MACEDO, Rodolfo Alves de. Resenha: WILLIAM, Rodney. Apropriação
Cultural. PragMATIZES - Revista Latino-
Cultura, Niterói/RJ, Ano 13, n. 25, p. 246-250,
compreender a apropriação. Diz o autor que “[...] cultura pode ser compreendida sob
vários ângulos: ideias, crenças, valores, normas, atitudes, padrões, abstrações,
instituições, técnicas etc. Tudo isso, inserido na cultura de um povo,
significados e história” (WILLIAM, 2020, p. 27). Logo, a cultura (material e imaterial)
é parte constituinte da identidade de um indivíduo e de um povo. Em seguida, busca
indicar a existência de uma distinção entre os conceitos de apropriação e
acul
turação. Aculturação trata
povo por meio da fusão de elementos culturais externos. Ainda na introdução,
começa a definir o conceito de apropriação, que será melhor trabalhado no primeiro
capítulo.
No primei
ro capítulo, “À procura de um conceito”, o autor retoma um aspecto
abordado na introdução da obra: o de conceitualizar o que é cultura. William (2020,
p. 45) cita uma definição antropológica, que diz que “[...] apropriação cultural ocorre
quando uma pessoa
pertencente a determinado grupo social dominante ou ao
próprio grupo utiliza ou adota hábitos, vestuários, objetos ou comportamentos
específicos de outra cultura”. Entretanto, diz ele que essa definição, por mais que
esteja correta, não abarca a devida pr
Portanto, não se trata simplesmente de um uso inofensivo de artefatos culturais. Na
apropriação, conta-
se com uma forte estratégia de dominação, em que um grupo
dominante se apodera de uma cultura inferiorizada, destitu
identitários de pertencimento e representatividade. Essa estratégia também possui
um caráter racista à medida em que traços negros ou indígenas são esmaecidos
para serem “palatáveis” por uma sociedade de consumo.
Seguindo nessa lin
ha, no segundo capítulo, ‘Sobre apropriação cultural e
racismo”, William disserta sobre como o racismo deve ser sempre levado em
consideração ao tratar de apropriação cultural. O autor afirma que “[...] o racismo
alimenta no imaginário coletivo as noções d
outros grupos étnicos [...]” (WILLIAM, 2020, p. 71). Sendo assim, por qual outro
motivo, senão o racismo, justamente os elementos culturais africanos e indígenas
são apagados? Adiciona-
se a isso uma indústria cultu
mercado. Dessa forma, o racismo que permeia a nossa sociedade brasileira faz
presente, mesmo que inconscientemente não se perceba na vida cotidiana.
MACEDO, Rodolfo Alves de. Resenha: WILLIAM, Rodney. Apropriação
set. 2023. www.
periodicos.uff.br/pragmatizes
(Dossiê "
Gestão cultural e diversidade
compreender a apropriação. Diz o autor que “[...] cultura pode ser compreendida sob
vários ângulos: ideias, crenças, valores, normas, atitudes, padrões, abstrações,
instituições, técnicas etc. Tudo isso, inserido na cultura de um povo,
significados e história” (WILLIAM, 2020, p. 27). Logo, a cultura (material e imaterial)
é parte constituinte da identidade de um indivíduo e de um povo. Em seguida, busca
indicar a existência de uma distinção entre os conceitos de apropriação e
turação. Aculturação trata
-
se de um processo de modificação na cultura de um
povo por meio da fusão de elementos culturais externos. Ainda na introdução,
começa a definir o conceito de apropriação, que será melhor trabalhado no primeiro
ro capítulo, “À procura de um conceito”, o autor retoma um aspecto
abordado na introdução da obra: o de conceitualizar o que é cultura. William (2020,
p. 45) cita uma definição antropológica, que diz que “[...] apropriação cultural ocorre
pertencente a determinado grupo social dominante ou ao
próprio grupo utiliza ou adota hábitos, vestuários, objetos ou comportamentos
específicos de outra cultura”. Entretanto, diz ele que essa definição, por mais que
esteja correta, não abarca a devida pr
oporção para a questão da dominação.
Portanto, não se trata simplesmente de um uso inofensivo de artefatos culturais. Na
se com uma forte estratégia de dominação, em que um grupo
dominante se apodera de uma cultura inferiorizada, destitu
indo-
identitários de pertencimento e representatividade. Essa estratégia também possui
um caráter racista à medida em que traços negros ou indígenas são esmaecidos
para serem “palatáveis” por uma sociedade de consumo.
ha, no segundo capítulo, ‘Sobre apropriação cultural e
racismo”, William disserta sobre como o racismo deve ser sempre levado em
consideração ao tratar de apropriação cultural. O autor afirma que “[...] o racismo
alimenta no imaginário coletivo as noções d
e superioridade branca e inferioridade de
outros grupos étnicos [...]” (WILLIAM, 2020, p. 71). Sendo assim, por qual outro
motivo, senão o racismo, justamente os elementos culturais africanos e indígenas
se a isso uma indústria cultu
ral com práticas predatórias de
mercado. Dessa forma, o racismo que permeia a nossa sociedade brasileira faz
presente, mesmo que inconscientemente não se perceba na vida cotidiana.
248
periodicos.uff.br/pragmatizes
- ISSN 2237-1508
Gestão cultural e diversidade
" - Resenha)
compreender a apropriação. Diz o autor que “[...] cultura pode ser compreendida sob
vários ângulos: ideias, crenças, valores, normas, atitudes, padrões, abstrações,
instituições, técnicas etc. Tudo isso, inserido na cultura de um povo,
possui
significados e história” (WILLIAM, 2020, p. 27). Logo, a cultura (material e imaterial)
é parte constituinte da identidade de um indivíduo e de um povo. Em seguida, busca
indicar a existência de uma distinção entre os conceitos de apropriação e
se de um processo de modificação na cultura de um
povo por meio da fusão de elementos culturais externos. Ainda na introdução,
começa a definir o conceito de apropriação, que será melhor trabalhado no primeiro
ro capítulo, “À procura de um conceito”, o autor retoma um aspecto
abordado na introdução da obra: o de conceitualizar o que é cultura. William (2020,
p. 45) cita uma definição antropológica, que diz que “[...] apropriação cultural ocorre
pertencente a determinado grupo social dominante ou ao
próprio grupo utiliza ou adota hábitos, vestuários, objetos ou comportamentos
específicos de outra cultura”. Entretanto, diz ele que essa definição, por mais que
oporção para a questão da dominação.
Portanto, não se trata simplesmente de um uso inofensivo de artefatos culturais. Na
se com uma forte estratégia de dominação, em que um grupo
identitários de pertencimento e representatividade. Essa estratégia também possui
um caráter racista à medida em que traços negros ou indígenas são esmaecidos
ha, no segundo capítulo, ‘Sobre apropriação cultural e
racismo”, William disserta sobre como o racismo deve ser sempre levado em
consideração ao tratar de apropriação cultural. O autor afirma que “[...] o racismo
e superioridade branca e inferioridade de
outros grupos étnicos [...]” (WILLIAM, 2020, p. 71). Sendo assim, por qual outro
motivo, senão o racismo, justamente os elementos culturais africanos e indígenas
ral com práticas predatórias de
mercado. Dessa forma, o racismo que permeia a nossa sociedade brasileira faz
-se
presente, mesmo que inconscientemente não se perceba na vida cotidiana.