PASSOS, Pâmella; SOUZA, Pedro; SILVA, Sandrine B. da. Fazendo ouvir
cantos de alegria e soluçar de dor: a visita à Pequena África como uma
prática educacional antirracista.
Americana de Estudos em Cultura,
descrito acima, e como a recente
revitalização da área só foi possível
pelos investimentos dos grandes
eventos realizados no Rio de Jane
a Copa do Mundo, em 2014 e as
Olimpíadas, em 2016. Inclusive, a
redescoberta do Cais do Valongo/da
Imperatriz ocorreu neste cenário.
Apesar do conhecimento teórico sobre
tal localidade, não se sabia sua
localização geográfica. Tal fato só foi
possível
com as obras na região. Hoje,
o Cais é aberto à visitação 24 horas
por dia, e foi eleito pela UNESCO, em
2017, como Patrimônio Mundial, fato
que o coloca, segundo o órgão
mundial, no mesmo patamar histórico
e memorialístico que o campo de
concentração de
Polônia
7
. Ou seja, o Cais é um local
onde pudemos ouvir o ecoar de
soluços de dor de negros e negras
sequestrados de suas raízes e
escravizados já deste lado do
Atlântico.
Durante a visita foi possível
mostrar aos estudantes o local onde
mil
hares de negros, que seriam
escravizados, desembarcaram no
7
Disponível em:
https://brasil.elpais.com/brasil/2017/07/09/politi
ca/1499625756_209
jul. 2020.
PASSOS, Pâmella; SOUZA, Pedro; SILVA, Sandrine B. da. Fazendo ouvir
cantos de alegria e soluçar de dor: a visita à Pequena África como uma
- Revista Latino-
1, n. 20, p. 69-89,
www.periodicos.uff.br/pragmatizes
(Dossiê "Tramas entre cultura e educação")
descrito acima, e como a recente
revitalização da área só foi possível
pelos investimentos dos grandes
eventos realizados no Rio de Jane
iro:
a Copa do Mundo, em 2014 e as
Olimpíadas, em 2016. Inclusive, a
redescoberta do Cais do Valongo/da
Imperatriz ocorreu neste cenário.
Apesar do conhecimento teórico sobre
tal localidade, não se sabia sua
localização geográfica. Tal fato só foi
com as obras na região. Hoje,
o Cais é aberto à visitação 24 horas
por dia, e foi eleito pela UNESCO, em
2017, como Patrimônio Mundial, fato
que o coloca, segundo o órgão
mundial, no mesmo patamar histórico
e memorialístico que o campo de
. Ou seja, o Cais é um local
onde pudemos ouvir o ecoar de
soluços de dor de negros e negras
sequestrados de suas raízes e
escravizados já deste lado do
Durante a visita foi possível
mostrar aos estudantes o local onde
hares de negros, que seriam
escravizados, desembarcaram no
https://brasil.elpais.com/brasil/2017/07/09/politi
Brasil. E como, com a vinda da
Imperatriz Teresa Cristina em 1843, o
Cais foi reformado, e ressignificado,
para recebê-
hoje na localidade, dentre as três
o espaço, os grilhões onde os
escravizados eram presos no processo
de desembarque.
Após este ponto levamos os
estudantes para a Pedra do Sal, local
onde podemos ouvir os cantos de
alegria do povo negro. Importante
lugar de memória que ainda
marca a vida cultural do Rio de
Janeiro, berço do Samba e do Choro.
A Pedra do Sal foi um momento de
reflexão sobre a vida cultural das
negras e negros, um debate sobre a
religiosidade e sua ligação com a
cultura, onde expusemos sobre as
famosas tias
famosa delas, a Tia Ciata
relação com a Cultura Negra.
8
Hilária Batista de Almeida, mais conhecida
como Tia Ciata, nasceu na Bahia, em 1854,
mas foi no Rio de Janeiro que ganhou fama.
Mãe-de-
Santo em um terreiro na Praça Onze,
onde vários composições e compositores
foram cria
dos. Seu terreiro pode ser
considerado, também, como berço do Samba.
Faleceu no Rio de Janeiro em 1924. Mais
sobre Tia Ciata: MOURA, Roberto.
a Pequena África no Rio de Janeiro
de Janeiro: Secretaria Municipal de Cultura,
1995.
84
www.periodicos.uff.br/pragmatizes
- ISSN 2237-1508
(Dossiê "Tramas entre cultura e educação")
Brasil. E como, com a vinda da
Imperatriz Teresa Cristina em 1843, o
Cais foi reformado, e ressignificado,
-se ainda
hoje na localidade, dentre as três
o que compõem
o espaço, os grilhões onde os
escravizados eram presos no processo
Após este ponto levamos os
estudantes para a Pedra do Sal, local
onde podemos ouvir os cantos de
alegria do povo negro. Importante
lugar de memória que ainda
hoje
marca a vida cultural do Rio de
Janeiro, berço do Samba e do Choro.
A Pedra do Sal foi um momento de
reflexão sobre a vida cultural das
negras e negros, um debate sobre a
religiosidade e sua ligação com a
cultura, onde expusemos sobre as
famosa delas, a Tia Ciata
8
e sua
relação com a Cultura Negra.
Hilária Batista de Almeida, mais conhecida
como Tia Ciata, nasceu na Bahia, em 1854,
mas foi no Rio de Janeiro que ganhou fama.
Santo em um terreiro na Praça Onze,
onde vários composições e compositores
dos. Seu terreiro pode ser
considerado, também, como berço do Samba.
Faleceu no Rio de Janeiro em 1924. Mais
sobre Tia Ciata: MOURA, Roberto.
Tia Ciata e
a Pequena África no Rio de Janeiro
. 2ª ed. Rio
de Janeiro: Secretaria Municipal de Cultura,