MACEDO, Rodolfo Alves de. Resenha: WILLIAM, Rodney. Apropriação
Cultural. PragMATIZES - Revista Latino-
Americana de Estudos em
Cultura, Niterói/RJ, Ano 13, n. 25, p. 246-250,
Resenha: WILLIAM, Rodney.
2020.
DOI: https://doi.org/10.22409/pragmatizes.v13i25.
O uso de turbantes por pessoas não negras, pode ou não pode? É
apropriação cultural ou não? Antes de responder a essas perguntas, primeiro se faz
necessário saber o que se entende por cultura. Aliás, o que é cultura? Indo além
do “pode ou não pode”, essa
William ao longo do livro
1
Rodolfo Alves de Macedo. Mestrando em Educação: História, Política, Sociedade pela Pontifícia
Universidade Católica de São Paulo (PUC
https://orcid.org/0000-0001-
8013
Recebido em 31/08/2022,
MACEDO, Rodolfo Alves de. Resenha: WILLIAM, Rodney. Apropriação
Americana de Estudos em
,
set. 2023. www.
periodicos.uff.br/pragmatizes
(Dossiê "
Gestão cultural e diversidade
Resenha: WILLIAM, Rodney.
Apropriação Cultural
. São Paulo: Editora Jandaíra,
DOI: https://doi.org/10.22409/pragmatizes.v13i25.
55759
Rodolfo Alves de Macedo
O uso de turbantes por pessoas não negras, pode ou não pode? É
apropriação cultural ou não? Antes de responder a essas perguntas, primeiro se faz
necessário saber o que se entende por “cultura”. Aliás, o que é cultura? Indo além
do pode ou não pode, essa
s e outras perguntas serão respondidas por Rodney
William ao longo do livro
Apropriação Cultural (2020).
A obra foi publicada
Rodolfo Alves de Macedo. Mestrando em Educação: História, Política, Sociedade pela Pontifícia
Universidade Católica de São Paulo (PUC
-SP). E-mail:
rodolfo.macedo95@gmail.com
8013
-3994
aceito para publicação em
27/06/20
23 e disponibilizado online em
01/09/2023.
246
periodicos.uff.br/pragmatizes
- ISSN 2237-1508
Gestão cultural e diversidade
" - Resenha)
. São Paulo: Editora Jandaíra,
Rodolfo Alves de Macedo
1
O uso de turbantes por pessoas não negras, pode ou não pode? É
apropriação cultural ou não? Antes de responder a essas perguntas, primeiro se faz
necessário saber o que se entende por cultura. Aliás, o que é cultura? Indo além
s e outras perguntas serão respondidas por Rodney
A obra foi publicada
Rodolfo Alves de Macedo. Mestrando em Educação: História, Política, Sociedade pela Pontifícia
rodolfo.macedo95@gmail.com
-
23 e disponibilizado online em
MACEDO, Rodolfo Alves de. Resenha: WILLIAM, Rodney. Apropriação
Cultural. PragMATIZES - Revista Latino-
Americana de Estudos em
Cultura, Niterói/RJ, Ano 13, n. 25, p. 246-250,
originalmente em 2019, republicada em 2020 pela Editora Jandaíra, e é o timo
livro da Coleção Feminismos Plurais, coordenada pel
Rodnei William Eunio, ou apenas Rodney William, é graduado em Ciências
Sociais, mestre em Gerontologia e doutor em Ciências Sociais com ênfase em
Antropologia pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC
na área de Antropologia da Religião, pesquisando relações raciais e religiões de
matrizes africanas, além de ser colunista do jornal Carta
publicações, William também é autor do livro
senioridade nos
terreiros de Candomblé
William é babalorixá, conhecido como Pai Rodney de Oxóssi.
O livro em questão possui, na segunda capa, um texto elaborado por Ana
Lúcia Silva Souza, da Universidade Federal da Bahia, e outro
Acácio Almeida, da Universidade Federal do ABC. Possui também uma breve
apresentação escrita por Djamila
introdução e mais quatro capítulos. Nesta obra, William perpassa pela complexidade
de ab
ordar a temática da apropriação cultural, sem cair em reducionismos simplistas
de “pode ou não pode”. Para isso, faz uma análise do colonialismo, relembrando o
processo de aculturação pelo qual passaram os povos escravizados. Em seguida,
estabelece um para
lelo com as práticas mercadológicas capitalistas, em que um
aspecto cultural de um povo é utilizado como mercadoria, esvaziando de significado
um símbolo cultural identitário.
A história da humanidade é marcada por múltiplas formas de organização da
vida
social. Cada sociedade, a depender de seu tempo
de organizar a coletividade e de conceber a realidade de tal maneira que não outra.
Tendo em mente a variação no tempo
variações culturais, isto
é, diferentes manifestações culturais relativas a seu meio
social. Essas variações culturais podem ser observadas na nossa própria sociedade
brasileira. A cultura do Sul não é a mesma do Norte ou Nordeste, por exemplo.
Partindo de uma analogia com Exu (seu
definição antropológica de cultura fundamentada em Clifford Geertz e Kabengele
Munanga, William busca responder, já na introdução, a questão sobre o conceito de
cultura, tema ligado à antropologia, a fim de estabelecer u
MACEDO, Rodolfo Alves de. Resenha: WILLIAM, Rodney. Apropriação
Americana de Estudos em
,
set. 2023. www.
periodicos.uff.br/pragmatizes
(Dossiê "
Gestão cultural e diversidade
originalmente em 2019, republicada em 2020 pela Editora Jandaíra, e é o timo
livro da Coleção Feminismos Plurais, coordenada pel
a filósofa Djamila Ribeiro.
Rodnei William Eugênio, ou apenas Rodney William, é graduado em Ciências
Sociais, mestre em Gerontologia e doutor em Ciências Sociais com ênfase em
Antropologia pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC
na área de Antropologia da Religião, pesquisando relações raciais e religiões de
matrizes africanas, além de ser colunista do jornal Carta
Capital. Dentre suas
publicações, William também é autor do livro
A bênção aos mais velhos: poder e
terreiros de Candomblé
(2017). No meio religioso do Candomblé,
William é babalorixá, conhecido como Pai Rodney de Oxóssi.
O livro em questão possui, na segunda capa, um texto elaborado por Ana
Lúcia Silva Souza, da Universidade Federal da Bahia, e outro
na quarta capa, por
Acio Almeida, da Universidade Federal do ABC. Possui também uma breve
apresentação escrita por Djamila
Ribeiro. Além disso, o livro é dividido em
introdução e mais quatro capítulos. Nesta obra, William perpassa pela complexidade
ordar a temática da apropriação cultural, sem cair em reducionismos simplistas
de pode ou não pode. Para isso, faz uma análise do colonialismo, relembrando o
processo de aculturação pelo qual passaram os povos escravizados. Em seguida,
lelo com as práticas mercadológicas capitalistas, em que um
aspecto cultural de um povo é utilizado como mercadoria, esvaziando de significado
um símbolo cultural identitário.
A história da humanidade é marcada por múltiplas formas de organização da
social. Cada sociedade, a depender de seu tempo
-
espaço, desenvolveu formas
de organizar a coletividade e de conceber a realidade de tal maneira que não outra.
Tendo em mente a variação no tempo
-
espaço, podemos conceber a noção de
é, diferentes manifestações culturais relativas a seu meio
social. Essas variações culturais podem ser observadas na nossa própria sociedade
brasileira. A cultura do Sul não é a mesma do Norte ou Nordeste, por exemplo.
Partindo de uma analogia com Exu (seu
objeto da fé) e em diálogo com uma
definição antropológica de cultura fundamentada em Clifford Geertz e Kabengele
Munanga, William busca responder, na introdução, a questão sobre o conceito de
cultura, tema ligado à antropologia, a fim de estabelecer u
m fio
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- ISSN 2237-1508
Gestão cultural e diversidade
" - Resenha)
originalmente em 2019, republicada em 2020 pela Editora Jandaíra, e é o sétimo
a filósofa Djamila Ribeiro.
Rodnei William Eugênio, ou apenas Rodney William, é graduado em Ciências
Sociais, mestre em Gerontologia e doutor em Ciências Sociais com ênfase em
Antropologia pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC
-SP), atuando
na área de Antropologia da Religião, pesquisando relações raciais e religiões de
Capital. Dentre suas
A bênção aos mais velhos: poder e
(2017). No meio religioso do Candomblé,
O livro em questão possui, na segunda capa, um texto elaborado por Ana
na quarta capa, por
Acio Almeida, da Universidade Federal do ABC. Possui também uma breve
Ribeiro. Além disso, o livro é dividido em
introdução e mais quatro capítulos. Nesta obra, William perpassa pela complexidade
ordar a temática da apropriação cultural, sem cair em reducionismos simplistas
de pode ou não pode. Para isso, faz uma análise do colonialismo, relembrando o
processo de aculturação pelo qual passaram os povos escravizados. Em seguida,
lelo com as práticas mercadológicas capitalistas, em que um
aspecto cultural de um povo é utilizado como mercadoria, esvaziando de significado
A história da humanidade é marcada por múltiplas formas de organização da
espaço, desenvolveu formas
de organizar a coletividade e de conceber a realidade de tal maneira que não outra.
espaço, podemos conceber a noção de
é, diferentes manifestações culturais relativas a seu meio
social. Essas variações culturais podem ser observadas na nossa própria sociedade
brasileira. A cultura do Sul não é a mesma do Norte ou Nordeste, por exemplo.
objeto da fé) e em diálogo com uma
definição antropológica de cultura fundamentada em Clifford Geertz e Kabengele
Munanga, William busca responder, já na introdução, a questão sobre o conceito de
m fio
-condutor para
MACEDO, Rodolfo Alves de. Resenha: WILLIAM, Rodney. Apropriação
Cultural. PragMATIZES - Revista Latino-
Americana de Estudos em
Cultura, Niterói/RJ, Ano 13, n. 25, p. 246-250,
compreender a apropriação. Diz o autor que [...] cultura pode ser compreendida sob
vários ângulos: ideias, crenças, valores, normas, atitudes, padrões, abstrações,
instituições, técnicas etc. Tudo isso, inserido na cultura de um povo,
significados e história” (WILLIAM, 2020, p. 27). Logo, a cultura (material e imaterial)
é parte constituinte da identidade de um indiduo e de um povo. Em seguida, busca
indicar a existência de uma distinção entre os conceitos de apropriação e
acul
turação. Aculturação trata
povo por meio da fusão de elementos culturais externos. Ainda na introdução,
começa a definir o conceito de apropriação, que será melhor trabalhado no primeiro
capítulo.
No primei
ro capítulo, À procura de um conceito, o autor retoma um aspecto
abordado na introdução da obra: o de conceitualizar o que é cultura. William (2020,
p. 45) cita uma definição antropológica, que diz que [...] apropriação cultural ocorre
quando uma pessoa
pertencente a determinado grupo social dominante ou ao
próprio grupo utiliza ou adota hábitos, vestuários, objetos ou comportamentos
específicos de outra cultura. Entretanto, diz ele que essa definição, por mais que
esteja correta, não abarca a devida pr
Portanto, não se trata simplesmente de um uso inofensivo de artefatos culturais. Na
apropriação, conta-
se com uma forte estratégia de dominação, em que um grupo
dominante se apodera de uma cultura inferiorizada, destitu
identitários de pertencimento e representatividade. Essa estratégia também possui
um caráter racista à medida em que traços negros ou indígenas o esmaecidos
para serem “palatáveis” por uma sociedade de consumo.
Seguindo nessa lin
ha, no segundo capítulo, Sobre apropriação cultural e
racismo”, William disserta sobre como o racismo deve ser sempre levado em
consideração ao tratar de apropriação cultural. O autor afirma que [...] o racismo
alimenta no imaginário coletivo as noções d
outros grupos étnicos [...] (WILLIAM, 2020, p. 71). Sendo assim, por qual outro
motivo, senão o racismo, justamente os elementos culturais africanos e indígenas
são apagados? Adiciona-
se a isso uma indústria cultu
mercado. Dessa forma, o racismo que permeia a nossa sociedade brasileira faz
presente, mesmo que inconscientemente não se perceba na vida cotidiana.
MACEDO, Rodolfo Alves de. Resenha: WILLIAM, Rodney. Apropriação
Americana de Estudos em
,
set. 2023. www.
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(Dossiê "
Gestão cultural e diversidade
compreender a apropriação. Diz o autor que “[...] cultura pode ser compreendida sob
vários ângulos: ideias, crenças, valores, normas, atitudes, padrões, abstrações,
instituições, técnicas etc. Tudo isso, inserido na cultura de um povo,
significados e história (WILLIAM, 2020, p. 27). Logo, a cultura (material e imaterial)
é parte constituinte da identidade de um indivíduo e de um povo. Em seguida, busca
indicar a existência de uma distinção entre os conceitos de apropriação e
turação. Aculturação trata
-
se de um processo de modificação na cultura de um
povo por meio da fuo de elementos culturais externos. Ainda na introdução,
começa a definir o conceito de apropriação, que será melhor trabalhado no primeiro
ro capítulo, “À procura de um conceito”, o autor retoma um aspecto
abordado na introdução da obra: o de conceitualizar o que é cultura. William (2020,
p. 45) cita uma definição antropológica, que diz que “[...] apropriação cultural ocorre
pertencente a determinado grupo social dominante ou ao
próprio grupo utiliza ou adota hábitos, vestuários, objetos ou comportamentos
espeficos de outra cultura”. Entretanto, diz ele que essa definição, por mais que
esteja correta, não abarca a devida pr
oporção para a questão da dominação.
Portanto, não se trata simplesmente de um uso inofensivo de artefatos culturais. Na
se com uma forte estratégia de dominação, em que um grupo
dominante se apodera de uma cultura inferiorizada, destitu
indo-
a de seus elementos
identitários de pertencimento e representatividade. Essa estratégia também possui
um caráter racista à medida em que traços negros ou indígenas o esmaecidos
para serem palatáveis” por uma sociedade de consumo.
ha, no segundo capítulo, ‘Sobre apropriação cultural e
racismo, William disserta sobre como o racismo deve ser sempre levado em
consideração ao tratar de apropriação cultural. O autor afirma que [...] o racismo
alimenta no imaginário coletivo as noções d
e superioridade branca e inferioridade de
outros grupos étnicos [...] (WILLIAM, 2020, p. 71). Sendo assim, por qual outro
motivo, senão o racismo, justamente os elementos culturais africanos e indígenas
se a isso uma indústria cultu
ral com práticas predatórias de
mercado. Dessa forma, o racismo que permeia a nossa sociedade brasileira faz
presente, mesmo que inconscientemente não se perceba na vida cotidiana.
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- ISSN 2237-1508
Gestão cultural e diversidade
" - Resenha)
compreender a apropriação. Diz o autor que [...] cultura pode ser compreendida sob
vários ângulos: ideias, crenças, valores, normas, atitudes, padrões, abstrações,
instituições, técnicas etc. Tudo isso, inserido na cultura de um povo,
possui
significados e história (WILLIAM, 2020, p. 27). Logo, a cultura (material e imaterial)
é parte constituinte da identidade de um indiduo e de um povo. Em seguida, busca
indicar a existência de uma distinção entre os conceitos de apropriação e
se de um processo de modificação na cultura de um
povo por meio da fuo de elementos culturais externos. Ainda na introdução,
começa a definir o conceito de apropriação, que será melhor trabalhado no primeiro
ro capítulo, À procura de um conceito, o autor retoma um aspecto
abordado na introdução da obra: o de conceitualizar o que é cultura. William (2020,
p. 45) cita uma definição antropológica, que diz que [...] apropriação cultural ocorre
pertencente a determinado grupo social dominante ou ao
próprio grupo utiliza ou adota hábitos, vestuários, objetos ou comportamentos
espeficos de outra cultura. Entretanto, diz ele que essa definição, por mais que
oporção para a questão da dominação.
Portanto, não se trata simplesmente de um uso inofensivo de artefatos culturais. Na
se com uma forte estratégia de dominação, em que um grupo
a de seus elementos
identitários de pertencimento e representatividade. Essa estratégia também possui
um caráter racista à medida em que traços negros ou indígenas são esmaecidos
ha, no segundo capítulo, Sobre apropriação cultural e
racismo, William disserta sobre como o racismo deve ser sempre levado em
consideração ao tratar de apropriação cultural. O autor afirma que “[...] o racismo
e superioridade branca e inferioridade de
outros grupos étnicos [...] (WILLIAM, 2020, p. 71). Sendo assim, por qual outro
motivo, senão o racismo, justamente os elementos culturais africanos e indígenas
ral com práticas predatórias de
mercado. Dessa forma, o racismo que permeia a nossa sociedade brasileira faz
-se
presente, mesmo que inconscientemente não se perceba na vida cotidiana.
MACEDO, Rodolfo Alves de. Resenha: WILLIAM, Rodney. Apropriação
Cultural. PragMATIZES - Revista Latino-
Americana de Estudos em
Cultura, Niterói/RJ, Ano 13, n. 25, p. 246-250,
A fim de aprofundar o entendimento sobre apropriação, em Capitalismo e
sociedade de consumo”, William aborda um ponto importantíssimo: como as
relações econômicas devem ser analisadas juntamente com os aspectos sociais e
antropológicos da apropriação cultural. Neste capítulo, William nos aponta alguns
exemplos de sociedades a
econômica. No que pese nossa sociedade de consumo e o modelo capitalista
(termos estes indissociáveis), definido pela exploração, devemos levar em
consideração sua relação intrínseca com o colonialismo. Com
que determinados itens culturais possam ser transformados em mercadorias para
serem produzidas e consumidas em massa, a indústria cultural procura torná
“palatáveis” pela sociedade de consumo. Para isso, os traços e origens são
apa
gados; a cultura agora torna
original. Os exemplos dessa forma de apropriação podem ser vistos em múltiplos
campos, da moda à gastronomia, como bem aponta William neste capítulo.
No último capítulo, Pode ou não
ao uso de determinados objetos culturais, e afirma que o conceito de apropriação
cultural em si não diz respeito ao que pode ou não ser usado, e sim sobre uma
estrutura de poder. Tendo em mente o exposto acima sobr
apropriação cultural, William (2020, p. 128) afirma que Entender as culturas negra e
indígena como culturas de resistência é um parâmetro importante para saber o que
pode ou não ser usado por pessoas de outras origens”. Isto posto, t
ponto de partida para sabermos como sermos mais inclusivos. Continuando,
relembra alguns episódios que viralizaram nas mídias anos antes. Para delimitar
essa discussão, William cita como exemplos Turbantes e afins, Samba e Bossa
Nova”, “Cap
oeira gospel”, Bolinho de Jesus” e Sobre brancos no terreiro, e em
cada um deles discorre seus elementos de representatividade e resistência.
Na obra resenhada, em diálogo com sua vio religiosa pessoal, o
antropólogo Rodney William discorre sobre os m
apropriação cultural ocorre, não somente por uma questão de fuo de diferentes
culturas, mas por uma lógica de dominação que invisibiliza e esvazia de significados
elementos culturais que marcam as identidades negras e indígenas, c
risco sua existência. Associando as definições antropológicas de cultura e
MACEDO, Rodolfo Alves de. Resenha: WILLIAM, Rodney. Apropriação
Americana de Estudos em
,
set. 2023. www.
periodicos.uff.br/pragmatizes
(Dossiê "
Gestão cultural e diversidade
A fim de aprofundar o entendimento sobre apropriação, em Capitalismo e
sociedade de consumo, William aborda um ponto importantíssimo: como as
relações econômicas devem ser analisadas juntamente com os aspectos sociais e
antropológicos da apropriação cultural. Neste capítulo, William nos aponta alguns
exemplos de sociedades a
fricanas e indígenas e suas formas de organização
econômica. No que pese nossa sociedade de consumo e o modelo capitalista
(termos estes indissociáveis), definido pela exploração, devemos levar em
consideração sua relação intrínseca com o colonialismo. Com
o foi abordado, para
que determinados itens culturais possam ser transformados em mercadorias para
serem produzidas e consumidas em massa, a indústria cultural procura torná
palatáveis” pela sociedade de consumo. Para isso, os traços e origens são
gados; a cultura agora torna
-
se mera mercadoria sem qualquer significado
original. Os exemplos dessa forma de apropriação podem ser vistos em múltiplos
campos, da moda à gastronomia, como bem aponta William neste capítulo.
No último capítulo, “Pode ou não
pode?”, William aborda questões relativas
ao uso de determinados objetos culturais, e afirma que o conceito de apropriação
cultural em si não diz respeito ao que pode ou não ser usado, e sim sobre uma
estrutura de poder. Tendo em mente o exposto acima sobr
e os determinantes da
apropriação cultural, William (2020, p. 128) afirma que “Entender as culturas negra e
indígena como culturas de resistência é um parâmetro importante para saber o que
pode ou não ser usado por pessoas de outras origens”. Isto posto, t
ponto de partida para sabermos como sermos mais inclusivos. Continuando,
relembra alguns episódios que viralizaram nas mídias anos antes. Para delimitar
essa discussão, William cita como exemplos “Turbantes e afins”, Samba e Bossa
oeira gospel, “Bolinho de Jesus” e “Sobre brancos no terreiro, e em
cada um deles discorre seus elementos de representatividade e resistência.
Na obra resenhada, em diálogo com sua visão religiosa pessoal, o
antropólogo Rodney William discorre sobre os m
ecanismos pelos quais a
apropriação cultural ocorre, não somente por uma questão de fusão de diferentes
culturas, mas por uma lógica de dominação que invisibiliza e esvazia de significados
elementos culturais que marcam as identidades negras e indígenas, c
risco sua existência. Associando as definições antropológicas de cultura e
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- ISSN 2237-1508
Gestão cultural e diversidade
" - Resenha)
A fim de aprofundar o entendimento sobre apropriação, em “Capitalismo e
sociedade de consumo, William aborda um ponto importantíssimo: como as
relações econômicas devem ser analisadas juntamente com os aspectos sociais e
antropológicos da apropriação cultural. Neste capítulo, William nos aponta alguns
fricanas e indígenas e suas formas de organização
econômica. No que pese nossa sociedade de consumo e o modelo capitalista
(termos estes indissociáveis), definido pela exploração, devemos levar em
o foi abordado, para
que determinados itens culturais possam ser transformados em mercadorias para
serem produzidas e consumidas em massa, a indústria cultural procura torná
-las
palatáveis” pela sociedade de consumo. Para isso, os traços e origens são
se mera mercadoria sem qualquer significado
original. Os exemplos dessa forma de apropriação podem ser vistos em múltiplos
campos, da moda à gastronomia, como bem aponta William neste capítulo.
pode?, William aborda questões relativas
ao uso de determinados objetos culturais, e afirma que o conceito de apropriação
cultural em si não diz respeito ao que pode ou não ser usado, e sim sobre uma
e os determinantes da
apropriação cultural, William (2020, p. 128) afirma que Entender as culturas negra e
indígena como culturas de resistência é um parâmetro importante para saber o que
pode ou não ser usado por pessoas de outras origens”. Isto posto, t
em-se um bom
ponto de partida para sabermos como sermos mais inclusivos. Continuando,
relembra alguns episódios que viralizaram nas mídias anos antes. Para delimitar
essa discussão, William cita como exemplos Turbantes e afins, “Samba e Bossa
oeira gospel, Bolinho de Jesus” e Sobre brancos no terreiro”, e em
cada um deles discorre seus elementos de representatividade e resistência.
Na obra resenhada, em diálogo com sua vio religiosa pessoal, o
ecanismos pelos quais a
apropriação cultural ocorre, não somente por uma questão de fusão de diferentes
culturas, mas por uma lógica de dominação que invisibiliza e esvazia de significados
elementos culturais que marcam as identidades negras e indígenas, c
olocando em
risco sua existência. Associando as definições antropológicas de cultura e
MACEDO, Rodolfo Alves de. Resenha: WILLIAM, Rodney. Apropriação
Cultural. PragMATIZES - Revista Latino-
Americana de Estudos em
Cultura, Niterói/RJ, Ano 13, n. 25, p. 246-250,
apropriação ao modo capitalista e à sociedade de consumo, delimita
de apropriação cultural pertinente às pautas contemporâneas.
Apesar da escrita bastante
do esquema argumentativo do autor podem soar ligeiramente repetitivos ao leitor
alguns momentos. No entanto, essas incures conceituais formam um todo coeso,
em termos de estrutura textual, e dão conta de
fenômeno da apropriação cultural.
mostra de grande relevância para a compreeno de um tema de tal complexidade,
não somente pelo conceito, mas pela contribuição para os debates c
e por seu potencial de conscientização e desconstrução de preconceitos arraigados,
e por isso deve ser lido sem demora. Por se tratar de uma resenha, foi necesrio
abordar cada capítulo apenas em forma de ntese. Entretanto, recomendamos
fo
rtemente a leitura da obra na íntegra, a fim de melhor compreensão e maior
profundidade. A leitura é recomendada não somente a pesquisadores do campo da
cultura, mas a todos aqueles interessados e envolvidos em pautas identitárias
contemporâneas.
MACEDO, Rodolfo Alves de. Resenha: WILLIAM, Rodney. Apropriação
Americana de Estudos em
,
set. 2023. www.
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(Dossiê "
Gestão cultural e diversidade
apropriação ao modo capitalista e à sociedade de consumo, delimita
de apropriação cultural pertinente às pautas contemporâneas.
Apesar da escrita bastante
fluída e sem pedantismos, aspectos conceituais
do esquema argumentativo do autor podem soar ligeiramente repetitivos ao leitor
alguns momentos. No entanto, essas incursões conceituais formam um todo coeso,
em termos de estrutura textual, e dão conta de
compreender as complexidades do
fenômeno da apropriação cultural.
Desta forma, a obra
Apropriação Cultural
mostra de grande relevância para a compreensão de um tema de tal complexidade,
não somente pelo conceito, mas pela contribuição para os debates c
e por seu potencial de conscientização e desconstrução de preconceitos arraigados,
e por isso deve ser lido sem demora. Por se tratar de uma resenha, foi necesrio
abordar cada capítulo apenas em forma de síntese. Entretanto, recomendamos
rtemente a leitura da obra na íntegra, a fim de melhor compreensão e maior
profundidade. A leitura é recomendada não somente a pesquisadores do campo da
cultura, mas a todos aqueles interessados e envolvidos em pautas identitárias
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Gestão cultural e diversidade
" - Resenha)
apropriação ao modo capitalista e à sociedade de consumo, delimita
-se um conceito
fluída e sem pedantismos, aspectos conceituais
do esquema argumentativo do autor podem soar ligeiramente repetitivos ao leitor
em
alguns momentos. No entanto, essas incures conceituais formam um todo coeso,
compreender as complexidades do
Apropriação Cultural
se
mostra de grande relevância para a compreeno de um tema de tal complexidade,
não somente pelo conceito, mas pela contribuição para os debates c
ontemporâneos
e por seu potencial de conscientização e desconstrução de preconceitos arraigados,
e por isso deve ser lido sem demora. Por se tratar de uma resenha, foi necessário
abordar cada capítulo apenas em forma de ntese. Entretanto, recomendamos
rtemente a leitura da obra na íntegra, a fim de melhor compreensão e maior
profundidade. A leitura é recomendada não somente a pesquisadores do campo da
cultura, mas a todos aqueles interessados e envolvidos em pautas identitárias