conversas da importância de se ter
um ensino com essas
características. Durante as aulas
de Saberes dos Terreiros com o
Mestre Kotoquinho, apesar de ter
me empenhado para acompanhar,
a bagagem que eu tinha não foi
suficiente para me fazer
compreender as aulas da forma
que eu gostaria. Mas, ter uma aula
regada de música, tambor, dança,
espiritualidade e ancestralidade foi
mais significativo do que o pleno
entendimento das palavras do
mestre. O módulo indigena foi uma
dose de esperança de uma outra
forma de educar as crianças, com
atenção, afeto, respeito e materiais
lindos. Ademais, é urgente a
necessidade de debater questões
indígenas, de ter conhecimento
dos povos originários desta terra,
de sua diversidade e de sua
existência por todo esse país, em
aldeias ou em contexto urbano.
Para que se possa somar na luta
por território e outros direitos. E,
enquanto futuros professores
(como muitos da turma são de
licenciatura), poder ensinar de
forma decolonial e antirracista. E
formar uma geração que não
perpetue estigmas e violências. E
que tenha sabedoria, pois, como o
Professor Vanderlei disse “muito
conhecimento sem sabedoria não
adianta, e sabedoria é saber ouvir
o tempo”. (Ana Carolina Cario
Peixoto. Diário pessoal)
Ambas as estudantes fazem
considerações epistemológicas,
problematizando a relação que a
universidade estabelece com mestres
das culturas tradicionais como objetos
de estudo e não como sujeitos do
conhecimento, a colonialidade dos
saberes acadêmicos, as possibilidades
de formas diversas de ensino e
aprendizagem e a importância da
formação profissional decolonial e
antirracista. Os mestres e mestras de
tradições são detentores de saberes
vivos integrados aos seus territórios. A
transmissão desses conhecimentos
dá-se de forma variada envolvendo a
oralidade, o corpo, os gestos, a escuta
e tem, como suporte, a emoção, a
intuição e a sensibilidade. Nessa
direção a estudante Ciana Lopes
Godoy Silva expressa sua percepção
sobre a pedagogia dos mestres e
mestras,
Para mim, o que tem sido mais
marcante no curso com os mestres
que nos deram aula são os
infinitos formatos de
aprendizagem, que correspondem
de forma mais coerente com
expressões humanas de
linguagem como a festa, alegria,
prazer e música. Percebo que me
sentir afetada por essas
linguagens através de experiências
como dançar em roda, aprender e
cantar cantigas juntamente com os
colegas, sentar no chão, rir alto e
complementar discussões com
experiências de vida e memória
que remetem a temas
mencionados ali faz com que os
conceitos trazidos estejam para
além de uma memorização de
teoria. (Diário pessoal).
Esse ensinar e aprender que é
circular, em roda, horizontal, que