RUBIM, Linda; CARNEIRO, Adriana Jacob; ARGOLO, Fernanda. A
violência contra a mulher nos cenários da mídia em tempos de
pandemia. PragMATIZES - Revista Latino-
Americana de Estudos em
Cultura, Niterói/RJ, Ano 13, n. 24, p. 16-27,
mar
A violência contra a mulher nos cenários da mídia em tempos de pandemia
DOI: https://doi.org/10.22409/pragmatizes.v13i24.
Resumo:
O artigo recupera o contexto do aumento de casos de violência contra a mulher durante a
pandemia do covid-
19 e como o tema tem sido explorado nas diferentes produções da mídia, desde a
imprensa aos conteúdos da teledramaturgia. Nesse sentido, o tex
pode auxiliar para reconfigurar os padrões culturais sexistas que naturalizam a violência contra a
mulher, ou, por outro lado, ratificá
senso comum. A partir d
essa abordagem, o artigo apresenta os seis textos que compõem o dossiê
de pesquisas acadêmicas sobre o tema da violência contra a mulher como estratégia de
enfrentamento do problema.
Palavras-chave
: violência contra a mulher; pandemia; narrativas midiáticas; gênero; mídia.
Violencia contra las mujeres en escenarios mediáticos en tiempos de pandemia
Resumen
: El artículo recupera el contexto del aumento de casos de violencia contra las mujeres
durante la pandemia del covid
-
mediáticas, desde la prensa hasta el contenido de la ficción televisiva. En
destaca que la actuación de los medios puede ayudar a reconfigurar los patrones culturales sexistas
que naturalizan la violencia contra las mujeres, o, por el contrario, ratificarla a partir de la confirmación
de estereotipos y repr
esentaciones del sentido común. A partir de este enfoque, el artículo presenta
los seis textos que componen el dossier Violencia contra la mujer en las narrativas mediáticas,
1 Linda Rubim. Doutora em
Comunicação pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (1999) e Pós
doutora em Politica e Gestão da cultura pela Universidade San Martin e em Comunicação e Gênero
com ênfase em cinema pela pela Universidade de Buenos Aires (2006). Professora dos Programa
multidisicplinares de Pós-
graduação em Cultura e Sociedade (Pós
mulheres, Gênero e Feminismo (PPGNEIM) da Universidade Federal da Bahia (UFBA), Brasil. E
lindasorubim@gmail.com -
https://orcid.org/0000
2 Adriana Jacob Carneiro.
Doutora em Cultura e Sociedade pela UFBA. Integra o grupo de Pesquisa
Miradas (CULT/UFBA), Brasil. E
-
1938-8258
3 Fernanda Argolo.
Doutora em Cultura e Sociedade pe
American Research Center da University of Calgary (2017). É analista administrativo da Agência
Nacional de Energia Elétrica, Brasil. E
4651-6833
Recebido em 20/12
/2022, aceito para publicação em 02/02/2023 e disponibilizado online em
RUBIM, Linda; CARNEIRO, Adriana Jacob; ARGOLO, Fernanda. A
violência contra a mulher nos cenários da mídia em tempos de
Americana de Estudos em
mar
. 2023. www.
periodicos.uff.br/pragmatizes
(Dossiê "
Violência contra as Mulheres
A violência contra a mulher nos cenários da mídia em tempos de pandemia
Adriana Jacob Carneiro
Fernanda Argolo
DOI: https://doi.org/10.22409/pragmatizes.v13i24.
56817
O artigo recupera o contexto do aumento de casos de violência contra a mulher durante a
19 e como o tema tem sido explorado nas diferentes produções da mídia, desde a
imprensa aos conteúdos da teledramaturgia. Nesse sentido, o tex
to destaca que a atuação da mídia
pode auxiliar para reconfigurar os padrões culturais sexistas que naturalizam a violência contra a
mulher, ou, por outro lado, ratificá
-
la a partir da confirmação de estereótipos e representações de
essa abordagem, o artigo apresenta os seis textos que compõem o dossiê
Violência Contra as Mulheres nas Narrativas Midiáticas, concluindo pela imporncia da consolidação
de pesquisas acadêmicas sobre o tema da violência contra a mulher como estratégia de
: violência contra a mulher; pandemia; narrativas midiáticas; gênero; mídia.
Violencia contra las mujeres en escenarios mediáticos en tiempos de pandemia
: El artículo recupera el contexto del aumento de casos de violencia contra las mujeres
-
19 y cómo el tema ha sido explorado en diferentes producciones
mediáticas, desde la prensa hasta el contenido de la ficción televisiva. En
este sentido, el texto
destaca que la actuación de los medios puede ayudar a reconfigurar los patrones culturales sexistas
que naturalizan la violencia contra las mujeres, o, por el contrario, ratificarla a partir de la confirmación
esentaciones del sentido común. A partir de este enfoque, el artículo presenta
los seis textos que componen el dossier Violencia contra la mujer en las narrativas mediáticas,
Comunicação pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (1999) e Pós
doutora em Politica e Gestão da cultura pela Universidade San Martin e em Comunicação e Gênero
com ênfase em cinema pela pela Universidade de Buenos Aires (2006). Professora dos Programa
graduação em Cultura e Sociedade (Pós
-
Cultura) e ao de Estudos sobre
mulheres, Gênero e Feminismo (PPGNEIM) da Universidade Federal da Bahia (UFBA), Brasil. E
https://orcid.org/0000
-0002-1635-6429
Doutora em Cultura e Sociedade pela UFBA. Integra o grupo de Pesquisa
-
mail: adrianajacob.cultura@gmail.com -
https://orcid.org/0000
Doutora em Cultura e Sociedade pe
la UFBA. Pesquisadora Visitante do Latin
American Research Center da University of Calgary (2017). É analista administrativo da Agência
Nacional de Energia Elétrica, Brasil. E
-mail: nandaargolo@gmail.com -
https://orcid.org/0000
/2022, aceito para publicação em 02/02/2023 e disponibilizado online em
01/03/2023.
16
periodicos.uff.br/pragmatizes
- ISSN 2237-1508
Violência contra as Mulheres
nas narrativas midiáticas")
A violência contra a mulher nos cenários da mídia em tempos de pandemia
Linda Rubim1
Adriana Jacob Carneiro
2
Fernanda Argolo
3
O artigo recupera o contexto do aumento de casos de violência contra a mulher durante a
19 e como o tema tem sido explorado nas diferentes produções da mídia, desde a
to destaca que a atuação da mídia
pode auxiliar para reconfigurar os padrões culturais sexistas que naturalizam a violência contra a
la a partir da confirmação de estereótipos e representações de
essa abordagem, o artigo apresenta os seis textos que compõem o dossiê
Violência Contra as Mulheres nas Narrativas Midiáticas, concluindo pela importância da consolidação
de pesquisas acadêmicas sobre o tema da violência contra a mulher como estratégia de
: violência contra a mulher; pandemia; narrativas midiáticas; gênero; mídia.
Violencia contra las mujeres en escenarios mediáticos en tiempos de pandemia
: El artículo recupera el contexto del aumento de casos de violencia contra las mujeres
19 y mo el tema ha sido explorado en diferentes producciones
este sentido, el texto
destaca que la actuación de los medios puede ayudar a reconfigurar los patrones culturales sexistas
que naturalizan la violencia contra las mujeres, o, por el contrario, ratificarla a partir de la confirmación
esentaciones del sentido común. A partir de este enfoque, el artículo presenta
los seis textos que componen el dossier Violencia contra la mujer en las narrativas mediáticas,
Comunicação pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (1999) e Pós
-
doutora em Politica e Gestão da cultura pela Universidade San Martin e em Comunicação e Gênero
com ênfase em cinema pela pela Universidade de Buenos Aires (2006). Professora dos Programa
s
Cultura) e ao de Estudos sobre
mulheres, Gênero e Feminismo (PPGNEIM) da Universidade Federal da Bahia (UFBA), Brasil. E
-mail:
Doutora em Cultura e Sociedade pela UFBA. Integra o grupo de Pesquisa
https://orcid.org/0000
-0002-
la UFBA. Pesquisadora Visitante do Latin
American Research Center da University of Calgary (2017). É analista administrativo da Agência
https://orcid.org/0000
-0002-
/2022, aceito para publicação em 02/02/2023 e disponibilizado online em
RUBIM, Linda; CARNEIRO, Adriana Jacob; ARGOLO, Fernanda. A
violência contra a mulher nos cenários da mídia em tempos de
pandemia. PragMATIZES - Revista Latino-
Americana de Estudos em
Cultura, Niterói/RJ, Ano 13, n. 24, p. 16-27,
mar
concluyendo sobre la importancia de consolidar la investigación académica sobre e
violencia contra la mujer como estrategia de enfrentamiento del problema.
Palabras clave
: la violencia contra las mujeres; pandemia del covid 19; producciones mediáticas;
genero; medios.
Violence against women in media scenarios in times of
Abstract
: The article presents the context of the increase in cases of violence against women during
the covid -
19 pandemic and how the theme has been explored in different media productions, from the
press to television drama content. In this s
reconfigure the sexist cultural patterns that naturalize violence against women, or, on the other hand,
ratify it based on the confirmation of stereotypes and common sense believes. Based on this
approac
h, the article presents the six texts that make up the dossier Violence Against Women in
Media Narratives, concluding on the importance of consolidating academic research on the topic of
violence against women as a strategy for coping with the problem.
Keywords
: violence against woman; covid 19 pandemic; media narratives; gender; media.
A violência contra a mulher nos cenários da mídia em tempos de pandemia
Enquanto estávamos
encerradas em nossas casas lidando
com os efeitos de uma pandemia
aterradora, acompanhávamos nos
noticiários alertas para o
da violência contra mulheres, bem
como o aumento de notícias sobre
feminicídios. Em outro segmento, as
produções audiovisuais ficcionais ou
de caráter documental começaram a
tratar do tema violência contra as
mulheres de forma incisiva e
insist
ente, quase como aqueles alertas
luminosos que piscam intermitentes
perigo!
A convivência diária levada ao
extremo pelas medidas de isolamento
social exacerbou as dificuldades de
RUBIM, Linda; CARNEIRO, Adriana Jacob; ARGOLO, Fernanda. A
violência contra a mulher nos cenários da mídia em tempos de
Americana de Estudos em
mar
. 2023. www.
periodicos.uff.br/pragmatizes
(Dossiê "
Violência contra as Mulheres
concluyendo sobre la importancia de consolidar la investigación académica sobre e
violencia contra la mujer como estrategia de enfrentamiento del problema.
: la violencia contra las mujeres; pandemia del covid 19; producciones mediáticas;
Violence against women in media scenarios in times of
pandemic
: The article presents the context of the increase in cases of violence against women during
19 pandemic and how the theme has been explored in different media productions, from the
press to television drama content. In this s
ense, the text highlights that the media can help to
reconfigure the sexist cultural patterns that naturalize violence against women, or, on the other hand,
ratify it based on the confirmation of stereotypes and common sense believes. Based on this
h, the article presents the six texts that make up the dossier Violence Against Women in
Media Narratives, concluding on the importance of consolidating academic research on the topic of
violence against women as a strategy for coping with the problem.
: violence against woman; covid 19 pandemic; media narratives; gender; media.
A violência contra a mulher nos cenários da mídia em tempos de pandemia
Enquanto estávamos
encerradas em nossas casas lidando
com os efeitos de uma pandemia
aterradora, acompanhávamos nos
noticiários alertas para o
crescimento
da violência contra mulheres, bem
como o aumento de notícias sobre
feminidios. Em outro segmento, as
produções audiovisuais ficcionais ou
de caráter documental começaram a
tratar do tema violência contra as
mulheres de forma incisiva e
ente, quase como aqueles alertas
luminosos que piscam intermitentes
A convivência diária levada ao
extremo pelas medidas de isolamento
social exacerbou as dificuldades de
relacionamento e diálogo entre os
casais e as famílias de modo geral,
bem com
o a face mais violenta de uma
cultura que sempre privilegiou a
dominação masculina sobre a mulher.
A violência se manifestou, portanto,
em suas várias dimenes, seja em
suas vertentes psicológica e moral,
quanto nas suas manifestações física
e sexual.
Pa
ra muitas mulheres que já
viviam em situação de violência
doméstica, o regime de isolamento
trouxe a necessidade de ficar mais
tempo no próprio lar junto a seu
agressor, por vezes em condições
precárias, com os filhos e vendo sua
renda diminuída (FBSP, 202
17
periodicos.uff.br/pragmatizes
- ISSN 2237-1508
Violência contra as Mulheres
nas narrativas midiáticas")
concluyendo sobre la importancia de consolidar la investigación académica sobre e
l tema de la
: la violencia contra las mujeres; pandemia del covid 19; producciones mediáticas;
: The article presents the context of the increase in cases of violence against women during
19 pandemic and how the theme has been explored in different media productions, from the
ense, the text highlights that the media can help to
reconfigure the sexist cultural patterns that naturalize violence against women, or, on the other hand,
ratify it based on the confirmation of stereotypes and common sense believes. Based on this
h, the article presents the six texts that make up the dossier Violence Against Women in
Media Narratives, concluding on the importance of consolidating academic research on the topic of
: violence against woman; covid 19 pandemic; media narratives; gender; media.
A violência contra a mulher nos cenários da mídia em tempos de pandemia
relacionamento e diálogo entre os
casais e as famílias de modo geral,
o a face mais violenta de uma
cultura que sempre privilegiou a
dominação masculina sobre a mulher.
A violência se manifestou, portanto,
em suas várias dimensões, seja em
suas vertentes psicológica e moral,
quanto nas suas manifestações física
ra muitas mulheres que
viviam em situação de violência
doméstica, o regime de isolamento
trouxe a necessidade de ficar mais
tempo no próprio lar junto a seu
agressor, por vezes em condições
prerias, com os filhos e vendo sua
renda diminuída (FBSP, 202
0).
RUBIM, Linda; CARNEIRO, Adriana Jacob; ARGOLO, Fernanda. A
violência contra a mulher nos cenários da mídia em tempos de
pandemia. PragMATIZES - Revista Latino-
Americana de Estudos em
Cultura, Niterói/RJ, Ano 13, n. 24, p. 16-27,
mar
Ademais, não como falar de
violência contra as mulheres sem
considerar suas interseções com
gênero, raça e classe social. Nesse
sentido, é simbólico que uma mulher
negra, funcionária doméstica, tenha
sido a primeira vítima fatal de covid
no Brasi
l (GOMES; CARVALHO,
2021).
Desde o início da Pandemia, a
ONU Mulheres e instituições
internacionais alertaram para o
aumento do número de pedidos de
ajuda em canais de atendimento. No
entanto, as denúncias formais relativas
à violência doméstica caíam. No
Brasil, por exemplo, os dados do
Fórum Brasileiro de Segurança Pública
(FBSP)4
dos últimos anos, em especial
dos anos de pandemia (2020
apontam de fato a diminuição nas
denúncias de violência doméstica.
Entretanto, ao mesmo tempo, revelam
o crescimen
to no número de
feminicídios (FBSP, 2022). Segundo
as análises dos profissionais de
segurança, as medidas de isolamento
social impediram as mulheres de
4
Publicados no Relatório Visível e Invivel.
Disponível em:
https://forumseguranca.org.br/wp
content/uploads/2021/06/relatorio
invisivel-3ed-2021-v3.pdf
RUBIM, Linda; CARNEIRO, Adriana Jacob; ARGOLO, Fernanda. A
violência contra a mulher nos cenários da mídia em tempos de
Americana de Estudos em
mar
. 2023. www.
periodicos.uff.br/pragmatizes
(Dossiê "
Violência contra as Mulheres
Ademais, não há como falar de
violência contra as mulheres sem
considerar suas interseções com
gênero, raça e classe social. Nesse
sentido, é simbólico que uma mulher
negra, funcionária doméstica, tenha
sido a primeira vítima fatal de covid
-19
l (GOMES; CARVALHO,
Desde o início da Pandemia, a
ONU Mulheres e instituições
internacionais alertaram para o
aumento do número de pedidos de
ajuda em canais de atendimento. No
entanto, as denúncias formais relativas
à violência doméstica caíam. No
Brasil, por exemplo, os dados do
Fórum Brasileiro de Segurança Pública
dos últimos anos, em especial
dos anos de pandemia (2020
-2021)
apontam de fato a diminuição nas
denúncias de violência doméstica.
Entretanto, ao mesmo tempo, revelam
to no número de
feminidios (FBSP, 2022). Segundo
as análises dos profissionais de
segurança, as medidas de isolamento
social impediram as mulheres de
Publicados no Relatório Visível e Invisível.
https://forumseguranca.org.br/wp
-
content/uploads/2021/06/relatorio
-visivel-e-
acessar os canais de denúncia, o que
deu espaço para que a violência em
sua forma mais letal se concreti
Uma em cada quatro mulheres
brasileiras acima de 16 anos afirma ter
sofrido violência física, psicológica ou
sexual durante a pandemia de covid
19, o que equivale a 17 milhões de
mulheres (FBSP, 2021). Mais de
quatro milhões delas foram agredidas
fi
sicamente com tapas, socos e/ou
chutes. Ou seja, a cada minuto, oito
mulheres apanharam no Brasil durante
a pandemia.
Um estudo da ONU
Mulheres realizado em 13 países de
diversas regiões do mundo constatou
que 45% das mulheres reportaram que
elas mesmas ou
uma mulher que elas
conhecem haviam sofrido algum tipo
de violência durante a pandemia e
uma em cada quatro mulheres
afirmara se sentir mais insegura em
casa5.
Esse tempo de distanciamento
social, em que o estar em casa
propiciava o aumento de agressões,
também multiplicou a exposição das
pessoas aos meios de comunicação,
5
Publicados no Relatório Measuring the
shadow pandemic: Violence against women
during Covid-19.
Disponível em:
https://data.unwomen.org/publications/vaw
18
periodicos.uff.br/pragmatizes
- ISSN 2237-1508
Violência contra as Mulheres
nas narrativas midiáticas")
acessar os canais de denúncia, o que
deu espaço para que a violência em
sua forma mais letal se concreti
zasse.
Uma em cada quatro mulheres
brasileiras acima de 16 anos afirma ter
sofrido violência física, psicológica ou
sexual durante a pandemia de covid
-
19, o que equivale a 17 milhões de
mulheres (FBSP, 2021). Mais de
quatro milhões delas foram agredidas
sicamente com tapas, socos e/ou
chutes. Ou seja, a cada minuto, oito
mulheres apanharam no Brasil durante
Um estudo da ONU
Mulheres realizado em 13 países de
diversas regiões do mundo constatou
que 45% das mulheres reportaram que
uma mulher que elas
conhecem haviam sofrido algum tipo
de violência durante a pandemia e
uma em cada quatro mulheres
afirmara se sentir mais insegura em
Esse tempo de distanciamento
social, em que o estar em casa
propiciava o aumento de agressões,
também multiplicou a exposição das
pessoas aos meios de comunicação,
Publicados no Relatório Measuring the
shadow pandemic: Violence against women
Disponível em:
https://data.unwomen.org/publications/vaw
-rga
RUBIM, Linda; CARNEIRO, Adriana Jacob; ARGOLO, Fernanda. A
violência contra a mulher nos cenários da mídia em tempos de
pandemia. PragMATIZES - Revista Latino-
Americana de Estudos em
Cultura, Niterói/RJ, Ano 13, n. 24, p. 16-27,
mar
seja na jornada de trabalho ou nos
momentos de lazer. A mídia brasileira
e internacional não ficou alheia a esse
processo. Um movimento claro de
inserção de conteúdos sobre o tema
violên
cia contra a mulher se multiplica
na pauta dos telejornais, dos sites de
notícias, das páginas de redes sociais,
da teledramaturgia e dos
Tal dinâmica pode ser considerada um
indício de posicionamento dos meios
de comunicação frente a essa
temá
tica. Entretanto, não basta
apenas dar visibilidade ao tema para
combater o problema. É preciso
politizar a violência contra a mulher, de
forma a propor uma mudança cultural
e uma nova educação de gênero, que
reconheça e respeite a igualdade entre
os gêner
os nas suas diferenças. Tal
posicionamento coloca em perspectiva
um mundo realmente menos desigual,
mais justo, mais humano e, sem
dúvidas, mais inteligente e sensível
para a construção de uma sociedade
saudável.
Iluminado por esse contexto, o
dossiê Viol
ência Contra as Mulheres
nas Narrativas Midiáticas
proposta política e acadêmica de
pesquisa e formação de literatura
especializada sobre o tema da
RUBIM, Linda; CARNEIRO, Adriana Jacob; ARGOLO, Fernanda. A
violência contra a mulher nos cenários da mídia em tempos de
Americana de Estudos em
mar
. 2023. www.
periodicos.uff.br/pragmatizes
(Dossiê "
Violência contra as Mulheres
seja na jornada de trabalho ou nos
momentos de lazer. A mídia brasileira
e internacional não ficou alheia a esse
processo. Um movimento claro de
inserção de conteúdos sobre o tema
cia contra a mulher se multiplica
na pauta dos telejornais, dos sites de
notícias, das páginas de redes sociais,
da teledramaturgia e dos
streamings.
Tal dinâmica pode ser considerada um
indício de posicionamento dos meios
de comunicação frente a essa
tica. Entretanto, não basta
apenas dar visibilidade ao tema para
combater o problema. É preciso
politizar a violência contra a mulher, de
forma a propor uma mudança cultural
e uma nova educação de gênero, que
reconheça e respeite a igualdade entre
os nas suas diferenças. Tal
posicionamento coloca em perspectiva
um mundo realmente menos desigual,
mais justo, mais humano e, sem
dúvidas, mais inteligente e sensível
para a construção de uma sociedade
Iluminado por esse contexto, o
ência Contra as Mulheres
nas Narrativas Midiáticas
traz uma
proposta política e acadêmica de
pesquisa e formação de literatura
especializada sobre o tema da
violência contra as mulheres. A
intenção deste trabalho é mobilizar a
comunidade acadêmica e demais
pessoas interessadas a avançar nas
pesquisas sobre o assunto, de forma a
contribuir para um diagnóstico sobre a
violência contra a mulher e suas
consequências para a sociedade,
assim como para motivar um processo
de ressignificação cultural dessa
prática.
O papel da mídia para o
agendamento do debate público há
algum tempo ganhou destaque na
pesquisa, seja em teorias clássicas
sobre o jornalismo como critérios de
noticiabilidade, agenda
(agendamento) e
(enquadramento), quanto nos estudos
de
representação simbólica e análise
de conteúdo da produção audiovisual.
Com a explosão das redes sociais e
da produção mais do que massiva de
conteúdos, os meios de comunicação
avançam em seu papel estruturador da
sociabilidade, e intervêm de modo
crucial
no agendamento das pautas
sociais, para deixá-
las em maior ou
menor evidência. (RUBIM, 2000;
SODRÉ, 2010)
No entanto, é preciso tensionar
as imagens e discursos veiculados nas
19
periodicos.uff.br/pragmatizes
- ISSN 2237-1508
Violência contra as Mulheres
nas narrativas midiáticas")
violência contra as mulheres. A
intenção deste trabalho é mobilizar a
comunidade acadêmica e demais
pessoas interessadas a avançar nas
pesquisas sobre o assunto, de forma a
contribuir para um diagnóstico sobre a
violência contra a mulher e suas
consequências para a sociedade,
assim como para motivar um processo
de ressignificação cultural dessa
O papel da mídia para o
agendamento do debate público
algum tempo ganhou destaque na
pesquisa, seja em teorias clássicas
sobre o jornalismo como critérios de
noticiabilidade, agenda
-setting
(agendamento) e
framing
(enquadramento), quanto nos estudos
representação simbólica e análise
de conteúdo da produção audiovisual.
Com a exploo das redes sociais e
da produção mais do que massiva de
conteúdos, os meios de comunicação
avançam em seu papel estruturador da
sociabilidade, e intervêm de modo
no agendamento das pautas
las em maior ou
menor evidência. (RUBIM, 2000;
No entanto, é preciso tensionar
as imagens e discursos veiculados nas
RUBIM, Linda; CARNEIRO, Adriana Jacob; ARGOLO, Fernanda. A
violência contra a mulher nos cenários da mídia em tempos de
pandemia. PragMATIZES - Revista Latino-
Americana de Estudos em
Cultura, Niterói/RJ, Ano 13, n. 24, p. 16-27,
mar
produções midiáticas, bem como as
formas como a violência contra a
mulher têm s
ido abordadas, seja pela
teledramaturgia ou pelas produções
jornalísticas. Assim como a mídia pode
ser um ator fundamental para a
reconfiguração simbólica, ela pode
atuar em sentido contrário,
minimizando ou mesmo naturalizando
os casos de violência, a par
romantização e estereotipização dos
papéis de homens e mulheres na
sociedade e nas relações amorosas
(RUBIM, 2003; MIGUEL, 2013;
POMPPER, 2017; ARGOLO, 2019).
ainda a possibilidade de as
narrativas midiáticas silenciarem as
vozes de mulheres e pe
rspectivas que
podem ser fundamentais para o
avanço nas discussões de gênero
(RUBIM; ARGOLO, 2018). Isso vale
tanto para a escolha de fontes
jornalísticas, como para a construção
de personagens fictícias, apenas para
citar dois exemplos. Inclui, ainda, a
i
mportância da pluralidade de ângulos
na construção de narrativas de casos
de violência contra as mulheres,
sobretudo aqueles que questionem ou
problematizem agressões baseadas
em estereótipos de gênero.
RUBIM, Linda; CARNEIRO, Adriana Jacob; ARGOLO, Fernanda. A
violência contra a mulher nos cenários da mídia em tempos de
Americana de Estudos em
mar
. 2023. www.
periodicos.uff.br/pragmatizes
(Dossiê "
Violência contra as Mulheres
produções midiáticas, bem como as
formas como a violência contra a
ido abordadas, seja pela
teledramaturgia ou pelas produções
jornalísticas. Assim como a mídia pode
ser um ator fundamental para a
reconfiguração simbólica, ela pode
atuar em sentido contrário,
minimizando ou mesmo naturalizando
os casos de violência, a par
tir da
romantização e estereotipização dos
papéis de homens e mulheres na
sociedade e nas relações amorosas
(RUBIM, 2003; MIGUEL, 2013;
POMPPER, 2017; ARGOLO, 2019).
Há ainda a possibilidade de as
narrativas midiáticas silenciarem as
rspectivas que
podem ser fundamentais para o
avanço nas discussões de gênero
(RUBIM; ARGOLO, 2018). Isso vale
tanto para a escolha de fontes
jornalísticas, como para a construção
de personagens fictícias, apenas para
citar dois exemplos. Inclui, ainda, a
mportância da pluralidade de ângulos
na construção de narrativas de casos
de violência contra as mulheres,
sobretudo aqueles que questionem ou
problematizem agressões baseadas
em estereótipos de gênero.
Não como esquecer que a
mídia não é uma entidade a
imune à cultura em que está inserida.
Ela é diretamente influenciada pela
cultura e pelas relações de poder que
mantêm o
status quo
JAMIESON, 1995; MIGUEL; BIROLI,
2014; MURRAY, 2010).
Indubitavelmente, a balança do poder
ainda pende
para uma cultura
machista, em que as regras de
comportamento social o ditadas por
homens, em sua maioria brancos.
Desse modo, ao tratar de casos
de violência, é possível identificar nas
narrativas da mídia questões como o
que ela fez?”, “quem é ela?,
estava ali?”, “que roupa estava
usando?”, no sentido de (des)
qualificar a mulher e, a partir desse
ponto, estabelecer uma relação de
causa e consequência para a violência
perpetrada.
Nesse sentido, o debate sobre a
violência contra a mulher pela mídia
evidencia a complexidade de se tratar
um tema que durante anos foi
naturalizado na cultura e na legislação.
O contrato sexual muito cristalizado
na ordem social, onde a mulher (seu
cor
po) era essencialmente propriedade
de um homem (pai ou marido)
20
periodicos.uff.br/pragmatizes
- ISSN 2237-1508
Violência contra as Mulheres
nas narrativas midiáticas")
Não há como esquecer que a
mídia não é uma entidade a
lheia e
imune à cultura em que está inserida.
Ela é diretamente influenciada pela
cultura e pelas relações de poder que
status quo
(BEARD, 2018;
JAMIESON, 1995; MIGUEL; BIROLI,
2014; MURRAY, 2010).
Indubitavelmente, a balança do poder
para uma cultura
machista, em que as regras de
comportamento social são ditadas por
homens, em sua maioria brancos.
Desse modo, ao tratar de casos
de violência, é posvel identificar nas
narrativas da mídia questões como “o
que ela fez?, quem é ela?”,
“por que
estava ali?, que roupa estava
usando?, no sentido de (des)
qualificar a mulher e, a partir desse
ponto, estabelecer uma relação de
causa e consequência para a violência
Nesse sentido, o debate sobre a
violência contra a mulher pela mídia
evidencia a complexidade de se tratar
um tema que durante anos foi
naturalizado na cultura e na legislação.
O contrato sexual há muito cristalizado
na ordem social, onde a mulher (seu
po) era essencialmente propriedade
de um homem (pai ou marido)
RUBIM, Linda; CARNEIRO, Adriana Jacob; ARGOLO, Fernanda. A
violência contra a mulher nos cenários da mídia em tempos de
pandemia. PragMATIZES - Revista Latino-
Americana de Estudos em
Cultura, Niterói/RJ, Ano 13, n. 24, p. 16-27,
mar
perdurou por muitos séculos, e deixou
marcas profundas na sociabilidade
entre os gêneros.
Falar sobre violência contra a
mulher dentro do casamento é um
tema novo, é uma reinterpretação das
re
lações conjugais à luz de uma
modificação do papel social da mulher
e da legislação recente sobre o direito
das mulheres. O senso comum até
pouco apregoava que ‘em briga de
marido e mulher não se mete a colher,
e, com isso normalizava as agressões
às mulh
eres no seio familiar, fossem
de natureza física ou psicológica. Vale
lembrar que até 1940, a norma penal
brasileira não considerava crime um
homicídio cometido por um cônjuge
que flagrasse a esposa em adultério
ou que simplesmente estivesse
movido por elevado ciúme.
Apesar da mudança na
legislação nos anos 1940, a
justificativa de crimes contra as
mulheres “em defesa da honra seguiu
sendo usada. Apenas em março de
2021, o Supremo Tribunal Federal
decidiu que a tese da legítima defesa
da honra é inconstitu
cional porque
contraria os princípios da proteção da
vida e da igualdade de gênero.
RUBIM, Linda; CARNEIRO, Adriana Jacob; ARGOLO, Fernanda. A
violência contra a mulher nos cenários da mídia em tempos de
Americana de Estudos em
mar
. 2023. www.
periodicos.uff.br/pragmatizes
(Dossiê "
Violência contra as Mulheres
perdurou por muitos séculos, e deixou
marcas profundas na sociabilidade
Falar sobre violência contra a
mulher dentro do casamento é um
tema novo, é uma reinterpretação das
lações conjugais à luz de uma
modificação do papel social da mulher
e da legislação recente sobre o direito
das mulheres. O senso comum até
pouco apregoava que em briga de
marido e mulher não se mete a colher’,
e, com isso normalizava as agressões
eres no seio familiar, fossem
de natureza física ou psicológica. Vale
lembrar que até 1940, a norma penal
brasileira não considerava crime um
homidio cometido por um cônjuge
que flagrasse a esposa em adultério
ou que simplesmente estivesse
Apesar da mudança na
legislação nos anos 1940, a
justificativa de crimes contra as
mulheres em defesa da honra” seguiu
sendo usada. Apenas em março de
2021, o Supremo Tribunal Federal
decidiu que a tese da legítima defesa
cional porque
contraria os prinpios da proteção da
vida e da igualdade de gênero.
Com o avanço da atuação das
mulheres na esfera pública, outros
tipos de agressões foram sendo
somadas àquelas vivenciadas nas
relações familiares, alcançando
relações de
trabalho, entre médicos e
pacientes, e de natureza política,
apenas para citar alguns exemplos.
Sem contar a violência sexual mais
abrangente, perpetuada na cultura de
dominação masculina desde o início
dos tempos, bastante documentada na
literatura, seja
ela de caráter histórico
ou ficcional.
Chama a atenção, por exemplo,
que enquanto a chamada para este
dossiê esteve em curso, vários casos
de violência contra mulheres foram
amplamente noticiados pela imprensa
brasileira. O noticiário mostrou desde
caso
s de feminicídios cometidos pelos
companheiros, namorados e maridos,
até violência sexual contra meninas e
mulheres pacientes em hospitais.
Alguns casos tornaram
emblemáticos, como o que provocou
um debate público sobre a entrega
voluntária de bebês ge
de violência sexual. A situação
inicialmente tratada pela imprensa
apresentava o drama de uma garota
de dez anos, que vinha sendo coagida
21
periodicos.uff.br/pragmatizes
- ISSN 2237-1508
Violência contra as Mulheres
nas narrativas midiáticas")
Com o avanço da atuação das
mulheres na esfera pública, outros
tipos de agressões foram sendo
somadas àquelas já vivenciadas nas
relações familiares, alcançando
trabalho, entre médicos e
pacientes, e de natureza política,
apenas para citar alguns exemplos.
Sem contar a violência sexual mais
abrangente, perpetuada na cultura de
dominação masculina desde o início
dos tempos, bastante documentada na
ela de caráter histórico
Chama a atenção, por exemplo,
que enquanto a chamada para este
dossiê esteve em curso, vários casos
de violência contra mulheres foram
amplamente noticiados pela imprensa
brasileira. O noticiário mostrou desde
s de feminidios cometidos pelos
companheiros, namorados e maridos,
até violência sexual contra meninas e
mulheres pacientes em hospitais.
Alguns casos tornaram
-se
emblemáticos, como o que provocou
um debate público sobre a entrega
voluntária de bebês ge
rados por meio
de violência sexual. A situação
inicialmente tratada pela imprensa
apresentava o drama de uma garota
de dez anos, que vinha sendo coagida
RUBIM, Linda; CARNEIRO, Adriana Jacob; ARGOLO, Fernanda. A
violência contra a mulher nos cenários da mídia em tempos de
pandemia. PragMATIZES - Revista Latino-
Americana de Estudos em
Cultura, Niterói/RJ, Ano 13, n. 24, p. 16-27,
mar
por uma juíza a manter a gravidez,
resultado de um estupro, para que a
criança fosse adotada posteriorm
Enquanto o debate blico sobre o
caso ganhava repercuso, um
colunista expôs a entrega voluntária de
um bebê para adoção, pela atriz Klara
Castanho6
. A atriz teve que revelar um
processo judicial sigiloso e a entrega
para adoção de uma criança que
sido fruto de um estupro.
Meses depois, enfermeiras de
um hospital no Rio de Janeiro
gravaram um vídeo via celular para
denunciar um médico anestesista que
abusava sexualmente das pacientes
durante a cirurgia cesariana
ganhou repercussão b
cobertura especial dos veículos da
imprensa nacional e internacional, e
6
Fantástico. Klara Castanho: veja como
começou o vazamento de história pessoal com
especulações e a
taques a atriz na internet, 27
de Junho de
2022.https://g1.globo.com/fantastico/noticia/20
22/06/27/klara-castanho-veja-
como
o-vazamento-de-historia-
pessoal
especulacoes-e-ataques-a-atriz-
na
internet.ghtml
7
O Globo. “Operação Flagrante: veja, p
passo, como a equipe de enfermagem
desmascarou anestesista preso”. 13 de Julho
de 2022.
https://oglobo.globo.com/rio/noticia/2022/07/op
eracao-flagrante-veja-passo-a-
passo
equipe-de-enfermagem-
desmascarou
anestesista-preso.ghtml
RUBIM, Linda; CARNEIRO, Adriana Jacob; ARGOLO, Fernanda. A
violência contra a mulher nos cenários da mídia em tempos de
Americana de Estudos em
mar
. 2023. www.
periodicos.uff.br/pragmatizes
(Dossiê "
Violência contra as Mulheres
por uma juíza a manter a gravidez,
resultado de um estupro, para que a
criança fosse adotada posteriorm
ente.
Enquanto o debate público sobre o
caso ganhava repercussão, um
colunista expôs a entrega voluntária de
um bebê para adoção, pela atriz Klara
. A atriz teve que revelar um
processo judicial sigiloso e a entrega
para adoção de uma criança que
teria
Meses depois, enfermeiras de
um hospital no Rio de Janeiro
gravaram um vídeo via celular para
denunciar um médico anestesista que
abusava sexualmente das pacientes
durante a cirurgia cesariana
7. O fato
ganhou repercussão púb
lica com
cobertura especial dos veículos da
imprensa nacional e internacional, e
Fantástico. Klara Castanho: veja como
começou o vazamento de história pessoal com
taques a atriz na internet, 27
2022.https://g1.globo.com/fantastico/noticia/20
como
-comecou-
pessoal
-com-
na
-
O Globo. Operação Flagrante: veja, p
asso a
passo, como a equipe de enfermagem
desmascarou anestesista preso”. 13 de Julho
https://oglobo.globo.com/rio/noticia/2022/07/op
passo
-como-
desmascarou
-
questionamentos ao Conselho Federal
de Medicina.
O uso de recursos midiáticos
expôs a cadeia de violências
enfrentadas pelas mulheres até
mesmo em sua relação com o
Judiciári
o. Imagens do julgamento do
empresário André de Camargo
Aranha, acusado de estupro pela
promoter
Mariana Ferrer, revelam que
a modelo foi humilhada na audiência,
chegando a chorar e a implorar por
respeito. Na ocasião, a defesa do
empresário exibiu fotos s
produzidas por Ferrer como modelo
profissional antes do crime, com o
objetivo de argumentar que a relação
sexual entre ambos havia sido
consensual. Sem ser questionado
sobre a relação das fotos com o crime,
o advogado afirmou que jamais teria
uma
filha’ do ‘nível’ de Mariana
que evidencia as forças desiguais
entre os gêneros.
As redes sociais foram palco
para protestos contra a absolvição de
Aranha e a hashtag
8The Intercept B
rasil. “Julgamento de
influencer Maria Ferrer termina com tese
inédita de ‘estupro culposo e advogado
humilhando jovem. 2 de Novembro de 2020.
https://theintercept.com/2020/11/03/influencer
mariana-ferrer-estupro-
culposo/
22
periodicos.uff.br/pragmatizes
- ISSN 2237-1508
Violência contra as Mulheres
nas narrativas midiáticas")
questionamentos ao Conselho Federal
O uso de recursos midiáticos
expôs a cadeia de violências
enfrentadas pelas mulheres até
mesmo em sua relação com o
o. Imagens do julgamento do
emprerio André de Camargo
Aranha, acusado de estupro pela
Mariana Ferrer, revelam que
a modelo foi humilhada na audiência,
chegando a chorar e a implorar por
respeito. Na ocasião, a defesa do
emprerio exibiu fotos s
ensuais
produzidas por Ferrer como modelo
profissional antes do crime, com o
objetivo de argumentar que a relação
sexual entre ambos havia sido
consensual. Sem ser questionado
sobre a relação das fotos com o crime,
o advogado afirmou que “‘jamais teria
filha do nível de Mariana”
8, o
que evidencia as forças desiguais
As redes sociais foram palco
para protestos contra a absolvição de
Aranha e a hashtag
rasil. Julgamento de
influencer Maria Ferrer termina com tese
inédita de estupro culposo’ e advogado
humilhando jovem. 2 de Novembro de 2020.
https://theintercept.com/2020/11/03/influencer
-
culposo/
RUBIM, Linda; CARNEIRO, Adriana Jacob; ARGOLO, Fernanda. A
violência contra a mulher nos cenários da mídia em tempos de
pandemia. PragMATIZES - Revista Latino-
Americana de Estudos em
Cultura, Niterói/RJ, Ano 13, n. 24, p. 16-27,
mar
#JustiçaPorMariFerrer tornou
assunto mais comentado do Twitter na
segunda sema
na de setembro de
2020, com mais de 54 mil menções.
Apesar de o ambiente online ser usado
para a luta por direitos das mulheres
(DANIELS, 2009; MATOS, 2017;
CARNEIRO, 2019),
ele também foi um
espaço em que a violência atingiu
desproporcionalmente mais mulh
e meninas do que homens durante a
pandemia (UN Women, 2020)
agressões incluíram ameaças físicas,
assédio, perseguição e envio de
conteúdo pornográfico indesejado.
Tais casos apresentam relatos e
marcas de uma cultura machista, que
não reconhece a
violência contra a
mulher e insiste na culpabilização das
vítimas. As representações dessa
violência nos meios de comunicação
fornecem indícios de que a cultura
ainda naturaliza as micro e macro
agressões cotidianas contra as
mulheres. É o que mostra o ar
9
UN Women, 2020. “Online and ICT
facilitated violence against women and girls
during COVID-19”.
(Online e Tecnologia da
Informação e Comunicação facilitaram
violência contra mulheres e meninas durante a
COVID-19).
https://www.unwomen.org/en/digital
library/publications/2020/04/brief
-
ict-facilitated-violence-against-
women
girls-during-covid-19
RUBIM, Linda; CARNEIRO, Adriana Jacob; ARGOLO, Fernanda. A
violência contra a mulher nos cenários da mídia em tempos de
Americana de Estudos em
mar
. 2023. www.
periodicos.uff.br/pragmatizes
(Dossiê "
Violência contra as Mulheres
#JustiçaPorMariFerrer tornou
-se o
assunto mais comentado do Twitter na
na de setembro de
2020, com mais de 54 mil menções.
Apesar de o ambiente online ser usado
para a luta por direitos das mulheres
(DANIELS, 2009; MATOS, 2017;
ele também foi um
espaço em que a violência atingiu
desproporcionalmente mais mulh
eres
e meninas do que homens durante a
pandemia (UN Women, 2020)
9. As
agressões incluíram ameaças físicas,
assédio, perseguição e envio de
conteúdo pornográfico indesejado.
Tais casos apresentam relatos e
marcas de uma cultura machista, que
violência contra a
mulher e insiste na culpabilização das
timas. As representações dessa
violência nos meios de comunicação
fornecem indícios de que a cultura
ainda naturaliza as micro e macro
agressões cotidianas contra as
mulheres. É o que mostra o ar
tigo
UN Women, 2020. Online and ICT
*
facilitated violence against women and girls
(Online e Tecnologia da
Informação e Comunicação facilitaram
violência contra mulheres e meninas durante a
https://www.unwomen.org/en/digital
-
library/publications/2020/04/brief
-
online-and-
women
-and-
Não quero ser mãe, não estou
pronta”: a entrega legal para adoção
e a (re)produção do cativeiro da
madresposa nas narrativas
jornalísticas
, ao investigar a cobertura
jornalística a respeito da entrega
voluntária de bebês para adoção. Os
autores Débora Oliveira de Medeiros e
Leo Mozdzenski utilizam a noção de
cativeiro da
madresposa
pela antropóloga mexicana Marcela
Lagarde y de los
representação das opressões e
aprisionamentos socialmente
construídos e impostos para que as
mulheres reproduzam seu papel servil
de mãe e esposa. A análise
empreendida revela como as mulheres
que decidem passar pelo processo
legal de entrega d
o bebê para adoção
são julgadas e estigmatizadas em
reportagens online de periódicos e
sites de notícias de diferentes regiões
do Brasil. Para além do julgamento
midiático, é preciso ter em
consideração como o mbolo da
maternidade ainda atua como signo d
principal função social da mulher e,
como o tema levanta questões acerca
dos direitos da mulher sobre seu
próprio corpo, com interferências dos
campos político, jurídico e religioso.
23
periodicos.uff.br/pragmatizes
- ISSN 2237-1508
Violência contra as Mulheres
nas narrativas midiáticas")
Não quero ser mãe, não estou
pronta”: a entrega legal para adoção
e a (re)produção do cativeiro da
madresposa nas narrativas
, ao investigar a cobertura
jornalística a respeito da entrega
voluntária de bebês para adoção. Os
autores Débora Oliveira de Medeiros e
Leo Mozdzenski utilizam a noção de
madresposa
, proposta
pela antropóloga mexicana Marcela
Lagarde y de los
Ríos, como
representação das opressões e
aprisionamentos socialmente
construídos e impostos para que as
mulheres reproduzam seu papel servil
de mãe e esposa. A análise
empreendida revela como as mulheres
que decidem passar pelo processo
o bebê para adoção
o julgadas e estigmatizadas em
reportagens online de periódicos e
sites de notícias de diferentes regiões
do Brasil. Para além do julgamento
midiático, é preciso ter em
consideração como o símbolo da
maternidade ainda atua como signo d
a
principal função social da mulher e,
como o tema levanta questões acerca
dos direitos da mulher sobre seu
próprio corpo, com interferências dos
campos político, jurídico e religioso.
RUBIM, Linda; CARNEIRO, Adriana Jacob; ARGOLO, Fernanda. A
violência contra a mulher nos cenários da mídia em tempos de
pandemia. PragMATIZES - Revista Latino-
Americana de Estudos em
Cultura, Niterói/RJ, Ano 13, n. 24, p. 16-27,
mar
Tratando-
se de religião,
apresenta-
se no texto de José Cláudio
Alves
de Oliveira, Fernanda Assunção
Camelier Mascarenhas e Sasha
Morbeck Miranda uma mirada sobre a
violência contra a mulher na América
Latina, em especial no México, pela
perspectiva de retablos
ex
caráter transgressor, que fogem da
temática tradic
ional religiosa,
abordando temas considerados
estigmatizados. Desse modo, o artigo
Retablos ex-
votivos como suporte
de denúncia da violência contra a
mulher
apresenta uma análise
iconográfica dos retablos,
considerados um documento histórico
da sociedade e
m que estão inseridos,
e uma mídia da cultura popular e de
denúncia social que voz a pessoas
em situação de vulnerabilidade.
Passando aos meios
tradicionais de comunicação, a
cobertura jornalística sobre a violência
letal contra as mulheres é o foco do
artigo
Regularidades discursivas
dos casos de feminicídio no Diário
do Sertão
, de Luana Brito Lacerda,
Demerval Ricardo Lellis e Glória
Rabay. O estudo analisa as posições
discursivo-
ideológicas presentes nas
matérias e mostra que, em muitos
RUBIM, Linda; CARNEIRO, Adriana Jacob; ARGOLO, Fernanda. A
violência contra a mulher nos cenários da mídia em tempos de
Americana de Estudos em
mar
. 2023. www.
periodicos.uff.br/pragmatizes
(Dossiê "
Violência contra as Mulheres
se de religião,
se no texto de José Cláudio
de Oliveira, Fernanda Assunção
Camelier Mascarenhas e Sasha
Morbeck Miranda uma mirada sobre a
violência contra a mulher na América
Latina, em especial no México, pela
ex
-votivos de
caráter transgressor, que fogem da
ional religiosa,
abordando temas considerados
estigmatizados. Desse modo, o artigo
votivos como suporte
de denúncia da violência contra a
apresenta uma análise
iconográfica dos retablos,
considerados um documento histórico
m que estão inseridos,
e uma mídia da cultura popular e de
denúncia social que dá voz a pessoas
em situação de vulnerabilidade.
Passando aos meios
tradicionais de comunicação, a
cobertura jornalística sobre a violência
letal contra as mulheres é o foco do
Regularidades discursivas
dos casos de feminicídio no Diário
, de Luana Brito Lacerda,
Demerval Ricardo Lellis e Glória
Rabay. O estudo analisa as posições
ideológicas presentes nas
matérias e mostra que, em muitos
casos, tais cr
imes nem chegam a ser
nomeados como feminidios nas
matérias analisadas. A despolitização
dos assassinatos contribui para a
banalização das mortes das mulheres
e para a descontextualização da
dimensão cultural relacionada a esse
tipo de violência. Ademais
informações importantes acerca da
prevenção contra agressões a
mulheres, a mídia deixa de cumprir
com seu importante papel de
prestação de serviço e de
conscientização da população.
Não raras vezes, a cobertura
midiática reforça padrões soci
estabelecidos que aprisionam as
mulheres a estereótipos de gênero e
reforçam um suposto modelo ideal de
família associado à religiosidade. É o
que mostra o artigo
pauta: análise de discurso sobre um
crime de gênero que ganhou
desta
que nos programas policiais
da Paraíba
, de Felícia Arbex Rosas e
Glória Rabay. Em sua análise da
cobertura jornalística sobre o
feminicídio em um programa televisivo,
as autoras destrincham mecanismos
que minimizam a opressão e buscam
justificar os crimes
naturalização do comportamento
24
periodicos.uff.br/pragmatizes
- ISSN 2237-1508
Violência contra as Mulheres
nas narrativas midiáticas")
imes nem chegam a ser
nomeados como feminicídios nas
matérias analisadas. A despolitização
dos assassinatos contribui para a
banalização das mortes das mulheres
e para a descontextualização da
dimensão cultural relacionada a esse
tipo de violência. Ademais
, ao silenciar
informações importantes acerca da
prevenção contra agressões a
mulheres, a mídia deixa de cumprir
com seu importante papel de
prestação de serviço e de
conscientização da população.
Não raras vezes, a cobertura
midiática reforça padrões soci
almente
estabelecidos que aprisionam as
mulheres a estereótipos de gênero e
reforçam um suposto modelo “ideal” de
família associado à religiosidade. É o
que mostra o artigo
Feminicídio em
pauta: análise de discurso sobre um
crime de gênero que ganhou
que nos programas policiais
, de Felícia Arbex Rosas e
Glória Rabay. Em sua análise da
cobertura jornalística sobre o
feminidio em um programa televisivo,
as autoras destrincham mecanismos
que minimizam a opressão e buscam
justificar os crimes
com base na
naturalização do comportamento
RUBIM, Linda; CARNEIRO, Adriana Jacob; ARGOLO, Fernanda. A
violência contra a mulher nos cenários da mídia em tempos de
pandemia. PragMATIZES - Revista Latino-
Americana de Estudos em
Cultura, Niterói/RJ, Ano 13, n. 24, p. 16-27,
mar
violento dos homens. Nesse sentido,
por exemplo, a partir da escolha das
fontes, algumas narrativas apresentam
a violência decorrente do ciúme como
um comportamento socialmente
aceitável.
A naturalização de estere
de gênero a partir de narrativas
midiáticas no ambiente televisivo é
também analisada no artigo
Representações da violência contra
mulheres na narrativa seriada
mais linda (2019).
O texto discute as
múltiplas violências enfrentadas pelas
mulhe
res a partir da análise das
personagens femininas na rie
brasileira
Coisa Mais Linda
Crislaine Alessandra da Lima Scher,
Paula Maria Lucietto Dylbas e Adriana
Aparecida de Figueiredo Fiuza
analisam como as violências sofridas
pelas personagen
s fictícias podem ser
encontradas nos diversos casos de
violência de gênero na sociedade
contemporânea, representando
discursos racistas, sexistas e
misóginos. O texto nos convoca a
pensar em como o processo de
recepção de séries televisivas, hábito
amplia
do pelo tempo de isolamento
social, pode agendar o debate e expor
RUBIM, Linda; CARNEIRO, Adriana Jacob; ARGOLO, Fernanda. A
violência contra a mulher nos cenários da mídia em tempos de
Americana de Estudos em
mar
. 2023. www.
periodicos.uff.br/pragmatizes
(Dossiê "
Violência contra as Mulheres
violento dos homens. Nesse sentido,
por exemplo, a partir da escolha das
fontes, algumas narrativas apresentam
a violência decorrente do ciúme como
um comportamento socialmente
A naturalização de estere
ótipos
de gênero a partir de narrativas
midiáticas no ambiente televisivo é
também analisada no artigo
Representações da violência contra
mulheres na narrativa seriada
Coisa
O texto discute as
múltiplas violências enfrentadas pelas
res a partir da análise das
personagens femininas na série
Coisa Mais Linda
. As autoras
Crislaine Alessandra da Lima Scher,
Paula Maria Lucietto Dylbas e Adriana
Aparecida de Figueiredo Fiuza
analisam como as violências sofridas
s fictícias podem ser
encontradas nos diversos casos de
violência de gênero na sociedade
contemporânea, representando
discursos racistas, sexistas e
miginos. O texto nos convoca a
pensar em como o processo de
recepção de ries televisivas, hábito
do pelo tempo de isolamento
social, pode agendar o debate e expor
os dramas sociais vivenciados pelas
mulheres.
As violências contra as
mulheres em suas interseções de
gênero e raça nas narrativas
audiovisuais não ficcionais o
investigadas no artigo
contra as mulheres negras em
vida depois do tombo
autoras Carla Conceição da Silva
Paiva e Mariane Ribeiro dos Santos
analisam a construção da personagem
Karol
Conká no documentário
depois do tombo
, à luz dos estudos do
feminismo
negro. Uma das
participantes do Big Brother Brasil no
ano de 2021, a cantora Karol
teve a maior porcentagem de rejeição
da história do
reality show
uma série de ameaças e agressões
após deixar o programa. O artigo
investiga a dubiedade de n
respeito da cantora, que ora humaniza,
ora demoniza a artista, ao mesmo
tempo em que reforça estereótipos
relacionados às mulheres negras.
A diversidade de perspectivas e
caminhos metodológicos explorados
nos seis artigos que compõem o
dossiê
Violência Contra as Mulheres
nas Narrativas Midiáticas
a pesquisa acadêmica vem buscando
25
periodicos.uff.br/pragmatizes
- ISSN 2237-1508
Violência contra as Mulheres
nas narrativas midiáticas")
os dramas sociais vivenciados pelas
As violências contra as
mulheres em suas interseções de
gênero e raça nas narrativas
audiovisuais não ficcionais são
investigadas no artigo
Violência
contra as mulheres negras em
A
vida depois do tombo
(2021). As
autoras Carla Conceição da Silva
Paiva e Mariane Ribeiro dos Santos
analisam a construção da personagem
Conká no documentário
A vida
, à luz dos estudos do
negro. Uma das
participantes do Big Brother Brasil no
ano de 2021, a cantora Karol
Conká
teve a maior porcentagem de rejeição
reality show
e sofreu
uma rie de ameaças e agressões
após deixar o programa. O artigo
investiga a dubiedade de n
arrativas a
respeito da cantora, que ora humaniza,
ora demoniza a artista, ao mesmo
tempo em que reforça estereótipos
relacionados às mulheres negras.
A diversidade de perspectivas e
caminhos metodológicos explorados
nos seis artigos que compõem o
Violência Contra as Mulheres
nas Narrativas Midiáticas
revela como
a pesquisa acadêmica vem buscando
RUBIM, Linda; CARNEIRO, Adriana Jacob; ARGOLO, Fernanda. A
violência contra a mulher nos cenários da mídia em tempos de
pandemia. PragMATIZES - Revista Latino-
Americana de Estudos em
Cultura, Niterói/RJ, Ano 13, n. 24, p. 16-27,
mar
contribuir com a problematização
desse campo de estudos. Essas
reflexões sobre as relações entre
cultura e violência contra a mulher a
partir das narrativa
s midiáticas são
fundamentais para que se avance em
estratégias para o seu enfrentamento,
e, para que possamos de fato
reestruturar códigos e
comportamentos culturais danosos,
baseados em opressão e violência.
Referências:
ARGOLO, Fernanda.
Dilma
uma mulher fora do luga
r
da mídia sobre a primeira presidenta
do Brasil. [
Doutorado em Cultura e
Sociedade].
Instituto de Humanidades,
Artes e Ciências Professor Milton
Santos,
Universidade Federal da
Bahia, Salvador, 2019.
BEARD, Mary.
Mulheres e poder
manifesto. São Paulo: Planeta do
Brasil, 2018.
CARNEIRO, Adriana Jacob.
das Rede
. Um estudo sobre entrelaces
de gênero, humor e mídia em Dilma
Bolada. [
Doutorado em Cultura e
Sociedade].
Instituto de Humanidades,
Artes e
Ciências Professor Milton
Santos,
Universidade Federal da
Bahia, Salvador, 2019.
DANIELS, Jessie. Rethinking
cyberfeminism(s): Race, gender and
embodiment.
Women’s
Quarterly, 37:1&2, p. 101–
24.
RUBIM, Linda; CARNEIRO, Adriana Jacob; ARGOLO, Fernanda. A
violência contra a mulher nos cenários da mídia em tempos de
Americana de Estudos em
mar
. 2023. www.
periodicos.uff.br/pragmatizes
(Dossiê "
Violência contra as Mulheres
contribuir com a problematização
desse campo de estudos. Essas
reflexões sobre as relações entre
cultura e violência contra a mulher a
s midiáticas são
fundamentais para que se avance em
estratégias para o seu enfrentamento,
e, para que possamos de fato
reestruturar códigos e
comportamentos culturais danosos,
baseados em opressão e violência.
Dilma
Rousseff:
r
. Narrativas
da mídia sobre a primeira presidenta
Doutorado em Cultura e
Instituto de Humanidades,
Artes e Ciências Professor Milton
Universidade Federal da
Mulheres e poder
: um
manifesto. São Paulo: Planeta do
CARNEIRO, Adriana Jacob.
A ‘Bolada’
. Um estudo sobre entrelaces
de gênero, humor e mídia em Dilma
Doutorado em Cultura e
Instituto de Humanidades,
Ciências Professor Milton
Universidade Federal da
DANIELS, Jessie. Rethinking
cyberfeminism(s): Race, gender and
Women’s
Studies
24.
2009.
FÓRUM BRASILEIRO DE
SEGURANÇA PÚBLICA.
contra meninas e mulheres no 1o
semestre de 2022
. Disponível em:
https://forumseguranca.org.br/publicac
oes_posts/violencia-
contra
mulheres-no-1o-
semestre
GOMES, Maria Carmen Aires;
CARVAL
HO, Alexandra Bittencourt de.
Pandemia d
e COVID
doméstica na conjuntura sociopolítica
brasileira.
Revista Estudos Feministas
Florianópolis, v. 29, n. 3, e74781,
2021.
JAMIESON, Kathleen Hall.
Double Bind:
Women and Leadership
New York: Oxford University Press
1995.
MATOS, Carolina
.
feminisms and online networks:
Cyberfeminism, protest and the female
“Arab Spring”.
International
32:3, p. 417–34
, 2017
MIGUEL, Luís Felipe. Discursos
sexistas no humorismo e na
publicidade. A expreso pública, s
limites e os limites dos limites.
Cadernos Pagu, n.
41,
dez. 2013.
MIGUEL, Luís Felipe; BIROLI, Flávia.
Feminismo e Política
: uma introdução.
São Paulo: Boitempo, 2014.
MURRAY, Rainbow.
Highest Glass Ceiling:
Comparison of Womens Campaigns
for Executive Office
.
CA, Denver, CO and Oxford: ABC
CLIO, 2010.
ONU Mulheres
, 2020.
https://www.unwomen.org/en/digital
library/publications/2020/04/brief
26
periodicos.uff.br/pragmatizes
- ISSN 2237-1508
Violência contra as Mulheres
nas narrativas midiáticas")
FÓRUM BRASILEIRO DE
SEGURANÇA PÚBLICA.
Violência
contra meninas e mulheres no 1o
. Disponível em:
https://forumseguranca.org.br/publicac
contra
-meninas-e-
semestre
-de-2022/
GOMES, Maria Carmen Aires;
HO, Alexandra Bittencourt de.
e COVID
-19 e violência
doméstica na conjuntura sociopolítica
Revista Estudos Feministas
,
Florianópolis, v. 29, n. 3, e74781,
JAMIESON, Kathleen Hall.
Beyond the
Women and Leadership
.
New York: Oxford University Press
,
.
New Brazilian
feminisms and online networks:
Cyberfeminism, protest and the female
International
Sociology,
, 2017
.
MIGUEL, Luís Felipe. Discursos
sexistas no humorismo e na
publicidade. A expressão pública, s
eus
limites e os limites dos limites.
41,
p. 95-119, jul.-
MIGUEL, Luís Felipe; BIROLI, Flávia.
: uma introdução.
São Paulo: Boitempo, 2014.
MURRAY, Rainbow.
Cracking the
Highest Glass Ceiling:
A Global
Comparison of Women’s Campaigns
.
Santa Barbara,
CA, Denver, CO and Oxford: ABC
-
, 2020.
Disponível em:
https://www.unwomen.org/en/digital
-
library/publications/2020/04/brief
-
RUBIM, Linda; CARNEIRO, Adriana Jacob; ARGOLO, Fernanda. A
violência contra a mulher nos cenários da mídia em tempos de
pandemia. PragMATIZES - Revista Latino-
Americana de Estudos em
Cultura, Niterói/RJ, Ano 13, n. 24, p. 16-27,
mar
online-and-ict-facilitated-
violence
against-women-and-girls-
during
19
POMPPER, Donnalyn.
Rethoric of
Femininity
. Female Body Image,
Media, and Gender Role
Stress/Conflict.
Lanham: Lexington
Books, 2017.
RUBIM, Albino. Nova Configuração
das Eleições no Brasil
Contemporâneo. In:
XXIII Encon
Anual da Anpocs
, Caxambu
1999.
RUBIM, Linda.
O Feminino como
Lugar do Amor. In:
FABRIS
Rosaria; CATANI,
Afrânio;
Wilton; RUBIM,
Antonio Albino
Canelas; LOBO, Júlio. (o
rg
Socine de Cinema
. Ano V. São Paulo:
Editora Panorama, 2003.
p. 170
RUBIM, Linda; ARGOLO, Fernanda.
Golpe na perspectiva de Gênero
Edufba: Salvador, 2018.
SODRÉ, Muniz.
Antropológica do
espelho:
uma teoria da comunicação
linear e em rede
. Petropólis: Vozes,
2010.
RUBIM, Linda; CARNEIRO, Adriana Jacob; ARGOLO, Fernanda. A
violência contra a mulher nos cenários da mídia em tempos de
Americana de Estudos em
mar
. 2023. www.
periodicos.uff.br/pragmatizes
(Dossiê "
Violência contra as Mulheres
violence
-
during
-covid-
Rethoric of
. Female Body Image,
Media, and Gender Role
Lanham: Lexington
RUBIM, Albino. Nova Configuração
das Eleições no Brasil
XXIII Encon
tro
, Caxambu
MG,
O Feminino como
FABRIS
, Maria
Afrânio;
GARCIA,
Antonio Albino
rg
s.). Estudos
. Ano V. São Paulo:
p. 170
-177.
RUBIM, Linda; ARGOLO, Fernanda.
O
Golpe na perspectiva de Gênero
.
Antropológica do
uma teoria da comunicação
. Petropólis: Vozes,
27
periodicos.uff.br/pragmatizes
- ISSN 2237-1508
Violência contra as Mulheres
nas narrativas midiáticas")