YAKINI, Michel. Resenha de: Sarau Elo da Corrente 13 anos: tambor,
território e oralidades. PragMATIZES -
Revista Latino
Estudos em Cultura, Niterói/RJ, Ano 12, n. 22
, p.
Resenha:
Sarau Elo da Corrente 13 anos: tambor, território e oralidades.
Organização: Coletivo Literário Sarau Elo da Corrente. São Paulo, Avangi Cultural,
2021.
DOI: https://doi.org/1
0.22409/pragmatizes.v12i22.51374
O coletivo Sarau Elo da Corrente foi criado em 2007 em Pirituba, zona
noroeste de São Paulo, na cena da Literatura Periférica, movimento que tem como
base os saraus de poesia falada, a publicação
escritores e leitores. Essa cena ganhou força com o Sarau da Cooperifa, idealizado
1
Michel Yakini (Michel da Silva Ceriaco). Mestrando em Educação da UFSCar (Universidade Federal
de São Carlos) -
Campus Sorocaba (PPGEd
educador. Fundador do Coletivo Literário Sarau Elo da Corrente. Email:
https://orcid.org/0000-0003-
2251
Recebido em 31/08/2021,
aceito para publicação em
YAKINI, Michel. Resenha de: Sarau Elo da Corrente 13 anos: tambor,
Revista Latino
-Americana de
, p.
421-424, mar. 2022. www.
periodicos.uff.br/pragmatizes
(RESENHA/Dossiê "
Coletivos culturais
potências")
Sarau Elo da Corrente 13 anos: tambor, território e oralidades.
Organização: Coletivo Literário Sarau Elo da Corrente. São Paulo, Avangi Cultural,
0.22409/pragmatizes.v12i22.51374
Autor:
O coletivo Sarau Elo da Corrente foi criado em 2007 em Pirituba, zona
noroeste de São Paulo, na cena da Literatura Periférica, movimento que tem como
base os saraus de poesia falada, a publicação
de livros e a formação de novos
escritores e leitores. Essa cena ganhou força com o Sarau da Cooperifa, idealizado
Michel Yakini (Michel da Silva Ceriaco). Mestrando em Educação da UFSCar (Universidade Federal
Campus Sorocaba (PPGEd
-
So). Escritor, poeta, editor, produtor cultural e artista
educador. Fundador do Coletivo Literário Sarau Elo da Corrente. Email:
michelyakini@gmail.com
2251
-9084
aceito para publicação em
25/01/20
22 e disponibilizado online em
01/03/2022.
421
periodicos.uff.br/pragmatizes
- ISSN 2237-1508
Coletivos culturais
resistências, disputas e
Sarau Elo da Corrente 13 anos: tambor, território e oralidades.
Organização: Coletivo Literário Sarau Elo da Corrente. São Paulo, Avangi Cultural,
Autor:
Michel Yakini1
O coletivo Sarau Elo da Corrente foi criado em 2007 em Pirituba, zona
noroeste de São Paulo, na cena da Literatura Periférica, movimento que tem como
de livros e a formação de novos
escritores e leitores. Essa cena ganhou força com o Sarau da Cooperifa, idealizado
Michel Yakini (Michel da Silva Ceriaco). Mestrando em Educação da UFSCar (Universidade Federal
So). Escritor, poeta, editor, produtor cultural e artista
-
michelyakini@gmail.com
-
22 e disponibilizado online em
YAKINI, Michel. Resenha de: Sarau Elo da Corrente 13 anos: tambor,
território e oralidades. PragMATIZES -
Revista Latino
Estudos em Cultura, Niterói/RJ, Ano 12, n. 22
, p.
em 2001 por Sérgio Vaz e Marco Peo, e o Sarau do Binho, idealizado em 2004
por Robson Padial (Binho) e Suzi Soares, ambos da zona sul de Sã
Nesse contexto, o Elo da Corrente lançou, em 2021, o livro
Corrente 13 anos: tambor, território e oralidades,
Edições, com recursos da Lei de Fomento à Cultura da Periferia, do munipio de
São Pau
lo. Essa obra contém textos dos organizadores; de pesquisadores; além de
poesias, prosas curtas e fotografias que ilustram a história do coletivo.
O projeto gráfico do livro é de Carol Zeferino e a concepção editorial é de um
conselho formado por: Dougla
Raquel Almeida, Sergio Ballouk e Walner Danziger.
A obra inicia com
periféricas
, de Douglas Alves, no qual ele relata sua chegada no Elo da Corrente.
Numa
caminhada pelo bairro, voltando da faculdade, ele percebeu um silêncio que
pairava numa noite de quinta feira no bar do Santista, "mas não era um silêncio
vazio e opaco sem palavras, não era o silêncio autoritário que alguns agentes do
estado impõem na qu
ebrada, era o silêncio de respeito" (p.12). Para Douglas, a
experiência como ouvinte e organizador do sarau é equiparável a "de cursar um
ensino formal, pois para além do acúmulo intelectual, podemos também nos formar
enquanto sujeitos de ação a partir de
Em
Mulheres viajantes, entre bairros, coletivos e sonhos
fundadora do coletivo, analisa a presença das mulheres no sarau, e sua relação com
o coletivo. Ela tensiona as relações de gênero, afirmando que "nós m
tínhamos tal reconhecimento; porque na maioria das vezes, éramos tidas como a
mulher do cara que ajuda no sarau, a amiga do cara que ajuda no sarau e nunca
como a organizadora, a poeta" (p.20). Assim, surgiu uma parceria que fomentou
debates, t
rocas de conhecimento e articulação numa "rede de mulheres pretas
periféricas" (p.25), que garantiu maior visibilidade e equidade da presença feminina
nesses encontros.
Michel Yakini, também fundador, apresenta
matutas de um sarau
, onde analisa a poética nordestina do cordel, do aboio e da
rima sertaneja nos encontros do Elo da Corrente, já que "a presença de nordestinos
em Pirituba é tão marcante que uma parte do Jd. Nardini (...) é chamada de
YAKINI, Michel. Resenha de: Sarau Elo da Corrente 13 anos: tambor,
Revista Latino
-Americana de
, p.
421-424, mar. 2022. www.
periodicos.uff.br/pragmatizes
(RESENHA/Dossiê "
Coletivos culturais
potências")
em 2001 por Sérgio Vaz e Marco Pezão, e o Sarau do Binho, idealizado em 2004
por Robson Padial (Binho) e Suzi Soares, ambos da zona sul de Sã
Nesse contexto, o Elo da Corrente lançou, em 2021, o livro
Corrente 13 anos: tambor, território e oralidades,
publicado pelo selo Elo da Corrente
Edições, com recursos da Lei de Fomento à Cultura da Periferia, do munipio de
lo. Essa obra contém textos dos organizadores; de pesquisadores; além de
poesias, prosas curtas e fotografias que ilustram a história do coletivo.
O projeto gráfico do livro é de Carol Zeferino e a concepção editorial é de um
conselho formado por: Dougla
s Alves, Érica Peçanha do Nascimento, Michel Yakini,
Raquel Almeida, Sergio Ballouk e Walner Danziger.
A obra inicia com
Entre Ladeiras e Lembranças: pequenas memórias
, de Douglas Alves, no qual ele relata sua chegada no Elo da Corrente.
caminhada pelo bairro, voltando da faculdade, ele percebeu um silêncio que
pairava numa noite de quinta feira no bar do Santista, "mas não era um silêncio
vazio e opaco sem palavras, não era o silêncio autoritário que alguns agentes do
ebrada, era o silêncio de respeito" (p.12). Para Douglas, a
experiência como ouvinte e organizador do sarau é equiparável a "de cursar um
ensino formal, pois para além do acúmulo intelectual, podemos também nos formar
enquanto sujeitos de ação a partir de
nosso lugar no mundo" (p.16).
Mulheres viajantes, entre bairros, coletivos e sonhos
, Raquel Almeida,
fundadora do coletivo, analisa a presença das mulheres no sarau, e sua relação com
o coletivo. Ela tensiona as relações de gênero, afirmando que "nós m
tínhamos tal reconhecimento; porque na maioria das vezes, éramos tidas como a
mulher do cara que ajuda no sarau, a amiga do cara que ajuda no sarau e nunca
como a organizadora, a poeta" (p.20). Assim, surgiu uma parceria que fomentou
rocas de conhecimento e articulação numa "rede de mulheres pretas
periféricas" (p.25), que garantiu maior visibilidade e equidade da presença feminina
Michel Yakini, também fundador, apresenta
Flores de Xique
-
, onde analisa a poética nordestina do cordel, do aboio e da
rima sertaneja nos encontros do Elo da Corrente, que "a presença de nordestinos
em Pirituba é tão marcante que uma parte do Jd. Nardini (...) é chamada de
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- ISSN 2237-1508
Coletivos culturais
resistências, disputas e
em 2001 por Sérgio Vaz e Marco Peo, e o Sarau do Binho, idealizado em 2004
por Robson Padial (Binho) e Suzi Soares, ambos da zona sul de Sã
o Paulo.
Nesse contexto, o Elo da Corrente lançou, em 2021, o livro
Sarau Elo da
publicado pelo selo Elo da Corrente
Edições, com recursos da Lei de Fomento à Cultura da Periferia, do município de
lo. Essa obra contém textos dos organizadores; de pesquisadores; além de
poesias, prosas curtas e fotografias que ilustram a história do coletivo.
O projeto gráfico do livro é de Carol Zeferino e a concepção editorial é de um
s Alves, Érica Peçanha do Nascimento, Michel Yakini,
Entre Ladeiras e Lembranças: pequenas memórias
, de Douglas Alves, no qual ele relata sua chegada no Elo da Corrente.
caminhada pelo bairro, voltando da faculdade, ele percebeu um silêncio que
pairava numa noite de quinta feira no bar do Santista, "mas não era um silêncio
vazio e opaco sem palavras, não era o silêncio autoritário que alguns agentes do
ebrada, era o silêncio de respeito" (p.12). Para Douglas, a
experiência como ouvinte e organizador do sarau é equiparável a "de cursar um
ensino formal, pois para além do acúmulo intelectual, podemos também nos formar
nosso lugar no mundo" (p.16).
, Raquel Almeida,
fundadora do coletivo, analisa a presença das mulheres no sarau, e sua relação com
o coletivo. Ela tensiona as relações de gênero, afirmando que "nós m
ulheres não
tínhamos tal reconhecimento; porque na maioria das vezes, éramos tidas como a
mulher do cara que ajuda no sarau, a amiga do cara que ajuda no sarau e nunca
como a organizadora, a poeta" (p.20). Assim, surgiu uma parceria que fomentou
rocas de conhecimento e articulação numa "rede de mulheres pretas
periféricas" (p.25), que garantiu maior visibilidade e equidade da presença feminina
-
xique - Colheitas
, onde analisa a poética nordestina do cordel, do aboio e da
rima sertaneja nos encontros do Elo da Corrente, já que "a presença de nordestinos
em Pirituba é tão marcante que uma parte do Jd. Nardini (...) é chamada de
YAKINI, Michel. Resenha de: Sarau Elo da Corrente 13 anos: tambor,
território e oralidades. PragMATIZES -
Revista Latino
Estudos em Cultura, Niterói/RJ, Ano 12, n. 22
, p.
Remanso, em alusão a cidade
vindas dessa cidade" (p.38). Os mbolos dessa presença o os poetas João do
Nascimento e Correia, conterrâneos de Chorrochó (BA), que se conheceram no
bar do Santista. Esse encontro resultou na partici
Festa de São Benedito em Chorrochó (BA), em 2010.
Nesse sentido, a escrita dos organizadores, abrindo a primeira parte da obra,
ilustra os eixos que orientam as ações e pesquisas do Sarau Elo da Corrente, que
primam pela di
fusão e valorização das culturas periféricas, negras e nordestinas,
assumindo um pertencimento territorial e ancestral, também ligado aos movimentos
migratórios vindos do nordeste ao longo do século XX .
A segunda parte do livro é dedicada aos textos de
Carvalho Mota), Érica Peçanha do Nascimento e Salloma Salomão Jovino da Silva,
que representam a parceria entre o Coletivo Elo da Corrente e os pesquisadores
acadêmicos.
Em
Os muitos elos de um sarau periférico,
o Sarau Elo da Corrente no movimento literário das periferias, mas também aponta
suas especificidades "como os raps, os sambas, as músicas de capoeira, a
declamação de textos de escritores negros inicos, bem como a valorização da
identidade
racial nos corpos e nas performances" (p.47). Além disso, destaca como
os participantes do sarau ampliam sua participação profissional no campo
educacional e cultural, numa "corrente que é, a um tempo, cultural, comunitária,
pedagógica e política
" (p.50
Maria Nilda de Carvalho Mota, conhecida como Dinha, contribui com
Corrente: uma estética toda nossa,
e possui uma trajetória literária precursora nas periferias. Por isso ela considera o
Sarau Elo d
a Corrente como "irmãs e irmãos que, na verdade há tempos estavam ao
meu lado -
e eu dos seus
vídeos e performances que circulam de mão em mão" (p.53
do texto, intitulado Espólio
branquitude e a arte periférica, afirmando que "de posse das técnicas brancas
classemedianas (...) revolucionamos o fazer literário, reinventamos a oralitura,
YAKINI, Michel. Resenha de: Sarau Elo da Corrente 13 anos: tambor,
Revista Latino
-Americana de
, p.
421-424, mar. 2022. www.
periodicos.uff.br/pragmatizes
(RESENHA/Dossiê "
Coletivos culturais
potências")
Remanso, em aluo a cidade
do interior da Bahia, por abrigar muitas pessoas
vindas dessa cidade" (p.38). Os símbolos dessa presença são os poetas João do
Nascimento e Zé Correia, conterrâneos de Chorrochó (BA), que se conheceram no
bar do Santista. Esse encontro resultou na partici
pação de 18 poetas do sarau à
Festa de São Benedito em Chorrochó (BA), em 2010.
Nesse sentido, a escrita dos organizadores, abrindo a primeira parte da obra,
ilustra os eixos que orientam as ações e pesquisas do Sarau Elo da Corrente, que
fuo e valorização das culturas periféricas, negras e nordestinas,
assumindo um pertencimento territorial e ancestral, também ligado aos movimentos
migratórios vindos do nordeste ao longo do século XX .
A segunda parte do livro é dedicada aos textos de
Dinha (Maria Nilda de
Carvalho Mota), Érica Peçanha do Nascimento e Salloma Salomão Jovino da Silva,
que representam a parceria entre o Coletivo Elo da Corrente e os pesquisadores
Os muitos elos de um sarau periférico,
a antropóloga Érica P
o Sarau Elo da Corrente no movimento literário das periferias, mas também aponta
suas especificidades "como os raps, os sambas, as músicas de capoeira, a
declamação de textos de escritores negros icônicos, bem como a valorização da
racial nos corpos e nas performances" (p.47). Além disso, destaca como
os participantes do sarau ampliam sua participação profissional no campo
educacional e cultural, numa "corrente que é, a um tempo, cultural, comunitária,
" (p.50
).
Maria Nilda de Carvalho Mota, conhecida como Dinha, contribui com
Corrente: uma estética toda nossa,
numa visão de quem é articuladora de coletivos
e possui uma trajetória literária precursora nas periferias. Por isso ela considera o
a Corrente como "irmãs e irmãos que, na verdade há tempos estavam ao
e eu dos seus
-
por meio dos livros, dos versos replicados oralmente,
deos e performances que circulam de mão em mão" (p.53
-
54). Na segunda parte
e angu
, Dinha faz um paralelo entre a arte canonizada da
branquitude e a arte periférica, afirmando que "de posse das técnicas brancas
classemedianas (...) revolucionamos o fazer literário, reinventamos a oralitura,
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periodicos.uff.br/pragmatizes
- ISSN 2237-1508
Coletivos culturais
resistências, disputas e
do interior da Bahia, por abrigar muitas pessoas
vindas dessa cidade" (p.38). Os mbolos dessa presença o os poetas João do
Nascimento e Zé Correia, conterrâneos de Chorrochó (BA), que se conheceram no
pação de 18 poetas do sarau à
Nesse sentido, a escrita dos organizadores, abrindo a primeira parte da obra,
ilustra os eixos que orientam as ações e pesquisas do Sarau Elo da Corrente, que
fuo e valorização das culturas periféricas, negras e nordestinas,
assumindo um pertencimento territorial e ancestral, também ligado aos movimentos
Dinha (Maria Nilda de
Carvalho Mota), Érica Peçanha do Nascimento e Salloma Salomão Jovino da Silva,
que representam a parceria entre o Coletivo Elo da Corrente e os pesquisadores
a antropóloga Érica P
eçanha situa
o Sarau Elo da Corrente no movimento literário das periferias, mas também aponta
suas especificidades "como os raps, os sambas, as músicas de capoeira, a
declamação de textos de escritores negros inicos, bem como a valorização da
racial nos corpos e nas performances" (p.47). Além disso, destaca como
os participantes do sarau ampliam sua participação profissional no campo
educacional e cultural, numa "corrente que é, a um tempo, cultural, comunitária,
Maria Nilda de Carvalho Mota, conhecida como Dinha, contribui com
Elo da
numa vio de quem é articuladora de coletivos
e possui uma trajetória literária precursora nas periferias. Por isso ela considera o
a Corrente como "irmãs e irmãos que, na verdade há tempos estavam ao
por meio dos livros, dos versos replicados oralmente,
54). Na segunda parte
, Dinha faz um paralelo entre a arte canonizada da
branquitude e a arte periférica, afirmando que "de posse das técnicas brancas
classemedianas (...) revolucionamos o fazer literário, reinventamos a oralitura,
YAKINI, Michel. Resenha de: Sarau Elo da Corrente 13 anos: tambor,
território e oralidades. PragMATIZES -
Revista Latino
Estudos em Cultura, Niterói/RJ, Ano 12, n. 22
, p.
demos nova vida às canções ditas popula
branca, no Sarau, vira espólio de guerra: é útil, mas perde lugar de destaque".
Salloma Saloo, artista e intelectual afroperiférico, nos brinda com
Literatura afroperiférica e saraus da paulicéia
estéticas, e refletindo as contradições desse movimento. Salloma cita que algumas
lideranças culturais como Mário Pazzini, Sérgio Vaz e Marco Pezão, surgiram
"justamente no momento em começaram a desaparecer, fazer
de mobilização popular, as lideranças comunitárias advindas dos movimentos
sociais e sindicais ativos nos anos 1970/1980" (p.69). Também aponta a importância
do movimento hip hop
e de ícones como a escritora Carolina Maria de Jesus, que
trouxeram possibilidades de "se contrapor a tendência de apagamento,
esquecimento e invisibilidade" (p.80) das pessoas negras. Para ele, os poetas dos
saraus "encontraram na escrita criativa um mot
tempo e espaço, sem sair do lugar onde estão confinados pela condição e hierarquia
sociais" (p.73).
Por fim, o livro destina espaço para a força motriz do sarau, a poesia e a
prosa curta, seja de escritores com vasta pub
Walner Danziger, ou de estreantes como Susana Malu Córdoba e Jandir
Nascimento, bem como acontece nas noites de sarau, onde o espaço é aberto a
todas as pessoas, independente da trajetória. Há também uma seção destina
catálogo do Elo da Corrente Edições, apresentando 14 títulos, e um "salve!" de
agradecimento.
Portanto, essa obra documental simboliza um importante registro não do
Coletivo Elo da Corrente, mas de todo movimento literário das periferias, que
sendo construído de forma autônoma e criativa, mesmo em cenários adversos,
garantindo que a arte e o conhecimento, produzidos num fazer local, faça parte dos
territórios e das pessoas que sobrevivem e se reinventam nos arrabaldes da grande
metrópole.
YAKINI, Michel. Resenha de: Sarau Elo da Corrente 13 anos: tambor,
Revista Latino
-Americana de
, p.
421-424, mar. 2022. www.
periodicos.uff.br/pragmatizes
(RESENHA/Dossiê "
Coletivos culturais
potências")
demos nova vida às canções ditas popula
res e eruditas" (p.56-
57), porque "a cultura
branca, no Sarau, vira espólio de guerra: é útil, mas perde lugar de destaque".
Salloma Salomão, artista e intelectual afroperiférico, nos brinda com
Literatura afroperiférica e saraus da paulicéia
, fazendo análises históricas, políticas,
estéticas, e refletindo as contradições desse movimento. Salloma cita que algumas
lideranças culturais como Mário Pazzini, rgio Vaz e Marco Pezão, surgiram
"justamente no momento em começaram a desaparecer, fazer
falta ou perder força
de mobilização popular, as lideranças comunitárias advindas dos movimentos
sociais e sindicais ativos nos anos 1970/1980" (p.69). Também aponta a importância
e de ícones como a escritora Carolina Maria de Jesus, que
trouxeram possibilidades de "se contrapor a tendência de apagamento,
esquecimento e invisibilidade" (p.80) das pessoas negras. Para ele, os poetas dos
saraus "encontraram na escrita criativa um mot
or que lhes permite se deslocar no
tempo e espaço, sem sair do lugar onde estão confinados pela condição e hierarquia
Por fim, o livro destina espaço para a força motriz do sarau, a poesia e a
prosa curta, seja de escritores com vasta pub
licação autoral, como Sergio Ballouk e
Walner Danziger, ou de estreantes como Susana Malu rdoba e Jandir
Nascimento, bem como acontece nas noites de sarau, onde o espaço é aberto a
todas as pessoas, independente da trajetória. também uma seção destina
catálogo do Elo da Corrente Edições, apresentando 14 títulos, e um "salve!" de
Portanto, essa obra documental simboliza um importante registro não do
Coletivo Elo da Corrente, mas de todo movimento literário das periferias, que
sendo construído de forma autônoma e criativa, mesmo em cenários adversos,
garantindo que a arte e o conhecimento, produzidos num fazer local, faça parte dos
territórios e das pessoas que sobrevivem e se reinventam nos arrabaldes da grande
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periodicos.uff.br/pragmatizes
- ISSN 2237-1508
Coletivos culturais
resistências, disputas e
57), porque "a cultura
branca, no Sarau, vira espólio de guerra: é útil, mas perde lugar de destaque".
Salloma Salomão, artista e intelectual afroperiférico, nos brinda com
, fazendo análises históricas, políticas,
estéticas, e refletindo as contradições desse movimento. Salloma cita que algumas
lideranças culturais como Mário Pazzini, Sérgio Vaz e Marco Pezão, surgiram
falta ou perder força
de mobilização popular, as lideranças comunitárias advindas dos movimentos
sociais e sindicais ativos nos anos 1970/1980" (p.69). Também aponta a importância
e de ícones como a escritora Carolina Maria de Jesus, que
trouxeram possibilidades de "se contrapor a tendência de apagamento,
esquecimento e invisibilidade" (p.80) das pessoas negras. Para ele, os poetas dos
or que lhes permite se deslocar no
tempo e espaço, sem sair do lugar onde estão confinados pela condição e hierarquia
Por fim, o livro destina espaço para a força motriz do sarau, a poesia e a
licação autoral, como Sergio Ballouk e
Walner Danziger, ou de estreantes como Susana Malu Córdoba e Jandir
Nascimento, bem como acontece nas noites de sarau, onde o espaço é aberto a
todas as pessoas, independente da trajetória. Há também uma seção destina
da ao
catálogo do Elo da Corrente Edições, apresentando 14 títulos, e um "salve!" de
Portanto, essa obra documental simboliza um importante registro não do
Coletivo Elo da Corrente, mas de todo movimento literário das periferias, que
vem
sendo construído de forma autônoma e criativa, mesmo em cenários adversos,
garantindo que a arte e o conhecimento, produzidos num fazer local, faça parte dos
territórios e das pessoas que sobrevivem e se reinventam nos arrabaldes da grande