BEZERRA, Laura. Coletivos populares no Recôncavo da Bahia: cultura,
memória e resistência. PragMATIZES -
Estudos em Cultura, Niterói/RJ, Ano 12, n. 22
a solic
itação do registro veio do Estado;
no segundo, do Bembé do Mercado, a
sugestão veio do entorno do grupo
envolvido; no terceiro, das Cheganças,
veio do próprio grupo. Enquanto no
processo do Samba de Roda a
elaboração do dossiê foi feita pelo próprio
Iphan
sambadores e sambadeiras), no caso do
registro nacional do Bembé, uma equipe
do Centro de Culturas, Linguagens e
Tecnologias Aplicadas (CECULT),
Campus de Santo Amaro da Universidade
Federal do Recôncavo da Bahia (UFRB)
foi sugerid
a pelo IPHAN à associação
proponente e aceita. A equipe contou com
a participação de estudantes diretamente
vinculados à manifestação. Já no registro
das Cheganças, os próprios brincantes
assumiram a elaboração do dossiê. O
mesmo vale para a mobilização do
grupos, que no primeiro caso, foi feita,
inicialmente, pelo IPHAN; no segundo,
constituiu-
se uma Comissão do Bembé,
deliberado de escolha. Repertórios
criaçõesculturais
descendem de filosofia abstrata
forma como resultado
eles emergem da luta.” (apud
p. 26). Tilly refere-
se ainda a “transferência de
repertórios”, acentuando, entretanto, que a
transferência de formas de ação é pautada por
criatividade e improviso. Ou seja: ao invés de
ap
enas repetir as ações anteriores, elas vão,
na prática, se modificando de acordo com os
contextos de atuação. Entretanto, cabe
salientar que o conceito de Tilly tem foco na
questão dos confront
ao menos literalmente, aos
por nós.
BEZERRA, Laura. Coletivos populares no Recôncavo da Bahia: cultura,
-Americana de
29-49, mar. 2022. www.
periodicos.uff.br/pragmatizes
(Dossiê "Coletivos culturais –
resistências, disputas e potências
itação do registro veio do Estado;
no segundo, do Bembé do Mercado, a
sugestão veio do entorno do grupo
envolvido; no terceiro, das Cheganças,
veio do próprio grupo. Enquanto no
processo do Samba de Roda a
elaboração do dossiê foi feita pelo próprio
sambadores e sambadeiras), no caso do
registro nacional do Bembé, uma equipe
do Centro de Culturas, Linguagens e
Tecnologias Aplicadas (CECULT),
Campus de Santo Amaro da Universidade
Federal do Recôncavo da Bahia (UFRB)
a pelo IPHAN à associação
proponente e aceita. A equipe contou com
a participação de estudantes diretamente
vinculados à manifestação. Já no registro
das Cheganças, os próprios brincantes
assumiram a elaboração do dossiê. O
mesmo vale para a mobilização do
s
grupos, que no primeiro caso, foi feita,
inicialmente, pelo IPHAN; no segundo,
se uma Comissão do Bembé,
deliberado de escolha. Repertórios
são
não
tomam
se ainda a “transferência de
repertórios”, acentuando, entretanto, que a
transferência de formas de ação é pautada por
criatividade e improviso. Ou seja: ao invés de
enas repetir as ações anteriores, elas vão,
na prática, se modificando de acordo com os
contextos de atuação. Entretanto, cabe
salientar que o conceito de Tilly tem foco na
ados
com uma estrutura de decisão
horizontalizada; no terceiro, os Encontros
Estaduais criaram uma base de debates
para o processo de patrimoni
Sublinhemos também a apropriação das
ações de salvaguarda do SR pelos
sambadores e sambadeiras.
No caso do Bembé está em pauta,
atualmente, a questão da salvaguarda:
“agora é não vacilar, aproveitar esse
reconhecimento para nosso povo, nosso
leg
ado”, disse Pai Pote em entrevista
citada. A fala permite a associação com o
“
paradigma da travessia”, cunhado pelo
quando afirma que, para os povos negros
na diáspora, os lugares de memória são
“um chamado e um
lugares da memória’” e aponta para uma
“construção coletiva de um pensar que
nos reinvente, nos abra outras imagens de
nós mesmos, considerando nossas
heranças em memória africanas.”
(NASCIMENTO, 2020, p. 35).
21),
[…] ainda nos dias atuais,
transmissão de conhecimentos
ancestrais, como forma de
preservar suas identidades,
garantindo que saberes do
passado sejam experenciados
por várias gerações. Um dos
pilares dessa resistência são os
grupos de “Culturas Populares”,
que utilizam técnicas ancestrais,
como a oralidade, para não se
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periodicos.uff.br/pragmatizes
- ISSN 2237-1508
resistências, disputas e potências
")
com uma estrutura de decisão
horizontalizada; no terceiro, os Encontros
Estaduais criaram uma base de debates
para o processo de patrimoni
alização.
Sublinhemos também a apropriação das
ações de salvaguarda do SR pelos
sambadores e sambadeiras.
No caso do Bembé está em pauta,
atualmente, a questão da salvaguarda:
“agora é não vacilar, aproveitar esse
reconhecimento para nosso povo, nosso
ado”, disse Pai Pote em entrevista
citada. A fala permite a associação com o
paradigma da travessia”, cunhado pelo
-Godefroy Bidima,
quando afirma que, para os povos negros
na diáspora, os lugares de memória são
-
lugares da memória’” e aponta para uma
“construção coletiva de um pensar que
nos reinvente, nos abra outras imagens de
nós mesmos, considerando nossas
heranças em memória africanas.”
(NASCIMENTO, 2020, p. 35).
(2020, p.
[…] ainda nos dias atuais,
transmissão de conhecimentos
ancestrais, como forma de
preservar suas identidades,
garantindo que saberes do
passado sejam experenciados
por várias gerações. Um dos
pilares dessa resistência são os
grupos de “Culturas Populares”,
que utilizam técnicas ancestrais,
como a oralidade, para não se