MACHADO, Maria Cláudia de J.; YOKOTA, Rosa. Geopolítica, identidade
cultural e a língua espanhola no contexto brasileiro
Revista Latino-
Americana de Estudos em Cultura,
20, p. 386-405, março 2021.
Geopolítica, identidade cultural e a língua espanhola no contexto brasileiro
DOI:
https://doi.org/10.22409/pragmatizes.v11i20.
Resumo: Neste trabalho,busca-
se refletir sobre a relação entre questões geopolíticas e identitárias e
a língua espanhola no contexto brasileiro, bem como mostrar como o entrelaçamento destes
elementos pode ser tratado nasala de aula sob uma perspectiva int
língua, fomentar o conhecimento de história da América Ibérica e promover a aproximação do aluno
brasileiro ao universo dos povos vizinhos.Para tanto, apoiamo
associamos às relações de pod
atribuído às línguas. Defendemos que a abordagem destes componentes na sala de aula sensibiliza
o aluno e o faz entender que o estudo de uma língua estrangeira deve transcender ideologias e
contr
ibuir para aproximar culturas,olhar para o mundo sob diferentes perspectivas e evoluir como ser
humano.
Palavras-chave:
Geopolítica; identidade cultural;
Geopolítica, identidad cultural y la lengua
Resumen:
En este trabajo, buscamos reflexionar sobre la relación entre las cuestiones geopolíticas e
identitarias y la lengua española en el contexto brasileño, además de mostrar como el
entrelazamiento de estos elementos
intercultural con el objetivo de enseñar. el idioma, fomentar el conocimiento de la historia de
Iberoamérica y promover el acercamiento del estudiante brasileño al universo de los pueblos vecinos.
Para
para mostrar cómo influyen en el grado de importancia atribuido a las lenguas. Argumentamos que el
abordaje de estos componentes en el aula sensibiliza al alumno y
de una lengua extranjera debe trascender las ideologías y contribuir a acercar las culturas, mirar el
mundo desde diferentes perspectivas y evolucionar como ser humano.
Palabras clave:
Geopolítica; identidad cultural; com
1
Maria Cláudia de Jesus Machado. Doutoranda em Letras pela Universidade Federal de São Carlos,
Brasil. E-
mail: afamariaclaudia@outlook.com
2
Rosa Yokota. Doutora em Letras. Professora da Universidade Federal de São Carlos, Brasil. E
rosayokota@yahoo.com -
https://orcid.org/0000
Texto recebido em 05/10/20
20,
MACHADO, Maria Cláudia de J.; YOKOTA, Rosa. Geopolítica, identidade
cultural e a língua espanhola no contexto brasileiro
. PragMATIZES -
Americana de Estudos em Cultura,
Niterói/RJ, Ano 11, n.
www.periodicos.uff.br/pragmatizes
Geopolítica, identidade cultural e a língua espanhola no contexto brasileiro
https://doi.org/10.22409/pragmatizes.v11i20.
46446
Maria Cláudia de Jesus Machado
se refletir sobre a relação entre questões geopolíticas e identitárias e
a língua espanhola no contexto brasileiro, bem como mostrar como o entrelaçamento destes
elementos pode ser tratado nasala de aula sob uma perspectiva int
ercultural objetivando ensinar a
língua, fomentar o conhecimento de história da América Ibérica e promover a aproximação do aluno
brasileiro ao universo dos povos vizinhos.Para tanto, apoiamo
-
nos no conceito de geopolítica e o
associamos às relações de pod
er para mostrar como estas influenciam o grau de importância
atribuído às línguas. Defendemos que a abordagem destes componentes na sala de aula sensibiliza
o aluno e o faz entender que o estudo de uma língua estrangeira deve transcender ideologias e
ibuir para aproximar culturas,olhar para o mundo sob diferentes perspectivas e evoluir como ser
Geopolítica; identidade cultural;
comunicação intercultural; l
íngua espanhola; Brasil.
Geopolítica, identidad cultural y la lengua
española en el contexto brasileño
En este trabajo, buscamos reflexionar sobre la relación entre las cuestiones geopolíticas e
identitarias y la lengua española en el contexto brasileño, además de mostrar como el
entrelazamiento de estos elementos
pueden ser tratados en el aula desde una perspectiva
intercultural con el objetivo de enseñar. el idioma, fomentar el conocimiento de la historia de
Iberoamérica y promover el acercamiento del estudiante brasileño al universo de los pueblos vecinos.
ello, nos apoyamos en el concepto de geopolítica y lo asociamos con las relaciones de poder
para mostrar cómo influyen en el grado de importancia atribuido a las lenguas. Argumentamos que el
abordaje de estos componentes en el aula sensibiliza al alumno y
le hace comprender que el estudio
de una lengua extranjera debe trascender las ideologías y contribuir a acercar las culturas, mirar el
mundo desde diferentes perspectivas y evolucionar como ser humano.
Geopolítica; identidad cultural; com
unicación intercultural; lengua española; Brasil.
Maria Cláudia de Jesus Machado. Doutoranda em Letras pela Universidade Federal de São Carlos,
mail: afamariaclaudia@outlook.com
- https://orcid.org/0000-0002-3220-
4732
Rosa Yokota. Doutora em Letras. Professora da Universidade Federal de São Carlos, Brasil. E
https://orcid.org/0000
-0002-1672-1430
20,
aceito para pu
blicação em 24/11/2020 e disponibilizado online
em 01/03/2021.
386
www.periodicos.uff.br/pragmatizes
- ISSN 2237-1508
(Ensaio)
Geopolítica, identidade cultural e a língua espanhola no contexto brasileiro
Maria Cláudia de Jesus Machado
1
Rosa Yokota
2
se refletir sobre a relação entre questões geopolíticas e identitárias e
a língua espanhola no contexto brasileiro, bem como mostrar como o entrelaçamento destes
ercultural objetivando ensinar a
língua, fomentar o conhecimento de história da América Ibérica e promover a aproximação do aluno
nos no conceito de geopolítica e o
er para mostrar como estas influenciam o grau de importância
atribuído às línguas. Defendemos que a abordagem destes componentes na sala de aula sensibiliza
o aluno e o faz entender que o estudo de uma língua estrangeira deve transcender ideologias e
ibuir para aproximar culturas,olhar para o mundo sob diferentes perspectivas e evoluir como ser
íngua espanhola; Brasil.
española en el contexto brasileño
En este trabajo, buscamos reflexionar sobre la relación entre las cuestiones geopolíticas e
identitarias y la lengua española en el contexto brasileño, además de mostrar como el
pueden ser tratados en el aula desde una perspectiva
intercultural con el objetivo de enseñar. el idioma, fomentar el conocimiento de la historia de
Iberoamérica y promover el acercamiento del estudiante brasileño al universo de los pueblos vecinos.
ello, nos apoyamos en el concepto de geopolítica y lo asociamos con las relaciones de poder
para mostrar cómo influyen en el grado de importancia atribuido a las lenguas. Argumentamos que el
le hace comprender que el estudio
de una lengua extranjera debe trascender las ideologías y contribuir a acercar las culturas, mirar el
unicación intercultural; lengua española; Brasil.
Maria Cláudia de Jesus Machado. Doutoranda em Letras pela Universidade Federal de São Carlos,
4732
Rosa Yokota. Doutora em Letras. Professora da Universidade Federal de São Carlos, Brasil. E
-mail:
blicação em 24/11/2020 e disponibilizado online
MACHADO, Maria Cláudia de J.; YOKOTA, Rosa. Geopolítica, identidade
cultural e a língua espanhola no contexto brasileiro
Revista Latino-
Americana de Estudos em Cultura,
20, p. 386-405, março 2021.
Geopolitics, cultural identity and the Spanish language in the Brazilian context
Abstract:
This paper seeks to reflect on the relationship between geopolitical and identity issues and
the Spanish language
in the Brazilian context, as well as to showhow the intertwining of these
elements can be treated in the Spanish language class from an intercultural perspective aiming, at the
same time, to teach the language, foster the knowledge of the history of Iberi
the approximation of the Brazilian student to the universe of neighboring peoples. To this end, we rely
on the concept of geopolitics and associate it with power relations to show how they influence the
degree of importance attribute
d to languages. We argue that the approach of these components in the
classroom sensitizes the student and makes him understand that the study of a foreign language must
transcend ideologies and contribute to bringing cultures together, looking at the worl
perspectives and evolving as a human being.
Keywords:
Geopolitics; cultural identity; intercultural communication; Spanish language; Brazil.
Geopolítica, identidade cultural e a língua espanhola no contexto brasileiro
Introdução
No presente trabalho
destacar o entrelaçamento entre
questões geopolíticas, identitárias e a
presença da língua espanhola no
contexto brasileiro, uma vez que tanto
o Brasil quanto os países hispano
falantes foram colonizados por povos
ibéricos e compartilham, em muito
aspectos, características adquiridas ao
longo e após o processo de
colonização. No que tange ao ensino
de língua estrangeira no contexto
brasileiro, as questões geopolíticas e
identitárias acabam interferindo no
grau de importância atribuído às
línguas e
na sua escolha para compor
a grade curricular dos cursos nas
instituições de ensino. Desse modo, a
escolha o gira em torno apenas do
MACHADO, Maria Cláudia de J.; YOKOTA, Rosa. Geopolítica, identidade
cultural e a língua espanhola no contexto brasileiro
. PragMATIZES -
Americana de Estudos em Cultura,
Niterói/RJ, Ano 11, n.
www.periodicos.uff.br/pragmatizes
Geopolitics, cultural identity and the Spanish language in the Brazilian context
This paper seeks to reflect on the relationship between geopolitical and identity issues and
in the Brazilian context, as well as to showhow the intertwining of these
elements can be treated in the Spanish language class from an intercultural perspective aiming, at the
same time, to teach the language, foster the knowledge of the history of Iberi
an America and promote
the approximation of the Brazilian student to the universe of neighboring peoples. To this end, we rely
on the concept of geopolitics and associate it with power relations to show how they influence the
d to languages. We argue that the approach of these components in the
classroom sensitizes the student and makes him understand that the study of a foreign language must
transcend ideologies and contribute to bringing cultures together, looking at the worl
perspectives and evolving as a human being.
Geopolitics; cultural identity; intercultural communication; Spanish language; Brazil.
Geopolítica, identidade cultural e a língua espanhola no contexto brasileiro
No presente trabalho
buscamos
destacar o entrelaçamento entre
questões geopolíticas, identitárias e a
presença da língua espanhola no
contexto brasileiro, uma vez que tanto
o Brasil quanto os países hispano
-
falantes foram colonizados por povos
ibéricos e compartilham, em muito
s
aspectos, características adquiridas ao
longo e após o processo de
colonização. No que tange ao ensino
de língua estrangeira no contexto
brasileiro, as questões geopolíticas e
identitárias acabam interferindo no
grau de importância atribuído às
na sua escolha para compor
a grade curricular dos cursos nas
instituições de ensino. Desse modo, a
escolha o gira em torno apenas do
fator instrumental, ou seja, de sua
finalidade comunicativa.
Iniciamos este trabalho
abordando
alguns fatores
geopolítico, histórico e social
compartilhados que acabaram
incutindo
nos povos ibero
traços culturais comuns ou, até
mesmo, uma tênue confluência de
identidades, visto que, apesar da
proximidade geográfica, social e
histórica, nota-
se que a re
está plenamente integrada, unida,
interdependente, com convergência de
interesses e objetivos, e confiança
recíproca. Posteriormente, vinculado
às questões identitárias, tratamos as
representações socioculturais do outro
e propomos o diálogo inter
como forma de aproximação entre o
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- ISSN 2237-1508
(Ensaio)
Geopolitics, cultural identity and the Spanish language in the Brazilian context
This paper seeks to reflect on the relationship between geopolitical and identity issues and
in the Brazilian context, as well as to showhow the intertwining of these
elements can be treated in the Spanish language class from an intercultural perspective aiming, at the
an America and promote
the approximation of the Brazilian student to the universe of neighboring peoples. To this end, we rely
on the concept of geopolitics and associate it with power relations to show how they influence the
d to languages. We argue that the approach of these components in the
classroom sensitizes the student and makes him understand that the study of a foreign language must
transcend ideologies and contribute to bringing cultures together, looking at the worl
d from different
Geopolitics; cultural identity; intercultural communication; Spanish language; Brazil.
Geopolítica, identidade cultural e a língua espanhola no contexto brasileiro
fator instrumental, ou seja, de sua
finalidade comunicativa.
Iniciamos este trabalho
alguns fatores
de caráter
geopolítico, histórico e social
compartilhados que acabaram
nos povos ibero
-americanos
traços culturais comuns ou, até
mesmo, uma tênue confluência de
identidades, visto que, apesar da
proximidade geográfica, social e
se que a re
gião não
está plenamente integrada, unida,
interdependente, com convergência de
interesses e objetivos, e confiança
recíproca. Posteriormente, vinculado
às questões identitárias, tratamos as
representações socioculturais do outro
e propomos o diálogo inter
cultural
como forma de aproximação entre o
MACHADO, Maria Cláudia de J.; YOKOTA, Rosa. Geopolítica, identidade
cultural e a língua espanhola no contexto brasileiro
Revista Latino-
Americana de Estudos em Cultura,
20, p. 386-405, março 2021.
Brasil e os povos hispano-
americanos.
Finalizamos com uma proposta para a
aula de língua espanhola baseada em
conteúdos históricos, geográficos,
políticos e culturais relacionados ao
contexto sul-
americano, e em u
abordagem intercultural.
Entendemos
que não é possível dissociar o espaço
da sala de aula de língua estrangeira
do espaço sociopolítico externo, dado
que ela própria se converte em um
espaço sociopolítico.
Um professor de ngua
espanhola que tenha
ciência da função
política do ensino desta ngua no
Brasil e de que este tem relação com a
formação para a cidadania, que seja
sensível à abordagem intercultural e
que tenha conhecimento das culturas
que compõem a América Ibérica, de
sua história, de sua
geografia e,
inclusive, de sua literatura,tanto
hispano-
americana quanto brasileira,
visto que muitas de suas obras
a compreender aspectos históricos e
sociais que envolvem essa
região,poderá, ao mesmo tempo,
ensinar a língua, fomentar o
conheciment
o de história e promover a
aproximação do aluno brasileiro
realidade dos povos vizinhos.
fazemos menção à história, referimo
MACHADO, Maria Cláudia de J.; YOKOTA, Rosa. Geopolítica, identidade
cultural e a língua espanhola no contexto brasileiro
. PragMATIZES -
Americana de Estudos em Cultura,
Niterói/RJ, Ano 11, n.
www.periodicos.uff.br/pragmatizes
americanos.
Finalizamos com uma proposta para a
aula de língua espanhola baseada em
conteúdos históricos, geográficos,
políticos e culturais relacionados ao
americano, e em u
ma
Entendemos
que não é possível dissociar o espaço
da sala de aula de língua estrangeira
do espaço sociopolítico externo, dado
que ela própria se converte em um
Um professor de ngua
ciência da função
política do ensino desta ngua no
Brasil e de que este tem relação com a
formação para a cidadania, que seja
sensível à abordagem intercultural e
que tenha conhecimento das culturas
que compõem a América Ibérica, de
geografia e,
inclusive, de sua literatura,tanto
americana quanto brasileira,
visto que muitas de suas obras
ajudam
a compreender aspectos históricos e
sociais que envolvem essa
região,poderá, ao mesmo tempo,
ensinar a língua, fomentar o
o de história e promover a
aproximação do aluno brasileiro
à
realidade dos povos vizinhos.
Quando
fazemos menção à história, referimo
-
nos a toda a trajetória desde a
presença das civilizações pré
colombianas no território, passando
pelo encontro dos coloni
os nativos e os choques culturais dele
derivados, pela formação da
sociedade latino-
americana, pelas
guerras de independência e suas
motivações, pela intervenção
estrangeira, e por quaisquer fatos de
ordem política, econômica e social que
marca
ram e marcam essa trajetória e
contribuíram e contribuem para a
formação da nossa identidade ou
identidades latino-
americanas.
Destacamos que o professor
como interculturalista colabora com a
construção de pontes que o acesso
à cultura do outro. Segundo
(2018, p. 21) “a perspectiva
intercultural pressupõe uma série de
ações em prol do reconhecimento da
diversidade que nos constitui e do
combate a atitudes de discriminação
para com o outro”.
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- ISSN 2237-1508
(Ensaio)
nos a toda a trajetória desde a
presença das civilizações pré
-
colombianas no território, passando
pelo encontro dos coloni
zadores com
os nativos e os choques culturais dele
derivados, pela formação da
americana, pelas
guerras de independência e suas
motivações, pela intervenção
estrangeira, e por quaisquer fatos de
ordem política, econômica e social que
ram e marcam essa trajetória e
contribuíram e contribuem para a
formação da nossa identidade ou
americanas.
Destacamos que o professor
como interculturalista colabora com a
construção de pontes que o acesso
à cultura do outro. Segundo
Matos
(2018, p. 21) “a perspectiva
intercultural pressupõe uma série de
ações em prol do reconhecimento da
diversidade que nos constitui e do
combate a atitudes de discriminação
MACHADO, Maria Cláudia de J.; YOKOTA, Rosa. Geopolítica, identidade
cultural e a língua espanhola no contexto brasileiro
Revista Latino-
Americana de Estudos em Cultura,
20, p. 386-405, março 2021.
Aspectos geopolíticos, sociais e
históricos da América
Ibérica e as
relações de poder
Com o intuito de apresentar o
entrelaçamento entre questões
linguísticas, geopolíticas e de poder,
iniciamos
com o conceito de
Geopolítica, pois a palavra está
associada aos assuntos que envolvem
relações internacionais, aco
diplomáticos e todo tipo de conflito
entre países, culturas ou disputas
territoriais.O conceito formulado por
Mattos (2002, p. 33) resume o
pensamento: “Geopolítica é a Política
aplicada aos espaços geográficos sob
a inspiração da experiência históric
A Geopolítica tem caráter
dinâmico, pois considera
operacionalidade do homem no
espaço geográfico para o seu uso
político, cujo objetivo é a geração de
poder, que, por sua vez, pode dar um
novo direcionamento ao destino das
nações, contribuindo pa
construção ou reconstrução da
história.Portanto,a exploração do
espaço geográfico é a base de
sustentação da geopolítica, uma vez
que esta resulta da interação da
geografia, da história e da política, e
está relacionada ao poder do Estado.
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cultural e a língua espanhola no contexto brasileiro
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Niterói/RJ, Ano 11, n.
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Aspectos geopolíticos, sociais e
Ibérica e as
Com o intuito de apresentar o
entrelaçamento entre questões
linguísticas, geopolíticas e de poder,
com o conceito de
Geopolítica, pois a palavra está
associada aos assuntos que envolvem
relações internacionais, aco
rdos
diplomáticos e todo tipo de conflito
entre países, culturas ou disputas
territoriais.O conceito formulado por
Mattos (2002, p. 33) resume o
pensamento: “Geopolítica é a Política
aplicada aos espaços geográficos sob
a inspiração da experiência históric
a”.
A Geopolítica tem caráter
dinâmico, pois considera
-se a
operacionalidade do homem no
espaço geográfico para o seu uso
político, cujo objetivo é a geração de
poder, que, por sua vez, pode dar um
novo direcionamento ao destino das
nações, contribuindo pa
ra a
construção ou reconstrução da
história.Portanto,a exploração do
espaço geográfico é a base de
sustentação da geopolítica, uma vez
que esta resulta da interação da
geografia, da história e da política, e
está relacionada ao poder do Estado.
Se fizermos
um percurso pela
história, veremos que ela
inteiramente marcada pela apoderação
de espaços que foram transformados
pela ação de conquistadores. É
preciso notar que o fato de delimitar
parcelas, de marcá
também envolve a questão da
alte
ridade, ou seja, as relações com os
indivíduos ou grupos que se
inserem. Essa interação modifica tanto
as relações com a natureza quanto as
relações sociais, e os atores se
automodificam também.
territorialidade também funciona como
um instrumento par
a comunicar um
ideário: a preservação ou
de uma identidade.
Após a chegada dos povos
ibéricos no continente americano,
iniciou-
se uma reconfiguração
geopolítica, pois os tratados de divisão
da América, como o de Tordesilhas
(Figura 1), demarca
ram as fronteiras
entre terras espanholas e portuguesas.
389
www.periodicos.uff.br/pragmatizes
- ISSN 2237-1508
(Ensaio)
um percurso pela
história, veremos que ela
está
inteiramente marcada pela apoderação
de espaços que foram transformados
pela ação de conquistadores. É
preciso notar que o fato de delimitar
parcelas, de marcá
-las, cercá-las
também envolve a questão da
ridade, ou seja, as relações com os
indivíduos ou grupos que se
inserem. Essa interação modifica tanto
as relações com a natureza quanto as
relações sociais, e os atores se
automodificam também.
A
territorialidade também funciona como
a comunicar um
ideário: a preservação ou
a construção
Após a chegada dos povos
ibéricos no continente americano,
se uma reconfiguração
geopolítica, pois os tratados de divisão
da América, como o de Tordesilhas
ram as fronteiras
entre terras espanholas e portuguesas.
MACHADO, Maria Cláudia de J.; YOKOTA, Rosa. Geopolítica, identidade
cultural e a língua espanhola no contexto brasileiro
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20, p. 386-405, março 2021.
Figura 1.Mapa do Tratado de Tordesilhas
Fonte:
https://commons.wikimedia.org/wiki/File:
Spain_and_Portugal.png
Os
espanhóis criaram um
império que se estendia desde o sul
que é atualmente Estados Unidos a
a Terra do Fogo. Invadiram e
colonizaram territórios extensos,
fundaram cidades, dividiram terras,
construíram vias de comunicação,
pontes e portos; desenvolver
agricultura, a produção de
manufaturas e o comércio e
exploraram os recursos minerais;
mataram e subjugaram
originários sobreviventes e importaram
escravos africanos (QUESADA, 2001).
Houve a divisão tripartida a serviço do
poder: a população,
o território e os
recursos, o que não foi diferente no
Brasil, considerando que o poder é
inerente a toda relação.
Após o processo de
independência, houve mudanças
significativas na reconfiguração
geopolítica do território ibero
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cultural e a língua espanhola no contexto brasileiro
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Figura 1.Mapa do Tratado de Tordesilhas
https://commons.wikimedia.org/wiki/File:
Spain_and_Portugal.png
espanhóis criaram um
império que se estendia desde o sul
do
que é atualmente Estados Unidos a
a Terra do Fogo. Invadiram e
colonizaram territórios extensos,
fundaram cidades, dividiram terras,
construíram vias de comunicação,
pontes e portos; desenvolver
am a
agricultura, a produção de
manufaturas e o comércio e
exploraram os recursos minerais;
os povos
originários sobreviventes e importaram
escravos africanos (QUESADA, 2001).
Houve a divisão tripartida a serviço do
o território e os
recursos, o que não foi diferente no
Brasil, considerando que o poder é
Após o processo de
independência, houve mudanças
significativas na reconfiguração
geopolítica do território ibero
-
americano: os vice
divididos, tornaram
-
adotaram o sistema republicano de
governo, ao contrário do Brasil que,
após sua independência em 1822,
manteve a sua unidade e adotou a
monarquia constitucional (Figura 2 e
Figura 3).
Figura 2.
Mapa da América Ibéri
independência
Fonte:
commons.wikimedia.org/wiki/File:
añol_America_1800.png
390
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(Ensaio)
americano: os vice
-reinos foram
-
se Estados e
adotaram o sistema republicano de
governo, ao contrário do Brasil que,
após sua independência em 1822,
manteve a sua unidade e adotou a
monarquia constitucional (Figura 2 e
Mapa da América Ibéri
ca antes da
independência
Fonte:
commons.wikimedia.org/wiki/File:
Imperio_Esp
añol_America_1800.png
MACHADO, Maria Cláudia de J.; YOKOTA, Rosa. Geopolítica, identidade
cultural e a língua espanhola no contexto brasileiro
Revista Latino-
Americana de Estudos em Cultura,
20, p. 386-405, março 2021.
Figura 3.
Mapa da América Ibérica
após a independência
Fonte:
openei.org/wiki/File:Mapa_de_Centros_
ergías_Renovables_en_Latinoamérica.png
A
independência da América
Hispânica
e da América Portuguesa,
por um lado, favoreceu
financeiramente e politicamente a
aristocracia e não contribuiu para a
diminuição das desigualdades e
injustiças sociais. As aspirações
regionalistas não tardaram em
promove
r a desagregação da grande
nação.
Os países hispano-
americanos,
cuja história se parece muito à
brasileira, compartilham aspectos
como a conquista, a colonização, o
intervencionismo estrangeiro, os
regimes políticos, a luta pelo
desenvolvimento, a proximi
geográfica e a abundância de recursos
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Mapa da América Ibérica
após a independência
openei.org/wiki/File:Mapa_de_Centros_
de_En
ergías_Renovables_en_Latinoamérica.png
independência da América
e da América Portuguesa,
por um lado, favoreceu
financeiramente e politicamente a
aristocracia e não contribuiu para a
diminuição das desigualdades e
injustiças sociais. As aspirações
regionalistas não tardaram em
r a desagregação da grande
americanos,
cuja história se parece muito à
brasileira, compartilham aspectos
como a conquista, a colonização, o
intervencionismo estrangeiro, os
regimes políticos, a luta pelo
desenvolvimento, a proximi
dade
geográfica e a abundância de recursos
naturais. No entanto, muito tempo se
passou desde a independência e o
ideal de uma aproximação de fato
entre ambas as partes
concretizou. O distanciamento que se
produziu entre o Brasil e os demais
pa
íses da América do Sul desde a
época colonial, resultante das
demarcações territoriais, da diferença
entre as línguas maternas, entre
outros fatores, pode ter contribuído
para a crença em identidades
divergentes. A América Ibérica e, em
uma dimensão menor,
vizinhos hispano-
americanos parecem
formar um grande quebra
cujas peças ainda não se encaixaram
efetivamente apesar das tentativas
ocorridas de integração,
principalmente no plano econômico
com a formação de blocos.Aparentam
ser
dois mundos abraçados no plano
geográfico, e histórico, mas um tanto
afastados no plano identitário. Essa
desagregação se reflete no plano
linguístico, pois
desvalorização do ensino da língua
espanhola
no Brasil, principalmente
pela entrada em
vigor da
de 16 de fevereiro de 2017 (BRASIL,
2017)
pela qual a obrigatoriedade do
ensino de Língua Estrangeira Moderna
391
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- ISSN 2237-1508
(Ensaio)
naturais. No entanto, muito tempo se
passou desde a independência e o
ideal de uma aproximação de fato
entre ambas as partes
ainda não se
concretizou. O distanciamento que se
produziu entre o Brasil e os demais
íses da América do Sul desde a
época colonial, resultante das
demarcações territoriais, da diferença
entre as línguas maternas, entre
outros fatores, pode ter contribuído
para a crença em identidades
divergentes. A América Ibérica e, em
uma dimensão menor,
o Brasil e seus
americanos parecem
formar um grande quebra
-cabeça
cujas peças ainda não se encaixaram
efetivamente apesar das tentativas
ocorridas de integração,
principalmente no plano econômico
com a formação de blocos.Aparentam
dois mundos abraçados no plano
geográfico, e histórico, mas um tanto
afastados no plano identitário. Essa
desagregação se reflete no plano
assistimos à
desvalorização do ensino da língua
no Brasil, principalmente
vigor da
Lei 13415,
de 16 de fevereiro de 2017 (BRASIL,
pela qual a obrigatoriedade do
ensino de Língua Estrangeira Moderna
MACHADO, Maria Cláudia de J.; YOKOTA, Rosa. Geopolítica, identidade
cultural e a língua espanhola no contexto brasileiro
Revista Latino-
Americana de Estudos em Cultura,
20, p. 386-405, março 2021.
passou a restringir-
se à Língua
Inglesa. Tal fato deixa claro o
entrelaçamento entre as questões
geopolíticas, identitária
s e linguísticas.
Altera-
se a política de governo no
Brasil, ocorre um afastamento dos
países hispano-
americanos e,
consequentemente, altera-
se a política
linguística também
3
.Uma política que
não defende o plurilinguismo é uma
política que defende o isolam
anula as diferenças culturais e impõe
uma única racionalidade, pois a língua
é vetor da cultura de um povo e um
dos elementos que constituem sua
identidade.
Conforme o Relatório Mundial
da UNESCO -
Investir na Diversidade
Cultural e no Diálogo Interc
(2009, p. 12):
As línguas são os vetores das
nossas experiências, dos nossos
contextos intelectuais e culturais, dos
nossos modos de relacionamento
com os grupos humanos, com os
nossos sistemas de valores, com os
nossos códigos sociais e
sentimentos de pertencimento, tanto
no plano coletivo como individual.[...]
as línguas não são somente um meio
de comunicação, mas representam a
própria estrutura das expressões
culturais e são portadoras de
identidade, valores e concepções de
mundo.
3
Cf. Rodrigues (2010) para informações a
respeito das políticas linguísticas para o
ensino de espanhol no Brasil a partir da
primeira metade do século XX.
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cultural e a língua espanhola no contexto brasileiro
. PragMATIZES -
Americana de Estudos em Cultura,
Niterói/RJ, Ano 11, n.
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se à Língua
Inglesa. Tal fato deixa claro o
entrelaçamento entre as questões
s e linguísticas.
se a política de governo no
Brasil, ocorre um afastamento dos
americanos e,
se a política
.Uma política que
não defende o plurilinguismo é uma
política que defende o isolam
ento,
anula as diferenças culturais e impõe
uma única racionalidade, pois a língua
é vetor da cultura de um povo e um
dos elementos que constituem sua
Conforme o Relatório Mundial
Investir na Diversidade
Cultural e no Diálogo Interc
ultural
As línguas são os vetores das
nossas experiências, dos nossos
contextos intelectuais e culturais, dos
nossos modos de relacionamento
com os grupos humanos, com os
nossos sistemas de valores, com os
nossos códigos sociais e
sentimentos de pertencimento, tanto
no plano coletivo como individual.[...]
as línguas não são somente um meio
de comunicação, mas representam a
própria estrutura das expressões
culturais e são portadoras de
identidade, valores e concepções de
Cf. Rodrigues (2010) para informações a
respeito das políticas linguísticas para o
ensino de espanhol no Brasil a partir da
Na n
ova ordem, não
interesse
em que os modelos culturais
e as identidades locais se fortaleçam,
pois estes se opõem à ideia do
homogêneo e constituem uma
ameaça, visto que, segundo Raffestin
(1993), o ganho de poder está
vinculado ao ganho de espaço.
Portan
to, a língua como vetor de
cultura e componente da identidade de
um povo também é um instrumento de
poder. Conforme Raffestin (1993), o
poder é parte intrínseca de toda
relação. Uma das proposições de
Foucault (1988
apud
1993) é que as relações
estão em posição de exterioridade no
que diz respeito a outros tipos de
relações como as econômicas, de
conhecimento, sociais, sexuais etc.,
mas lhes são imanentes.
Paradoxalmente, ao mesmo
tempo que a nova ordem global
fomenta a homogeneizaçã
modelos culturais, a valorização
dos elementos locais frente à
interposição dos globais. Para Santos
(2006, p. 231), “cada lugar é, ao
mesmo tempo, objeto de uma razão
global e de uma razão local,
convivendo dialeticamente”. As ações
locais consti
tuem, muitas vezes, uma
392
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- ISSN 2237-1508
(Ensaio)
ova ordem, não
em que os modelos culturais
e as identidades locais se fortaleçam,
pois estes se opõem à ideia do
homogêneo e constituem uma
ameaça, visto que, segundo Raffestin
(1993), o ganho de poder está
vinculado ao ganho de espaço.
to, a língua como vetor de
cultura e componente da identidade de
um povo também é um instrumento de
poder. Conforme Raffestin (1993), o
poder é parte intrínseca de toda
relação. Uma das proposições de
apud
RAFFESTIN,
1993) é que as relações
de poder não
estão em posição de exterioridade no
que diz respeito a outros tipos de
relações como as econômicas, de
conhecimento, sociais, sexuais etc.,
mas lhes são imanentes.
Paradoxalmente, ao mesmo
tempo que a nova ordem global
fomenta a homogeneizaçã
o dos
modelos culturais, a valorização
dos elementos locais frente à
interposição dos globais. Para Santos
(2006, p. 231), “cada lugar é, ao
mesmo tempo, objeto de uma razão
global e de uma razão local,
convivendo dialeticamente”. As ações
tuem, muitas vezes, uma
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forma de resistência. Outro paradoxo é
que com a globalização as
possibilidades de contato intercultural
aumentaram permitindo mais
oportunidades de aproximação entre
os povos, tanto física quanto
virtualmente, dado que as redes de
comunicação encurtaram ou
eliminaram as distâncias, embora nem
todos tenham acesso a esses
benefícios. Aproximar-
se do outro,
conhecê-lo é um pré-
requisito para o
estabelecimento do diálogo
intercultural. Para Guigoü (1995
SANTOS, 2006, p. 216), “a
ap
roximação pode criar a
solidariedade, laços culturais e, desse
modo, a identidade”. É uma
oportunidade de descobrir as
semelhanças, conhecer as diferenças,
compreendê-
las, aprender com elas e
rever antigas crenças. Desse modo, a
alteridade é uma condição q
ser verificada quando interação
entre o “eu” e o “outro”, ao
reconhecermos que a nossa cultura,
assim como a dos países influentes
são culturas possíveis entre tantas
outras e não as únicas.
Não obstante, em muitos casos,
uma aproximação de fato
de uma identidade depende do
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forma de resistência. Outro paradoxo é
que com a globalização as
possibilidades de contato intercultural
aumentaram permitindo mais
oportunidades de aproximação entre
os povos, tanto física quanto
virtualmente, dado que as redes de
comunicação encurtaram ou
eliminaram as distâncias, embora nem
todos tenham acesso a esses
se do outro,
requisito para o
estabelecimento do diálogo
intercultural. Para Guigoü (1995
apud
SANTOS, 2006, p. 216), “a
roximação pode criar a
solidariedade, laços culturais e, desse
modo, a identidade”. É uma
oportunidade de descobrir as
semelhanças, conhecer as diferenças,
las, aprender com elas e
rever antigas crenças. Desse modo, a
alteridade é uma condição q
ue pode
ser verificada quando interação
entre o “eu” e o “outro”, ao
reconhecermos que a nossa cultura,
assim como a dos países influentes
são culturas possíveis entre tantas
Não obstante, em muitos casos,
e a criação
de uma identidade depende do
rompimento de barreiras. As
representações socioculturais que um
indivíduo tem de uma língua ou cultura
constituem uma destas barreiras que
se apresentam na forma de
estereótipos e preconceitos. Na seção
seguinte,
trataremos das
representações socioculturais do
outro.
As representações
do outro
O status
que um sujeito atribui a
uma ngua estrangeira está
condicionado, em grande parte, à
representação que ele tem da cultura
veiculada por ela, uma vez que ele
tende a considerar a língua como
elemento de identificação
como pertencente a uma na
um sistema de valores, costumes e
tradições culturais, ignorando a ideia
de que dentro de um território
identificado como uma nação podem
coexistir várias línguas e culturas.
Uma das formas de
representação são os estereótipos,
definidos por Allpor
DERVIN, 2014)
e Bar Tal (1996
DERVIN, 2014) como um conjunto de
crenças sobre as características de
uma categoria social de pessoas
393
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(Ensaio)
rompimento de barreiras. As
representações socioculturais que um
indivíduo tem de uma língua ou cultura
constituem uma destas barreiras que
se apresentam na forma de
estereótipos e preconceitos. Na seção
trataremos das
representações socioculturais do
As representações
socioculturais
que um sujeito atribui a
uma língua estrangeira está
condicionado, em grande parte, à
representação que ele tem da cultura
veiculada por ela, uma vez que ele
tende a considerar a língua como
elemento de identificação
do indivíduo
como pertencente a uma na
ção com
um sistema de valores, costumes e
tradições culturais, ignorando a ideia
de que dentro de um território
identificado como uma nação podem
coexistir várias línguas e culturas.
Uma das formas de
representação são os estereótipos,
definidos por Allpor
t (1954 apud
e Bar Tal (1996
apud
DERVIN, 2014) como um conjunto de
crenças sobre as características de
uma categoria social de pessoas
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cultural e a língua espanhola no contexto brasileiro
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(traços de personalidade, atributos,
intenções, descrições compor
tamentais), formados e aprendidos
dentro
dos próprios grupos sociais e
reforçados, sobretudo, pelos meios de
comunicação. A sua função é
diferenciar grupos, mostrando,
inclusive, a superioridade de uns sobre
outros, providos de aspectos
ideológicos.
Para exemplificar, citamos
Kumaravadivelu (200
3) que aborda a
questão dos estereótipos associados
aos estudantes asiáticos no contexto
acadêmico norte-
americano. Ele critica
a ideia de homogeneização cultural,
pois tanto chineses quanto indianos,
japoneses, coreanos e vietnamitas são
colocados no mesm
o “cesto cultural”
denominado “asiático”, apesar de
diferenças aparentes
entre eles.
Além dos estereótipos, Dervin
(2014) apresenta outra forma de
representação social,
relacionada principalmente à raça, à
etnia e ao sexo feminino.O autor
define-a
como a “objetificação de uma
pessoa ou grupo” ou “a criação do
outro”. Ignora-
se a subjetividade e a
complexidade do indivíduo;leva as
pessoas a diferenciarem o seu grupo
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(traços de personalidade, atributos,
intenções, descrições compor
-
tamentais), formados e aprendidos
dos próprios grupos sociais e
reforçados, sobretudo, pelos meios de
comunicação. A sua função é
diferenciar grupos, mostrando,
inclusive, a superioridade de uns sobre
outros, providos de aspectos
Para exemplificar, citamos
3) que aborda a
questão dos estereótipos associados
aos estudantes asiáticos no contexto
americano. Ele critica
a ideia de homogeneização cultural,
pois tanto chineses quanto indianos,
japoneses, coreanos e vietnamitas são
o “cesto cultural”
denominado “asiático”, apesar de
entre eles.
Além dos estereótipos, Dervin
(2014) apresenta outra forma de
othering,
relacionada principalmente à raça, à
etnia e ao sexo feminino.O autor
como a “objetificação de uma
pessoa ou grupo” ou “a criação do
se a subjetividade e a
complexidade do indivíduo;leva as
pessoas a diferenciarem o seu grupo
de outro grupo e o eu do outro, de
forma que reforce e proteja o eu.
Observando os
contextos sociais, nota
abundantes as representações sociais
na forma de estereótipos ou
Citamos como exemplo o uso dos
termos “os latinos”, “as mulheres”em
frases que expressam um sentido
pejorativo podendo em certos
contex
tos serem caracterizadas como
preconceito.
Citamos Paraquett (2018) que,
ao fazer referência à criação do termo
América Latina, menciona o
movimento “panlatinismo” surgido no
século XIX,relacionado ao desejo
hegemônico da França sobre a região.
Segundo a a
utora, “essa pretensa
hegemonia estava relacionada à
nascente dominação norte
e à, então, hegemonia da Inglaterra”
(PARAQUETT, 2018, p. 77). A
ideologia norte-
americana acabou se
sobrepondo no território e dela
derivou-
se a imagem negativa dos
hispano-
americanos nos Estados
Unidos. Para ilustrar, transcrevemo
um trecho de Figueiredo (2010
PARAQUETT, 2018, p. 78):
[...] a imagem negativa dos hispano
americanos nos Estados Unidos foi
construída, até meados do século
XIX, em torno dos termos
394
www.periodicos.uff.br/pragmatizes
- ISSN 2237-1508
(Ensaio)
de outro grupo e o eu do outro, de
forma que reforce e proteja o eu.
Observando os
diferentes
contextos sociais, nota
-se que são
abundantes as representações sociais
na forma de estereótipos ou
othering.
Citamos como exemplo o uso dos
termos “os latinos”, “as mulheres”em
frases que expressam um sentido
pejorativo podendo em certos
tos serem caracterizadas como
Citamos Paraquett (2018) que,
ao fazer referência à criação do termo
América Latina, menciona o
movimento “panlatinismo” surgido no
século XIX,relacionado ao desejo
hegemônico da França sobre a região.
utora, “essa pretensa
hegemonia estava relacionada à
nascente dominação norte
-americana
e à, então, hegemonia da Inglaterra”
(PARAQUETT, 2018, p. 77). A
americana acabou se
sobrepondo no território e dela
se a imagem negativa dos
americanos nos Estados
Unidos. Para ilustrar, transcrevemo
s
um trecho de Figueiredo (2010
apud
PARAQUETT, 2018, p. 78):
[...] a imagem negativa dos hispano
-
americanos nos Estados Unidos foi
construída, até meados do século
XIX, em torno dos termos
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cultural e a língua espanhola no contexto brasileiro
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catolicismo, indolência, ignorância e
falta de iniciativa, que se oporiam à
imagem que os norte
faziam de si próprios, protestantes,
trabalhadores e empreendedores.
Com relação às questões
raciais e étnicas, observa
grupos mais atingi
dos o indígenas,
mestiços, negros e imigrantes
procedentes de países
subdesenvolvidos ou em guerra.
Nestes casos, a fronteira entre o
estereótipo e o preconceito é quase
inexistente.
Cabe questionar se essas
representações não estariam
vinculadas a uma c
etnocêntrica,
conservadora,hierarquizada e
impositiva de cultura conforme ocorreu
com a colonização da América Ibérica.
A cultura da metrópole tinha a missão
de “salvar o selvagem em estado de
barbárie”, de “cultivar a sua alma”,
usando a terminol
ogia de Bauman
(2013, p.13,15). Segundo o autor, a
teoria cultural evolucionista promovia o
mundo “desenvolvido” ao status de
perfeição inquestionável, a ser imitada
e ambicionada, mais cedo ou mais
tarde, pelo restante do planeta.
Acrescenta que, na busca
objetivo, o resto do mundo deveria ser
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catolicismo, indolência, ignorância e
falta de iniciativa, que se oporiam à
imagem que os norte
-americanos
faziam de si próprios, protestantes,
trabalhadores e empreendedores.
Com relação às questões
raciais e étnicas, observa
-se que os
dos o indígenas,
mestiços, negros e imigrantes
procedentes de países
subdesenvolvidos ou em guerra.
Nestes casos, a fronteira entre o
estereótipo e o preconceito é quase
Cabe questionar se essas
representações não estariam
vinculadas a uma c
oncepção
conservadora,hierarquizada e
impositiva de cultura conforme ocorreu
com a colonização da América Ibérica.
A cultura da metrópole tinha a missão
de “salvar o selvagem em estado de
barbárie”, de “cultivar a sua alma”,
ogia de Bauman
(2013, p.13,15). Segundo o autor, a
teoria cultural evolucionista promovia o
mundo “desenvolvido” ao status de
perfeição inquestionável, a ser imitada
e ambicionada, mais cedo ou mais
tarde, pelo restante do planeta.
Acrescenta que, na busca
por esse
objetivo, o resto do mundo deveria ser
ativamente ajudado e, em caso de
resistência, coagido. Estabelece
uma relação de dominador e
dominado.
Segundo Salomão (2015), essa
visão etnocêntrica de cultura tem suas
origens no século XVI, quando pas
a designar o desenvolvimento de uma
faculdade, como, por exemplo, ‘cultura
das artes’, ‘culturas das ciências’.
Ainda, segundo a autora, no século
XVIII, este sentido passou a refletir a
ideia iluminista de cultura como “a
soma dos saberes acumulados e
transmitidos pela humanidade”. Assim
sendo, a “cultura” era própria do
Homem, distinguia povos e classes e
estava associada às ideias de
progresso, de evolução, de educação,
de razão, assemelhando
“civilização” (CUCHE, 2002
SALOMÃO, 2015, p.
364).
Julgamos conveniente citar
como exemplo, a obra literária
hispano-
americana
Civilização e Barbárie
pelo escritor argentino Domingo
Faustino Sarmiento. Na obra, a
natureza selvagem condiciona o
caráter e as possibilida
sociedade. Neste caso, a natureza do
pampa argentino opõe
395
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- ISSN 2237-1508
(Ensaio)
ativamente ajudado e, em caso de
resistência, coagido. Estabelece
-se
uma relação de dominador e
Segundo Salomão (2015), essa
visão etnocêntrica de cultura tem suas
origens no século XVI, quando pas
sou
a designar o desenvolvimento de uma
faculdade, como, por exemplo, ‘cultura
das artes’, ‘culturas das ciências’.
Ainda, segundo a autora, no século
XVIII, este sentido passou a refletir a
ideia iluminista de cultura como “a
soma dos saberes acumulados e
transmitidos pela humanidade”. Assim
sendo, a “cultura” era própria do
Homem, distinguia povos e classes e
estava associada às ideias de
progresso, de evolução, de educação,
de razão, assemelhando
-se à palavra
“civilização” (CUCHE, 2002
apud
364).
Julgamos conveniente citar
como exemplo, a obra literária
americana
Facundo ou
Civilização e Barbárie
, escrita em 1845
pelo escritor argentino Domingo
Faustino Sarmiento. Na obra, a
natureza selvagem condiciona o
caráter e as possibilida
des da vida em
sociedade. Neste caso, a natureza do
pampa argentino opõe
-se ao ambiente
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cultural e a língua espanhola no contexto brasileiro
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da cidade, da mesma forma que a
barbárie opõe-
se à civilização, e a vida
social argentina antes do processo de
independência era formada pela
classe espanhola, europeia
denominada civilizada e outra
americana, mestiça, quase indígena,
denominada bárbara.
Ante o exposto faz
necessário pesquisar as condições
sociais, políticas, econômicas e
históricas que levaram à criação das
representações e verificar quais s
canais utilizados para a sua
transmissão (sociais, políticos,
culturais, educacionais), bem como a
ideologia oculta a estas transmissões.
No âmbito da Linguística, os
estudos sobre comunicação
intercultural contribuem para lançar luz
sobre a questão.
A comunicação intercultural como
forma de aproximação
Não é possível admitir a ideia
do determinismo geográfico ou
biológico para tratar de questões
culturais, ou seja, crer que o indivíduo
é um ser passivo frente à ação das
forças naturais ou características
biológicas. As forças decisivas estão
na própria c
ultura e na história da
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da cidade, da mesma forma que a
se à civilização, e a vida
social argentina antes do processo de
independência era formada pela
classe espanhola, europeia
, branca,
denominada civilizada e outra
americana, mestiça, quase indígena,
Ante o exposto faz
-se
necessário pesquisar as condições
sociais, políticas, econômicas e
históricas que levaram à criação das
representações e verificar quais s
ão os
canais utilizados para a sua
transmissão (sociais, políticos,
culturais, educacionais), bem como a
ideologia oculta a estas transmissões.
No âmbito da Linguística, os
estudos sobre comunicação
intercultural contribuem para lançar luz
A comunicação intercultural como
Não é possível admitir a ideia
do determinismo geográfico ou
biológico para tratar de questões
culturais, ou seja, crer que o indivíduo
é um ser passivo frente à ação das
forças naturais ou características
biológicas. As forças decisivas estão
ultura e na história da
cultura, pois esta é um construto
dinâmico. Ela é o resultado de toda
experiência histórica das gerações
anteriores. Somando
preciso considerar que o mundo,
protagonizado por atores sociais, está
em constante evolução;
transformações no ambiente ocorrem
e provocam um processo de
mudanças adaptativas. Os indivíduos
têm a capacidade de questionar os
seus próprios hábitos e modificá
portanto, os sistemas culturais estão
em processo contínuo de modificação
devido às
forças internas e ao contato
com outros sistemas culturais, pois os
povos não estão isolados. Isso nos
leva a considerar que a compreensão
da cultura exige reflexão sobre os
diversos povos, sociedades e grupos
humanos, que hoje, mais do que em
qualquer out
ro momento, lhes são
oferecidas maiores oportunidades de
interação, seja pelo contato físico ou
pelos meios de comunicação social.
Segundo a teoria construtivista,
a convivência social modifica os
agentes e os Estados não podem ser
considerados como verdad
exógenas; as ideias e normas
possuem um papel fundamental tanto
na constituição da realidade e dos
396
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(Ensaio)
cultura, pois esta é um construto
dinâmico. Ela é o resultado de toda
experiência histórica das gerações
anteriores. Somando
-se a isso, é
preciso considerar que o mundo,
protagonizado por atores sociais, está
em constante evolução;
as
transformações no ambiente ocorrem
e provocam um processo de
mudanças adaptativas. Os indivíduos
têm a capacidade de questionar os
seus próprios hábitos e modificá
-los;
portanto, os sistemas culturais estão
em processo contínuo de modificação
forças internas e ao contato
com outros sistemas culturais, pois os
povos não estão isolados. Isso nos
leva a considerar que a compreensão
da cultura exige reflexão sobre os
diversos povos, sociedades e grupos
humanos, que hoje, mais do que em
ro momento, lhes são
oferecidas maiores oportunidades de
interação, seja pelo contato físico ou
pelos meios de comunicação social.
Segundo a teoria construtivista,
a convivência social modifica os
agentes e os Estados não podem ser
considerados como verdad
es
exógenas; as ideias e normas
possuem um papel fundamental tanto
na constituição da realidade e dos
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agentes, quanto na definição de
identidades e interesses, pois exercem
um efeito constitutivo nos atores
(WENDT, 1999).
Com relação ao
conhecimento do out
ro, é por meio das
trocas sociais e
culturais que as
aproximações são fomentadas, o que
pode conduzir à produção de novos
conhecimentos, novas subjetividades,
novas identidades e novos interesses.
O construtivismo é indissociável
da questão da alteridade:
como ser social, existe a partir da
visão e do contato com o outro ou
outros, a coletividade.
Acreditamos que a aproximação
entre os países da região passa pela
construção de uma rede de
comunicação que ajude a diminuir as
distâncias entre nossos
culturas: acesso recíproco aos canais
de rádio e de televisão dos países sul
americanos, mais acesso por parte
dos brasileiros aos filmes e ao
mercado editorial em espanhol e vice
versa, incentivo ao turismo na região,
participação em competições
esportivas.
A criação de espaços
culturais para exposições, exibições de
filmes, apresentações de música e
dança, bem como o estudo do
patrimônio cultural ibero
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agentes, quanto na definição de
identidades e interesses, pois exercem
um efeito constitutivo nos atores
Com relação ao
ro, é por meio das
culturais que as
aproximações são fomentadas, o que
pode conduzir à produção de novos
conhecimentos, novas subjetividades,
novas identidades e novos interesses.
O construtivismo é indissociável
da questão da alteridade:
o homem,
como ser social, existe a partir da
visão e do contato com o outro ou
Acreditamos que a aproximação
entre os países da região passa pela
construção de uma rede de
comunicação que ajude a diminuir as
distâncias entre nossos
povos e
culturas: acesso recíproco aos canais
de rádio e de televisão dos países sul
-
americanos, mais acesso por parte
dos brasileiros aos filmes e ao
mercado editorial em espanhol e vice
-
versa, incentivo ao turismo na região,
participação em competições
A criação de espaços
culturais para exposições, exibições de
filmes, apresentações de música e
dança, bem como o estudo do
patrimônio cultural ibero
-americano,
criação de itinerários culturais, fóruns
de diálogo intercultural também o
exemplos de iniciativas que promovem
a comunicação intercultural. No
contexto educacional, palestras,
cursos sobre temas relacionados à
América Ibérica, o intercâmbio de
estudantes universitários, o estudo das
línguas portuguesa, espanhola e,
inclusive, da
s línguas indígenas
promoveriam a descoberta de outras
culturas e a abertura à alteridade, e o
ensino de História, com base em uma
abordagem crítica, contribuiria para
elucidar fatos que foram omitidos ou
contados
com base em uma
perspectiva única.
A aprox
imação e o
estabelecimento de diálogos
interculturais, ou seja, de uma troca de
ideias aberta e respeitadora são fontes
de riquezas, de informações e de
experiências, que poderiam contribuir
para a reflexão sobre
preconceito. Tudo isso resul
maior coesão social e na consequente
criação de uma consciência
integracionista.
De todos os contextos que
facilitam o desenvolvimento da
competência intercultural, acreditamos
que o contexto escolar desempenha
397
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- ISSN 2237-1508
(Ensaio)
criação de itinerários culturais, fóruns
de diálogo intercultural também o
exemplos de iniciativas que promovem
a comunicação intercultural. No
contexto educacional, palestras,
cursos sobre temas relacionados à
América Ibérica, o intercâmbio de
estudantes universitários, o estudo das
línguas portuguesa, espanhola e,
s línguas indígenas
promoveriam a descoberta de outras
culturas e a abertura à alteridade, e o
ensino de História, com base em uma
abordagem crítica, contribuiria para
elucidar fatos que foram omitidos ou
com base em uma
imação e o
estabelecimento de diálogos
interculturais, ou seja, de uma troca de
ideias aberta e respeitadora são fontes
de riquezas, de informações e de
experiências, que poderiam contribuir
para a reflexão sobre
estereótipos e
preconceito. Tudo isso resul
taria em
maior coesão social e na consequente
criação de uma consciência
De todos os contextos que
facilitam o desenvolvimento da
competência intercultural, acreditamos
que o contexto escolar desempenha
MACHADO, Maria Cláudia de J.; YOKOTA, Rosa. Geopolítica, identidade
cultural e a língua espanhola no contexto brasileiro
Revista Latino-
Americana de Estudos em Cultura,
20, p. 386-405, março 2021.
um papel fundamental para alcançar
esse objetivo, pois
propicia ao aluno
uma educação voltada para uma
aprendizagem mais efetiva e para a
sua própria transformação. Paulo
Freire (1983) faz referência a uma
educação que coloque o indivíduo em
uma postura de reflexão e de
autorreflexão sobre
seu tempo e seu
espaço. Acreditamos que, em se
tratando do ensino de línguas, uma
abordagem intercultural ou inclusive
multicultural pode contribuir à adoção
de tal postura, uma vez que o aluno irá
refletir sobre o tempo e o espaço do
outro.Essa postura po
derá contribuir a
eliminar atitudes negativas para com a
comunidade ou comunidades da
língua estrangeira e, até mesmo, para
com a sua própria, fazendo com que
ambas sejam olhadas com mais
respeito.Desse modo, é necessário
que o professor assuma o perfil de
interculturalista que, segundo Serrani
(2005), corresponde ao de um docente
de língua materna ou estrangeira apto
para realizar práticas de mediação
sociocultural, contemplando os
conflitos identitários e contradições
sociais na linguagem da sala de
aula.
de se desprover de todo e
qualquer estereótipo ou superioridade
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cultural e a língua espanhola no contexto brasileiro
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um papel fundamental para alcançar
propicia ao aluno
uma educação voltada para uma
aprendizagem mais efetiva e para a
sua própria transformação. Paulo
Freire (1983) faz referência a uma
educação que coloque o indivíduo em
uma postura de reflexão e de
seu tempo e seu
espaço. Acreditamos que, em se
tratando do ensino de línguas, uma
abordagem intercultural ou inclusive
multicultural pode contribuir à adoção
de tal postura, uma vez que o aluno irá
refletir sobre o tempo e o espaço do
derá contribuir a
eliminar atitudes negativas para com a
comunidade ou comunidades da
língua estrangeira e, até mesmo, para
com a sua própria, fazendo com que
ambas sejam olhadas com mais
respeito.Desse modo, é necessário
que o professor assuma o perfil de
interculturalista que, segundo Serrani
(2005), corresponde ao de um docente
de língua materna ou estrangeira apto
para realizar práticas de mediação
sociocultural, contemplando os
conflitos identitários e contradições
sociais na linguagem da sala de
de se desprover de todo e
qualquer estereótipo ou superioridade
construídos.
Fiorin (2014) esclarece
que, muitas vezes, a diferença é
convertida em inferioridade, sendo a
língua do outro classificada como
ridícula, feia e grosseira, o mesmo
ocorrendo
com a cultura ou culturas
dos povos que a falam.
Coracini (2003) coloca a
importância de se considerar as
representações que os sujeitos têm da
língua e da cultura estrangeira para a
compreensão da identidade dos
mesmos e das implicações para o
processo d
e ensino
Como os sujeitos veem a língua e a
cultura estrangeira, que imagens têm
da língua, do país ou países onde é
falada, dos povos que a falam, e quais
são as consequências para a
constituição da identidade do
Deriva-
se daí que a
língua estrangeira e interagir nessa
língua envolve uma segunda dimensão
psíquica
a do sujeito com a sua
língua e cultura -
, pois não se pode
ignorar a história do aprendiz com a
sua língua materna, com o seu país,
com os membros de sua comun
e o contato com o mundo do outro
implica, muitas vezes, a necessidade
do rompimento de barreiras, de
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(Ensaio)
Fiorin (2014) esclarece
que, muitas vezes, a diferença é
convertida em inferioridade, sendo a
língua do outro classificada como
ridícula, feia e grosseira, o mesmo
com a cultura ou culturas
dos povos que a falam.
Coracini (2003) coloca a
importância de se considerar as
representações que os sujeitos têm da
língua e da cultura estrangeira para a
compreensão da identidade dos
mesmos e das implicações para o
e ensino
-aprendizagem.
Como os sujeitos veem a língua e a
cultura estrangeira, que imagens têm
da língua, do país ou países onde é
falada, dos povos que a falam, e quais
são as consequências para a
constituição da identidade do
sujeito.
se daí que a
prender uma
língua estrangeira e interagir nessa
língua envolve uma segunda dimensão
a do sujeito com a sua
, pois não se pode
ignorar a história do aprendiz com a
sua língua materna, com o seu país,
com os membros de sua comun
idade,
e o contato com o mundo do outro
implica, muitas vezes, a necessidade
do rompimento de barreiras, de
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cultural e a língua espanhola no contexto brasileiro
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mudanças de paradigmas, o que gera
desconforto e resistência.
Iglesias Casal (2003) apresenta
três dimensões às quais devemos nos
atentar, que mu
itos professores
ensinam cultura como algo invariável e
estático:
1. Crenças e atitudes: trabalhar
de maneira crítica o conceito de
cultura e acerca de preconceitos,
discriminação, etnocentrismo e
estereótipos.
2. Conhecimentos: capacidade
de conhecer no
ssa própria perspectiva
do mundo, nossa identidade cultural,
mesmo não sendo unitária e estável.
3. Habilidades: capacidades
específicas, técnicas de intervenção e
as estratégias para trabalhar com
grupos de distintas culturas, para
poder estabelecer um
diálogo crítico e
autocrítico.
Com base no exposto, conclui
se que não se desestrangeiriza
língua apenas com a decodificação do
sistema linguístico. O trabalho com o
componente intercultural em sala de
aula poderá contribuir para a quebra
de barreiras
entre culturas, para uma
maior motivação e aceitação do estudo
da língua estrangeira. Considerando o
ensino e a aprendizagem da língua
MACHADO, Maria Cláudia de J.; YOKOTA, Rosa. Geopolítica, identidade
cultural e a língua espanhola no contexto brasileiro
. PragMATIZES -
Americana de Estudos em Cultura,
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mudanças de paradigmas, o que gera
Iglesias Casal (2003) apresenta
três dimensões às quais devemos nos
itos professores
ensinam cultura como algo invariável e
1. Crenças e atitudes: trabalhar
de maneira crítica o conceito de
cultura e acerca de preconceitos,
discriminação, etnocentrismo e
2. Conhecimentos: capacidade
ssa própria perspectiva
do mundo, nossa identidade cultural,
mesmo não sendo unitária e estável.
3. Habilidades: capacidades
específicas, técnicas de intervenção e
as estratégias para trabalhar com
grupos de distintas culturas, para
diálogo crítico e
Com base no exposto, conclui
-
se que não se desestrangeiriza
uma
língua apenas com a decodificação do
sistema linguístico. O trabalho com o
componente intercultural em sala de
aula poderá contribuir para a quebra
entre culturas, para uma
maior motivação e aceitação do estudo
da língua estrangeira. Considerando o
ensino e a aprendizagem da língua
espanhola no contexto brasileiro, o
professor pode contribuir estimulando
a curiosidade dos alunos para
conhecer melhor o
s países vizinhos,
seu território, sua sociedade, sua
história e ver o que eles têm a nos
dizer. Nosso pensamento vai ao
encontro dos dizeres de Rajagopalan
(2009, p. 17):
os métodos e as técnicas a serem
adotados para o ensino
estrangeiras prec
às especificidades
país em questão, particularmente as
coordenadas
geopolíticas que, em
larga medida, influenciam as atitudes
dos cidadãos
em relação às línguas
em questão, como também as
políticas linguísticas
governos.
Com o intuito de trabalhar
conteúdos históricos, geográficos,
políticos e culturais relacionados ao
contexto sul-
americano com base em
uma abordagem intercultural,
apresentamos, a seguir, uma atividade
para a sala de aula de língua
espanhola
4
.
4
A atividade foi aplicada na aula de
espanhola em um contexto militar e, apesar de
não ter sido feita uma coleta de dados com
fins de pesquisa, subjetivamente, foi possível
avaliar que houve uma reflexão que superou o
que se costuma ter na aula convencional no
contexto em que foi aplic
ada.
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espanhola no contexto brasileiro, o
professor pode contribuir estimulando
a curiosidade dos alunos para
s países vizinhos,
seu território, sua sociedade, sua
história e ver o que eles têm a nos
dizer. Nosso pensamento vai ao
encontro dos dizeres de Rajagopalan
os métodos e as técnicas a serem
adotados para o ensino
de línguas
estrangeiras prec
isam estar atentos
às especificidades
sociopolíticas do
país em questão, particularmente as
geopolíticas que, em
larga medida, influenciam as atitudes
em relação às línguas
em questão, como também as
políticas linguísticas
adotadas pelos
Com o intuito de trabalhar
conteúdos históricos, geográficos,
políticos e culturais relacionados ao
americano com base em
uma abordagem intercultural,
apresentamos, a seguir, uma atividade
para a sala de aula de língua
A atividade foi aplicada na aula de
língua
espanhola em um contexto militar e, apesar de
não ter sido feita uma coleta de dados com
fins de pesquisa, subjetivamente, foi possível
avaliar que houve uma reflexão que superou o
que se costuma ter na aula convencional no
ada.
MACHADO, Maria Cláudia de J.; YOKOTA, Rosa. Geopolítica, identidade
cultural e a língua espanhola no contexto brasileiro
Revista Latino-
Americana de Estudos em Cultura,
20, p. 386-405, março 2021.
Proposta para desenvolver a
comunicação intercultural na aula
de língua espanhola
No tocante ao ensino da língua
espanhola, acreditamos que uma
abordagem pautada no componente
intercultural, por meio do uso de
conteúdos históricos, geográficos e
cul
turais relacionados ao contexto sul
americano, poderá sensibilizar os
alunos ao estudo da citada língua, com
o intuito de motivá-
los, despertar
a curiosidade e levá-
los a entender as
razões pelas quais a estudam, ou seja,
mobilizá-
los para uma mudança
atitude mais positiva com relação à
língua espanhola e
à
hispânicas. A análise crítica de fatos
históricos, o trabalho com conceitos
como território, Estado
e
as semelhanças culturais, bem como
com as diferenças, oferecem aos
alunos a oportunidade de refletirem e
começarem a desenvolver, durante o
processo de aprendizagem, uma
noção mais precisa do espaço que
ocupam e, inclusive, um sentimento de
identific
ação com a língua e as
culturas dos nossos vizinhos,
sentimento que contribua a promover
uma maior aproximação entre as
partes e, inclusive, entender a posição
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cultural e a língua espanhola no contexto brasileiro
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Proposta para desenvolver a
comunicação intercultural na aula
No tocante ao ensino da língua
espanhola, acreditamos que uma
abordagem pautada no componente
intercultural, por meio do uso de
conteúdos históricos, geográficos e
turais relacionados ao contexto sul
-
americano, poderá sensibilizar os
alunos ao estudo da citada língua, com
los, despertar
-lhes
los a entender as
razões pelas quais a estudam, ou seja,
los para uma mudança
de
atitude mais positiva com relação à
à
s culturas
hispânicas. A análise crítica de fatos
históricos, o trabalho com conceitos
e
nação, com
as semelhanças culturais, bem como
com as diferenças, oferecem aos
alunos a oportunidade de refletirem e
começarem a desenvolver, durante o
processo de aprendizagem, uma
noção mais precisa do espaço que
ocupam e, inclusive, um sentimento de
ação com a língua e as
culturas dos nossos vizinhos,
sentimento que contribua a promover
uma maior aproximação entre as
partes e, inclusive, entender a posição
que a região ocupa no mundo e, numa
dimensão menor, a posição que ele,
como cidadão, ocupa no se
Com relação às práticas em
sala de aula, acreditamos que o
cinema, entre outras formas de
arte,constitui um auxílio de grande
importância e eficácia ao
desenvolvimento da competência
intercultural, uma vez que é produto da
cultura humana, ato de c
que revela a identidade cultural de um
povo, instrumento que permite analisar
a realidade, embora os aspectos reais,
muitas vezes, se fundam com a ficção.
Por meio do cinema, o indivíduo pode
fazer uma viagem pelo presente e
passado de um povo,
história, sua sociedade, seus
costumes, o pensamento de uma
época e estabelecer conexões com o
momento atual.
No caso da América Ibérica,
muitas obras enfocam a problemática
político-
social do território denunciando
a marginalização das mino
culturais, principalmente das
populações indígenas, a exclusão
social, o militarismo, a violência
política, os abusos históricos
cometidos pelas potências
colonizadoras e o intervencionismo
400
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(Ensaio)
que a região ocupa no mundo e, numa
dimensão menor, a posição que ele,
como cidadão, ocupa no se
u país.
Com relação às práticas em
sala de aula, acreditamos que o
cinema, entre outras formas de
arte,constitui um auxílio de grande
importância e eficácia ao
desenvolvimento da competência
intercultural, uma vez que é produto da
cultura humana, ato de c
omunicação
que revela a identidade cultural de um
povo, instrumento que permite analisar
a realidade, embora os aspectos reais,
muitas vezes, se fundam com a ficção.
Por meio do cinema, o indivíduo pode
fazer uma viagem pelo presente e
passado de um povo,
conhecer a sua
história, sua sociedade, seus
costumes, o pensamento de uma
época e estabelecer conexões com o
No caso da América Ibérica,
muitas obras enfocam a problemática
social do território denunciando
a marginalização das mino
rias étnico-
culturais, principalmente das
populações indígenas, a exclusão
social, o militarismo, a violência
política, os abusos históricos
cometidos pelas potências
colonizadoras e o intervencionismo
MACHADO, Maria Cláudia de J.; YOKOTA, Rosa. Geopolítica, identidade
cultural e a língua espanhola no contexto brasileiro
Revista Latino-
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estrangeiro no território. A mestiçagem
e a fusão de c
ulturas também
constituem matéria-
prima para a
criação. Tais obras, por sua vez,
constituem um material valioso para
trabalhar a competência intercultural
na sala de aula, uma vez que é
possível estabelecer pontes culturais
entre a América Hispânica e o Br
entender a realidade atual, pelo fato de
compartilharem muitos aspectos
históricos. Isso possibilitaria o
despertar da consciência crítica, um
maior entendimento e uma maior
aproximação entre ambos.
Sugerimos o uso do filme
“Diários de Motocicleta”, baseado nos
livros “Notas de Viaje”, de Ernesto
Guevara, e “Con el Che por
Sudamérica”, de Alberto Granado, que
conta a viagem dos dois amigos,
iniciada em 1952, ao longo de grande
parte da América do Sul,
uma viagem
que começou como uma aventura,
mas que acabou resultando em uma
tomada de consciência por parte de
Ernesto a respeito da realidade latino
americana.
O objetivo da atividade é levar o
aluno brasileiro a conhecer um pouco
mais a cultura ou as cu
lturas hispano
americanas, observar de forma crítica
MACHADO, Maria Cláudia de J.; YOKOTA, Rosa. Geopolítica, identidade
cultural e a língua espanhola no contexto brasileiro
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estrangeiro no território. A mestiçagem
ulturas também
prima para a
criação. Tais obras, por sua vez,
constituem um material valioso para
trabalhar a competência intercultural
na sala de aula, uma vez que é
possível estabelecer pontes culturais
entre a América Hispânica e o Br
asil e
entender a realidade atual, pelo fato de
compartilharem muitos aspectos
históricos. Isso possibilitaria o
despertar da consciência crítica, um
maior entendimento e uma maior
Sugerimos o uso do filme
“Diários de Motocicleta”, baseado nos
livros “Notas de Viaje”, de Ernesto
Guevara, e “Con el Che por
Sudamérica”, de Alberto Granado, que
conta a viagem dos dois amigos,
iniciada em 1952, ao longo de grande
uma viagem
que começou como uma aventura,
mas que acabou resultando em uma
tomada de consciência por parte de
Ernesto a respeito da realidade latino
-
O objetivo da atividade é levar o
aluno brasileiro a conhecer um pouco
lturas hispano
-
americanas, observar de forma crítica
as semelhanças e diferenças com
relação à cultura ou às culturas
brasileiras, e refletir sobre a sua
própria identidade cultural e dos povos
hispano-
americanos. Todo esse
processo deverá ser mediado pelo
professor.
Previamente, poderá indagar os
alunos a respeito do protagonista, das
características geográficas e históricas
do território hispano
fazendo-
lhes recordar as aulas de
história e de geografia e usar o seu
próprio conhecimento de mundo
como fazer-
lhes refletir sobre o título.
O professor chamará a atenção dos
alunos para o enredo, personagens,
espaço, tempo e as relações de poder
presentes no filme.
Após a exibição, o professor
poderá distribuir aos alunos, divididos
em grupos, uma
lista de tópicos como:
climas, paisagens, primeiros
habitantes, colonização, mestiçagem,
independência, nacionalidades,
classes sociais, ritmos musicais,
alimentos, idioma, política, economia,
entre outros, para que reflitam,
associem com passagens do fil
façam uma relação com o contexto
brasileiro. Com certeza, encontrarão
muitas características comuns, o que
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as semelhanças e diferenças com
relação à cultura ou às culturas
brasileiras, e refletir sobre a sua
própria identidade cultural e dos povos
americanos. Todo esse
processo deverá ser mediado pelo
Previamente, poderá indagar os
alunos a respeito do protagonista, das
características geográficas e históricas
do território hispano
-americano,
lhes recordar as aulas de
história e de geografia e usar o seu
próprio conhecimento de mundo
, bem
lhes refletir sobre o título.
O professor chamará a atenção dos
alunos para o enredo, personagens,
espaço, tempo e as relações de poder
Após a exibição, o professor
poderá distribuir aos alunos, divididos
lista de tópicos como:
climas, paisagens, primeiros
habitantes, colonização, mestiçagem,
independência, nacionalidades,
classes sociais, ritmos musicais,
alimentos, idioma, política, economia,
entre outros, para que reflitam,
associem com passagens do fil
me e
façam uma relação com o contexto
brasileiro. Com certeza, encontrarão
muitas características comuns, o que
MACHADO, Maria Cláudia de J.; YOKOTA, Rosa. Geopolítica, identidade
cultural e a língua espanhola no contexto brasileiro
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lhes possibilitará estabelecer uma
ponte entre ambas as culturas.
Espera-
se, também que estabeleçam
um vínculo entre seu passado e seu
presente,
que vejam se as questões
políticas e sociais abordadas no filme
fazem parte apenas do passado ou se
continuam no presente, e que reflitam
sobre a divisão da América Hispânica
em pequenas nações.
Com relação ao idioma
espanhol, o professor deve levá
perceber que não existe apenas a
variedade peninsular, da mesma forma
que não existe apenas uma variedade
do português. Sugere-
se, também, que
os leve a questionar a crença em
superioridade linguística, perguntando
lhes quais motivos fazem um indivíduo
pe
nsar que existam línguas melhores,
piores, mais ou menos importantes,
dado que a língua é um bem cultural.
Nesse ponto, o professor poderá tocar
na questão do poder, dos estereótipos
e preconceitos e relacioná
citada crença; discutir as possíveis
origens e formas de transmissão.
Como atividades finais
se uma pesquisa a respeito de Machu
Picchu, declarada Patrimônio Cultural
da Humanidade, assim como de outros
locais na América Latina declarados
MACHADO, Maria Cláudia de J.; YOKOTA, Rosa. Geopolítica, identidade
cultural e a língua espanhola no contexto brasileiro
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lhes possibilitará estabelecer uma
ponte entre ambas as culturas.
se, também que estabeleçam
um vínculo entre seu passado e seu
que vejam se as questões
políticas e sociais abordadas no filme
fazem parte apenas do passado ou se
continuam no presente, e que reflitam
sobre a divisão da América Hispânica
Com relação ao idioma
espanhol, o professor deve levá
-los a
perceber que não existe apenas a
variedade peninsular, da mesma forma
que não existe apenas uma variedade
se, também, que
os leve a questionar a crença em
superioridade linguística, perguntando
-
lhes quais motivos fazem um indivíduo
nsar que existam línguas melhores,
piores, mais ou menos importantes,
dado que a língua é um bem cultural.
Nesse ponto, o professor poderá tocar
na questão do poder, dos estereótipos
e preconceitos e relacioná
-los com a
citada crença; discutir as possíveis
origens e formas de transmissão.
Como atividades finais
sugere-
se uma pesquisa a respeito de Machu
Picchu, declarada Patrimônio Cultural
da Humanidade, assim como de outros
locais na América Latina declarados
Patrimônio Cultural e Natural da
Humanidade. T
ambém, que os alunos
pesquisem sobre temas de atualidades
na América Latina para apresentar na
aula e acrescentem seus próprios
pontos de vista a respeito.
observar se acontecimentos
comuns aos diferentes países e refletir
se as causas podem estar
ao passado, a apenas fatores internos
ou, inclusive, a fatores externos à
região. Sugere-
se, também, discutir
formas de fomentar o diálogo entre
culturas.
A proposta apresentada,
pautada numa abordagem
intercultural, por meio do uso de
conteúdo
s históricos, geográficos,
políticos e culturais relacionados ao
contexto sul-
americano, compôs
uma atividade principal e duas
atividades complementares dela
derivadas. Acreditamos que este tipo
de prática, além de promover uma
maior compreensão das
questão, também aumentará a
motivação dos alunos brasileiros para
o estudo da língua espanhola e
promoverá uma possível mudança de
atitude.
402
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(Ensaio)
Patrimônio Cultural e Natural da
ambém, que os alunos
pesquisem sobre temas de atualidades
na América Latina para apresentar na
aula e acrescentem seus próprios
pontos de vista a respeito.
Devem
observar se acontecimentos
comuns aos diferentes países e refletir
se as causas podem estar
conectadas
ao passado, a apenas fatores internos
ou, inclusive, a fatores externos à
se, também, discutir
formas de fomentar o diálogo entre
A proposta apresentada,
pautada numa abordagem
intercultural, por meio do uso de
s históricos, geográficos,
políticos e culturais relacionados ao
americano, compôs
-se de
uma atividade principal e duas
atividades complementares dela
derivadas. Acreditamos que este tipo
de prática, além de promover uma
maior compreensão das
culturas em
questão, também aumentará a
motivação dos alunos brasileiros para
o estudo da língua espanhola e
promoverá uma possível mudança de
MACHADO, Maria Cláudia de J.; YOKOTA, Rosa. Geopolítica, identidade
cultural e a língua espanhola no contexto brasileiro
Revista Latino-
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Conclusão
O desenvolvimento do presente
trabalho mostra
como o ensino e a
aprendizagem de uma língua
e
strangeira estão vinculados às
questões geopolíticas e identitárias.
Portanto, resulta impossível isolar esse
processo do contexto no qual ocorre. A
escolha da língua ou das línguas que
compõem a grade curricular das
instituições de ensino são
determinadas
pela política de governo
que, por sua vez, é influenciada pelas
ideologias assim como pela conjuntura
política e econômica do momento.
Dessa forma, acaba-
se atribuindo
maior poder a uma língua em
detrimento de outra. A língua à qual se
atribui um valor ma
ior se aquela de
um país que exerce influência sobre os
demais, geralmente em nível global.No
caso do ensino de espanhol no
contexto brasileiro, percebe
desvalorização, apesar da proximidade
geográfica entre o Brasil e as nações
hispano-american
as e de uma história
compartilhada.Seria a desvalorização
resultado da crença de que não é
necessário aprender uma língua de
países pouco influentes em nível
global? Ou seria um sentimento de
superioridade por parte dos brasileiros
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cultural e a língua espanhola no contexto brasileiro
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O desenvolvimento do presente
como o ensino e a
aprendizagem de uma língua
strangeira estão vinculados às
questões geopolíticas e identitárias.
Portanto, resulta impossível isolar esse
processo do contexto no qual ocorre. A
escolha da língua ou das línguas que
compõem a grade curricular das
instituições de ensino são
pela política de governo
que, por sua vez, é influenciada pelas
ideologias assim como pela conjuntura
política e econômica do momento.
se atribuindo
maior poder a uma língua em
detrimento de outra. A língua à qual se
ior se aquela de
um país que exerce influência sobre os
demais, geralmente em nível global.No
caso do ensino de espanhol no
contexto brasileiro, percebe
-se a sua
desvalorização, apesar da proximidade
geográfica entre o Brasil e as nações
as e de uma história
compartilhada.Seria a desvalorização
resultado da crença de que não é
necessário aprender uma língua de
países pouco influentes em nível
global? Ou seria um sentimento de
superioridade por parte dos brasileiros
com relação aos seus viz
sentido, cabe indagar qual é a
representação social dos povos
hispânicos para os brasileiros.
Tendo em vista os aspectos
observados, cabe ao professor mostrar
ao aluno que o estudo de uma língua
estrangeira transcende ideologias,
visto que o c
onhecimento de idiomas
contribui para a sua formação
humanística, promove a aproximação
entre culturas, contribui para a
desconstrução das representações
socioculturais negativas, amplia a sua
visão de mundo, faz tomar
consciência do pluralismo cultural e
linguístico e valorizar a diversidade.
Portanto, uma língua não exclui a
outra.
Com base no exposto, conclui
se que ensinar espanhol no contexto
brasileiro é um desafio, pois o aluno de
língua espanhola precisa ser
continuamente sensibilizado e
motivado.
Acreditamos que uma
maneira de fazê-
lo seria colocá
contato com a pluralidade cultural do
mundo hispânico e suas
manifestações, resgatar a história da
América Ibérica na sala de aula, bem
como a sua identidade ou identidades
culturais e abordar o con
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(Ensaio)
com relação aos seus viz
inhos? Nesse
sentido, cabe indagar qual é a
representação social dos povos
hispânicos para os brasileiros.
Tendo em vista os aspectos
observados, cabe ao professor mostrar
ao aluno que o estudo de uma língua
estrangeira transcende ideologias,
onhecimento de idiomas
contribui para a sua formação
humanística, promove a aproximação
entre culturas, contribui para a
desconstrução das representações
socioculturais negativas, amplia a sua
visão de mundo, faz tomar
consciência do pluralismo cultural e
linguístico e valorizar a diversidade.
Portanto, uma língua não exclui a
Com base no exposto, conclui
-
se que ensinar espanhol no contexto
brasileiro é um desafio, pois o aluno de
língua espanhola precisa ser
continuamente sensibilizado e
Acreditamos que uma
lo seria colocá
-lo em
contato com a pluralidade cultural do
mundo hispânico e suas
manifestações, resgatar a história da
América Ibérica na sala de aula, bem
como a sua identidade ou identidades
culturais e abordar o con
teúdo sob
MACHADO, Maria Cláudia de J.; YOKOTA, Rosa. Geopolítica, identidade
cultural e a língua espanhola no contexto brasileiro
Revista Latino-
Americana de Estudos em Cultura,
20, p. 386-405, março 2021.
uma perspectiva intercultural, pois a
quebra de barreiras começa a ocorrer
quando conhecemos o outro, nos
familiarizamos com a sua história e
com os valores de sua cultura e
percebemos nossas semelhanças e
diferenças.
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