GUERREIRO, João; REIS, Luísa. Porto, praça e palco: as ruas da cidade
como espaços de educação. PragMATIZES -
Estudos em Cultura, Niterói/RJ, Ano 11, n. 20
expressão e comunicação. A
representação ativa e integra
processos individuais, possibilitando
a ampliação do conhecimento da
realidade. (KOUDELA, 2009, p. 78)
A ideia de que o teatro é um
humanos e que ao professor cabe o
papel de potencializador do aluno
aparece também em Boal:
O Teatro do Oprimido
suas formas, busca sempre a
transformação da sociedade no
sentido da libertação dos oprimidos.
É ação em si mesmo, e é pr
para ações futuras. “Não basta
interpretar a realidade: é necessário
transformá-la!” –
admirável simplicidade. (BOAL,
2010, p. 19)
As reflexões de Boal, que
apontam o teatro como forma de
emancipação do ser humano,
encontram as de
a emancipação do sujeito pela
educação:
Por isso mesmo pensar certo coloca
ao professor ou, mais amplamente, à
escola, o dever de não só respeitar
os saberes com que os educandos,
sobretudo os das classes populares,
chegam a ela – s
construídos na prática comunitária
mas também, como há mais de trinta
anos venho sugerindo, discutir com
os alunos a razão de ser de alguns
desses saberes em relação com o
ensino dos conteúdos.(...)Por que
não discutir com os alunos a
realidade concreta a que se deva
associar a disciplina cujo conteúdo
se ensina, a realidade agressiva em
que a violência é a constante e a
convivência das pessoas é muito
maior com a morte do que com a
vida? (FREIRE, 1998, p.33)
GUERREIRO, João; REIS, Luísa. Porto, praça e palco: as ruas da cidade
-Americana de
28-50, março 2021.
www.periodicos.uff.br/pragmatizes
(Dossiê "
Tramas entre cultura e educação")
expressão e comunicação. A
representação ativa e integra
processos individuais, possibilitando
a ampliação do conhecimento da
realidade. (KOUDELA, 2009, p. 78)
A ideia de que o teatro é um
os seres
humanos e que ao professor cabe o
papel de potencializador do aluno
suas formas, busca sempre a
transformação da sociedade no
sentido da libertação dos oprimidos.
É ação em si mesmo, e é pr
eparação
para ações futuras. “Não basta
interpretar a realidade: é necessário
admirável simplicidade. (BOAL,
As reflexões de Boal, que
apontam o teatro como forma de
emancipação do ser humano,
a emancipação do sujeito pela
Por isso mesmo pensar certo coloca
ao professor ou, mais amplamente, à
escola, o dever de não só respeitar
os saberes com que os educandos,
sobretudo os das classes populares,
construídos na prática comunitária
–
mas também, como há mais de trinta
anos venho sugerindo, discutir com
os alunos a razão de ser de alguns
desses saberes em relação com o
ensino dos conteúdos.(...)Por que
não discutir com os alunos a
realidade concreta a que se deva
associar a disciplina cujo conteúdo
se ensina, a realidade agressiva em
que a violência é a constante e a
convivência das pessoas é muito
maior com a morte do que com a
vida? (FREIRE, 1998, p.33)
Dessa forma, os alunos e s
produção artística, intelectual e cultural
aparecem como sujeitos ativos. Como
aponta Marina Henriques Coutinho em
seu livro
personagem
, no qual faz uma análise
das políticas sociais e culturais
implementadas em comunidades ao
long
o das últimas décadas, “(...) a
noção de participação foi adotada
pelas políticas desenvolvimentistas,
mas, em muitos casos, serviu mais
como um discurso conivente; bem
longe da práxis
acreditava Paulo Freire.” (COUTINHO,
beneficiados pelos programas sociais
como manequins em vitrines, tal qual
as alterações urbanas que abordamos
no início desse artigo, essas políticas
contribuem mais para manter a ordem
vigente do que para questioná
defendida pelos dois brasileiros [Boal
e Freire] depende das intenções do
“projeto”. E elas podem variar:
algumas comprometidas com a
verdadeira interação entre as
pessoas, o questionamento da
realidade e a necessidade de
mudança; outras, fruto de a
mais ocultas, servindo como
instrumento para objetivos ilusórios e
sem qualquer impacto na vida das
pessoas. (COUTINHO, 2012, p.136)
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www.periodicos.uff.br/pragmatizes
- ISSN 2237-1508
Tramas entre cultura e educação")
Dessa forma, os alunos e s
ua
produção artística, intelectual e cultural
aparecem como sujeitos ativos. Como
aponta Marina Henriques Coutinho em
, no qual faz uma análise
das políticas sociais e culturais
implementadas em comunidades ao
o das últimas décadas, “(...) a
noção de participação foi adotada
pelas políticas desenvolvimentistas,
mas, em muitos casos, serviu mais
como um discurso conivente; bem
acreditava Paulo Freire.” (COUTINHO,
Tomando os
beneficiados pelos programas sociais
como manequins em vitrines, tal qual
as alterações urbanas que abordamos
no início desse artigo, essas políticas
contribuem mais para manter a ordem
vigente do que para questioná
-la:
lítica
defendida pelos dois brasileiros [Boal
e Freire] depende das intenções do
“projeto”. E elas podem variar:
algumas comprometidas com a
verdadeira interação entre as
pessoas, o questionamento da
realidade e a necessidade de
mudança; outras, fruto de a
gendas
mais ocultas, servindo como
instrumento para objetivos ilusórios e
sem qualquer impacto na vida das
pessoas. (COUTINHO, 2012, p.136)