LACERDA, Luana Brito; LELLIS, Demerval Ricardo; RABAY, Glória.
Regularidades discursivas dos casos de feminicídio no Diário do Sertão.
PragMATIZES - Revista Latino-
Americana de Estudos em Cultura,
Niterói/RJ, Ano 13, n. 24, p. 75-98, mar. 2023.
assunto são os estados com maior
índice de feminicídios no Brasil.
Quando o recorte é a região Nordeste,
a Paraíba aparece em 3º lugar como o
estado com maior índice de
feminicídios da região, junto com
Alagoas. Esses dados são do An
Brasileiro de Segurança Pública de
2022. Entre 2016 e 2020, 426
mulheres foram assassinadas na
Paraíba. Só em 2020, foram 93
mulheres. Desse número, até o
momento dessa pesquisa, 36 casos
são investigados como feminicídios.
Sete aconteceram no Sertã
Paraíba, segundo dados da Secretaria
da Segurança e Defesa Social
(SESDS-PB).
A maioria dos casos de mortes
violentas de mulheres entre 2016 e
2017 está concentrada
Zona da M
das cinco maiores cidades do estado,
incluindo a capital
violentas de mulheres em Campina
Grande, cidade do Agreste Paraibano,
ao passo que em João Pessoa esse
número sobe para 93. Santa Rita
aparece em 3º lugar, com 31
assassinatos violentos de mulheres
entre esses anos. Em
no Sertão
LACERDA, Luana Brito; LELLIS, Demerval Ricardo; RABAY, Glória.
Regularidades discursivas dos casos de feminicídio no Diário do Sertão.
Americana de Estudos em Cultura,
www.
periodicos.uff.br/pragmatizes
(Dossiê "
Violência contra as Mulheres nas narrativas midiáticas
assunto são os estados com maior
índice de feminicídios no Brasil.
Quando o recorte é a região Nordeste,
a Paraíba aparece em 3º lugar como o
estado com maior índice de
feminicídios da região, junto com
Alagoas. Esses dados são do An
uário
Brasileiro de Segurança Pública de
2022. Entre 2016 e 2020, 426
mulheres foram assassinadas na
Paraíba. Só em 2020, foram 93
mulheres. Desse número, até o
momento dessa pesquisa, 36 casos
são investigados como feminicídios.
Sete aconteceram no Sertã
o da
Paraíba, segundo dados da Secretaria
da Segurança e Defesa Social
A maioria dos casos de mortes
violentas de mulheres entre 2016 e
três
das cinco maiores cidades do estado,
violentas de mulheres em Campina
Grande, cidade do Agreste Paraibano,
ao passo que em João Pessoa esse
número sobe para 93. Santa Rita
aparece em 3º lugar, com 31
assassinatos violentos de mulheres
-
assassinatos de mulheres. O 5º lugar
número de feminicídios chegou a 12.
As estatísticas contrariam o
senso comum de que o sertão é mais
violento que a Capital do Estado. A
idei
a de “Capital”, região de maior
centralização do poder/capital, que
concentra a “alta administração” do
território estadual, como sendo
“superior”, “avançado”, “civilizado” em
sintoma da ideologia dominante que,
ao criar
atrasado) parece esquecer ou ignorar
que não há qualquer contradição entre
civilização moderna e feminicídios:
Assim como as características do
crime de genocídio são, por sua
racionalidade e sistematicidade,
os feminicídios, como práticas
quase mecânicas de extermínio
das mulheres são também uma
invenção moderna. É a barbárie
da colonial modernidade (...). Sua
impunidade (...) encontra
vinculada à privatização do
espaço doméstico, como espa
residual, não incluído na esfera
consideradas de interesse público
geral (SEGATO, 2012, p. 121).
Ainda assim, é importante
destacar que as dificuldades em obter
os dados oficiais de feminicídios são
muitas, pois os casos demandam
78
periodicos.uff.br/pragmatizes
- ISSN 2237-1508
Violência contra as Mulheres nas narrativas midiáticas
")
assassinatos de mulheres. O 5º lugar
no qual o
número de feminicídios chegou a 12.
As estatísticas contrariam o
senso comum de que o sertão é mais
violento que a Capital do Estado. A
a de “Capital”, região de maior
centralização do poder/capital, que
concentra a “alta administração” do
território estadual, como sendo
“superior”, “avançado”, “civilizado” em
estado, é um
sintoma da ideologia dominante que,
atrasado) parece esquecer ou ignorar
que não há qualquer contradição entre
civilização moderna e feminicídios:
Assim como as características do
crime de genocídio são, por sua
racionalidade e sistematicidade,
tempos modernos,
os feminicídios, como práticas
quase mecânicas de extermínio
das mulheres são também uma
invenção moderna. É a barbárie
da colonial modernidade (...). Sua
impunidade (...) encontra
-se
vinculada à privatização do
espaço doméstico, como espa
ço
residual, não incluído na esfera
consideradas de interesse público
geral (SEGATO, 2012, p. 121).
Ainda assim, é importante
destacar que as dificuldades em obter
os dados oficiais de feminicídios são
muitas, pois os casos demandam
certo