a
realidade do meio ambiente,
desenvolver a capacidade crítica,
permitindo analisar a realidade
percebida e desenvolver a
criatividade de maneira a mudar a
realidade que foi analisada. (MAE
BARBOSA, 2012).
A instituição prevê um papel
para a área de arte
-
educação. Os responsáveis pelo
programa consideraram que a
formação dos profissionais envolvidos,
deveria desenvolver e aperfeiçoar uma
abordagem criativa, para que
se
pudessem ampliar as possibilidades
de leitura e comunicação dos
itantes em relação ao acervo da
se uma ação bem
a definição do trabalho que
deve ser realizado pelos educadores
de museus segundo o Comitê
Educativo do Sistema Estadual de
Museus de São Paulo com o conceito:
Os educadores de
museu são
responsáveis por ampliar a relação
entre o museu e seus públicos,
sendo mediadores do objeto do
museu e do público visitante, no
momento do fato museal. Ao agir
neste encontro (fato museal) o
educador atua no processo de
manter contemporâneo o ca
ráter
comunicacional do patrimônio,
manifestando a latência significativa
dos objetos. (SISEM
-SP, 2016, p. 6).
CALABRE, Lia; COUTINHO, Rosely. Cultura popular e educação, uma
experiência de visitação ao Museu Casa do Pontal
Revista Latino-
Americana de Estudos em Cultura,
20, p. 90-108, março 2021.
A aprovação da Política
Nacional de Educação Museal
(PNEM), definida no rum
Nacional de Museus
Alegre/2017, reúne os princípios e
diretrizes que têm como objetivos
nortear a realização das práticas
educativas, fortalecer a dimensão
educativa e subsidiar a atuação dos
educadores em museus. Orienta as
ações educacionais, no eixo II em
relação aos profissionais, formação e
pesquisa, com
as seguintes diretrizes:
1. Promover o profissional de
educação museal, incentivando o
investimento na formação específica
e continuada de profissionais que
atuam no campo.
2. Reconhecer entre as atribuições
do educador museal: a atuação na
elaboração par
ticipativa do Programa
Educativo Cultural; a realização de
pesquisas e diagnósticos de sua
competência; a implementação dos
programas, projetos e ações
educativas; a realização do registro,
da sistematização e da avaliação dos
mesmos; e promover a formação
integral dos indivíduos.
3. Fortalecer o papel do profissional
de educação museal, estabelecendo
suas atribuições no Programa
Educativo e Cultural e em
conformidade com a Política
Nacional de Educação Museal.
4. Valorizar o profissional da
educação museal
, incentivando a
formalização da profissão, o
estabelecimento de planos de
carreira, a realização de concursos
públicos e a criação de parâmetros
nacionais para a equiparação da
remuneração nas várias regiões do
país.
5. Potencializar o conhecimento
especí
fico da educação museal de
forma a consolidar esse campo, por
meio da difusão e promoção dos
CALABRE, Lia; COUTINHO, Rosely. Cultura popular e educação, uma
experiência de visitação ao Museu Casa do Pontal
. PragMATIZES -
Americana de Estudos em Cultura,
Niterói/RJ, Ano 11, n.
www.periodicos.uff.br/pragmatizes
(Dossiê "
Tramas entre cultura e educação")
A aprovação da Política
Nacional de Educação Museal
(PNEM), definida no rum
Nacional de Museus
Porto
Alegre/2017, reúne os princípios e
diretrizes que têm como objetivos
nortear a realização das práticas
educativas, fortalecer a dimensão
educativa e subsidiar a atuação dos
educadores em museus. Orienta as
ações educacionais, no eixo II em
relação aos profissionais, formação e
as seguintes diretrizes:
1. Promover o profissional de
educação museal, incentivando o
investimento na formação específica
e continuada de profissionais que
2. Reconhecer entre as atribuições
do educador museal: a atuação na
ticipativa do Programa
Educativo Cultural; a realização de
pesquisas e diagnósticos de sua
competência; a implementação dos
programas, projetos e ações
educativas; a realização do registro,
da sistematização e da avaliação dos
mesmos; e promover a formação
integral dos indivíduos.
3. Fortalecer o papel do profissional
de educação museal, estabelecendo
suas atribuições no Programa
Educativo e Cultural e em
conformidade com a Política
Nacional de Educação Museal.
4. Valorizar o profissional da
, incentivando a
formalização da profissão, o
estabelecimento de planos de
carreira, a realização de concursos
públicos e a criação de parâmetros
nacionais para a equiparação da
remuneração nas várias regiões do
5. Potencializar o conhecimento
fico da educação museal de
forma a consolidar esse campo, por
meio da difusão e promoção dos
trabalhos realizados, do intercâmbio
de experiência e do estímulo à
viabilização de cursos de nível
superior em educação museal.
6. Valorizar a troca de experiênci
por meio de parcerias nacionais e
internacionais para a realização de
estágios profissionais em educação
museal.
7. Fortalecer a pesquisa em
educação em museus e em
contextos nos quais ocorrem
processos museais, reconhecendo
esses espaços como produtore
conhecimento em educação.
8. Promover o desenvolvimento e a
difusão de pesquisas específicas do
campo por meio da articulação entre
os setores educativos e agências de
fomento científico, universidades e
demais instituições da área.
9. Promover, em co
outros setores dos museus,
diagnósticos, estudos de público e
avaliação, visando à verificação do
cumprimento de sua função social e
educacional.
8
(IBRAM, 2018).
A utilização da arte
educação,nas visitas guiadas, como
meio de apresentação d
faz do Museu Casa do Pontal uma
referência, seja em proporcionar ao
visitante, nesse caso o aluno, o
reconhecimento, apreciação e
valorização da arte popular brasileira,
seja em possibilitar a construção de
laços de identidade.
A experiência
da visitação
A seguir serão apresentadas
experiências vivenciadas por quatro
8
Diretrizes para a realização das prá
educativas EIXO II
PNEM. Disponível em:
https://pnem.museus.gov.br/sobre
pnem/diretrizes/. Acesso em
99
www.periodicos.uff.br/pragmatizes
- ISSN 2237-1508
Tramas entre cultura e educação")
trabalhos realizados, do intercâmbio
de experiência e do estímulo à
viabilização de cursos de nível
superior em educação museal.
6. Valorizar a troca de experiênci
as
por meio de parcerias nacionais e
internacionais para a realização de
estágios profissionais em educação
7. Fortalecer a pesquisa em
educação em museus e em
contextos nos quais ocorrem
processos museais, reconhecendo
esses espaços como produtore
s de
conhecimento em educação.
8. Promover o desenvolvimento e a
difusão de pesquisas específicas do
campo por meio da articulação entre
os setores educativos e agências de
fomento científico, universidades e
demais instituições da área.
9. Promover, em co
laboração com
outros setores dos museus,
diagnósticos, estudos de público e
avaliação, visando à verificação do
cumprimento de sua função social e
(IBRAM, 2018).
A utilização da arte
educação,nas visitas guiadas, como
meio de apresentação d
o seu acervo,
faz do Museu Casa do Pontal uma
referência, seja em proporcionar ao
visitante, nesse caso o aluno, o
reconhecimento, apreciação e
valorização da arte popular brasileira,
seja em possibilitar a construção de
da visitação
A seguir serão apresentadas
experiências vivenciadas por quatro
Diretrizes para a realização das prá
ticas
PNEM. Disponível em:
https://pnem.museus.gov.br/sobre
-o-
pnem/diretrizes/. Acesso em
: 10 jan. 2020.
CALABRE, Lia; COUTINHO, Rosely. Cultura popular e educação, uma
experiência de visitação ao Museu Casa do Pontal
Revista Latino-
Americana de Estudos em Cultura,
20, p. 90-108, março 2021.
turmas diferentes de alunos do Ensino
Fundamental I, com crianças na faixa
etária entre 7 e 11 anos, da rede
pública de ensino do município do Rio
de Janeiro, em visitação ao Mu
Casa do Pontal, e acompanhadas no
período intermitente de agosto de
2018 a setembro de 2019. A ideia é a
de fortalecer a tese de que os
processos não tradicionais de
aprendizagem, associando elementos
de cultura, arte e educação podem
cumprir um papel
fundamental na
formação escolar democrática e plural
desses jovens cidadãos.
Vamos proceder à descrição do
processo de visitação. Ao estabelecer
um agendamento para os grupos, o
setor receptivo do museu organiza a
visita teatralizada, com horários
determ
inados e número exato de
pessoas. Tal procedimento permite
uma interação maior entre o grupo de
visitantes com o museu. Dando início
ao evento
9
da visitação, o acolhimento
acontece no espaço externo da
instituição, pela equipe do local,
quando os visitant
es realizam um
lanche e posteriormente são
orientados a se posicionarem no pátio,
9
O processo de visitação é composto por
etapas e diferentes performances, o que nos
permite falar em evento.
CALABRE, Lia; COUTINHO, Rosely. Cultura popular e educação, uma
experiência de visitação ao Museu Casa do Pontal
. PragMATIZES -
Americana de Estudos em Cultura,
Niterói/RJ, Ano 11, n.
www.periodicos.uff.br/pragmatizes
(Dossiê "
Tramas entre cultura e educação")
turmas diferentes de alunos do Ensino
Fundamental I, com crianças na faixa
-
etária entre 7 e 11 anos, da rede
pública de ensino do município do Rio
de Janeiro, em visitação ao Mu
seu
Casa do Pontal, e acompanhadas no
período intermitente de agosto de
2018 a setembro de 2019. A ideia é a
de fortalecer a tese de que os
processos não tradicionais de
aprendizagem, associando elementos
de cultura, arte e educação podem
fundamental na
formação escolar democrática e plural
Vamos proceder à descrição do
processo de visitação. Ao estabelecer
um agendamento para os grupos, o
setor receptivo do museu organiza a
visita teatralizada, com horários
inados e número exato de
pessoas. Tal procedimento permite
uma interação maior entre o grupo de
visitantes com o museu. Dando início
da visitação, o acolhimento
acontece no espaço externo da
instituição, pela equipe do local,
es realizam um
lanche e posteriormente são
orientados a se posicionarem no pátio,
O processo de visitação é composto por
etapas e diferentes performances, o que nos
formando um grande círculo de
pessoas. Sendo assim, dispostos em
roda, tem início a cantoria!
Ao som de violão, os arte
educadores -
Chico e Pedro
cumprimentam a todo
dia/ eu cheguei agora/ viemos de
longe/ do mar fora...” Entre uma
cantoria e outra, as letras das músicas
e a viola apresentam conteúdos e
elementos da cultura popular. Nesse
momento o convite para o jogo
teatral, envolvendo os e
infantis
que se voluntariam, tornando
se personagens ao sabor da
brincadeira.
O convite é para participar da
encenação do Auto do Bumba
Boi
10
, para
que as crianças assumam
papéis de criaturas com características
folclóricas, de experimentaç
de acontecimentos misteriosos e
so
brenaturais que o enredo do
folguedo apresenta:
O bumba-meu-
boi é um auto, onde o
tema principal é a morte e a
ressurreição de um boi. O enredo
básico do bumba
história de um boi de estimação de
u
m fazendeiro rico que é morto pelo
10
O Bumba-Meu-Boi
é um dos folguedos mais
tradicionais do país e existe em quase todas
as regiões. É encenado durante muitas épocas
do ano, com ênfase nos meses de junho, julho
e dezembro. É um auto, onde o tema principal
é a morte e ressurreição de um boi
(MASCELANI, 2009,
p. 92.)
100
www.periodicos.uff.br/pragmatizes
- ISSN 2237-1508
Tramas entre cultura e educação")
formando um grande círculo de
pessoas. Sendo assim, dispostos em
roda, tem início a cantoria!
Ao som de violão, os arte
Chico e Pedro
-,
cumprimentam a todo
s: “Bom dia/ bom
dia/ eu cheguei agora/ viemos de
longe/ do mar fora...” Entre uma
cantoria e outra, as letras das músicas
e a viola apresentam conteúdos e
elementos da cultura popular. Nesse
momento o convite para o jogo
teatral, envolvendo os e
spectadores
que se voluntariam, tornando
-
se personagens ao sabor da
O convite é para participar da
encenação do Auto do Bumba
-Meu-
que as crianças assumam
papéis de criaturas com características
folclóricas, de experimentaç
ão diante
de acontecimentos misteriosos e
brenaturais que o enredo do
boi é um auto, onde o
tema principal é a morte e a
ressurreição de um boi. O enredo
básico do bumba
-meu-boi conta a
história de um boi de estimação de
m fazendeiro rico que é morto pelo
é um dos folguedos mais
tradicionais do país e existe em quase todas
as regiões. É encenado durante muitas épocas
do ano, com ênfase nos meses de junho, julho
e dezembro. É um auto, onde o tema principal
é a morte e ressurreição de um boi
p. 92.)
.
CALABRE, Lia; COUTINHO, Rosely. Cultura popular e educação, uma
experiência de visitação ao Museu Casa do Pontal
Revista Latino-
Americana de Estudos em Cultura,
20, p. 90-108, março 2021.
empregado negro, Pai Francisco. Pai
Francisco mata o boi para atender ao
pedido de sua esposa, Catarina, que
está grávida e sente desejo de
comer a língua do animal.
Descoberto como autor do crime, Pai
Francisco confessa
e é levado preso.
Mas, por intermédio da magia
praticada por um curandeiro
indígena, o boi ressuscita, Pai
Francisco é perdoado e tudo termina
bem, dando motivo para os cantos,
as danças e a alegria.
11
Nesse contexto, é evidente o
aporte que o teatro ofere
ce para que
haja o desenvolvimento de habilidades
como a criatividade, memorização e o
improviso, em um processo de
aprendizagem com ludicidade. A peça
ocorre de maneira espontânea e
divertida na narrativa do “boi”, e
diferente do trabalho realizado nas
es
colas com a temática do folclore, por
vezes reduzido a um conteúdo
curricular, nesse momento a
compreensão e a vivência do que é
cultura popular, e que esta vem da arte
e do trabalho de todos.
O diálogo, como prática
presente durante todo o evento, ganh
destaque quando se pretende
apreender a atenção das crianças,
bem como obter a compreensão das
mesmas, a respeito daqueles fazeres.
Indagados sobre que tipo de obras
elas encontrariam no interior do
11
Site
institucional do Museu Casa do Pontal
(2012).
CALABRE, Lia; COUTINHO, Rosely. Cultura popular e educação, uma
experiência de visitação ao Museu Casa do Pontal
. PragMATIZES -
Americana de Estudos em Cultura,
Niterói/RJ, Ano 11, n.
www.periodicos.uff.br/pragmatizes
(Dossiê "
Tramas entre cultura e educação")
empregado negro, Pai Francisco. Pai
Francisco mata o boi para atender ao
pedido de sua esposa, Catarina, que
está grávida e sente desejo de
comer a língua do animal.
Descoberto como autor do crime, Pai
e é levado preso.
Mas, por intermédio da magia
praticada por um curandeiro
indígena, o boi ressuscita, Pai
Francisco é perdoado e tudo termina
bem, dando motivo para os cantos,
11
Nesse contexto, é evidente o
ce para que
haja o desenvolvimento de habilidades
como a criatividade, memorização e o
improviso, em um processo de
aprendizagem com ludicidade. A peça
ocorre de maneira espontânea e
divertida na narrativa do “boi”, e
diferente do trabalho realizado nas
colas com a temática do folclore, por
vezes reduzido a um conteúdo
curricular, nesse momento a
compreensão e a vivência do que é
cultura popular, e que esta vem da arte
O diálogo, como prática
presente durante todo o evento, ganh
a
destaque quando se pretende
apreender a atenção das crianças,
bem como obter a compreensão das
mesmas, a respeito daqueles fazeres.
Indagados sobre que tipo de obras
elas encontrariam no interior do
institucional do Museu Casa do Pontal
museu, e após emitir variadas
opiniões, as crianças con
aprazível definição:
bonequinhos”. E, seguindo a
abordagem, surge uma questão, sobre
“Quem entre as crianças mantinha o
hábito de colecionar e quais seriam os
objetos colecionados?” Diante de
grande interesse e participação,
inúmeras re
spostas revelaram
colecionadores de tampinhas, cartas,
canetinhas, figurinhas, entre outros.
Posto por meio do diálogo, um
importante requisito de preparação
para o início da visita, constata
muitos gostam e preservam suas
coleções.Percebe-
se que:
O
hábito de colecionar presente na
infância mostra que nessa fase há
um grande interesse e valorização
da cultura material. Contudo, é
necessário que as mensagens
contidas nas exposições sejam
atrativas e de fácil compreensão
para qualquer público não
espec
ialista no tema. Logo, os
museus têm o desafio crucial de criar
narrativas que valorizem a cultura
material de forma a construir
conhecimentos e valores de forma
atrativa, que instigue o visitante a
desejar e buscar informações sobre
o tema. (CARVALHO; LOP
2016).
Prosseguindo na descrição da
dinâmica de visitação,quando um
convite para ingressar então na área
interna do museu é feito para a turma,
a linguagem é musical,com ritmos e
101
www.periodicos.uff.br/pragmatizes
- ISSN 2237-1508
Tramas entre cultura e educação")
museu, e após emitir variadas
opiniões, as crianças con
hecem a
aprazível definição:
“coleção de
bonequinhos”. E, seguindo a
abordagem, surge uma questão, sobre
“Quem entre as crianças mantinha o
hábito de colecionar e quais seriam os
objetos colecionados?” Diante de
grande interesse e participação,
spostas revelaram
colecionadores de tampinhas, cartas,
canetinhas, figurinhas, entre outros.
Posto por meio do diálogo, um
importante requisito de preparação
para o início da visita, constata
-se que
muitos gostam e preservam suas
se que:
hábito de colecionar presente na
infância mostra que nessa fase há
um grande interesse e valorização
da cultura material. Contudo, é
necessário que as mensagens
contidas nas exposições sejam
atrativas e de fácil compreensão
para qualquer público não
ialista no tema. Logo, os
museus têm o desafio crucial de criar
narrativas que valorizem a cultura
material de forma a construir
conhecimentos e valores de forma
atrativa, que instigue o visitante a
desejar e buscar informações sobre
o tema. (CARVALHO; LOP
ES,
Prosseguindo na descrição da
dinâmica de visitação,quando um
convite para ingressar então na área
interna do museu é feito para a turma,
a linguagem é musical,com ritmos e
CALABRE, Lia; COUTINHO, Rosely. Cultura popular e educação, uma
experiência de visitação ao Museu Casa do Pontal
Revista Latino-
Americana de Estudos em Cultura,
20, p. 90-108, março 2021.
rimas. Nesse espaço onde se encontra
a exposição permanente, as obras
e
stão dispostas em galerias,
organizadas em setores por temáticas.
Com roteiros que apresentam o artista
e sua obra, os alunos descobrem o
escultor Antônio de Oliveira
1996), que com sua obra conta
histórias de seu “mundo encantado”. O
artesão ganha
destaque, pois
trabalha com madeira, o que gera a
rima, rapidamente assimilada pelo
grupo: “Antônio de Oliveira/
trabalha com madeira/ E quem
trabalha com madeira? / É o Antônio
de Oliveira”. Tais obras despertam
atenção especial, tendo em vista a
r
eação provocada nas crianças ao
contemplá-
las.Nesse caso
presente a relação de potencialidades
presentes no uso da arte educação,
proporcionando uma facilitação da
compreensão dos processos técnicos
empregados pelos artistas, seja na
apropriação da
cerâmica ou no entalhe
da madeira. A ideia é estimular a
12
Antônio de Oliveira (1912-
1996), nasceu em
Minas Gerais. O artista dedicou-
se
prioritariamente a esculpir em madeira.
Entregou-
se com paixão à recriação de cenas
reais ou imaginárias, que compunham o que
chamava de "meu mundo encantado".
institucional do Museu Casa do Pontal.
Disponível em:
http://www.museucasadopontal.com.br/ant%C
3%B4nio-de-
oliveira. Acesso em: 10 j
CALABRE, Lia; COUTINHO, Rosely. Cultura popular e educação, uma
experiência de visitação ao Museu Casa do Pontal
. PragMATIZES -
Americana de Estudos em Cultura,
Niterói/RJ, Ano 11, n.
www.periodicos.uff.br/pragmatizes
(Dossiê "
Tramas entre cultura e educação")
rimas. Nesse espaço onde se encontra
a exposição permanente, as obras
stão dispostas em galerias,
organizadas em setores por temáticas.
Com roteiros que apresentam o artista
e sua obra, os alunos descobrem o
escultor Antônio de Oliveira
12
(1912 -
1996), que com sua obra conta
histórias de seu “mundo encantado”. O
destaque, pois
trabalha com madeira, o que gera a
rima, rapidamente assimilada pelo
grupo: “Antônio de Oliveira/
trabalha com madeira/ E quem
trabalha com madeira? / É o Antônio
de Oliveira”. Tais obras despertam
atenção especial, tendo em vista a
eação provocada nas crianças ao
las.Nesse caso
, se faz
presente a relação de potencialidades
presentes no uso da arte educação,
proporcionando uma facilitação da
compreensão dos processos técnicos
empregados pelos artistas, seja na
cerâmica ou no entalhe
da madeira. A ideia é estimular a
1996), nasceu em
se
prioritariamente a esculpir em madeira.
se com paixão à recriação de cenas
reais ou imaginárias, que compunham o que
chamava de "meu mundo encantado".
Site
institucional do Museu Casa do Pontal.
http://www.museucasadopontal.com.br/ant%C
oliveira. Acesso em: 10 j
an. 2020.
percepção das situações cotidianas
retratadas através das obras, além da
identificação no que diz respeito às
manifestações culturais e
consequentemente aos próprios
costumes ali representados.
Um o
utro ponto alto no
processo interativo da visitação é o da
chegada ao
Tocador de realejo
artista Adalton
Fernandes Lopes
(1938-
2005), que deu som e
movimento ao “boneco”. Os temas
abordados pelos arte educadores
nessa interação entre visitante e obra
são “sorte” ou “azar”,representada pelo
fazer dessa figura muito popular.
O “Tocador de realejo” é uma
mistura de músico de rua e tirador de
sorte, muito comum até poucas
décadas atrás. Anunciando sua
presença através da música do
realejo
uma espécie de
instrumento musical portátil, cuja
sonoridade lembra a do órgão
oferecia-
se para decifrar o futuro de
quem interessava
ajudado por um papagaio. A pessoa
fazia uma pergunta e o papagaio
escolhia a resposta numa caixa de
cartõezinhos colori
13
Adalton Fernandes Lopes (1938
dotado de rica imaginação.
evidenciam a observação perspicaz do
cotidiano e das alegrias da vida mundana.
Obcecado pelo desejo de "dar vida" a seus
personagens, criou engenhocas imensas,
onde cen
tenas de figuras articuladas
movimentam-
se animadamente. Seus
"bonecos" são inconfundíveis e apresentam
uma visão especial da vida urbana.
institucional do Museu Casa do Pontal.
Disponível em:
http://www.museucasadopontal.com.br/pt
br/node/13. Acesso
em: 10 jan. 2020.
102
www.periodicos.uff.br/pragmatizes
- ISSN 2237-1508
Tramas entre cultura e educação")
percepção das situações cotidianas
retratadas através das obras, além da
identificação no que diz respeito às
manifestações culturais e
consequentemente aos próprios
costumes ali representados.
utro ponto alto no
processo interativo da visitação é o da
Tocador de realejo
, do
Fernandes Lopes
13
2005), que deu som e
movimento ao “boneco”. Os temas
abordados pelos arte educadores
nessa interação entre visitante e obra
são “sorte” ou “azar”,representada pelo
fazer dessa figura muito popular.
O “Tocador de realejo” é uma
mistura de músico de rua e tirador de
sorte, muito comum até poucas
décadas atrás. Anunciando sua
presença através da música do
uma espécie de
instrumento musical portátil, cuja
sonoridade lembra a do órgão
-,
se para decifrar o futuro de
quem interessava
-se, no que era
ajudado por um papagaio. A pessoa
fazia uma pergunta e o papagaio
escolhia a resposta numa caixa de
cartõezinhos colori
dos em que
Adalton Fernandes Lopes (1938
-2005) é
dotado de rica imaginação.
Suas obras
evidenciam a observação perspicaz do
cotidiano e das alegrias da vida mundana.
Obcecado pelo desejo de "dar vida" a seus
personagens, criou engenhocas imensas,
tenas de figuras articuladas
se animadamente. Seus
"bonecos" são inconfundíveis e apresentam
uma visão especial da vida urbana.
Site
institucional do Museu Casa do Pontal.
http://www.museucasadopontal.com.br/pt
-
em: 10 jan. 2020.
CALABRE, Lia; COUTINHO, Rosely. Cultura popular e educação, uma
experiência de visitação ao Museu Casa do Pontal
Revista Latino-
Americana de Estudos em Cultura,
20, p. 90-108, março 2021.
estavam escritas as palavras
portadoras da sorte. A melodia do
realejo era produzida pelo
movimento mecânico de um cilindro
dentado, acionado à mão. Ao girar a
manivela, o som animava as ruas e
atraía as pessoas. (MASCELANI,
2009, p. 63).
A pa
rticipação na experiência
de interação com essa obra está
relacionada à questão da
superstição
“sorte” ou “azar”, que são conceitos de
cultura popular. Ainda que não seja um
conteúdo escolar propriamente dito,
essa abordagem favorece o exercício
reflexivo
, pois está ligada ao que “está
por vir”, é alusiva ao futuro. Nesse
caso, todos querem participar, “girar a
manivela” e prever o futuro.
No interessante setor onde
expressam a temática denominada
Ciclo da Vida
15
estão em exposição
obras que mostram uma vis
fases da vida social, do nascimento,
infância, meninice, juventude,
maturidade e velhice. Durante a
14
Atribuição do poder de atrair a sorte ou o
azar a determinados objetos ou atos
(Dicionário Aulete).
15
Este setor oferece uma visão desta dinâmica
social no Brasil, em determinadas regiões e
épocas particulares. Olhando a vida humana
como um ciclo, pensa-
se no que é comum a
todos, sobretudo da vida que transcorre em
sociedade: nascimentos, infância, meninice,
juventude, maturidade e velhice
.
institucional
do Museu Casa do Pontal.
Disponível em:
http://www.museucasadopontal.com.br/pt
br/taxonomy/term/469. Acesso em: 10 jan.
2020.
CALABRE, Lia; COUTINHO, Rosely. Cultura popular e educação, uma
experiência de visitação ao Museu Casa do Pontal
. PragMATIZES -
Americana de Estudos em Cultura,
Niterói/RJ, Ano 11, n.
www.periodicos.uff.br/pragmatizes
(Dossiê "
Tramas entre cultura e educação")
estavam escritas as palavras
portadoras da sorte. A melodia do
realejo era produzida pelo
movimento mecânico de um cilindro
dentado, acionado à mão. Ao girar a
manivela, o som animava as ruas e
atraía as pessoas. (MASCELANI,
rticipação na experiência
de interação com essa obra está
superstição
14
“sorte” ou “azar”, que são conceitos de
cultura popular. Ainda que não seja um
conteúdo escolar propriamente dito,
essa abordagem favorece o exercício
, pois está ligada ao que “está
por vir”, é alusiva ao futuro. Nesse
caso, todos querem participar, “girar a
manivela” e prever o futuro.
No interessante setor onde
expressam a temática denominada
estão em exposição
obras que mostram uma vis
ão das
fases da vida social, do nascimento,
infância, meninice, juventude,
maturidade e velhice. Durante a
Atribuição do poder de atrair a sorte ou o
azar a determinados objetos ou atos
Este setor oferece uma visão desta dinâmica
social no Brasil, em determinadas regiões e
épocas particulares. Olhando a vida humana
se no que é comum a
todos, sobretudo da vida que transcorre em
sociedade: nascimentos, infância, meninice,
.
Site
do Museu Casa do Pontal.
http://www.museucasadopontal.com.br/pt
-
br/taxonomy/term/469. Acesso em: 10 jan.
movimentação percebe
envolvimento e curiosidade por parte
dos alunos, pois as obras estão
dispostas em ordem cronológica, e a
ideia de con
tinuidade conta a história
desde o nascimento a a hora da
derradeira morte. O artista Antônio de
Oliveira, mais uma vez ascende com
seus bonecos na obra denominada
Escada da Vida
, provoca o interesse
das crianças, incita a imaginação. E se
o assunto é br
incadeira tem para quem
quiser, e pode “brincar de roda” e pode
“pular carniça” -
meninos e
Brincadeiras de meninas.
No passeio pelo acervo, a
diversão é garantida assim como vai
se dando uma aproximação aos
elementos da cultura popular. C
hora do Circo.
Com a pergunta feita
“Hoje tem marmelada?” / Tem sim
senhor! /a atração surge na grande
obra que retrata o tema, uma
geringonça, ou seja, uma engenhoca
onde as figuras são articuladas e
movimentam-
se, do artista Adalton, de
onde é dif
ícil desviar a atenção da
garotada. A interação é quase que
instantânea, pois todos querem
comentar com os colegas suas
experiências reais no passeio ao circo,
sobre os tombos do palhaço e os
103
www.periodicos.uff.br/pragmatizes
- ISSN 2237-1508
Tramas entre cultura e educação")
movimentação percebe
-se intenso
envolvimento e curiosidade por parte
dos alunos, pois as obras estão
dispostas em ordem cronológica, e a
tinuidade conta a história
desde o nascimento a a hora da
derradeira morte. O artista Antônio de
Oliveira, mais uma vez ascende com
seus bonecos na obra denominada
, provoca o interesse
das crianças, incita a imaginação. E se
incadeira tem para quem
quiser, e pode “brincar de roda” e pode
Brincadeiras de
Brincadeiras de meninas.
No passeio pelo acervo, a
diversão é garantida assim como vai
se dando uma aproximação aos
elementos da cultura popular. C
hega a
Com a pergunta feita
“Hoje tem marmelada?” / Tem sim
senhor! /a atração surge na grande
obra que retrata o tema, uma
geringonça, ou seja, uma engenhoca
onde as figuras são articuladas e
se, do artista Adalton, de
ícil desviar a atenção da
garotada. A interação é quase que
instantânea, pois todos querem
comentar com os colegas suas
experiências reais no passeio ao circo,
sobre os tombos do palhaço e os
CALABRE, Lia; COUTINHO, Rosely. Cultura popular e educação, uma
experiência de visitação ao Museu Casa do Pontal
Revista Latino-
Americana de Estudos em Cultura,
20, p. 90-108, março 2021.
riscos dos trapezistas. E há também
quem diga “nunca fui ao circ
O conjunto de obras de Vitalino
Pereira dos Santos, o Mestre Vitalino
(1909-
1963) compõe um setor de
destaque na exposição permanente do
Museu Casa do Pontal.O artista criou
e interpretou ao longo de sua vida 118
diferentes temas como: o imaginário
nordestino, a representação de ritos de
passagem (nascimento, casamento e
morte), assuntos relativos ao crime e à
lei, a religião, a seca, a migração, o
trabalho, as profissões, entre outros. A
partir de uma narrativa sobre a vida e
obra do artista, que in
quando era um menino pobre que
acompanhava sua mãe para o trabalho
na feira de Caruaru e, aos seis anos,
modelava boizinhos em barro para
brincar. Diante disso, a identificação
dos alunos com o Mestre é imediata.
A movimentação é constante
durante toda visitação das turmas, não
há monotonia, e o teatro popular de
bonecos com música e bandinha
16
Mestre Vitalino (1909-
1963) criou
narrativa visual expressiva sobre a vida no
campo e nas vilas do nordeste pernambucano.
Realizou esculturas antológicas, como
en
terro na rede; Cavalo marinho; Casal no boi
e muitas outras, de poética irretocável.
institucional do Museu Casa do Pontal.
Disponível em:
http://www.museucasadopontal.com.br/pt
br/node/79. Acesso em: 10 jan. 2020.
CALABRE, Lia; COUTINHO, Rosely. Cultura popular e educação, uma
experiência de visitação ao Museu Casa do Pontal
. PragMATIZES -
Americana de Estudos em Cultura,
Niterói/RJ, Ano 11, n.
www.periodicos.uff.br/pragmatizes
(Dossiê "
Tramas entre cultura e educação")
riscos dos trapezistas. E há também
quem diga “nunca fui ao circ
o!”.
O conjunto de obras de Vitalino
Pereira dos Santos, o Mestre Vitalino
16
1963) compõe um setor de
destaque na exposição permanente do
Museu Casa do Pontal.O artista criou
e interpretou ao longo de sua vida 118
diferentes temas como: o imaginário
nordestino, a representação de ritos de
passagem (nascimento, casamento e
morte), assuntos relativos ao crime e à
lei, a religião, a seca, a migração, o
trabalho, as profissões, entre outros. A
partir de uma narrativa sobre a vida e
obra do artista, que in
icia ainda
quando era um menino pobre que
acompanhava sua mãe para o trabalho
na feira de Caruaru e, aos seis anos,
modelava boizinhos em barro para
brincar. Diante disso, a identificação
dos alunos com o Mestre é imediata.
A movimentação é constante
durante toda visitação das turmas, não
há monotonia, e o teatro popular de
bonecos com música e bandinha
1963) criou
uma
narrativa visual expressiva sobre a vida no
campo e nas vilas do nordeste pernambucano.
Realizou esculturas antológicas, como
O
terro na rede; Cavalo marinho; Casal no boi
e muitas outras, de poética irretocável.
Site
institucional do Museu Casa do Pontal.
http://www.museucasadopontal.com.br/pt
-
br/node/79. Acesso em: 10 jan. 2020.
propõe mais participação. Baseado na
cantiga popular
O Cravo brigou com a
Rosa”
esse momento arranca muitas
risadas. De improviso, o teatro de
mamulen
gos estimula a oralidade e a
criatividade dos meninos e meninas,
além de proporcionar um processo de
organização lógica de ideias para
determinar o rumo da história, que
tudo é feito na base do improviso.
E quando a visita está prestes a
terminar? Ness
a cultura, “tudo acaba
em samba!” Diante da obra
escolas de samba,
do artista Adalton,
o grupo interage, participa, se
expressa. O escritor Rubem Alves
(1933-
2014) traduz bem esses
momentos de ativamento dessa
memória auditiva:
O mundo está chei
os sons que não existem mais, que
estão perdidos na memória. A
música do realejo, o canto do carro
de bois, o apito das fábricas, das
locomotivas, o din
canto dos galos, o repicar fúnebre
dos sinos, a gaita do sorveteiro,
buzina das charretes... Parece que a
poesia fica guardada nos sons que
não mais se ouvem. [...] também
os sons da cidade [...] E os sons
da natureza [...] A primeira poesia
que se ouve é uma canção de ninar.
Depois, é a música do mundo...
(ALVES, 2018).
Contribuição das experiências
interface entre cultura e educação
Mas afinal, o que levar em
consideração, como fatores positivos,
104
www.periodicos.uff.br/pragmatizes
- ISSN 2237-1508
Tramas entre cultura e educação")
propõe mais participação. Baseado na
O Cravo brigou com a
esse momento arranca muitas
risadas. De improviso, o teatro de
gos estimula a oralidade e a
criatividade dos meninos e meninas,
além de proporcionar um processo de
organização lógica de ideias para
determinar o rumo da história, que
tudo é feito na base do improviso.
E quando a visita está prestes a
a cultura, “tudo acaba
em samba!” Diante da obra
Desfile de
do artista Adalton,
o grupo interage, participa, se
expressa. O escritor Rubem Alves
2014) traduz bem esses
momentos de ativamento dessa
O mundo está chei
o de música.
os sons que não existem mais, que
estão perdidos na memória. A
música do realejo, o canto do carro
de bois, o apito das fábricas, das
locomotivas, o din
-din dos bondes, o
canto dos galos, o repicar fúnebre
dos sinos, a gaita do sorveteiro,
a
buzina das charretes... Parece que a
poesia fica guardada nos sons que
não mais se ouvem. [...] também
os sons da cidade [...] E os sons
da natureza [...] A primeira poesia
que se ouve é uma canção de ninar.
Depois, é a música do mundo...
Contribuição das experiências
– a
interface entre cultura e educação
Mas afinal, o que levar em
consideração, como fatores positivos,
CALABRE, Lia; COUTINHO, Rosely. Cultura popular e educação, uma
experiência de visitação ao Museu Casa do Pontal
Revista Latino-
Americana de Estudos em Cultura,
20, p. 90-108, março 2021.
do encontro entre a cultura popular e
grupos de alunos de escolas do ensino
regular? O
espaço oferecido para tal
experiência?A possibilidade de sair da
escola e passear? Vamos tecer
algumas considerações a respeito
desse relato.
O acompanhamento e
observação de todo o processo de
visitação das turmas regulares de
ensino nos revela que este
evento dinâmico com alto potencial
participativo. Durante todo o evento
ocorrem inúmeros questionamentos e
colocações orais dos alunos que nos
permitem perceber, claramente, o
interesse e o grau de interação dos
mesmos em relação às obras
apreciadas
no museu. Tal
comunicação entre as crianças e os
profissionais de arte educação da
instituição, permite que essa
experiência de educação não formal
se transforme em momentos
intensa aprendizagem, prazer e
deleite. A ludicidade das atividades,
aliada à v
isualização de atividades que
muitas vezes ainda integram a rotina
ou trazem um dado de realidade às
narrativas memorialistas do ambiente
familiar tecem elos de identidade e
pertencimento. É importante retomar
CALABRE, Lia; COUTINHO, Rosely. Cultura popular e educação, uma
experiência de visitação ao Museu Casa do Pontal
. PragMATIZES -
Americana de Estudos em Cultura,
Niterói/RJ, Ano 11, n.
www.periodicos.uff.br/pragmatizes
(Dossiê "
Tramas entre cultura e educação")
do encontro entre a cultura popular e
grupos de alunos de escolas do ensino
espaço oferecido para tal
experiência?A possibilidade de sair da
escola e passear? Vamos tecer
algumas considerações a respeito
O acompanhamento e
observação de todo o processo de
visitação das turmas regulares de
ensino nos revela que este
é um
evento dinâmico com alto potencial
participativo. Durante todo o evento
ocorrem inúmeros questionamentos e
colocações orais dos alunos que nos
permitem perceber, claramente, o
interesse e o grau de interação dos
mesmos em relação às obras
no museu. Tal
comunicação entre as crianças e os
profissionais de arte educação da
instituição, permite que essa
experiência de educação não formal
se transforme em momentos
de
intensa aprendizagem, prazer e
deleite. A ludicidade das atividades,
isualização de atividades que
muitas vezes ainda integram a rotina
ou trazem um dado de realidade às
narrativas memorialistas do ambiente
familiar tecem elos de identidade e
pertencimento. É importante retomar
aqui o fato de que as experiências
vivenciadas
e aqui rapidamente
apresentadas foram de
turmas de alunos regulares e com a
presença da professora regente e de
algumas responsáveis de alunos.
Devemos ainda acrescentar que
muitas dessas crianças são de famílias
com origem nordestina e, muita
vezes, rural. Através do Museu e dos
artistas ali presentes os alunos têm
uma pequena amostra da importância
e da diversidade da cultura brasileira,
com uma ênfase na valorização dos
fazeres e saberes das culturas
populares.
Tendo em vista que, ao
contr
ário de supor que o ambiente
museal pudesse determinar um
comportamento formal por parte das
crianças, o que se observou foi um
protagonismo infantil, espontâneo,
durante as explicações e
brincadeiras.O ambiente, apesar de
desconhecido, a partir das ativid
da arte educação em uma perspectiva
de facilitação da apropriação do
conteúdo torna-
se estimulador da
participação. Vale lembrar, que o
movimento de incentivo para que as
atividades e experiências educacionais
ultrapassem os muros da escola,
105
www.periodicos.uff.br/pragmatizes
- ISSN 2237-1508
Tramas entre cultura e educação")
aqui o fato de que as experiências
e aqui rapidamente
apresentadas foram de
visitas com
turmas de alunos regulares e com a
presença da professora regente e de
algumas responsáveis de alunos.
Devemos ainda acrescentar que
muitas dessas crianças são de famílias
com origem nordestina e, muita
s
vezes, rural. Através do Museu e dos
artistas ali presentes os alunos têm
uma pequena amostra da importância
e da diversidade da cultura brasileira,
com uma ênfase na valorização dos
fazeres e saberes das culturas
Tendo em vista que, ao
ário de supor que o ambiente
museal pudesse determinar um
comportamento formal por parte das
crianças, o que se observou foi um
protagonismo infantil, espontâneo,
durante as explicações e
brincadeiras.O ambiente, apesar de
desconhecido, a partir das ativid
ades
da arte educação em uma perspectiva
de facilitação da apropriação do
se estimulador da
participação. Vale lembrar, que o
movimento de incentivo para que as
atividades e experiências educacionais
ultrapassem os muros da escola,
CALABRE, Lia; COUTINHO, Rosely. Cultura popular e educação, uma
experiência de visitação ao Museu Casa do Pontal
Revista Latino-
Americana de Estudos em Cultura,
20, p. 90-108, março 2021.
ocupando
novos lugares e ambientes,
tem o potencial de gerar
processos de
enriquecimento cultural que transpõe
práticas tradicionais escolarizadas.
As visitas ao Museu, em todas
as turmas acompanhadas, puderam
ser desdobradas em inúmeras
atividades realizadas post
em sala de aula. Processo de
memorização de cantigas, atividades
com desenhos e técnicas de
moldagem de barro, reedição das
brincadeiras, são algumas das
atividades que puderam ser
trabalhadas em sala de aula após a
visitação. Em algumas das vis
responsáveis que acompanhavam a
visita não se contiveram e deram seus
testemunhos sobre formas dos fazeres
ali representados nos “bonequinhos de
Vitalino”, ou sobre as variações das
brincadeiras nas suas localidades de
origem, contribuindo, de algu
maneira, para a valorização e o
reconhecimento das crianças naquelas
memórias dos migrantes
desterritorializados e subalternizados.
Certamente, a identificação
autêntica dos meninos e meninas com
a cultura popular brasileira, a própria
cultura, exposta
no Museu Casa do
Pontal, serve como comprovação dos
CALABRE, Lia; COUTINHO, Rosely. Cultura popular e educação, uma
experiência de visitação ao Museu Casa do Pontal
. PragMATIZES -
Americana de Estudos em Cultura,
Niterói/RJ, Ano 11, n.
www.periodicos.uff.br/pragmatizes
(Dossiê "
Tramas entre cultura e educação")
novos lugares e ambientes,
processos de
enriquecimento cultural que transpõe
m
práticas tradicionais escolarizadas.
As visitas ao Museu, em todas
as turmas acompanhadas, puderam
ser desdobradas em inúmeras
atividades realizadas post
eriormente
em sala de aula. Processo de
memorização de cantigas, atividades
com desenhos e técnicas de
moldagem de barro, reedição das
brincadeiras, são algumas das
atividades que puderam ser
trabalhadas em sala de aula após a
visitação. Em algumas das vis
itas os
responsáveis que acompanhavam a
visita não se contiveram e deram seus
testemunhos sobre formas dos fazeres
ali representados nos “bonequinhos de
Vitalino”, ou sobre as variações das
brincadeiras nas suas localidades de
origem, contribuindo, de algu
ma
maneira, para a valorização e o
reconhecimento das crianças naquelas
memórias dos migrantes
desterritorializados e subalternizados.
Certamente, a identificação
autêntica dos meninos e meninas com
a cultura popular brasileira, a própria
no Museu Casa do
Pontal, serve como comprovação dos
resultados positivos em relação aos
conceitos de educação museal
adotados pela instituição. O teatro, as
músicas, brincadeiras e o diálogo
nesse ambiente são recursos de um
processo inovador, para além d
educação formal, na direção da
transformação da sociedade e suas
relações.
Referências bibliográficas
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A educação dos
sentidos
: conversas sobre a
aprendizagem e a vida. São Paulo:
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de 2009. Institui o Estatuto de Museus,
e dá outras providências.
da União
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Disponível em:
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_At
o2007-
2010/2009/Lei/L11904.htm.
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2016. Disponível em:
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sci_arttext&pid=S2175
62362016000300911#B7. Acesso em
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146, 2004. Disponível em:
https://www.museus.gov.br/wp
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/uploads/2011/04/Musas1.pdf
Acesso em: 4 jun. 2019.
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O seminário regional
da Unesco sobre a função educativa
106
www.periodicos.uff.br/pragmatizes
- ISSN 2237-1508
Tramas entre cultura e educação")
resultados positivos em relação aos
conceitos de educação museal
adotados pela instituição. O teatro, as
músicas, brincadeiras e o diálogo
nesse ambiente são recursos de um
processo inovador, para além d
a
educação formal, na direção da
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Quem educa no Templo das
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Reflexões e caminhos ao
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Departamento de Arquitectura,
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educação em museus
. 2016.
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Nacional
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Quem educa no Templo das
Reflexões e caminhos ao
pensar a formação dos educadores em
2010. Dissertação (Mestrado)
Universidade Lusófona de
Humanidades e Tecnologias;
Departamento de Arquitectura,
Urbanismo, Geografia e Artes, Lisboa,
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