ROBERTO, Frank W.; COSTA, Marcia C. da; COSTA, Samira L. da;
GABRIEL, Eleonora; GUALER, Katya de S.; NASCIMENTO, Janete.
SuperSaberes –
a construção da Superintendência de Saberes
Tradicionais na UFRJ. PragMATIZES -
Revista Latino
Estudos em Cultura,
Niterói/RJ, Ano 1
3
, n.
25
SuperSaberes -
a construção da Superintendência de Saberes Tradicionais na
DOI:
https://doi.org/10.22409/pragmatizes.v13i25.
Resumo:
Este artigo é uma cartografia do processo de construção da Superintendência de Saberes
Tradicionais da UFRJ, localizada no Fórum de Ciência e Cultura, órgão que coordena as políticas de
difusão cultural e de divulgação científica da UFRJ com objetivos de p
entre as diversas áreas do conhecimento e estreitar os laços entre a Universidade e a sociedade civil.
1 Frank Wilson Roberto.
Doutor em Memória Social pela UNIRIO, professor adjunto do Departamento
de Arte Corporal da EEFD/UFRJ
frank@eefd.ufrj.br -
https://orcid.org/0000
2 Marcia Cabral da Costa.
Doutora Psicologia pela UFF, professora adjunta do Departamento de
Terapia Ocupa
cional da Faculdade de Medicina da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ)
E-mail:
marciacabralto@gmail.com
3 Samira Lima da Costa.
Doutora em Psicologia Comunitária e Ecologia Social pela UFRJ. Professora
associada III do Departamento de Terapia Ocupacional (Faculdade de Medicina) e do Programa de
Pós Graduação em Psicossociologia de Comunidades e Ecologia Social
UFRJ. E-mail:
biasamira@medicina.ufrj.br
4 Eleonora Gabriel.
Doutora em Artes pela UE
Corporal da EEFD/UFRJ. E-
mail:
5 Katya de Souza Gualter.
Doutora e Professora associada do Departamento de Arte Corporal da
EEFD/UFRJ. E-mail:
katyagualter@gmail.com
6 Janete Nascimento.
Mestre pelo
Comunidades e Ecologia Social
Municipal de Nova Iguaçu –RJ
. E
9905-3405
Recebido em 31/03/2023,
aceito para publicação em
ROBERTO, Frank W.; COSTA, Marcia C. da; COSTA, Samira L. da;
GABRIEL, Eleonora; GUALER, Katya de S.; NASCIMENTO, Janete.
a construção da Superintendência de Saberes
Revista Latino
-Americana de
, p.
3
77
-
402
, set. 2023.
www.periodicos.uff.br/pragmatizes -
(Dossiê "
Imagens reflexas sobre os Encontros de Saberes no
a construção da Superintendência de Saberes Tradicionais na
UFRJ
Frank Wilson Roberto
Marcia Cabral da Costa
Samira Lima da Costa
Eleonora Gabriel
Katya de Souza
Janete Nascimento
https://doi.org/10.22409/pragmatizes.v13i25.
57933
Este artigo é uma cartografia do processo de construção da Superintendência de Saberes
Tradicionais da UFRJ, localizada no Fórum de Ciência e Cultura, órgão que coordena as políticas de
difusão cultural e de divulgação científica da UFRJ com objetivos de p
romover ações transversais
entre as diversas áreas do conhecimento e estreitar os laços entre a Universidade e a sociedade civil.
Doutor em Memória Social pela UNIRIO, professor adjunto do Departamento
de Arte Corporal da EEFD/UFRJ
, Universidade Federal do Rio de Janeiro, Brasil. E
https://orcid.org/0000
-0002-9282-1644
Doutora Psicologia pela UFF, professora adjunta do Departamento de
cional da Faculdade de Medicina da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ)
marciacabralto@gmail.com
- https://orcid.org/0000-0002-4864-4310
Doutora em Psicologia Comunitária e Ecologia Social pela UFRJ. Professora
associada III do Departamento de Terapia Ocupacional (Faculdade de Medicina) e do Programa de
Pós Graduação em Psicossociologia de Comunidades e Ecologia Social
(Instituto de Psicologia) da
biasamira@medicina.ufrj.br
- https://orcid.org/0000-0003-4891-
0436
Doutora em Artes pela UE
RJ. Professora associada III do Departamento de Arte
mail:
lolafolc@gmail.com - https://orcid.org/0000-
0002
Doutora e Professora associada do Departamento de Arte Corporal da
katyagualter@gmail.com
- https://orcid.org/0000-0002-6971
-
Mestre pelo
Programa de Pós-
graduação de Psicossociologia de
Comunidades e Ecologia Social
- EICOS, Instituto de Psicologia, na UFRJ
, Professora da Rede
. E
-mail: netinhabaptista@gmail.com -
https://orcid.org/0009
aceito para publicação em
27/06/20
23 e disponibilizado online em
01/09/2023.
377
ISSN 2237-1508
Imagens reflexas sobre os Encontros de Saberes no
ensino superior")
a construção da Superintendência de Saberes Tradicionais na
Frank Wilson Roberto
1
Marcia Cabral da Costa
2
Samira Lima da Costa
3
Eleonora Gabriel
4
Katya de Souza
Gualter5
Janete Nascimento
6
Este artigo é uma cartografia do processo de construção da Superintendência de Saberes
Tradicionais da UFRJ, localizada no Fórum de Ciência e Cultura, órgão que coordena as políticas de
romover ações transversais
entre as diversas áreas do conhecimento e estreitar os laços entre a Universidade e a sociedade civil.
Doutor em Memória Social pela UNIRIO, professor adjunto do Departamento
, Universidade Federal do Rio de Janeiro, Brasil. E
-mail:
Doutora Psicologia pela UFF, professora adjunta do Departamento de
cional da Faculdade de Medicina da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ)
.
Doutora em Psicologia Comunitária e Ecologia Social pela UFRJ. Professora
associada III do Departamento de Terapia Ocupacional (Faculdade de Medicina) e do Programa de
(Instituto de Psicologia) da
0436
RJ. Professora associada III do Departamento de Arte
0002
-6786-6330
Doutora e Professora associada do Departamento de Arte Corporal da
-
4330
graduação de Psicossociologia de
, Professora da Rede
https://orcid.org/0009
-0005-
23 e disponibilizado online em
ROBERTO, Frank W.; COSTA, Marcia C. da; COSTA, Samira L. da;
GABRIEL, Eleonora; GUALER, Katya de S.; NASCIMENTO, Janete.
SuperSaberes –
a construção da Superintendência de Saberes
Tradicionais na UFRJ. PragMATIZES -
Revista Latino
Estudos em Cultura,
Niterói/RJ, Ano 1
3
, n.
25
Conhecida como SuperSaberes, esse espaço de gestão é fruto da luta pelo reconhecimento dos
saberes tradicionais e das culturas
longo de mais de três décadas vem desenvolvendo trabalhos na UFRJ com grupos pertencentes a
essas comunidades. Uma construção tecida pelas partilhas amigas e bordadas coletivamente pelas
mãos
de mestras e mestres de tradição e de acadêmicos da UFRJ inspirados e contagiados por
experiências de inclusão de mestres de saberes tradicionais nas universidades públicas brasileiras. A
relevância deste manuscrito se contextualiza ao fato de reconhecer a
parte das conquistas de grupos historicamente violados de seus direitos frente a uma sociedade
estruturada pelo racismo e pelas lógicas coloniais ainda presentes no país. É importante
contextualizar que a origem da UFRJ é liga
econômica, mas ao longo de sua trajetória, ela foi sendo atravessada por movimentos sociais,
políticos e epistemológicos diversos, impulsionando transformações. Uma dessas conquistas foi a
democratiz
ação do acesso através da implantação da
Cotas, que tornou as universidades públicas mais plurais e diversificadas. A lei impulsionou
mudanças substanciais nas políticas institucionais, em conteúdos, programas, eme
bem como a entrada de discentes oriundos de comunidades pretas e indígenas colocando para a
universidade um novo desafio: a permanência. Nas narrativas desses estudantes dentro da
academia, ecoa o clamor pela presença de docentes e base
invés de serem forçados a deslocarem
muitas vezes figuram como o lugar do colonizador em suas marcas, histórias e memórias
comunitárias. É assim, embora tardia
relacionadas às cotas e à inclusão de saberes tradicionais na UFRJ, que esse brado nos convoca à
institucionalização desse tema e dessa pauta reivindicatória. Por fim, almeja
impor
tantes passos caminhados, e ainda em francas caminhadas, na direção da construção e
fortalecimento desse importante espaço institucional de gestão dos saberes tradicionais e das
culturas populares na UFRJ. Um artigo
institucionais, comunitárias e espirituais que possam auxiliar nesse momento ímpar na UFRJ,
orientando as próximas etapas de enfrentamento dos desafios e do encontro com as alegrias de
justas vitórias que se apontam no horizonte.
Palavras-chaves:
Encontro de saberes; Saberes tradicionais; Universidade Federal do Rio de
Janeiro.
SuperSaberes -
la construcción de la Superintendencia de Conocimientos Tradicionales en la
UFRJ
Resumen:
Este artículo pretende relatar la trayectoria de construcción de
Conocimientos Tradicionales de la UFRJ
las aproximaciones de la universidad con los conocimientos tradicionales y las culturas populares a lo
largo de su historia. Teniendo su
una élite social y económica, la UFRJ a lo largo de su trayectoria se transformó impulsada por
diversos movimientos sociales, políticos y epistemológicos. Uno de los logros de uno de esto
movimientos fue la democratización del acceso a través de la implementación de la Ley de Cuotas,
haciendo que las universidades públicas fueran más plurales y diversas, lo que impulsó cambios
sustanciales en las políticas institucionales, contenidos, pro
tardía en relación con la implementación de políticas y acciones relacionadas con las cuotas y la
inclusión de los conocimientos tradicionales en la UFRJ, se pretende presentar los pasos importantes
construidos para
la construcción de un espacio institucional para la gestión del conocimiento
tradicional y las culturas populares en la UFRJ, así como un panorama histórico de las acciones que
ayudaron a solidificar esta construcción de diálogo entre el conocimiento acadé
tradicional en la UFRJ.
Palabras clave:
Encuentro de conocimientos;
Rio de Janeiro.
ROBERTO, Frank W.; COSTA, Marcia C. da; COSTA, Samira L. da;
GABRIEL, Eleonora; GUALER, Katya de S.; NASCIMENTO, Janete.
a construção da Superintendência de Saberes
Revista Latino
-Americana de
, p.
3
77
-
402
, set. 2023.
www.periodicos.uff.br/pragmatizes -
(Dossiê "
Imagens reflexas sobre os Encontros de Saberes no
Conhecida como SuperSaberes, esse espaço de gestão é fruto da luta pelo reconhecimento dos
saberes tradicionais e das culturas
populares na Universidade, coordenada por pesquisadores que ao
longo de mais de três décadas vem desenvolvendo trabalhos na UFRJ com grupos pertencentes a
essas comunidades. Uma construção tecida pelas partilhas amigas e bordadas coletivamente pelas
de mestras e mestres de tradição e de acadêmicos da UFRJ inspirados e contagiados por
experiências de inclusão de mestres de saberes tradicionais nas universidades públicas brasileiras. A
relevância deste manuscrito se contextualiza ao fato de reconhecer a
criação da SuperSaberes como
parte das conquistas de grupos historicamente violados de seus direitos frente a uma sociedade
estruturada pelo racismo e pelas lógicas coloniais ainda presentes no país. É importante
contextualizar que a origem da UFRJ é liga
da à formação superior para atender a uma elite social e
econômica, mas ao longo de sua trajetória, ela foi sendo atravessada por movimentos sociais,
políticos e epistemológicos diversos, impulsionando transformações. Uma dessas conquistas foi a
ação do acesso através da implantação da
Lei nº 12.711/2012, conhecida como
Cotas, que tornou as universidades públicas mais plurais e diversificadas. A lei impulsionou
mudanças substanciais nas políticas institucionais, em conteúdos, programas, eme
bem como a entrada de discentes oriundos de comunidades pretas e indígenas colocando para a
universidade um novo desafio: a permanência. Nas narrativas desses estudantes dentro da
academia, ecoa o clamor pela presença de docentes e base
s referenciais próprias a seus povos, ao
invés de serem forçados a deslocarem
-
se para dentro de uma base referencial euro
muitas vezes figuram como o lugar do colonizador em suas marcas, histórias e memórias
comunitárias. É assim, embora tardia
em relação à implantação de políticas e ações afirmativas
relacionadas às cotas e à inclusão de saberes tradicionais na UFRJ, que esse brado nos convoca à
institucionalização desse tema e dessa pauta reivindicatória. Por fim, almeja
tantes passos caminhados, e ainda em francas caminhadas, na direção da construção e
fortalecimento desse importante espaço institucional de gestão dos saberes tradicionais e das
culturas populares na UFRJ. Um artigo
-
convite à construção de novas alianças t
institucionais, comunitárias e espirituais que possam auxiliar nesse momento ímpar na UFRJ,
orientando as próximas etapas de enfrentamento dos desafios e do encontro com as alegrias de
justas vitórias que se apontam no horizonte.
Encontro de saberes; Saberes tradicionais; Universidade Federal do Rio de
la construcción de la Superintendencia de Conocimientos Tradicionales en la
Este artículo pretende relatar la trayectoria de construcción de
la Superintendencia de
Conocimientos Tradicionales de la UFRJ
–
SuperSaberes y, para ello, busca presentar ejemplos de
las aproximaciones de la universidad con los conocimientos tradicionales y las culturas populares a lo
largo de su historia. Teniendo su
origen originalmente vinculado a la educación superior que servía a
una élite social y económica, la UFRJ a lo largo de su trayectoria se transformó impulsada por
diversos movimientos sociales, políticos y epistemológicos. Uno de los logros de uno de esto
movimientos fue la democratización del acceso a través de la implementación de la Ley de Cuotas,
haciendo que las universidades públicas fueran más plurales y diversas, lo que impulsó cambios
sustanciales en las políticas institucionales, contenidos, pro
gramas, menús, referencias, etc. Aunque
tardía en relación con la implementación de políticas y acciones relacionadas con las cuotas y la
inclusión de los conocimientos tradicionales en la UFRJ, se pretende presentar los pasos importantes
la construcción de un espacio institucional para la gestión del conocimiento
tradicional y las culturas populares en la UFRJ, así como un panorama histórico de las acciones que
ayudaron a solidificar esta construcción de diálogo entre el conocimiento acadé
Encuentro de conocimientos;
conocimientos tradicionales;
Universidade Federal do
378
ISSN 2237-1508
Imagens reflexas sobre os Encontros de Saberes no
ensino superior")
Conhecida como SuperSaberes, esse espaço de gestão é fruto da luta pelo reconhecimento dos
populares na Universidade, coordenada por pesquisadores que ao
longo de mais de três décadas vem desenvolvendo trabalhos na UFRJ com grupos pertencentes a
essas comunidades. Uma construção tecida pelas partilhas amigas e bordadas coletivamente pelas
de mestras e mestres de tradição e de acadêmicos da UFRJ inspirados e contagiados por
experiências de inclusão de mestres de saberes tradicionais nas universidades públicas brasileiras. A
criação da SuperSaberes como
parte das conquistas de grupos historicamente violados de seus direitos frente a uma sociedade
estruturada pelo racismo e pelas lógicas coloniais ainda presentes no país. É importante
da à formação superior para atender a uma elite social e
econômica, mas ao longo de sua trajetória, ela foi sendo atravessada por movimentos sociais,
políticos e epistemológicos diversos, impulsionando transformações. Uma dessas conquistas foi a
Lei nº 12.711/2012, conhecida como
Lei de
Cotas, que tornou as universidades públicas mais plurais e diversificadas. A lei impulsionou
mudanças substanciais nas políticas institucionais, em conteúdos, programas, eme
ntas e referências,
bem como a entrada de discentes oriundos de comunidades pretas e indígenas colocando para a
universidade um novo desafio: a permanência. Nas narrativas desses estudantes dentro da
s referenciais próprias a seus povos, ao
se para dentro de uma base referencial euro
-cristã, que
muitas vezes figuram como o lugar do colonizador em suas marcas, histórias e memórias
em relação à implantação de políticas e ações afirmativas
relacionadas às cotas e à inclusão de saberes tradicionais na UFRJ, que esse brado nos convoca à
institucionalização desse tema e dessa pauta reivindicatória. Por fim, almeja
-se apresentar os
tantes passos caminhados, e ainda em francas caminhadas, na direção da construção e
fortalecimento desse importante espaço institucional de gestão dos saberes tradicionais e das
convite à construção de novas alianças t
eóricas,
institucionais, comunitárias e espirituais que possam auxiliar nesse momento ímpar na UFRJ,
orientando as próximas etapas de enfrentamento dos desafios e do encontro com as alegrias de
Encontro de saberes; Saberes tradicionais; Universidade Federal do Rio de
la construcción de la Superintendencia de Conocimientos Tradicionales en la
la Superintendencia de
SuperSaberes y, para ello, busca presentar ejemplos de
las aproximaciones de la universidad con los conocimientos tradicionales y las culturas populares a lo
origen originalmente vinculado a la educación superior que servía a
una élite social y económica, la UFRJ a lo largo de su trayectoria se transformó impulsada por
diversos movimientos sociales, políticos y epistemológicos. Uno de los logros de uno de esto
s
movimientos fue la democratización del acceso a través de la implementación de la Ley de Cuotas,
haciendo que las universidades públicas fueran más plurales y diversas, lo que impulsó cambios
gramas, menús, referencias, etc. Aunque
tardía en relación con la implementación de políticas y acciones relacionadas con las cuotas y la
inclusión de los conocimientos tradicionales en la UFRJ, se pretende presentar los pasos importantes
la construcción de un espacio institucional para la gestión del conocimiento
tradicional y las culturas populares en la UFRJ, así como un panorama histórico de las acciones que
ayudaron a solidificar esta construcción de diálogo entre el conocimiento acadé
mico, popular y
Universidade Federal do
ROBERTO, Frank W.; COSTA, Marcia C. da; COSTA, Samira L. da;
GABRIEL, Eleonora; GUALER, Katya de S.; NASCIMENTO, Janete.
SuperSaberes –
a construção da Superintendência de Saberes
Tradicionais na UFRJ. PragMATIZES -
Revista Latino
Estudos em Cultura,
Niterói/RJ, Ano 1
3
, n.
25
SuperSaberes -
the construction of the Superintendence of Traditional Knowledge at UFRJ
Abstract: This article
is a cartography of the construction process of the Superintendence of
Traditional Knowledge at UFRJ, located in the Forum of Science and Culture, the body that
coordinates policies for cultural diffusion and scientific dissemination at UFRJ w
promoting cross-cutting actions
between the University
and civil society. Known as SuperSaberes, this management space
result of the fight for the
recognition
coordinated by researchers
who, over more than
with groups belonging to these
communities. A construction
embroidered by the hands
of masters of
experiences of inclusion
of masters of
relevance of this manuscript
SuperSaberes as part of the
achievements
society structured by racism a
nd
contextualize that the origin
of UFRJ is
but through out its history, it
has
movements, driving
transformations. One
through the implementation
of Law nº 12,711/2012, known as the Quota Law, which
universities more plural and
diversified. The
content, programs, menus and
references, as well as the
communities, posing a new challenge
students within the
academy, there
referential bases specific to
their
referential base, which
many times appear as the
community memories. It is
thus, although late in relati
affirmative actions related
to quotas and
calls us to the institutionalization
the important steps
taken, and still in franksteps, towards
important institutional
space for the management of
UFRJ. An invitation article
to build new theoretical,
can help in this unique moment
at UFRJ, guiding
the joys of fair victories
that are pointed out on
Keywords: Knowledge
encounter; Tradi
SuperSaberes -
a construção da Superintendência de Saberes Tradicionais na
A UFRJ e as confluências de
saberes
Neste artigo propomos dialogar
com novas amigas e amigos, leitoras e
leitores, sobre a trajetória e as
amizades que nos acompanharam (e
nos acompanham) no processo de
ROBERTO, Frank W.; COSTA, Marcia C. da; COSTA, Samira L. da;
GABRIEL, Eleonora; GUALER, Katya de S.; NASCIMENTO, Janete.
a construção da Superintendência de Saberes
Revista Latino
-Americana de
, p.
3
77
-
402
, set. 2023.
www.periodicos.uff.br/pragmatizes -
(Dossiê "
Imagens reflexas sobre os Encontros de Saberes no
the construction of the Superintendence of Traditional Knowledge at UFRJ
is a cartography of the construction process of the Superintendence of
Traditional Knowledge at UFRJ, located in the Forum of Science and Culture, the body that
coordinates policies for cultural diffusion and scientific dissemination at UFRJ w
between the various áreas of the
knowledge
and civil society. Known as SuperSaberes, this management space
recognition
of traditional knowledge
and popular cultures
who, over more than
three decades, have been
developing
communities. A construction
woven by friendly
sharing
of masters of
tradition and UFRJ academics
inspired
of masters of
traditional knowledge in Brazilian
public
is contextualized to the fact
that it recognizes
achievements
of groups historically violated of their
nd
the colonial logic still present in the country. It is
of UFRJ is
linked to higher education
to serve a social and
has
been crossed by various social, political
transformations. One
of these achievements was the
democratization
of Law nº 12,711/2012, known as the Quota Law, which
diversified. The
Law boosted substantial
changes in institutional policies,
references, as well as the
entry of students from
Black
communities, posing a new challenge
to the
university: permanence. In the
academy, there
is an echo of the clamor for the
presence
their
peoples, instead of being forced
to move within a Euro
many times appear as the
place of
colonizer in its marks, histories and
thus, although late in relati
on to the
implementation
to quotas and
the inclusion of traditional knowledge
at UFRJ, that
of this the meand this agenda of
demands. Finally, we
taken, and still in franksteps, towards
the construction and
space for the management of
traditional
knowledgeand popular cultures
to build new theoretical,
institutional, community
and spiritual alliances
at UFRJ, guiding
the next stages of facing the
challenges
that are pointed out on
the horizon.
encounter; Tradi
tional Knowledges; Federal University
of Rio de Janeiro
a construção da Superintendência de Saberes Tradicionais na
UFRJ
A UFRJ e as confluências de
Neste artigo propomos dialogar
com novas amigas e amigos, leitoras e
leitores, sobre a trajetória e as
amizades que nos acompanharam (e
nos acompanham) no processo de
construção e implantação da
Superintendência de Saberes
Tradicionais na UFRJ. O percurso
histórico de construção da
Superintendência de Saberes
Tradicionais da Universidade Federal
do Rio de Janeiro (SuperSaberes
379
ISSN 2237-1508
Imagens reflexas sobre os Encontros de Saberes no
ensino superior")
the construction of the Superintendence of Traditional Knowledge at UFRJ
is a cartography of the construction process of the Superintendence of
Traditional Knowledge at UFRJ, located in the Forum of Science and Culture, the body that
coordinates policies for cultural diffusion and scientific dissemination at UFRJ w
ith the objective of
knowledge
and strengthenties
and civil society. Known as SuperSaberes, this management space
is the
and popular cultures
at the University,
developing
work at UFRJ
sharing
and collectively
inspired
and infected by
public
universities. The
that it recognizes
the creation of
rights in the face of a
the colonial logic still present in the country. It is
important to
to serve a social and
economic elite,
and epistemological
democratization
of Access
of Law nº 12,711/2012, known as the Quota Law, which
made public
changes in institutional policies,
Black
and indigenous
university: permanence. In the
narratives of these
presence
of professors and
to move within a Euro
-Christian
colonizer in its marks, histories and
implementation
of policies and
at UFRJ, that
this cry
demands. Finally, we
aim to present
strengthening of this
knowledgeand popular cultures
at
and spiritual alliances
that
challenges
and meeting
of Rio de Janeiro
a construção da Superintendência de Saberes Tradicionais na
construção e implantação da
Superintendência de Saberes
Tradicionais na UFRJ. O percurso
histórico de construção da
Superintendência de Saberes
Tradicionais da Universidade Federal
do Rio de Janeiro (SuperSaberes
-
ROBERTO, Frank W.; COSTA, Marcia C. da; COSTA, Samira L. da;
GABRIEL, Eleonora; GUALER, Katya de S.; NASCIMENTO, Janete.
SuperSaberes –
a construção da Superintendência de Saberes
Tradicionais na UFRJ. PragMATIZES -
Revista Latino
Estudos em Cultura,
Niterói/RJ, Ano 1
3
, n.
25
UFRJ), remonta à trajetória de
trabalhos já desenvolvidos por
docentes, técnicos e discentes em
ações de ensino, pesquisa e extensão
na Universidade por mais de três
décadas. Esses trabalhos junto a
comunidades tradicionais já vinham
sendo realizados por docentes,
discentes e técnicos da UFRJ, não
como eixo central da instituição, mas
girando pelas margens. São
experiências que inventa
expressam diferentes formas de
construir linhas de diálogos, ou como
afirma o nosso mestre quilombola
Antônio Bispo (SANTOS, 2019),
manifestando as confluências entre o
saber acadêmico, predominantemente
eurocentrado, sintéticos, e os saberes
orgânicos
, isto é,saberes constituídos
por povos e comunidades tradicionais
(PCT) e das mais diversas tradições
populares, verdadeiros alicerces
culturais da população brasileira.
A dureza das políticas
apresentadas pelo governo
ultraconservador que o país viveu n
últimos anos levou a universidade a
acelerar o processo de abertura a
diferentes saberes e flexibilização de
currículos, metodologias e processos
avaliativos. Reconhecemos
ROBERTO, Frank W.; COSTA, Marcia C. da; COSTA, Samira L. da;
GABRIEL, Eleonora; GUALER, Katya de S.; NASCIMENTO, Janete.
a construção da Superintendência de Saberes
Revista Latino
-Americana de
, p.
3
77
-
402
, set. 2023.
www.periodicos.uff.br/pragmatizes -
(Dossiê "
Imagens reflexas sobre os Encontros de Saberes no
UFRJ), remonta à trajetória de
trabalhos já desenvolvidos por
docentes, técnicos e discentes em
ações de ensino, pesquisa e extensão
na Universidade por mais de três
décadas. Esses trabalhos junto a
comunidades tradicionais já vinham
sendo realizados por docentes,
discentes e técnicos da UFRJ, não
como eixo central da instituição, mas
girando pelas margens. São
experiências que inventa
m e
expressam diferentes formas de
construir linhas de diálogos, ou como
afirma o nosso mestre quilombola
Antônio Bispo (SANTOS, 2019),
manifestando as confluências entre o
saber acadêmico, predominantemente
eurocentrado, sintéticos, e os saberes
, isto é,saberes constituídos
por povos e comunidades tradicionais
(PCT) e das mais diversas tradições
populares, verdadeiros alicerces
culturais da população brasileira.
A dureza das políticas
apresentadas pelo governo
ultraconservador que o país viveu n
os
últimos anos levou a universidade a
acelerar o processo de abertura a
diferentes saberes e flexibilização de
currículos, metodologias e processos
avaliativos. Reconhecemos
rapidamente, enquanto instituição, que
era necessário unirmos forças para
afirmarmos a vida.
Foi nesse contexto que o tema
dos saberes tradicionais foi saindo dos
campos periféricos para alcançar, no
auge da pandemia, o lugar de
reconhecimento institucional,
culminando com a constituição da
superintendência de saberes
tradicionais do F
órum de Ciência e
Cultura da UFRJ.
Ainda que, assim como outras
universidades, a UFRJ tenha feito um
caminho próprio, movido por questões
pulsantes em nossa universidade e em
nosso estado, este não foi um caminho
solitário. Inspiramo-
nos, apoiamo
e apr
endemos muito com muitas
outras experiências. O caminho para a
constituição da Superintendência de
Saberes Tradicionais da UFRJ foi
tecido e bordado por muitas mãos,
vias e com muitas aproximações de
amizade.
Afinados a perspectiva de que
cartografar é se
mpre compor com o
território existencial, engajando
(Alvarez & Passos, 2009, p. 135), a
cartografia aqui apresentada
testemunha algumas rodas de
amizade que nos alimentaram e
380
ISSN 2237-1508
Imagens reflexas sobre os Encontros de Saberes no
ensino superior")
rapidamente, enquanto instituição, que
era necessário unirmos forças para
Foi nesse contexto que o tema
dos saberes tradicionais foi saindo dos
campos periféricos para alcançar, no
auge da pandemia, o lugar de
reconhecimento institucional,
culminando com a constituição da
superintendência de saberes
órum de Ciência e
Ainda que, assim como outras
universidades, a UFRJ tenha feito um
caminho próprio, movido por questões
pulsantes em nossa universidade e em
nosso estado, este não foi um caminho
nos, apoiamo
-nos
endemos muito com muitas
outras experiências. O caminho para a
constituição da Superintendência de
Saberes Tradicionais da UFRJ foi
tecido e bordado por muitas mãos,
vias e com muitas aproximações de
Afinados a perspectiva de que
mpre compor com o
território existencial, engajando
-se nele
(Alvarez & Passos, 2009, p. 135), a
cartografia aqui apresentada
testemunha algumas rodas de
amizade que nos alimentaram e
ROBERTO, Frank W.; COSTA, Marcia C. da; COSTA, Samira L. da;
GABRIEL, Eleonora; GUALER, Katya de S.; NASCIMENTO, Janete.
SuperSaberes –
a construção da Superintendência de Saberes
Tradicionais na UFRJ. PragMATIZES -
Revista Latino
Estudos em Cultura,
Niterói/RJ, Ano 1
3
, n.
25
impulsionaram até o momento
presente.
Roda de inspiração teórica
e amigos que nos ajudam a
repensar o chão
Além das experi
ênci
universidades, trouxemos também
para o diálogo grandes amizades
teóricas, que nos deslocaram do ponto
em que estávamos
contraditoriamente
, o ponto que
deixava a
universidade ao mesm
tempo na
zona de conforto e no ponto
morto, quando não mortífero
apontaram caminhos.
Cientes de que estamos
fazendo uma ponte entre duas
epistemes, invocamos a
nossa grande
mestra e dama do samba,
Lara
. Ela, ciente de estar adentrando
territórios masculinos, se apresenta
como mulher sambista
obediente,
pede licença para chegar
devagarinho.
Dona Ivone também fez a ponte entre
o terreiro/samba
academia/hospital,
onde estudou e
atuou na assistência s
ocial e na saúde
mental. Ao adentrar o samba
territ
ório conhecido como masculino
e depois os territórios conhecidos
como "brancos",
a universidade e o
ROBERTO, Frank W.; COSTA, Marcia C. da; COSTA, Samira L. da;
GABRIEL, Eleonora; GUALER, Katya de S.; NASCIMENTO, Janete.
a construção da Superintendência de Saberes
Revista Latino
-Americana de
, p.
3
77
-
402
, set. 2023.
www.periodicos.uff.br/pragmatizes -
(Dossiê "
Imagens reflexas sobre os Encontros de Saberes no
impulsionaram até o momento
Roda de inspiração teórica
- amigas
e amigos que nos ajudam a
ênci
as dessas
universidades, trouxemos também
para o diálogo grandes amizades
teóricas, que nos deslocaram do ponto
em que estávamos
-
, o ponto que
universidade ao mesm
o
zona de conforto e no ponto
morto, quando não mortífero
- e nos
Cientes de que estamos
fazendo uma ponte entre duas
nossa grande
Dona Ivone
. Ela, ciente de estar adentrando
territórios masculinos, se apresenta
obediente,
e
devagarinho.
Dona Ivone também fez a ponte entre
e a
onde estudou e
ocial e na saúde
mental. Ao adentrar o samba
-
ório conhecido como masculino
-
e depois os territórios conhecidos
a universidade e o
hospital, ela reflete sobre essa
chegada em um lugar que reconhece
como um lugar outro.
Eu vim de lá
pequenininho. Mas eu vim de
lá
pequenininho. Alguém
avisou pra pisar nesse chão
devagarinho. Alguém me
avisou p
rapisar nesse chão
devagarinho
Foi assim, pisando devagarinho
nesse chão da academia, trazendo
mitos, ritos, sab
eres e seus próprios
corpos pretos, indígenas, caiçaras, de
festejos, que as comunidades
tradicionais foram chegando para essa
conversa e transformando nosso
caminhar.
Aos poucos fomos nos
aproximando de amizades que nos
impulsionavam, ao mesmo tempo em
qu
e nos desafiavam a ousar, em
nosso fazer-sentir-
pensar. E assim,
nos inspirando em experiências de
amigas e amigos das comunidades
acadêmicas e de povos tradicionais,
nos vimos a girar com novas
possibilidades.
Da mesma forma, as
amizades teóricas se apres
em crescente aprofundamento e em
cronolo
gia circular. Foram muit
amizades teóricas que generosamente
se apresentaram nessa trilha.
381
ISSN 2237-1508
Imagens reflexas sobre os Encontros de Saberes no
ensino superior")
hospital, ela reflete sobre essa
chegada em um lugar que reconhece
Eu vim de lá
, eu vim de lá
pequenininho. Mas eu vim de
pequenininho. Alguém
me
avisou pra pisar nesse chão
devagarinho. Alguém me
rapisar nesse chão
devagarinho
(LARA, 1992).
Foi assim, pisando devagarinho
nesse chão da academia, trazendo
eres e seus próprios
corpos pretos, indígenas, caiçaras, de
festejos, que as comunidades
tradicionais foram chegando para essa
conversa e transformando nosso
Aos poucos fomos nos
aproximando de amizades que nos
impulsionavam, ao mesmo tempo em
e nos desafiavam a ousar, em
pensar. E assim,
nos inspirando em experiências de
amigas e amigos das comunidades
acadêmicas e de povos tradicionais,
nos vimos a girar com novas
Da mesma forma, as
amizades teóricas se apres
entaram
em crescente aprofundamento e em
gia circular. Foram muit
as
amizades teóricas que generosamente
se apresentaram nessa trilha.
ROBERTO, Frank W.; COSTA, Marcia C. da; COSTA, Samira L. da;
GABRIEL, Eleonora; GUALER, Katya de S.; NASCIMENTO, Janete.
SuperSaberes –
a construção da Superintendência de Saberes
Tradicionais na UFRJ. PragMATIZES -
Revista Latino
Estudos em Cultura,
Niterói/RJ, Ano 1
3
, n.
25
Lembrando
o aprendizado com
a circularidade do terreiro Yorubá,
reunimos forças principalmente porque
nos acompanharam
nessa
algumas importantes
teóricas. Assim
, para nossa roda de
conversa entre amigas e amigos,
convidamos Leda Maria Martins,
Beat
riz Nascimento, Neusa Santos
Souza, Grada Kilomba e Maria Stella
de Azevedo Santos (Mãe Stella de
Oxóssi), Antônio Bispo Dos Santos,
Luiz Antônio Simas, Luiz Rufino, Paulo
José Reis (Babalorixá do Ilé
Àlákòró), Rafael Haddock
Sidney Nogueira
e Silvio de Almeida.
Iniciamos nossa roda com a
colaboração de Martins (2021), que
nos traz a importância da religiosidade,
da vivência do sagrado como ícone de
resistência e sobrevivência dos povos
africanos em diáspora, afirma a autora
que “A história d
os negros nas
Américas escreve-
se numa narrativa
de migrações e travessias, nas quais a
vivência do sagrado, de modo singular
constituiu um índice de resistência
cultural e de sobrevivência étnica,
política e social”.
(MARTINS, 2021, p.
30).
Para apoiar no
ssa busca de
novos modos de pensar e agir,
ROBERTO, Frank W.; COSTA, Marcia C. da; COSTA, Samira L. da;
GABRIEL, Eleonora; GUALER, Katya de S.; NASCIMENTO, Janete.
a construção da Superintendência de Saberes
Revista Latino
-Americana de
, p.
3
77
-
402
, set. 2023.
www.periodicos.uff.br/pragmatizes -
(Dossiê "
Imagens reflexas sobre os Encontros de Saberes no
o aprendizado com
a circularidade do terreiro Yorubá,
reunimos forças principalmente porque
nessa
jornada
algumas importantes
amizades
, para nossa roda de
conversa entre amigas e amigos,
convidamos Leda Maria Martins,
riz Nascimento, Neusa Santos
Souza, Grada Kilomba e Maria Stella
de Azevedo Santos (Mãe Stella de
Oxóssi), Antônio Bispo Dos Santos,
Luiz Antônio Simas, Luiz Rufino, Paulo
José Reis (Babalorixá do Ilé
Asé Ògún
Àlákòró), Rafael Haddock
-Lobo,
e Silvio de Almeida.
Iniciamos nossa roda com a
colaboração de Martins (2021), que
nos traz a importância da religiosidade,
da vivência do sagrado como ícone de
resistência e sobrevivência dos povos
africanos em diáspora, afirma a autora
os negros nas
se numa narrativa
de migrações e travessias, nas quais a
vivência do sagrado, de modo singular
constituiu um índice de resistência
cultural e de sobrevivência étnica,
(MARTINS, 2021, p.
ssa busca de
novos modos de pensar e agir,
contamos com as narrativas da
psicóloga e ativista Mãe Stella em seu
livro "O que as folhas cantam" (Santos,
2021), que nos ajuda a refletir sobre a
urgência de uma universidade plural,
que possa florescer em dive
refletir muitos corpos e ecoar muitas
vozes.
Saber-
se negra é viver a
experiência de ter sido
massacrada em sua
identidade, confundida em
suas perspectivas, submetida
a exigências, compelida a
expectativas alienadas. Mas é
também e sobretudo, a
e
xperiência de comprometer
se a resgatar sua história e
recriar–
se em suas
potencialidades (SANTOS,
2021, p.46).
Como
estratégia inventiva de
resistência ativa e como prática de
afirmação, Beatriz Nascimento (2021)
nos traz importantes reflexões. A
autora
nos ensinou que quilombo não
se resume a um lugar de refúgio,
quilombo é um território de
reconstrução dos modos de vida para
negros e indígenas. Nascimento
(2021), mostra a importância do
aquilombar-
se, da possibilidade da
criação de novas estruturas cole
de vida, de luta e de resistência. Assim
nos fala a autora:
382
ISSN 2237-1508
Imagens reflexas sobre os Encontros de Saberes no
ensino superior")
contamos com as narrativas da
psicóloga e ativista Mãe Stella em seu
livro "O que as folhas cantam" (Santos,
2021), que nos ajuda a refletir sobre a
urgência de uma universidade plural,
que possa florescer em dive
rsidades,
refletir muitos corpos e ecoar muitas
se negra é viver a
experiência de ter sido
massacrada em sua
identidade, confundida em
suas perspectivas, submetida
a exigências, compelida a
expectativas alienadas. Mas é
também e sobretudo, a
xperiência de comprometer
-
se a resgatar sua história e
se em suas
potencialidades (SANTOS,
2021, p.46).
estratégia inventiva de
resistência ativa e como prática de
afirmação, Beatriz Nascimento (2021)
nos traz importantes reflexões. A
nos ensinou que quilombo não
se resume a um lugar de refúgio,
quilombo é um território de
reconstrução dos modos de vida para
negros e indígenas. Nascimento
(2021), mostra a importância do
se, da possibilidade da
criação de novas estruturas cole
tivas
de vida, de luta e de resistência. Assim
ROBERTO, Frank W.; COSTA, Marcia C. da; COSTA, Samira L. da;
GABRIEL, Eleonora; GUALER, Katya de S.; NASCIMENTO, Janete.
SuperSaberes –
a construção da Superintendência de Saberes
Tradicionais na UFRJ. PragMATIZES -
Revista Latino
Estudos em Cultura,
Niterói/RJ, Ano 1
3
, n.
25
Agindo nos seus locais, seja
no “terreiro” místico, nas
comunidades familiares, nas
favelas, nos espaços
recreativos (manifestando
música de origem africana,
afro-
americana ou afro
brasileir
a), os povos africanos
da América provocam
mudanças nas relações raciais
e sociais. Ocupando espaços
com seu corpo físico (território
existencial), eles apoderam
da cidade, reproduzindo o
modo dos antigos quilombolas,
tornando-
se, como aqueles,
visíveis
ao regime. Fazendo
deste um espaço descontínuo
no tempo, em que as “frinchas”
provocam linhas de fuga e são
elementos de dinamização que
geram um meio social
específico. Assim se dava com
os quilombos e seus similares
ao longo da história da
América. Assi
m se dá hoje
com os grupos negros ou afro
americanos (NASCIMENTO,
2021, p. 251).
Em nossa
roda de mulheres
sábias, chega
também a Grada
Kilomba (2019),
embora fora do
contexto afro-
brasileiro, pertencente a
uma matriz comum -
África, o grande
berço da humanidade.
Kilomba nos
provoca profundamente, convidando a
refletir sobre a própria arte de produzir
escritos -
tão central em nossos ritos
acadêmicos. Nos desafia a pensar
modos de produção de conhecimento
que nã
o excluam a produção de si, e
ROBERTO, Frank W.; COSTA, Marcia C. da; COSTA, Samira L. da;
GABRIEL, Eleonora; GUALER, Katya de S.; NASCIMENTO, Janete.
a construção da Superintendência de Saberes
Revista Latino
-Americana de
, p.
3
77
-
402
, set. 2023.
www.periodicos.uff.br/pragmatizes -
(Dossiê "
Imagens reflexas sobre os Encontros de Saberes no
Agindo nos seus locais, seja
no “terreiro” místico, nas
comunidades familiares, nas
favelas, nos espaços
recreativos (manifestando
música de origem africana,
americana ou afro
-
a), os povos africanos
da América provocam
mudanças nas relações raciais
e sociais. Ocupando espaços
com seu corpo físico (território
existencial), eles apoderam
-se
da cidade, reproduzindo o
modo dos antigos quilombolas,
se, como aqueles,
ao regime. Fazendo
deste um espaço descontínuo
no tempo, em que as “frinchas”
provocam linhas de fuga e são
elementos de dinamização que
geram um meio social
específico. Assim se dava com
os quilombos e seus similares
ao longo da história da
m se dá hoje
com os grupos negros ou afro
-
americanos (NASCIMENTO,
roda de mulheres
também a Grada
embora fora do
brasileiro, pertencente a
África, o grande
Kilomba nos
provoca profundamente, convidando a
refletir sobre a própria arte de produzir
tão central em nossos ritos
acadêmicos. Nos desafia a pensar
modos de produção de conhecimento
o excluam a produção de si, e
propõe a idei
a de que todas as
narrativas são situadas.
(...) demando uma
epistemologia que inclua o
pessoal e o subjetivo como
parte do discurso acadêmico,
pois todas/os nós falamos de
um tempo e lugar específicos,
de uma história e uma
realidade específicas
d
iscursos neutros. Quando
acadêmicas /os brancas/os
afirmam ter um discurso neutro
objetivo, não estão
reconhecendo o fato de que
eles também escrevem de um
lugar específico que
naturalmente, não é neutro
nem objetivo ou universal, mas
dominante. É um lugar
poder. Desse modo, se esses
ensaios parecem preocupados
em narrar as emoções e a
subjetividade como parte do
discurso teórico, vale lembrar
que a teoria está sempre
posicionada em algum lugar e
é sempre escrita por alguém
(KILOMBA, 2019, p.58).
Nesse
giro da roda que nos
trouxe saberes femininos, fechamos
com
Mãe Stella Santos (2020),
importante mestra do Encontro de
Saberes na UnB, que nos deixou um
grande legado de ensinamentos, lições
que ela mesma aprendeu em sua
vivência no terreiro e que
generosa
mente nos disponibiliza
através de suas publicações
Mãe Stella, a Ialorixá escritora,
com sua sabedoria, foco,
coragem e ousadia,
383
ISSN 2237-1508
Imagens reflexas sobre os Encontros de Saberes no
ensino superior")
a de que todas as
narrativas são situadas.
(...) demando uma
epistemologia que inclua o
pessoal e o subjetivo como
parte do discurso acadêmico,
pois todas/os nós falamos de
um tempo e lugar específicos,
de uma história e uma
realidade específicas
-não há
iscursos neutros. Quando
acadêmicas /os brancas/os
afirmam ter um discurso neutro
objetivo, não estão
reconhecendo o fato de que
eles também escrevem de um
lugar específico que
naturalmente, não é neutro
nem objetivo ou universal, mas
dominante. É um lugar
de
poder. Desse modo, se esses
ensaios parecem preocupados
em narrar as emoções e a
subjetividade como parte do
discurso teórico, vale lembrar
que a teoria está sempre
posicionada em algum lugar e
é sempre escrita por alguém
(KILOMBA, 2019, p.58).
giro da roda que nos
trouxe saberes femininos, fechamos
Mãe Stella Santos (2020),
importante mestra do Encontro de
Saberes na UnB, que nos deixou um
grande legado de ensinamentos, lições
que ela mesma aprendeu em sua
vivência no terreiro e que
mente nos disponibiliza
através de suas publicações
.
Mãe Stella, a Ialorixá escritora,
com sua sabedoria, foco,
coragem e ousadia,
ROBERTO, Frank W.; COSTA, Marcia C. da; COSTA, Samira L. da;
GABRIEL, Eleonora; GUALER, Katya de S.; NASCIMENTO, Janete.
SuperSaberes –
a construção da Superintendência de Saberes
Tradicionais na UFRJ. PragMATIZES -
Revista Latino
Estudos em Cultura,
Niterói/RJ, Ano 1
3
, n.
25
características próprias de
uma caçadora, faz a travessia
da oralidade para a escrita,
preservando em sua escrita
rastros de
suas memórias,
rastros esses que também se
tornaram norteadores desta
pesquisa (
NASCIMENTO
2023, p. 58).
De sua obra “O que cantam as
folhas”, colhemos cantigas, Ìtán, de
seus artigos, reflexões que compõem
as bases dos saberes dos povos de
terreiro,
das tradições afro
A griotte
diaspórica e escritora nos
remete com seus escritos as tradições
culturais afro-brasileira.
Quando os meus filhos me
pediram para fazer este livro,
eu achei a coisa mais difícil do
mundo (...) algum tempo
depois, r
esolvi falar sobre o
meu Òrìsà (...), pois entendi
que a tradição passada de
maneira oral é primordial, pois
só através dela o Àse é
transmitido, mas que a
linguagem escrita é um
instrumento colaborador de
transmissão de conhecimento
(...) pensando assim,
minhas anotações, lembrei de
conversas que tive com os
mais velhos e resolvi fazer
este livro (OXOSSI, 2006, p.
9).
Passando para uma segunda
rodada de
nosso giro teórico,
chamamos agora para a roda os
amigos, homens sábios que nos
inspiram e direcionam
. C
ROBERTO, Frank W.; COSTA, Marcia C. da; COSTA, Samira L. da;
GABRIEL, Eleonora; GUALER, Katya de S.; NASCIMENTO, Janete.
a construção da Superintendência de Saberes
Revista Latino
-Americana de
, p.
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402
, set. 2023.
www.periodicos.uff.br/pragmatizes -
(Dossiê "
Imagens reflexas sobre os Encontros de Saberes no
características próprias de
uma caçadora, faz a travessia
da oralidade para a escrita,
preservando em sua escrita
suas memórias,
rastros esses que também se
tornaram norteadores desta
NASCIMENTO
,
De sua obra “O que cantam as
folhas”, colhemos cantigas, Ìtán, de
seus artigos, reflexões que compõem
as bases dos saberes dos povos de
das tradições afro
-brasileiras.
diaspórica e escritora nos
remete com seus escritos as tradições
Quando os meus filhos me
pediram para fazer este livro,
eu achei a coisa mais difícil do
mundo (...) algum tempo
esolvi falar sobre o
meu Òrìsà (...), pois entendi
que a tradição passada de
maneira oral é primordial, pois
só através dela o Àse é
transmitido, mas que a
linguagem escrita é um
instrumento colaborador de
transmissão de conhecimento
(...) pensando assim,
recorri às
minhas anotações, lembrei de
conversas que tive com os
mais velhos e resolvi fazer
este livro (OXOSSI, 2006, p.
Passando para uma segunda
nosso giro teórico,
chamamos agora para a roda os
amigos, homens sábios que nos
. C
omeçamos
com o quilombola Antônio Bispo dos
Santos (2019), mestre
projeto Encontro de Saberes presente
hoje em várias universidades do Brasil,
que contribuiu de forma significativa na
fundamentação das reflexões sobre
práticas de resi
stência na universidade
e sobre a importância da validação dos
saberes orgânicos pertencentes aos
povos tradicionais. O amigo e Mestre
afirma:
O termo quilombo que antes
era imposto como uma
denominação de uma
organização criminosa
reaparece agora como uma
organização de direito,
reivindicada pelos próprios
sujeitos quilombolas. O
mesmo ocorre com o termo
povos indígenas, que também
foi ressignificado por esses
povos como uma categoria de
reivindicação de seus direitos.
Ao acatarmos essas
denominações, por
reivindicação nossa, sabendo
que no passado elas foram
impostas, nós só o fizemos
porque somos capazes de
ressignificá
-
elas se transformaram do
crime para o direito, do
pejorativo para o afirmativo.
Isso demonstra um fluxo
filosófico que é
direto da nossa capacidade de
pensar e elaborar conceitos
circulantes (SANTOS,
p.72).
A compreensão sobre a
ressignificação enquanto prática
384
ISSN 2237-1508
Imagens reflexas sobre os Encontros de Saberes no
ensino superior")
com o quilombola Antônio Bispo dos
Santos (2019), mestre
e amigo do
projeto Encontro de Saberes presente
hoje em várias universidades do Brasil,
que contribuiu de forma significativa na
fundamentação das reflexões sobre
stência na universidade
e sobre a importância da validação dos
saberes orgânicos pertencentes aos
povos tradicionais. O amigo e Mestre
O termo quilombo que antes
era imposto como uma
denominação de uma
organização criminosa
reaparece agora como uma
organização de direito,
reivindicada pelos próprios
sujeitos quilombolas. O
mesmo ocorre com o termo
povos indígenas, que também
foi ressignificado por esses
povos como uma categoria de
reivindicação de seus direitos.
Ao acatarmos essas
denominações, por
reivindicação nossa, sabendo
que no passado elas foram
impostas, nós só o fizemos
porque somos capazes de
-
las. Tanto é que
elas se transformaram do
crime para o direito, do
pejorativo para o afirmativo.
Isso demonstra um fluxo
filosófico que é
o resultado
direto da nossa capacidade de
pensar e elaborar conceitos
circulantes (SANTOS,
2019,
A compreensão sobre a
ressignificação enquanto prática
ROBERTO, Frank W.; COSTA, Marcia C. da; COSTA, Samira L. da;
GABRIEL, Eleonora; GUALER, Katya de S.; NASCIMENTO, Janete.
SuperSaberes –
a construção da Superintendência de Saberes
Tradicionais na UFRJ. PragMATIZES -
Revista Latino
Estudos em Cultura,
Niterói/RJ, Ano 1
3
, n.
25
inventiva de resistência nos levou a
dialogar também com Simas e Rufino
(2018), que nos conduzi
caminhos do encantamento na busca
de fundamentação argumentativa para
a proposição de uma iniciativa
institucional capaz de fazer convergir
as experiências
com saberes
tradicionais. Os autores fortaleceram,
com suas obras, uma episteme que
nasce no chão dos terreiros
rodas de capoeira e
chega à academia
trazendo a possibilidade de
aprendizados curativos, baseados nos
saberes tradicionais e contribuindo
para que outras epistemes também
possam ser acolhidas neste espaço de
produção de conhecimentos.
Na epistemologia das
macumbas um dos principais
desafios a ser encarado, tanto
na ordem das
problematizações acerca dos
conhecimentos quanto na
feitura das p
esquisas, é a
capacidade de se lançar em
uma espécie de rodopio. O
rodopio configura
-
que desloca os eixos
referenciais, fazendo com que
aqueles princípios que
comumente são
compreendidos como objetos
a serem investigados e que
por uma série de
saber/poder são mantidos
sobre uma espécie de
regulação discursiva sejam
credibilizados como potências
emergentes e transgressivas.
ROBERTO, Frank W.; COSTA, Marcia C. da; COSTA, Samira L. da;
GABRIEL, Eleonora; GUALER, Katya de S.; NASCIMENTO, Janete.
a construção da Superintendência de Saberes
Revista Latino
-Americana de
, p.
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77
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402
, set. 2023.
www.periodicos.uff.br/pragmatizes -
(Dossiê "
Imagens reflexas sobre os Encontros de Saberes no
inventiva de resistência nos levou a
dialogar também com Simas e Rufino
(2018), que nos conduzi
ram pelos
caminhos do encantamento na busca
de fundamentação argumentativa para
a proposição de uma iniciativa
institucional capaz de fazer convergir
com saberes
tradicionais. Os autores fortaleceram,
com suas obras, uma episteme que
nasce no chão dos terreiros
e das
chega à academia
trazendo a possibilidade de
aprendizados curativos, baseados nos
saberes tradicionais e contribuindo
para que outras epistemes também
possam ser acolhidas neste espaço de
produção de conhecimentos.
Na epistemologia das
macumbas um dos principais
desafios a ser encarado, tanto
na ordem das
problematizações acerca dos
conhecimentos quanto na
esquisas, é a
capacidade de se lançar em
uma espécie de rodopio. O
-
se como giro
que desloca os eixos
referenciais, fazendo com que
aqueles princípios que
comumente são
compreendidos como objetos
a serem investigados e que
por uma série de
relações de
saber/poder são mantidos
sobre uma espécie de
regulação discursiva sejam
credibilizados como potências
emergentes e transgressivas.
Falamos de amarrações
versadas, balaios, pontos
riscados que enigmatizam e
anunciam outros princípios
explicati
vos do mundo,
orientados por outras lógicas
de saber que revelam
experiências que emergem
como outros referenciais
(SIMAS;
RUFINO, 2018, p.
35).
Chegando para compor a roda,
convidamos o filósofo Haddock
(2022), abrindo caminhos e criando
possibilida
des para uma nova
metodologia de pesquisa. Assim como
diz o autor:
Essa primeira digressão sonha
com uma Grécia, um potente
lugar de cruzamento e que,
berço da filosofia, assumiria só
ter alcançado essa potência de
pensamento justo por não ser
nada “pura”,
privilégio de ser a encruzilhada
entre Europa, Áfricas e
Essa outra Grécia é, em nossa
contrametodologia ou nesse
descarrego do método, o
encontro de Ogum, dono dos
caminhos, com seu irmão Exu,
o dono das encruzilhadas. (...)
O conceito d
fundamental para uma
metodologia macumbeira
(HADDOCK
p.132).
Essa nova metodologia nos
abre os olhos, escancara o principal
recurso de silenciamento de saberes
plural, na universidade: o racismo.
Para nos auxiliar no estudo sobre
racismo
em nossa sociedade,
385
ISSN 2237-1508
Imagens reflexas sobre os Encontros de Saberes no
ensino superior")
Falamos de amarrações
versadas, balaios, pontos
riscados que enigmatizam e
anunciam outros princípios
vos do mundo,
orientados por outras lógicas
de saber que revelam
experiências que emergem
como outros referenciais
RUFINO, 2018, p.
Chegando para compor a roda,
convidamos o filósofo Haddock
-Lobo
(2022), abrindo caminhos e criando
des para uma nova
metodologia de pesquisa. Assim como
Essa primeira digressão sonha
com uma Grécia, um potente
lugar de cruzamento e que,
berço da filosofia, assumiria só
ter alcançado essa potência de
pensamento justo por não ser
nada “pura”,
mas ter o
privilégio de ser a encruzilhada
entre Europa, Áfricas e
Ásias.
Essa outra Grécia é, em nossa
contrametodologia ou nesse
descarrego do método, o
encontro de Ogum, dono dos
caminhos, com seu irmão Exu,
o dono das encruzilhadas. (...)
O conceito d
e cruzo é
fundamental para uma
metodologia macumbeira
(HADDOCK
-LOBO, 2022,
Essa nova metodologia nos
abre os olhos, escancara o principal
recurso de silenciamento de saberes
plural, na universidade: o racismo.
Para nos auxiliar no estudo sobre
em nossa sociedade,
ROBERTO, Frank W.; COSTA, Marcia C. da; COSTA, Samira L. da;
GABRIEL, Eleonora; GUALER, Katya de S.; NASCIMENTO, Janete.
SuperSaberes –
a construção da Superintendência de Saberes
Tradicionais na UFRJ. PragMATIZES -
Revista Latino
Estudos em Cultura,
Niterói/RJ, Ano 1
3
, n.
25
contamos
com a colaboração de
Almeida (2020),
hoje nosso Ministro de
Direitos Humanos no Governo Federal.
N
os apoiamos em seus estudos para
melhor compreender as artimanhas do
racismo, suas manobras e seus efeitos
devastadores em n
ossas vidas em
todos os aspectos.
Em uma sociedade que se
apresenta como globalizada,
multicultural e constituída de
mercados livres, “o racismo já
não ousa se apresentar sem
disfarces”. É desse modo que
o racismo passa para a
destruição das culturas e de
corpos com ela identificados
para a domesticação de
cultura e de corpos. Por
constituir-
se da incerteza e da
indeterminação, é certo que o
racismo pode, a qualquer
momento, descambar para a
violência explicita, a tortura e o
extermínio (ALMEIDA, 2020, p.
72,73).
O racismo que se constitui em
violência cotidiana é nossa experiência
de país e, portanto, de universidade. O
racismo que "descamba para violência
explícita, tortura e extermínio" (Op. Cit)
se tornou também nossa experiência
de país, em especial e
evidência ao longo dos últimos anos
no Brasil, governados por uma política
de ultradireita, violenta, dominadora e
exterminadora.
ROBERTO, Frank W.; COSTA, Marcia C. da; COSTA, Samira L. da;
GABRIEL, Eleonora; GUALER, Katya de S.; NASCIMENTO, Janete.
a construção da Superintendência de Saberes
Revista Latino
-Americana de
, p.
3
77
-
402
, set. 2023.
www.periodicos.uff.br/pragmatizes -
(Dossiê "
Imagens reflexas sobre os Encontros de Saberes no
com a colaboração de
hoje nosso Ministro de
Direitos Humanos no Governo Federal.
os apoiamos em seus estudos para
melhor compreender as artimanhas do
racismo, suas manobras e seus efeitos
ossas vidas em
Em uma sociedade que se
apresenta como globalizada,
multicultural e constituída de
mercados livres, “o racismo já
não ousa se apresentar sem
disfarces”. É desse modo que
o racismo passa para a
destruição das culturas e de
corpos com ela identificados
para a domesticação de
cultura e de corpos. Por
se da incerteza e da
indeterminação, é certo que o
racismo pode, a qualquer
momento, descambar para a
violência explicita, a tortura e o
extermínio (ALMEIDA, 2020, p.
O racismo que se constitui em
violência cotidiana é nossa experiência
de país e, portanto, de universidade. O
racismo que "descamba para violência
explícita, tortura e extermínio" (Op. Cit)
se tornou também nossa experiência
de país, em especial e
com maior
evidência ao longo dos últimos anos
no Brasil, governados por uma política
de ultradireita, violenta, dominadora e
Essa experiência radical pediu
de nós também movimentos radicais.
Em busca de caminhos de cura e
abertura da univer
sidade, recorremos
a uma reflexão de Ailton Krenak em
“Pensando com a cabeça na terra”
(2019), que coloca algumas
provocações para as Instituições de
Ensino Superior e propõe pensarmos
com cabeça na terra. Ele baseia sua
crítica no fato das mesmas
continua
rem mantendo práticas
conservadoras mesmo após a
instituição das cotas,com a Lei nº
12.711/12 incluindo negros e
indígenas. Para atravessar essas
questões, Krenak afirma que é preciso
se deparar com uma pergunta
inevitável: “qual o meu lugar?”
(KRENAK, 201
9, p. 85). O modelo
colonial europeu e racional presente
nas Universidades incide uma enorme
fenda na relação com corpos
racializados que entram na
Universidade pelo sistema de cotas,
fazendo com que muitos se sintam
menores perante o universalismo
científ
ico e não se reconhecendo
nesse sistema de saber.
Em suas provocações, Krenak
nos incita a lembrar que esse lugar, “o
meu lugar”, não se separa do território.
386
ISSN 2237-1508
Imagens reflexas sobre os Encontros de Saberes no
ensino superior")
Essa experiência radical pediu
de nós também movimentos radicais.
Em busca de caminhos de cura e
sidade, recorremos
a uma reflexão de Ailton Krenak em
“Pensando com a cabeça na terra”
(2019), que coloca algumas
provocações para as Instituições de
Ensino Superior e propõe pensarmos
com cabeça na terra. Ele baseia sua
crítica no fato das mesmas
rem mantendo práticas
conservadoras mesmo após a
instituição das cotas,com a Lei nº
12.711/12 incluindo negros e
indígenas. Para atravessar essas
questões, Krenak afirma que é preciso
se deparar com uma pergunta
inevitável: “qual o meu lugar?”
9, p. 85). O modelo
colonial europeu e racional presente
nas Universidades incide uma enorme
fenda na relação com corpos
racializados que entram na
Universidade pelo sistema de cotas,
fazendo com que muitos se sintam
menores perante o universalismo
ico e não se reconhecendo
nesse sistema de saber.
Em suas provocações, Krenak
nos incita a lembrar que esse lugar, “o
meu lugar”, não se separa do território.
ROBERTO, Frank W.; COSTA, Marcia C. da; COSTA, Samira L. da;
GABRIEL, Eleonora; GUALER, Katya de S.; NASCIMENTO, Janete.
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a construção da Superintendência de Saberes
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Revista Latino
Estudos em Cultura,
Niterói/RJ, Ano 1
3
, n.
25
Desse modo, um saber ancorado no
“meu lugar”, lugar de origem, espaço
originário, aponta inevit
avelmente para
a pluriversidade. As paisagens do
mundo são diversas, assim como seus
corpos-
territórios. Assim, para Krenak,
o “meu lugar” instaura uma perspectiva
de saber ligado ao corpo, ao território
e à ancestralidade. Ele nos lembra
como, em países q
colonizados como o Brasil, as
Universidades constituem saberes
através de “vozes estranhas”,
estrangeiras, “vozes de outros lugares”
que insistem em tentar reduzir as
diferenças locais, as subjetividades e
saberes de cada bioma.
Essa redução nos
longo dos séculos, à equivocada
percepção de que existem corpos que
podem e devem ser dominados, por
serem menores.
Com esse triste olhar
reducionista, nos colocamos a dominar
seres e a possuir terras (LOUREIRO
COSTA, 2003). A esse respeito, o
Mestre Guarani Mbya Cacique Miguel,
falecido em 2022 aos 120 anos,
amigo-
integrante do Encontro de
Saberes da UFRJ em 2019, comenta:
"não existe 'minha terra' porque sou eu
que pertenço ao lugar. Eu sou da terra,
não é a t
erra que é minha" (Miguel,
ROBERTO, Frank W.; COSTA, Marcia C. da; COSTA, Samira L. da;
GABRIEL, Eleonora; GUALER, Katya de S.; NASCIMENTO, Janete.
a construção da Superintendência de Saberes
Revista Latino
-Americana de
, p.
3
77
-
402
, set. 2023.
www.periodicos.uff.br/pragmatizes -
(Dossiê "
Imagens reflexas sobre os Encontros de Saberes no
Desse modo, um saber ancorado no
“meu lugar”, lugar de origem, espaço
avelmente para
a pluriversidade. As paisagens do
mundo são diversas, assim como seus
territórios. Assim, para Krenak,
o “meu lugar” instaura uma perspectiva
de saber ligado ao corpo, ao território
e à ancestralidade. Ele nos lembra
como, em países q
ue foram
colonizados como o Brasil, as
Universidades constituem saberes
através de “vozes estranhas”,
estrangeiras, “vozes de outros lugares”
que insistem em tentar reduzir as
diferenças locais, as subjetividades e
Essa redução nos
levou, ao
longo dos séculos, à equivocada
percepção de que existem corpos que
podem e devem ser dominados, por
Com esse triste olhar
reducionista, nos colocamos a dominar
seres e a possuir terras (LOUREIRO
;
COSTA, 2003). A esse respeito, o
Mestre Guarani Mbya Cacique Miguel,
falecido em 2022 aos 120 anos,
integrante do Encontro de
Saberes da UFRJ em 2019, comenta:
"não existe 'minha terra' porque sou eu
que pertenço ao lugar. Eu sou da terra,
erra que é minha" (Miguel,
2019). É, então, a busca de superação
desse mortífero exercício de reduzir e
dominar, que nos mobiliza em direção
a um outro modo de existir no mundo e
de pensar a universidade.
Amizades e inspirações
institucionais para fazer f
nosso ilê, nosso tekoa
universidade
Algumas experiências na UFRJ
e em outras universidades do país
foram parte importante dessa
caminhada, pois nos demonstram que
é tanto possível quanto inadiável a
reformulação de nossas instituições.
Algumas
dessas experiências vêm
rompendo com a centralidade de
saberes constituídos como
acadêmicos e abrindo o caminho aos
saberes tradicionais e populares nas
universidades ao longo das últimas
décadas.
a)
Amizades de dentro da
comunidade UFRJ
Muitos projetos
que chegaram antes,
firmaram o ponto e abriram caminhos.
A UFRJ vem, ao longo de sua história,
estabelecendo diferentes contatos com
a comunidade externa, viabilizando
projetos de pesquisa e extensão que
387
ISSN 2237-1508
Imagens reflexas sobre os Encontros de Saberes no
ensino superior")
2019). É, então, a busca de superação
desse mortífero exercício de reduzir e
dominar, que nos mobiliza em direção
a um outro modo de existir no mundo e
de pensar a universidade.
Amizades e inspirações
institucionais para fazer f
lorescer
nosso ilê, nosso tekoa
- a
Algumas experiências na UFRJ
e em outras universidades do país
foram parte importante dessa
caminhada, pois nos demonstram que
é tanto possível quanto inadiável a
reformulação de nossas instituições.
dessas experiências vêm
rompendo com a centralidade de
saberes constituídos como
acadêmicos e abrindo o caminho aos
saberes tradicionais e populares nas
universidades ao longo das últimas
Amizades de dentro da
que chegaram antes,
firmaram o ponto e abriram caminhos.
A UFRJ vem, ao longo de sua história,
estabelecendo diferentes contatos com
a comunidade externa, viabilizando
projetos de pesquisa e extensão que
ROBERTO, Frank W.; COSTA, Marcia C. da; COSTA, Samira L. da;
GABRIEL, Eleonora; GUALER, Katya de S.; NASCIMENTO, Janete.
SuperSaberes –
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Revista Latino
Estudos em Cultura,
Niterói/RJ, Ano 1
3
, n.
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contam com a participação dessas
comunidades - incluindo-
se aí muitas
comunidades tradicionais. Nos últimos
30 anos, um giro epistêmico tem
aproximado a universidade dos
saberes tradicionais a partir de uma
outra perspectiva: aos poucos essas
comunidades foram deixando o lugar
de "público-
alvo da extensão"
"objeto da pesquisa", passando a ser
convidadas a compor, em parceria, o
lugar de proponentes das ações. Tem
sido um longo caminho.
Algumas dessas experiências
fazem parte da base de construção da
SuperSaberes. A partir da
aproximação entre duas doc
Eleonora Gabriel, coordenadora da
Companhia Folclórica da UFRJ, e
Samira Costa, coordenadora do
Programa Saberes e Ocupações
Tradicionais, se confirma a intenção de
tecer caminhos "junto
evidenciando a necessidade de
construção de espaços ins
de convergência para tais iniciativas. A
articulação entre elas e o professor da
UnB José Jorge de Carvalho,
coordenador do Programa Encontro de
Saberes, promoveu o desejo de
convidar mais amigas e amigos para
este movimento.
ROBERTO, Frank W.; COSTA, Marcia C. da; COSTA, Samira L. da;
GABRIEL, Eleonora; GUALER, Katya de S.; NASCIMENTO, Janete.
a construção da Superintendência de Saberes
Revista Latino
-Americana de
, p.
3
77
-
402
, set. 2023.
www.periodicos.uff.br/pragmatizes -
(Dossiê "
Imagens reflexas sobre os Encontros de Saberes no
contam com a participação dessas
se aí muitas
comunidades tradicionais. Nos últimos
30 anos, um giro epistêmico tem
aproximado a universidade dos
saberes tradicionais a partir de uma
outra perspectiva: aos poucos essas
comunidades foram deixando o lugar
alvo da extensão"
ou de
"objeto da pesquisa", passando a ser
convidadas a compor, em parceria, o
lugar de proponentes das ações. Tem
Algumas dessas experiências
fazem parte da base de construção da
SuperSaberes. A partir da
aproximação entre duas doc
entes -
Eleonora Gabriel, coordenadora da
Companhia Folclórica da UFRJ, e
Samira Costa, coordenadora do
Programa Saberes e Ocupações
Tradicionais, se confirma a intenção de
tecer caminhos "junto
-com",
evidenciando a necessidade de
construção de espaços ins
titucionais
de convergência para tais iniciativas. A
articulação entre elas e o professor da
UnB José Jorge de Carvalho,
coordenador do Programa Encontro de
Saberes, promoveu o desejo de
convidar mais amigas e amigos para
A professora Katya
naquele momento criava o grupo
Ancestralidades em Rede, foi
convidada para a roda, e trouxe
consigo o professor Frank Wilson,
também integrante da Companhia
Folclórica e do grupo Ancestralidades
em Rede. A convite da professora
Samira, chegar
am também na roda o
professor Emerson Merhy,
coordenador do estudo com parteiras
do norte, o professor Gustavo Melo,
coordenador de estudos com
pescadores artesanais, e a professora
Marcia Costa, coordenadora do
Laboratório de Estudos Africanos
integrados
às atividades e a Terapia
Ocupacional -Lab-
Isé, a partir do
interesse pelos saberes dos povos
Yorubá no Brasil, mais
especificamente do candomblé.
Chegaram também à nossa
roda o professor Samuel Araújo,
coordenador do Laboratório de
Etnomusicologia na Esc
e Wagner Chaves, do Departamento
de Antropologia Cultural do Instituto de
Filosofia e Ciências Sociais, indicados
pelo professor José Jorge como
grandes parceiros nos estudos com
grupos de festejos populares.
388
ISSN 2237-1508
Imagens reflexas sobre os Encontros de Saberes no
ensino superior")
A professora Katya
Gualter, que
naquele momento criava o grupo
Ancestralidades em Rede, foi
convidada para a roda, e trouxe
consigo o professor Frank Wilson,
também integrante da Companhia
Folclórica e do grupo Ancestralidades
em Rede. A convite da professora
am também na roda o
professor Emerson Merhy,
coordenador do estudo com parteiras
do norte, o professor Gustavo Melo,
coordenador de estudos com
pescadores artesanais, e a professora
Marcia Costa, coordenadora do
Laboratório de Estudos Africanos
às atividades e a Terapia
Isé, a partir do
interesse pelos saberes dos povos
Yorubá no Brasil, mais
especificamente do candomblé.
Chegaram também à nossa
roda o professor Samuel Araújo,
coordenador do Laboratório de
Etnomusicologia na Esc
ola de Música,
e Wagner Chaves, do Departamento
de Antropologia Cultural do Instituto de
Filosofia e Ciências Sociais, indicados
pelo professor José Jorge como
grandes parceiros nos estudos com
grupos de festejos populares.
ROBERTO, Frank W.; COSTA, Marcia C. da; COSTA, Samira L. da;
GABRIEL, Eleonora; GUALER, Katya de S.; NASCIMENTO, Janete.
SuperSaberes –
a construção da Superintendência de Saberes
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Revista Latino
Estudos em Cultura,
Niterói/RJ, Ano 1
3
, n.
25
Além disso, nos aproximamos
desde o início da Pró
-
Extensão, representada pela
professora Ivana Bentes, que nos
apoiou e acompanhou boa parte do
tempo, tendo também indicado a
professora Ana Inês
Sousa
Eventual da Pró-Reitora
, para seguir
no apoio ao grupo.
Completando o primeiro giro, a
necessária aproximação também com
a Pró-
reitoria de pós graduação nos
levou à formalização de participação
dos Programas de Pós Graduação em
Psicossociologia de Comunidades e
Ecologia Social -
EICOS (IP), do qual
fazem parte
Samira, Emerson e
Marcia, e Mestrado Profissional do
NIDES, do qual faz parte o professor
Carlos Henrique, último integrante a
chegar nessa primeira rodada de
nossa espiral.
Esse grupo chegou a essa
composição no início de 2020, e se
reuniu assiduamente a
o longo de todo
o período da pandemia, entre 2020 e
2022, trabalhando com afinco na
proposição que levaria à
institucionalização de nosso projeto,
cuja proposição é pretensiosa:
contribuir para a abertura irretornável
da universidade aos saberes e aos
ROBERTO, Frank W.; COSTA, Marcia C. da; COSTA, Samira L. da;
GABRIEL, Eleonora; GUALER, Katya de S.; NASCIMENTO, Janete.
a construção da Superintendência de Saberes
Revista Latino
-Americana de
, p.
3
77
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, set. 2023.
www.periodicos.uff.br/pragmatizes -
(Dossiê "
Imagens reflexas sobre os Encontros de Saberes no
Além disso, nos aproximamos
-
reitoria de
Extensão, representada pela
professora Ivana Bentes, que nos
apoiou e acompanhou boa parte do
tempo, tendo também indicado a
Sousa
- Substituta
, para seguir
Completando o primeiro giro, a
necessária aproximação também com
reitoria de pós graduação nos
levou à formalização de participação
dos Programas de Pós Graduação em
Psicossociologia de Comunidades e
EICOS (IP), do qual
Samira, Emerson e
Marcia, e Mestrado Profissional do
NIDES, do qual faz parte o professor
Carlos Henrique, último integrante a
chegar nessa primeira rodada de
nossa espiral.
Esse grupo chegou a essa
composição no início de 2020, e se
o longo de todo
o período da pandemia, entre 2020 e
2022, trabalhando com afinco na
proposição que levaria à
institucionalização de nosso projeto,
cuja proposição é pretensiosa:
contribuir para a abertura irretornável
da universidade aos saberes e aos
mest
res e mestras tradicionais, e
construção de uma pauta acadêmica
junto com as comunidades de tradição.
Ao mesmo tempo em que o
grupo se consolidava, suas iniciativas
se aprofundavam. A Companhia
Folclórica trouxe a possibilidade da
oferta da disciplina Enco
Saberes de forma remota. O Grupo
Ancestralidades em Redes cresceu em
número e força, gerando propostas de
pesquisas, eventos e artigos, além de
ampliar a adesão para pessoas de
muitos lugares e instituições
diferentes, independente de suas
vinculaç
ões acadêmicas. Os estudos
com as parteiras do Norte trouxeram a
possibilidade de acolhimento de
pesquisas no EICOS voltados para
saberes tradicionais e comunitários.
O Programa Saberes e
Ocupações Tradicionais criou o grupo
de pesquisa Laboratório de Mem
Territórios e Ocupações, que passou a
receber pesquisas de graduação,
mestrado e doutorado desenvolvidas
por pessoas de pertencimento a
grupos e comunidades de tradição.
Esses movimentos de expansão
dos projetos foram simultâneos e
potencializam o n
SuperSaberes, trazendo muitas outras
389
ISSN 2237-1508
Imagens reflexas sobre os Encontros de Saberes no
ensino superior")
res e mestras tradicionais, e
construção de uma pauta acadêmica
junto com as comunidades de tradição.
Ao mesmo tempo em que o
grupo se consolidava, suas iniciativas
se aprofundavam. A Companhia
Folclórica trouxe a possibilidade da
oferta da disciplina Enco
ntro de
Saberes de forma remota. O Grupo
Ancestralidades em Redes cresceu em
número e força, gerando propostas de
pesquisas, eventos e artigos, além de
ampliar a adesão para pessoas de
muitos lugares e instituições
diferentes, independente de suas
ões acadêmicas. Os estudos
com as parteiras do Norte trouxeram a
possibilidade de acolhimento de
pesquisas no EICOS voltados para
saberes tradicionais e comunitários.
O Programa Saberes e
Ocupações Tradicionais criou o grupo
de pesquisa Laboratório de Mem
órias,
Territórios e Ocupações, que passou a
receber pesquisas de graduação,
mestrado e doutorado desenvolvidas
por pessoas de pertencimento a
grupos e comunidades de tradição.
Esses movimentos de expansão
dos projetos foram simultâneos e
potencializam o n
ascimento da
SuperSaberes, trazendo muitas outras
ROBERTO, Frank W.; COSTA, Marcia C. da; COSTA, Samira L. da;
GABRIEL, Eleonora; GUALER, Katya de S.; NASCIMENTO, Janete.
SuperSaberes –
a construção da Superintendência de Saberes
Tradicionais na UFRJ. PragMATIZES -
Revista Latino
Estudos em Cultura,
Niterói/RJ, Ano 1
3
, n.
25
pessoas para a segunda rodada de
nossa espiral. E é nessa segunda
rodada que a mestre e Ebomi Janete
Nascimento se junta ao grupo,
partilhando a escrita desse texto.
b)
Amizades em vizinhança: outras
unive
rsidades como companheiras
de jornada
Muitas universidades vêm
propondo e, algumas, efetivamente
realizando este deslocamento. é
preciso aqui dar destaque ao poder e
potencial aglutinador dessas iniciativas
todas, gerado pelo Programa Nacional
Encontro de
Saberes, uma proposta
pioneira no país de inclusão de
mestres e mestras tradicionais nas
disciplinas regulares de cursos de
graduação e pós-
graduação. O
Encontro de Saberes é uma iniciativa
do Instituto Nacional de Ciência e
Tecnologia de Inclusão no Ensin
Superior e na Pesquisa (INCTI) que
assim reflete sobre esse desafio
Trata-
se de um desafio de
grandes proporções devido ao
verdadeiro abismo que separa
os dois mundos que
pretendemos colocar em
diálogo: o mundo acadêmico,
altamente letrado e centrado
7
https://inctinclusao.com.br/encontro
saberes/encontro-de-saberes
ROBERTO, Frank W.; COSTA, Marcia C. da; COSTA, Samira L. da;
GABRIEL, Eleonora; GUALER, Katya de S.; NASCIMENTO, Janete.
a construção da Superintendência de Saberes
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-Americana de
, p.
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, set. 2023.
www.periodicos.uff.br/pragmatizes -
(Dossiê "
Imagens reflexas sobre os Encontros de Saberes no
pessoas para a segunda rodada de
nossa espiral. E é nessa segunda
rodada que a mestre e Ebomi Janete
Nascimento se junta ao grupo,
partilhando a escrita desse texto.
Amizades em vizinhança: outras
rsidades como companheiras
Muitas universidades vêm
propondo e, algumas, efetivamente
realizando este deslocamento. é
preciso aqui dar destaque ao poder e
potencial aglutinador dessas iniciativas
todas, gerado pelo Programa Nacional
Saberes, uma proposta
pioneira no país de inclusão de
mestres e mestras tradicionais nas
disciplinas regulares de cursos de
graduação. O
Encontro de Saberes é uma iniciativa
do Instituto Nacional de Ciência e
Tecnologia de Inclusão no Ensin
o
Superior e na Pesquisa (INCTI) que
assim reflete sobre esse desafio
7:
se de um desafio de
grandes proporções devido ao
verdadeiro abismo que separa
os dois mundos que
pretendemos colocar em
diálogo: o mundo acadêmico,
altamente letrado e centrado
https://inctinclusao.com.br/encontro
-de-
e
xclusivamente nos saberes
derivados das universidades
ocidentais modernas; e o
mundo dos saberes
tradicionais, centrado na
transmissão oral e que
preserva saberes de matrizes
indígenas e africanas e de
outras comunidades
tradicionais, acumuladas
durante sé
culos no Brasil.
O programa
Saberes
, coordenado por José Jorge
de Carvalho, que o dinamiza a partir
do Instituto Nacional de Ciência e
Tecnologia de Inclusão no Ensino
Superior e na Pesquisa (INCTI) tem
servido de aporte teórico e conceitual
nessa relação entre as universidades e
os saberes tradicionais e suas
experiências servido como inspiração
para outras propostas. Esse programa
integra uma rede de universidades
brasileiras e diversas comunidades e
seus mestres e mestras de saberes
tradicionais.
A meta do projeto é propiciar
um espaço de experimentação
pedagógica e epistêmica no
ensino capaz de inspirar
resgates de saberes e
inovações que beneficiem a
todos os envolvidos
estudantes, mestres e
professores.
Nesse contexto, a aproximação
com o
Encontro de Saberes
390
ISSN 2237-1508
Imagens reflexas sobre os Encontros de Saberes no
ensino superior")
xclusivamente nos saberes
derivados das universidades
ocidentais modernas; e o
mundo dos saberes
tradicionais, centrado na
transmissão oral e que
preserva saberes de matrizes
indígenas e africanas e de
outras comunidades
tradicionais, acumuladas
culos no Brasil.
O programa
Encontro de
, coordenado por José Jorge
de Carvalho, que o dinamiza a partir
do Instituto Nacional de Ciência e
Tecnologia de Inclusão no Ensino
Superior e na Pesquisa (INCTI) tem
servido de aporte teórico e conceitual
nessa relação entre as universidades e
os saberes tradicionais e suas
experiências servido como inspiração
para outras propostas. Esse programa
integra uma rede de universidades
brasileiras e diversas comunidades e
seus mestres e mestras de saberes
A meta do projeto é propiciar
um espaço de experimentação
pedagógica e epistêmica no
ensino capaz de inspirar
resgates de saberes e
inovações que beneficiem a
todos os envolvidos
–
estudantes, mestres e
professores.
Nesse contexto, a aproximação
Encontro de Saberes
visa
ROBERTO, Frank W.; COSTA, Marcia C. da; COSTA, Samira L. da;
GABRIEL, Eleonora; GUALER, Katya de S.; NASCIMENTO, Janete.
SuperSaberes –
a construção da Superintendência de Saberes
Tradicionais na UFRJ. PragMATIZES -
Revista Latino
Estudos em Cultura,
Niterói/RJ, Ano 1
3
, n.
25
atender a um anseio pela
transformação nos modelos
epistêmicos da tradição universitária
brasileira. Essa demanda vem se
apresentando em processo construído
de forma longitudinal, em sequências
de fluxos, num processo que
pode
ríamos chamar de
mas preferimos chamar de processo
em-cachoeira.
Em 2003 o Brasil aprovou a lei
10.639, inserindo história e cultura
afro-
brasileira nos currículos básicos,
fundamentais e médios. Pouco tempo
depois, em 2008, essa lei foi
reform
ulada incluindo também a
cultura indígena (11645). Esse foi o
início do processo de escolarização
pluriversa, criando possibilidades para
crianças e adolescentes estudarem
dentro de um currículo que
abrangesse nossa diversidade cultural.
Não foi rápido nem
simples, mas
muitos desses adolescentes, ao
acessarem essa transformação no
ensino, buscaram a formação
universitária.
Para superar a experiência
histórica de pretos e indígenas
continuamente esbarrarem nos
portões da academia, dez anos depois
da Lei 106
39 o Brasil aprovou a Lei
ROBERTO, Frank W.; COSTA, Marcia C. da; COSTA, Samira L. da;
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402
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Imagens reflexas sobre os Encontros de Saberes no
atender a um anseio pela
transformação nos modelos
epistêmicos da tradição universitária
brasileira. Essa demanda vem se
apresentando em processo construído
de forma longitudinal, em sequências
de fluxos, num processo que
ríamos chamar de
encadeado,
mas preferimos chamar de processo
Em 2003 o Brasil aprovou a lei
10.639, inserindo história e cultura
brasileira nos currículos básicos,
fundamentais e médios. Pouco tempo
depois, em 2008, essa lei foi
ulada incluindo também a
cultura indígena (11645). Esse foi o
início do processo de escolarização
pluriversa, criando possibilidades para
crianças e adolescentes estudarem
dentro de um currículo que
abrangesse nossa diversidade cultural.
simples, mas
muitos desses adolescentes, ao
acessarem essa transformação no
ensino, buscaram a formação
Para superar a experiência
histórica de pretos e indígenas
continuamente esbarrarem nos
portões da academia, dez anos depois
39 o Brasil aprovou a Lei
das Cotas (12.711/2012), na qual a
democratização das formas de acesso
permitiu a uma parcela historicamente
distanciada do ambiente universitário a
entrada e vivência acadêmica no
ensino superior (GOMES, 2019). Isso
ampliou de fo
rma aguda, inequívoca e
irretornável os questionamentos sobre
que universidade queremos. Para
esses jovens, entrar já não era fácil,
permanecer também não é simples,
especialmente em um território que
não apresenta referências de suas
bases. Emerge com for
demanda por docentes advindos dos
diferentes Territórios culturais e de
pertencimento.
Uma das principais questões diz
respeito à presença das diferentes
culturas e saberes no ensino superior.
Com o aumento da presença de
estudantes negros (pr
indígenas nas universidades, tornou
se necessário repensar e reorganizar
os currículos para que estes reflitam
de maneira mais adequada a
diversidade cultural e étnica do Brasil.
Assim, a adequação dos componentes
curriculares, ementas e
curso tornou-
se um desafio ao corpo
social, visando atender a uma
demanda emergente e representativa
391
ISSN 2237-1508
Imagens reflexas sobre os Encontros de Saberes no
ensino superior")
das Cotas (12.711/2012), na qual a
democratização das formas de acesso
permitiu a uma parcela historicamente
distanciada do ambiente universitário a
entrada e vivência acadêmica no
ensino superior (GOMES, 2019). Isso
rma aguda, inequívoca e
irretornável os questionamentos sobre
que universidade queremos. Para
esses jovens, entrar já não era fácil,
permanecer também não é simples,
especialmente em um território que
não apresenta referências de suas
bases. Emerge com for
ça, então, a
demanda por docentes advindos dos
diferentes Territórios culturais e de
Uma das principais questões diz
respeito à presença das diferentes
culturas e saberes no ensino superior.
Com o aumento da presença de
estudantes negros (pr
etos e, pardos) e
indígenas nas universidades, tornou
-
se necessário repensar e reorganizar
os currículos para que estes reflitam
de maneira mais adequada a
diversidade cultural e étnica do Brasil.
Assim, a adequação dos componentes
curriculares, ementas e
programas de
se um desafio ao corpo
social, visando atender a uma
demanda emergente e representativa
ROBERTO, Frank W.; COSTA, Marcia C. da; COSTA, Samira L. da;
GABRIEL, Eleonora; GUALER, Katya de S.; NASCIMENTO, Janete.
SuperSaberes –
a construção da Superintendência de Saberes
Tradicionais na UFRJ. PragMATIZES -
Revista Latino
Estudos em Cultura,
Niterói/RJ, Ano 1
3
, n.
25
da sociedade brasileira. É importante
ressaltar que essa demanda não se
restringe apenas aos saberes
específicos das diferentes culturas,
mas
também a uma revisão crítica dos
próprios conceitos, teorias e
metodologias das diversas áreas do
conhecimento.
Um eixo fundamental do
processo vem sendo estruturado a
partir da ideia de descontruir um
modelo ligado às tradições
acadêmicas eurocentradas.
cena o debate sobre estratégias para
descolonizar os caminhos
metodológicos e conceituais,
promovendo o encontro com os
conceitos de decolonialidade e
contracolonização. Este último
defendido e ilustrado por Antônio
Bispo8
, durante uma experiência
marcante de construção de uma
disciplina oferecida na Escola de
Educação Física e Desportos/UFRJ.
Esse Programa Nacional tem
apoiado, incentivado e provocado
profundas reflexões no meio
acadêmico brasileiro, tendo sido
importante fonte de inspiração e bas
8
Pensador e liderança quilombola, parceiro
das ações do Encontro de Saberes
ROBERTO, Frank W.; COSTA, Marcia C. da; COSTA, Samira L. da;
GABRIEL, Eleonora; GUALER, Katya de S.; NASCIMENTO, Janete.
a construção da Superintendência de Saberes
Revista Latino
-Americana de
, p.
3
77
-
402
, set. 2023.
www.periodicos.uff.br/pragmatizes -
(Dossiê "
Imagens reflexas sobre os Encontros de Saberes no
da sociedade brasileira. É importante
ressaltar que essa demanda não se
restringe apenas aos saberes
específicos das diferentes culturas,
também a uma revisão crítica dos
próprios conceitos, teorias e
metodologias das diversas áreas do
Um eixo fundamental do
processo vem sendo estruturado a
partir da ideia de descontruir um
modelo ligado às tradições
acadêmicas eurocentradas.
Entra em
cena o debate sobre estratégias para
descolonizar os caminhos
metodológicos e conceituais,
promovendo o encontro com os
conceitos de decolonialidade e
contracolonização. Este último
defendido e ilustrado por Antônio
, durante uma experiência
marcante de construção de uma
disciplina oferecida na Escola de
Educação Física e Desportos/UFRJ.
Esse Programa Nacional tem
apoiado, incentivado e provocado
profundas reflexões no meio
acadêmico brasileiro, tendo sido
importante fonte de inspiração e bas
e
Pensador e liderança quilombola, parceiro
das ações do Encontro de Saberes
referencial para o caminho trilhado na
UFRJ.
Inspiramo-
nos também nas
experiências de outras universidades,
como a forma descentralizada como a
Federal Fluminense
esse processo, pioneira em trazer o
Encontro de Saberes para o Estado do
Rio
de Janeiro; e na ousadia da
Universidade Federal de Minas Gerais
-
UFMG, que criou um percurso
transversal aos currículos de
graduação com os saberes
tradicionais.
Encontro de um coletivo em
construção: o nascimento da
SuperSaberes
O nascimento desta
Sup
erintendência não foi um
movimento de projetos isolados que
planejavam se juntar. Ao contrário, foi
a força da ancestralidade
convicta e inarredável
os gritos dos sobreviventes aos
contínuos ataques em todos os níveis
(físico, me
ntal, espiritual, político e
moral) nos fazia entender a urgência
de se partejar a SuperSaberes. E foi
essa força que nos reuniu. Partindo de
ações isoladas e dos desejos comuns
que partilhávamos, e principalmente
392
ISSN 2237-1508
Imagens reflexas sobre os Encontros de Saberes no
ensino superior")
referencial para o caminho trilhado na
nos também nas
experiências de outras universidades,
como a forma descentralizada como a
Federal Fluminense
– UFF conduziu
esse processo, pioneira em trazer o
Encontro de Saberes para o Estado do
de Janeiro; e na ousadia da
Universidade Federal de Minas Gerais
UFMG, que criou um percurso
transversal aos currículos de
graduação com os saberes
Encontro de um coletivo em
construção: o nascimento da
O nascimento desta
erintendência não foi um
movimento de projetos isolados que
planejavam se juntar. Ao contrário, foi
a força da ancestralidade
- presente,
convicta e inarredável
- que, ouvindo
os gritos dos sobreviventes aos
contínuos ataques em todos os níveis
ntal, espiritual, político e
moral) nos fazia entender a urgência
de se partejar a SuperSaberes. E foi
essa força que nos reuniu. Partindo de
ações isoladas e dos desejos comuns
que partilhávamos, e principalmente
ROBERTO, Frank W.; COSTA, Marcia C. da; COSTA, Samira L. da;
GABRIEL, Eleonora; GUALER, Katya de S.; NASCIMENTO, Janete.
SuperSaberes –
a construção da Superintendência de Saberes
Tradicionais na UFRJ. PragMATIZES -
Revista Latino
Estudos em Cultura,
Niterói/RJ, Ano 1
3
, n.
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convocados pela força que nos
reivindicava
urgência, colocamo
caminhar, confiantes nos passos,
embora ainda não houvesse trilha
aberta.
Recuperando rastros, vemos
novamente que foi em-
cachoeira
os acontecimentos fluíram. Lembramo
nos que em 2015, por meio de uma
outra iniciativa do Fórum
de Ciência e
Cultura (a UPMS -
Universidade
Popular dos Movimentos Sociais),
fizemos contato com muitas mestras e
mestres do Brasil. Porém, uma
iniciativa que dependia de parcerias
externas e que, por isso mesmo, não
se manteve. Nessa UPMS
conhecemos mest
res que nos falaram
sobre o Encontro de Saberes da UnB.
Em 2016 fizemos uma primeira
conversa com o Encontro de Saberes/
INCTI (UnB), mas sem frutos
institucionais. Em 2017, uma das
professoras da UFRJ foi fazer o pós
doutoramento no INCTI e, em 2018,
fize
mos nossa roda para fundar o
Encontro de Saberes na UFRJ. Em
2019 fizemos nossa primeira disciplina
do Encontro de Saberes na UFRJ, e
esse parecia ser o caminho que
seguiríamos: aos poucos
constituiríamos pequenos grupos, por
ROBERTO, Frank W.; COSTA, Marcia C. da; COSTA, Samira L. da;
GABRIEL, Eleonora; GUALER, Katya de S.; NASCIMENTO, Janete.
a construção da Superintendência de Saberes
Revista Latino
-Americana de
, p.
3
77
-
402
, set. 2023.
www.periodicos.uff.br/pragmatizes -
(Dossiê "
Imagens reflexas sobre os Encontros de Saberes no
convocados pela força que nos
urgência, colocamo
-nos a
caminhar, confiantes nos passos,
embora ainda não houvesse trilha
Recuperando rastros, vemos
cachoeira
que
os acontecimentos fluíram. Lembramo
-
nos que em 2015, por meio de uma
de Ciência e
Universidade
Popular dos Movimentos Sociais),
fizemos contato com muitas mestras e
mestres do Brasil. Porém, uma
iniciativa que dependia de parcerias
externas e que, por isso mesmo, não
se manteve. Nessa UPMS
res que nos falaram
sobre o Encontro de Saberes da UnB.
Em 2016 fizemos uma primeira
conversa com o Encontro de Saberes/
INCTI (UnB), mas sem frutos
institucionais. Em 2017, uma das
professoras da UFRJ foi fazer o pós
doutoramento no INCTI e, em 2018,
mos nossa roda para fundar o
Encontro de Saberes na UFRJ. Em
2019 fizemos nossa primeira disciplina
do Encontro de Saberes na UFRJ, e
esse parecia ser o caminho que
seguiríamos: aos poucos
constituiríamos pequenos grupos, por
unidades, que pudessem criar e
desenvolver a disciplina. Isso daria
conta, lentamente, dos muitos
sofrimentos apontados por Cássia
Kidoiale em seu artigo escrito junto
com José Jorge Carvalho, Samira
Costa e Emílio Nolasco, sobre esse
sofrimento acadêmico (Carvalho et al,
2020).
Porém,
o ano de 2020 nos
reservava grandes surpresas, e a
demanda de caminhos mais radicais.
O isolamento físico e as mortes por
COVID fizeram agigantar o sofrimento
que já estava latejando nos corpos
acadêmicos. Surgiu então a lembrança
de que o cuidado e a cur
desses lugares outros, até então
caminhantes da longa margem da
universidade: os saberes tradicionais.
Com isso, emerge a necessidade e o
desejo de agregar outros docentes e
técnicos-
administrativos para pensar
na efetivação de uma coletivid
pudesse elaborar uma estrutura de
organização que atendesse ao caráter
de integração entre as diferentes
unidades e diferentes projetos e ações
realizados com povos de tradição.
Partimos para a elaboração de
uma minuta que seria apresentada em
dif
erentes instâncias administrativas
393
ISSN 2237-1508
Imagens reflexas sobre os Encontros de Saberes no
ensino superior")
unidades, que pudessem criar e
desenvolver a disciplina. Isso daria
conta, lentamente, dos muitos
sofrimentos apontados por Cássia
Kidoiale em seu artigo escrito junto
com José Jorge Carvalho, Samira
Costa e Emílio Nolasco, sobre esse
sofrimento acadêmico (Carvalho et al,
o ano de 2020 nos
reservava grandes surpresas, e a
demanda de caminhos mais radicais.
O isolamento físico e as mortes por
COVID fizeram agigantar o sofrimento
que já estava latejando nos corpos
acadêmicos. Surgiu então a lembrança
de que o cuidado e a cur
a poderiam vir
desses lugares outros, até então
caminhantes da longa margem da
universidade: os saberes tradicionais.
Com isso, emerge a necessidade e o
desejo de agregar outros docentes e
administrativos para pensar
na efetivação de uma coletivid
ade que
pudesse elaborar uma estrutura de
organização que atendesse ao caráter
de integração entre as diferentes
unidades e diferentes projetos e ações
realizados com povos de tradição.
Partimos para a elaboração de
uma minuta que seria apresentada em
erentes instâncias administrativas
ROBERTO, Frank W.; COSTA, Marcia C. da; COSTA, Samira L. da;
GABRIEL, Eleonora; GUALER, Katya de S.; NASCIMENTO, Janete.
SuperSaberes –
a construção da Superintendência de Saberes
Tradicionais na UFRJ. PragMATIZES -
Revista Latino
Estudos em Cultura,
Niterói/RJ, Ano 1
3
, n.
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que contemplassem os objetivos
propostos. Houve um longo debate por
mais de dois anos envolvendo as Pró
reitorias de Extensão, de Pós
Graduação e de Graduação.
Entendíamos que essas Pró
seriam parcerias impresci
ndíveis, mas
sabíamos também que a localização
institucional não poderia estar em
apenas uma delas, uma vez que a
inserção e a transformação deveria se
dar em todos os âmbitos e níveis da
UFRJ. Chegamos à conclusão de que
o espaço que melhor atenderia ao
p
ropósito do projeto seria o Fórum de
Ciência e Cultura, por ser uma
entidade transversal e em igualdade
com as Pró-
reitorias, no fluxograma da
universidade. Na relação com o
Fórum, o projeto foi convidado a
compor uma das superintendências já
existentes, m
as sabíamos que isso
não seria suficiente. Propusemos
então a criação de uma nova
superintendência, a Superintendência
de Saberes Tradicionais da UFRJ
SuperSaberes, aprovada em reunião
do Conselho Universitário em
março de 2022, tendo
implantação em fevereiro de 2023.
A criação da Superintendência
intenciona reunir todos os projetos de
ROBERTO, Frank W.; COSTA, Marcia C. da; COSTA, Samira L. da;
GABRIEL, Eleonora; GUALER, Katya de S.; NASCIMENTO, Janete.
a construção da Superintendência de Saberes
Revista Latino
-Americana de
, p.
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402
, set. 2023.
www.periodicos.uff.br/pragmatizes -
(Dossiê "
Imagens reflexas sobre os Encontros de Saberes no
que contemplassem os objetivos
propostos. Houve um longo debate por
mais de dois anos envolvendo as Pró
-
reitorias de Extensão, de Pós
-
Graduação e de Graduação.
Entendíamos que essas Pró
-reitorias
ndíveis, mas
sabíamos também que a localização
institucional não poderia estar em
apenas uma delas, uma vez que a
inserção e a transformação deveria se
dar em todos os âmbitos e níveis da
UFRJ. Chegamos à conclusão de que
o espaço que melhor atenderia ao
ropósito do projeto seria o Fórum de
Ciência e Cultura, por ser uma
entidade transversal e em igualdade
reitorias, no fluxograma da
universidade. Na relação com o
Fórum, o projeto foi convidado a
compor uma das superintendências já
as sabíamos que isso
não seria suficiente. Propusemos
então a criação de uma nova
superintendência, a Superintendência
de Saberes Tradicionais da UFRJ
- a
SuperSaberes, aprovada em reunião
do Conselho Universitário em
23 de
sua efetiva
implantação em fevereiro de 2023.
A criação da Superintendência
intenciona reunir todos os projetos de
extensão, ensino e pesquisa, grupos,
docentes, discentes, técnicas e
técnicos, pesquisadoras e
pesquisadores que dialogam com os
conhecimentos tradicio
criar uma rede institucional para
fomentar a política de inclusão dos
saberes tradicionais na UFRJ e
difundi-
los dentro e fora do ambiente
acadêmico. A Superintendência
também propõe centralizar o debate e
as análises de pedidos de diplomação
por Notório Saber advindos de mestras
e mestres de tradição, criando a
categoria "Notório Saber Tradicional",
e compor -
junto com a câmara de
políticas raciais e o NEABI da UFRJ
o Observatório Nacional das Cotas,
coordenado pelo INCTI/UnB.
A contínu
a chegança e a Rede de
Saberes Tradicionais
Depois de instituída e instalada
fisicamente no Fórum de Ciência e
Cultura, partiu-
se para uma chamada a
outros grupos, projetos e ações com
iniciativas em comum. Nessa primeira
rodada de gestão, Marcia Costa, fo
indicada pelo colegiado que gestou e
pariu a SuperSaberes a ocupar o lugar
de Superintendente em dezembro de
2022. Foram realizadas três reuniões
394
ISSN 2237-1508
Imagens reflexas sobre os Encontros de Saberes no
ensino superior")
extensão, ensino e pesquisa, grupos,
docentes, discentes, técnicas e
técnicos, pesquisadoras e
pesquisadores que dialogam com os
conhecimentos tradicio
nais, e assim
criar uma rede institucional para
fomentar a política de inclusão dos
saberes tradicionais na UFRJ e
los dentro e fora do ambiente
acadêmico. A Superintendência
também propõe centralizar o debate e
as análises de pedidos de diplomação
por Notório Saber advindos de mestras
e mestres de tradição, criando a
categoria "Notório Saber Tradicional",
junto com a câmara de
políticas raciais e o NEABI da UFRJ
-
o Observatório Nacional das Cotas,
coordenado pelo INCTI/UnB.
a chegança e a Rede de
Saberes Tradicionais
Depois de instituída e instalada
fisicamente no Fórum de Ciência e
se para uma chamada a
outros grupos, projetos e ações com
iniciativas em comum. Nessa primeira
rodada de gestão, Marcia Costa, fo
i
indicada pelo colegiado que gestou e
pariu a SuperSaberes a ocupar o lugar
de Superintendente em dezembro de
2022. Foram realizadas três reuniões
ROBERTO, Frank W.; COSTA, Marcia C. da; COSTA, Samira L. da;
GABRIEL, Eleonora; GUALER, Katya de S.; NASCIMENTO, Janete.
SuperSaberes –
a construção da Superintendência de Saberes
Tradicionais na UFRJ. PragMATIZES -
Revista Latino
Estudos em Cultura,
Niterói/RJ, Ano 1
3
, n.
25
até o momento. Com a proposta de
encontros mensais, a primeira com a
presença de 26 pessoas apresentando
a c
omunidade acadêmica a nova
Superintendência e seus objetivos; na
segunda com 48 pessoas,
integrantes/representantes de
diferentes ações das mais variadas
unidades da UFRJ com intuito de
criação do Museu Vivo de Saberes
Tradicionais da UFRJ; e na terceira
c
om a formação dos Grupos de
Trabalhos para a construção coletiva e
compartilhada entre acadêmicos da
UFRJ e mestres tradicionais, da
política de inclusão de mestres e
saberes tradicionais na UFRJ.
Imagem 1 -
I Reunião da Superintendência de
Saberes
Tradicionais com a comunidade
acadêmica da UFRJ. Fotógrafo Eneraldo
Carneiro
ROBERTO, Frank W.; COSTA, Marcia C. da; COSTA, Samira L. da;
GABRIEL, Eleonora; GUALER, Katya de S.; NASCIMENTO, Janete.
a construção da Superintendência de Saberes
Revista Latino
-Americana de
, p.
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, set. 2023.
www.periodicos.uff.br/pragmatizes -
(Dossiê "
Imagens reflexas sobre os Encontros de Saberes no
até o momento. Com a proposta de
encontros mensais, a primeira com a
presença de 26 pessoas apresentando
omunidade acadêmica a nova
Superintendência e seus objetivos; na
segunda com 48 pessoas,
integrantes/representantes de
diferentes ações das mais variadas
unidades da UFRJ com intuito de
criação do Museu Vivo de Saberes
Tradicionais da UFRJ; e na terceira
om a formação dos Grupos de
Trabalhos para a construção coletiva e
compartilhada entre acadêmicos da
UFRJ e mestres tradicionais, da
política de inclusão de mestres e
saberes tradicionais na UFRJ.
I Reunião da Superintendência de
Tradicionais com a comunidade
acadêmica da UFRJ. Fotógrafo Eneraldo
Imagem 2 -
III Reunião com a comunidade
acadêmica da UFRJ e com pertencentes às
comunidades tradicionais parceiras da
SuperSaberes. Fotógrafo Luiz Oliveira
A superintendência
atividades criando um grande
chamado a toda comunidade
acadêmica, independente de nível de
ensino, campus, modalidade de ação
ou pertencimento a comunidades de
tradição.
Com intenção de fazer um
encontro por mês, o primeiro chamado
foi
despretensioso e
objetivo apresentar-
se à comunidade
acadêmica e a expectativa de sondar,
verificar e reunir as primeiras pessoas
interessadas. Vieram muitas pessoas,
de muitos lugares e campi diferentes,
e muitas fizeram contato declarando
interesse de particip
impossibilidades momentâneas. Com
isso, nos mostraram a necessidade de
termos encontros em espaços
395
ISSN 2237-1508
Imagens reflexas sobre os Encontros de Saberes no
ensino superior")
III Reunião com a comunidade
acadêmica da UFRJ e com pertencentes às
comunidades tradicionais parceiras da
SuperSaberes. Fotógrafo Luiz Oliveira
A superintendência
abriu suas
atividades criando um grande
chamado a toda comunidade
acadêmica, independente de nível de
ensino, campus, modalidade de ação
ou pertencimento a comunidades de
Com intenção de fazer um
encontro por mês, o primeiro chamado
despretensioso e
tinha como
se à comunidade
acadêmica e a expectativa de sondar,
verificar e reunir as primeiras pessoas
interessadas. Vieram muitas pessoas,
de muitos lugares e campi diferentes,
e muitas fizeram contato declarando
interesse de particip
ar, apesar de
impossibilidades momentâneas. Com
isso, nos mostraram a necessidade de
termos encontros em espaços
ROBERTO, Frank W.; COSTA, Marcia C. da; COSTA, Samira L. da;
GABRIEL, Eleonora; GUALER, Katya de S.; NASCIMENTO, Janete.
SuperSaberes –
a construção da Superintendência de Saberes
Tradicionais na UFRJ. PragMATIZES -
Revista Latino
Estudos em Cultura,
Niterói/RJ, Ano 1
3
, n.
25
maiores, com mais tempo, em
diferentes lugares.
Os encontros seguintes foram
marcados sempre por novas
chegadas, criando assim a Rede de
Saber
es Tradicionais da UFRJ, uma
rede em amplo crescimento tanto em
tamanho quanto em potência, na qual
muitas realizações são ativadas e
mobilizadas.
Lembrando Nego Bispo
(SANTOS, 2015), reconhecemos
nesses encontros a alegria dos corpos
ao sentirem o cheiro
do solo fecundo,
pronto a acolher e gestar novas
possibilidades.
De repente um cheiro
Um cheiro vadio
Um cheiro de cio
Cheiro de tesão
De repente um cheiro
Um cheiro úmido
De corpos fecundos
Choveu no Sertão
Assim seguimos com encontros
mensais, e
m contínuo crescimento, e
com a intenção de ao mesmo tempo
enraizar o que já existe, partejar o que
está em nascimento, ensaiar novos
amores, novas gestações.
ROBERTO, Frank W.; COSTA, Marcia C. da; COSTA, Samira L. da;
GABRIEL, Eleonora; GUALER, Katya de S.; NASCIMENTO, Janete.
a construção da Superintendência de Saberes
Revista Latino
-Americana de
, p.
3
77
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402
, set. 2023.
www.periodicos.uff.br/pragmatizes -
(Dossiê "
Imagens reflexas sobre os Encontros de Saberes no
maiores, com mais tempo, em
diferentes lugares.
Os encontros seguintes foram
marcados sempre por novas
chegadas, criando assim a Rede de
es Tradicionais da UFRJ, uma
rede em amplo crescimento tanto em
tamanho quanto em potência, na qual
muitas realizações são ativadas e
Lembrando Nego Bispo
(SANTOS, 2015), reconhecemos
nesses encontros a alegria dos corpos
do solo fecundo,
pronto a acolher e gestar novas
De repente um cheiro
De repente um cheiro
De corpos fecundos
Choveu no Sertão
Assim seguimos com encontros
m contínuo crescimento, e
com a intenção de ao mesmo tempo
enraizar o que já existe, partejar o que
está em nascimento, ensaiar novos
O Museu Vivo de Saberes
Tradicionais da UFRJ
Coordenado pela
Superintendência de Saberes
Trad
icionais (SuperSaberes) do Fórum
de Ciência e Cultura da UFRJ, o
Projeto Museu Vivo de Saberes
Tradicionais da UFRJ (MVST
surge a partir da constatação da
lacuna sobre os conhecimentos
oriundos de povos tradicionais, tanto
na UFRJ quanto em outras i
de ciência, cultura e tecnologia do
país. O Projeto alinhado à política da
SuperSaberes, se estruturou
envolvendo grupos e instituições
ligados à cultura de povos tradicionais
e populares, à ciência e à tecnologia.
Sua proposta é tensionar as b
campos da ciência e da tecnologia,
com intuito de incorporar de forma
responsável e compromissada,
políticas de reparação histórica de
grupos violados de seus direitos
nessas instituições. Sua criação
também se pauta na necessidade de
romper com
os modelos coloniais de
pesquisar sobre esses povos,
determinando sobre eles a condição
de objetos de estudo. Propõe
virada epistemológica, ou seja, o de
incluir nessas instituições, em
396
ISSN 2237-1508
Imagens reflexas sobre os Encontros de Saberes no
ensino superior")
O Museu Vivo de Saberes
Tradicionais da UFRJ
Coordenado pela
Superintendência de Saberes
icionais (SuperSaberes) do Fórum
de Ciência e Cultura da UFRJ, o
Projeto Museu Vivo de Saberes
Tradicionais da UFRJ (MVST
-UFRJ),
surge a partir da constatação da
lacuna sobre os conhecimentos
oriundos de povos tradicionais, tanto
na UFRJ quanto em outras i
nstituições
de ciência, cultura e tecnologia do
país. O Projeto alinhado à política da
SuperSaberes, se estruturou
envolvendo grupos e instituições
ligados à cultura de povos tradicionais
e populares, à ciência e à tecnologia.
Sua proposta é tensionar as b
ases dos
campos da ciência e da tecnologia,
com intuito de incorporar de forma
responsável e compromissada,
políticas de reparação histórica de
grupos violados de seus direitos
nessas instituições. Sua criação
também se pauta na necessidade de
os modelos coloniais de
pesquisar sobre esses povos,
determinando sobre eles a condição
de objetos de estudo. Propõe
-se uma
virada epistemológica, ou seja, o de
incluir nessas instituições, em
ROBERTO, Frank W.; COSTA, Marcia C. da; COSTA, Samira L. da;
GABRIEL, Eleonora; GUALER, Katya de S.; NASCIMENTO, Janete.
SuperSaberes –
a construção da Superintendência de Saberes
Tradicionais na UFRJ. PragMATIZES -
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Estudos em Cultura,
Niterói/RJ, Ano 1
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agências de fomentos, mestres
tradicionais como agentes dos
pro
cessos de pesquisar, fazer e
difundir ciências, a partir de
referenciais culturais, onto e
epistemológicos próprios. Inclusão que
reivindica condições de
reconhecimento enquanto
pesquisadores acadêmicos, inclusive
com remuneração condizente.
Enquanto Museu
de Território,
sustentado pela concepção
Sociológica de Museu, o MVST
não se restringe à ideia de um edifício
que abriga uma coleção, mas que
valoriza, sobretudo, as comunidades
como agentes dos processos de
patrimonialização. O orientado pela
filos
ofia de histórias vivas, se propõe a
preservar o patrimônio imaterial
referente aos saberes e fazeres dos
povos e comunidades tradicionais.
Como museu de território seu objetivo
é implantar, em diferentes partes do
país, Praças de Ciências indígenas,
quilo
mbolas, de terreiro, entre outros,
em parceria com pesquisadores da
UFRJ, Secretária Municipais e
equipamentos culturais como Museus.
Seu objetivo com a implantação
dessas Praças, é congregar ações que
irão compor o MVST-
UFRJ, e com ele
ROBERTO, Frank W.; COSTA, Marcia C. da; COSTA, Samira L. da;
GABRIEL, Eleonora; GUALER, Katya de S.; NASCIMENTO, Janete.
a construção da Superintendência de Saberes
Revista Latino
-Americana de
, p.
3
77
-
402
, set. 2023.
www.periodicos.uff.br/pragmatizes -
(Dossiê "
Imagens reflexas sobre os Encontros de Saberes no
agências de fomentos, mestres
tradicionais como agentes dos
cessos de pesquisar, fazer e
difundir ciências, a partir de
referenciais culturais, onto e
epistemológicos próprios. Inclusão que
reivindica condições de
reconhecimento enquanto
pesquisadores acadêmicos, inclusive
com remuneração condizente.
de Território,
sustentado pela concepção
Sociológica de Museu, o MVST
-UFRJ
não se restringe à ideia de um edifício
que abriga uma coleção, mas que
valoriza, sobretudo, as comunidades
como agentes dos processos de
patrimonialização. O orientado pela
ofia de histórias vivas, se propõe a
preservar o patrimônio imaterial
referente aos saberes e fazeres dos
povos e comunidades tradicionais.
Como museu de território seu objetivo
é implantar, em diferentes partes do
país, Praças de Ciências indígenas,
mbolas, de terreiro, entre outros,
em parceria com pesquisadores da
UFRJ, Secretária Municipais e
equipamentos culturais como Museus.
Seu objetivo com a implantação
dessas Praças, é congregar ações que
UFRJ, e com ele
produzir um polo d
produção e difusão de conhecimento
ancorado na sabedoria e na
participação desses povos como
agentes. Assim, além das ações
desenvolvidas em cada território, a
cada 12 meses um encontro de
culminância com todas as Praças de
Ciências dos Povos T
acontecerá no Fórum de Ciência e
Cultura da UFRJ, contando com a
parceria dos Museus dos municípios
de Niterói e Rio de Janeiro, como o
Museu de História e Cultura Afro
brasileira (MUHCAB) e o Museu de
Cultura Popular Janete Costa.
Vale dizer q
ue a escolha dos
museus foi no sentido de ampliar a
rede de ação dos saberes tradicionais
na UFRJ e fora dela. O MUHCAB, por
exemplo, como um museu de tipologia
híbrida: museu de território, museu a
céu aberto, de responsabilidade social
e museu histórico,
situado na Pequena
África, e que recentemente participou
do Acordo de Cooperação
Internacional firmado entre a Prefeitura
do Rio, pela Secretaria Municipal de
Cultura, e a Unesco, em dezembro de
2017, contribuindo com a conservação
e a gestão compartilhad
Arqueológico Cais do Valongo, porto
397
ISSN 2237-1508
Imagens reflexas sobre os Encontros de Saberes no
ensino superior")
produzir um polo d
e formação,
produção e difusão de conhecimento
ancorado na sabedoria e na
participação desses povos como
agentes. Assim, além das ações
desenvolvidas em cada território, a
cada 12 meses um encontro de
culminância com todas as Praças de
Ciências dos Povos T
radicionais
acontecerá no Fórum de Ciência e
Cultura da UFRJ, contando com a
parceria dos Museus dos municípios
de Niterói e Rio de Janeiro, como o
Museu de História e Cultura Afro
-
brasileira (MUHCAB) e o Museu de
Cultura Popular Janete Costa.
ue a escolha dos
museus foi no sentido de ampliar a
rede de ação dos saberes tradicionais
na UFRJ e fora dela. O MUHCAB, por
exemplo, como um museu de tipologia
híbrida: museu de território, museu a
céu aberto, de responsabilidade social
situado na Pequena
África, e que recentemente participou
do Acordo de Cooperação
Internacional firmado entre a Prefeitura
do Rio, pela Secretaria Municipal de
Cultura, e a Unesco, em dezembro de
2017, contribuindo com a conservação
e a gestão compartilhad
a do Sítio
Arqueológico Cais do Valongo, porto
ROBERTO, Frank W.; COSTA, Marcia C. da; COSTA, Samira L. da;
GABRIEL, Eleonora; GUALER, Katya de S.; NASCIMENTO, Janete.
SuperSaberes –
a construção da Superintendência de Saberes
Tradicionais na UFRJ. PragMATIZES -
Revista Latino
Estudos em Cultura,
Niterói/RJ, Ano 1
3
, n.
25
que teve o maior desembarque de
africanos escravizados no mundo, e
que recebeu o título de Patrimônio
Histórico da Humanidade pela
UNESCO; e pela Fundação de Arte de
Niterói com Museu Janete Costa, com
acervos
de artistas e movimentos
culturais de todo o Brasil, ligado a Arte
Popular, único museu de arte popular
da cidade de Niterói-
RJ, apresentando
o lema de ser “um espaço do povo,
para o povo”.
Por fim, o MVST-
UFRJ, através
dos encontros anuais, pretende
difu
ndir a implantação e circulação das
epistemologias desses povos com
mestres das tradições indígenas, de
terreiro, quilombolas, jongueiros,
Ternos Reis, entre outros não só na
UFRJ, mas junto à outras experiências
em curso no país. O Projeto de criação
do M
useu Vivo de saberes
Tradicionais da UFRJ tem sido uma
importante ferramenta de adesão de
novas ações da UFRJ, bem como de
novos aliados, amigos e parceiros
pertencentes às comunidades
tradicionais que vêm se aproximando a
cada dia da SuperSaberes. Novas
a
proximações que já compõem as
atividades da Superintendência,
ampliando e fortalecendo a Rede que
ROBERTO, Frank W.; COSTA, Marcia C. da; COSTA, Samira L. da;
GABRIEL, Eleonora; GUALER, Katya de S.; NASCIMENTO, Janete.
a construção da Superintendência de Saberes
Revista Latino
-Americana de
, p.
3
77
-
402
, set. 2023.
www.periodicos.uff.br/pragmatizes -
(Dossiê "
Imagens reflexas sobre os Encontros de Saberes no
que teve o maior desembarque de
africanos escravizados no mundo, e
que recebeu o título de Patrimônio
Histórico da Humanidade pela
UNESCO; e pela Fundação de Arte de
Niterói com Museu Janete Costa, com
de artistas e movimentos
culturais de todo o Brasil, ligado a Arte
Popular, único museu de arte popular
RJ, apresentando
o lema de ser “um espaço do povo,
UFRJ, através
dos encontros anuais, pretende
ndir a implantação e circulação das
epistemologias desses povos com
mestres das tradições indígenas, de
terreiro, quilombolas, jongueiros,
Ternos Reis, entre outros não só na
UFRJ, mas junto à outras experiências
em curso no país. O Projeto de criação
useu Vivo de saberes
Tradicionais da UFRJ tem sido uma
importante ferramenta de adesão de
novas ações da UFRJ, bem como de
novos aliados, amigos e parceiros
pertencentes às comunidades
tradicionais que vêm se aproximando a
cada dia da SuperSaberes. Novas
proximações que já compõem as
atividades da Superintendência,
ampliando e fortalecendo a Rede que
hoje compõe mais de 80 integrantes,
entre acadêmicos da UFRJ, outras
instituições parceiras e membros de
comunidades de terreiro, indígenas,
ciganas e quilomb
olas.
Imagem 3 -
Roda de Conversa: As águas, o
meio ambiente e os saberes do Povos
Tradicionais de matrizes africanas
Ciência-
UFRJ
Notório saber aos/às mestres/as
A SuperSaberes compõe
atualmente o comitê que debate a
proposta de alteração do
Notório Saber da UFRJ, criando a
categoria do Notório Saber Tradicional
e diferenciando os critérios para tal.
Isso destaca o alinhamento que a
superintendência tem com a missão
institucional da UFRJ. Dentre os itens
que compõem essa missão
valorizar as múltiplas formas
de conhecimento e expressão,
9 https://ufrj.br/acesso-a-
informacao/institucional/missao
valores/
398
ISSN 2237-1508
Imagens reflexas sobre os Encontros de Saberes no
ensino superior")
hoje compõe mais de 80 integrantes,
entre acadêmicos da UFRJ, outras
instituições parceiras e membros de
comunidades de terreiro, indígenas,
olas.
Roda de Conversa: As águas, o
meio ambiente e os saberes do Povos
Tradicionais de matrizes africanas
-Casa da
UFRJ
Notório saber aos/às mestres/as
A SuperSaberes compõe
atualmente o comitê que debate a
proposta de alteração do
texto do
Notório Saber da UFRJ, criando a
categoria do Notório Saber Tradicional
e diferenciando os critérios para tal.
Isso destaca o alinhamento que a
superintendência tem com a missão
institucional da UFRJ. Dentre os itens
que compõem essa missão
9 estão:
valorizar as múltiplas formas
de conhecimento e expressão,
informacao/institucional/missao
-visao-e-
ROBERTO, Frank W.; COSTA, Marcia C. da; COSTA, Samira L. da;
GABRIEL, Eleonora; GUALER, Katya de S.; NASCIMENTO, Janete.
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a construção da Superintendência de Saberes
Tradicionais na UFRJ. PragMATIZES -
Revista Latino
Estudos em Cultura,
Niterói/RJ, Ano 1
3
, n.
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técnicas e científicas, artísticas
e culturais; exercer a
cidadania; refletir criticamente
sobre a sociedade em que
vive; participar do esforço de
superação das desigualdades
sociais e regi
onais; assumir o
compromisso com a
construção de uma sociedade
socialmente justa,
ambientalmente responsável,
respeitadora da diversidade e
livre de todas as formas de
opressão ou discriminação de
classe, gênero, etnia ou
nacionalidade; lutar pela
universa
lização da cidadania e
pela consolidação da
democracia.
O Notório Saber Tradicional está em
fase de ajuste de texto, para
tramitação em instâncias decisórias.
Sonhos para adiar o fim do mundo
e, quem sabe, suspender a Queda
do Céu
Enquanto caminha por so
cura, a SuperSaberes segue sonhando
outros amanhãs. Ouvimos ideias e
conselhos valiosos dos Mestres Ailton
Krenak (2019) e Davi Kopenawa
(2015), que nos indicam a importância
de cultivar o chão e olhar o céu.
Assim, na SuperSaberes aos
poucos foram
chegando apoios
técnicos necessários, como bolsistas
de graduação e de pós
Mas ainda faltam forças institucionais,
ROBERTO, Frank W.; COSTA, Marcia C. da; COSTA, Samira L. da;
GABRIEL, Eleonora; GUALER, Katya de S.; NASCIMENTO, Janete.
a construção da Superintendência de Saberes
Revista Latino
-Americana de
, p.
3
77
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402
, set. 2023.
www.periodicos.uff.br/pragmatizes -
(Dossiê "
Imagens reflexas sobre os Encontros de Saberes no
técnicas e científicas, artísticas
e culturais; exercer a
cidadania; refletir criticamente
sobre a sociedade em que
vive; participar do esforço de
superação das desigualdades
onais; assumir o
compromisso com a
construção de uma sociedade
socialmente justa,
ambientalmente responsável,
respeitadora da diversidade e
livre de todas as formas de
opressão ou discriminação de
classe, gênero, etnia ou
nacionalidade; lutar pela
lização da cidadania e
pela consolidação da
O Notório Saber Tradicional está em
fase de ajuste de texto, para
tramitação em instâncias decisórias.
Sonhos para adiar o fim do mundo
e, quem sabe, suspender a Queda
Enquanto caminha por so
los de
cura, a SuperSaberes segue sonhando
outros amanhãs. Ouvimos ideias e
conselhos valiosos dos Mestres Ailton
Krenak (2019) e Davi Kopenawa
(2015), que nos indicam a importância
de cultivar o chão e olhar o céu.
Assim, na SuperSaberes aos
chegando apoios
técnicos necessários, como bolsistas
de graduação e de pós
-graduação.
Mas ainda faltam forças institucionais,
embora as forças comunitárias não
nos faltem.
Além disso, existem ainda
outras ações desta superintendência
são, em longo prazo,
estaduais e nacionais de saberes
tradicionais entre as
Superintendências da UFRJ e de
outras universidades e o poder
público, (b) participar da cartografia de
saberes tradicionais do Brasil,
coordenada pelo INCTI/UnB e (c) estar
à disposiçã
o do Ministério dos Povos
Originários e do Ministério da
Igualdade Racial para futuras
interlocuções.
Confluindo
Embora seja comum fechar um
texto acadêmico com o subtítulo
Concluindo,
optamos por fechar esse
texto utilizando a expressão
Confluindo, uma
vez que temos a
expectativa e a esperança de que
estejamos realmente apenas no início
de algo grandioso, muito maior do que
nós, e que -
como lembra o Mestre
Miguel (2019) -
não nos pertence.
Utilizamos a concepção de
confluência em reverência (não
apenas
referência) a Nêgo Bispo, que
nos ajuda a compreender que é
399
ISSN 2237-1508
Imagens reflexas sobre os Encontros de Saberes no
ensino superior")
embora as forças comunitárias não
Além disso, existem ainda
outras ações desta superintendência
são, em longo prazo,
(a) criar redes
estaduais e nacionais de saberes
tradicionais entre as
Superintendências da UFRJ e de
outras universidades e o poder
público, (b) participar da cartografia de
saberes tradicionais do Brasil,
coordenada pelo INCTI/UnB e (c) estar
o do Ministério dos Povos
Originários e do Ministério da
Igualdade Racial para futuras
Embora seja comum fechar um
texto acadêmico com o subtítulo
optamos por fechar esse
texto utilizando a expressão
vez que temos a
expectativa e a esperança de que
estejamos realmente apenas no início
de algo grandioso, muito maior do que
como lembra o Mestre
não nos pertence.
Utilizamos a concepção de
confluência em reverência (não
referência) a Nêgo Bispo, que
nos ajuda a compreender que é
ROBERTO, Frank W.; COSTA, Marcia C. da; COSTA, Samira L. da;
GABRIEL, Eleonora; GUALER, Katya de S.; NASCIMENTO, Janete.
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a construção da Superintendência de Saberes
Tradicionais na UFRJ. PragMATIZES -
Revista Latino
Estudos em Cultura,
Niterói/RJ, Ano 1
3
, n.
25
possível fluir como as águas, convergir
para múltiplas zonas de encontros, e
que tais zonas não precisam ser
muros que nos impeçam nos juntar. As
fronteiras podem ser lugares de
confluência, de e
ncontro, de diálogo
não precisam ser trincheiras, onde se
planejam extermínios de corpos e
posses da terra alheia.
A trajetória aqui relatada, na
verdade, celebra conquistas
importantes que se apresentam como
caminhos abertos.
Nos últimos anos, as
unive
rsidades públicas brasileiras v
atravessando momentos muito difíceis,
onde foi posta à prova a capacidade
de resistência e resiliência de seu
corpo social. Um panorama econômico
desfavorável, associado a um contexto
político dos mais perversos já vividos
colocando projetos, programas e
ações em desafio constante.
O que podemos destacar após
conseguirmos afastar as ameaças que
nos assombraram durante esse tempo
foi o papel e a força da coletividade
como instrumento de luta. Foi na
busca do apoio do outro
aproximações de ideias que foi
possível ganhar fôlego e criar
propostas ainda não tentadas, alianças
ROBERTO, Frank W.; COSTA, Marcia C. da; COSTA, Samira L. da;
GABRIEL, Eleonora; GUALER, Katya de S.; NASCIMENTO, Janete.
a construção da Superintendência de Saberes
Revista Latino
-Americana de
, p.
3
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402
, set. 2023.
www.periodicos.uff.br/pragmatizes -
(Dossiê "
Imagens reflexas sobre os Encontros de Saberes no
possível fluir como as águas, convergir
para múltiplas zonas de encontros, e
que tais zonas não precisam ser
muros que nos impeçam nos juntar. As
fronteiras podem ser lugares de
ncontro, de diálogo
-
não precisam ser trincheiras, onde se
planejam extermínios de corpos e
A trajetória aqui relatada, na
verdade, celebra conquistas
importantes que se apresentam como
Nos últimos anos, as
rsidades públicas brasileiras v
êm
atravessando momentos muito difíceis,
onde foi posta à prova a capacidade
de resistência e resiliência de seu
corpo social. Um panorama econômico
desfavorável, associado a um contexto
político dos mais perversos já vividos
,
colocando projetos, programas e
ações em desafio constante.
O que podemos destacar após
conseguirmos afastar as ameaças que
nos assombraram durante esse tempo
foi o papel e a força da coletividade
como instrumento de luta. Foi na
busca do apoio do outro
que tinha
aproximações de ideias que foi
possível ganhar fôlego e criar
propostas ainda não tentadas, alianças
ainda não firmadas e recursos
impensados.
A
Superintendência de Saberes
Tradicionais -
SuperSaberes
resultado desse momento histórico.
Em contraposição às barreiras
impostas através de um retrocesso em
conquistas nos campos social, cultural,
educacional, entre outros, aponta
agora para a potencialização das
relações da UFRJ com os saberes
tradicion
ais através da solidificação de
uma estrutura que se pretende
permanente, integrada ao sistema
organizacional da universidade, com
apoio institucional na forma de
financiamento, pessoal de apoio,
construção de programas e projetos e
permanente busca por um
dialógica com a sociedade.
A SuperSaberes é composta
em seu comitê gestor por docentes de
diferentes unidades e campos de
saber e se ramifica através de outras
conexões com uma impensada rede
de outros tantos docentes, servidores
técnicos, estuda
ntes de graduação e
pós-
graduações e colaboradores
externos. Isso a torna potencialmente
mais forte, colorida e vibrante.
Assim, findamos esse relato,
saudando o início de um trabalho que
400
ISSN 2237-1508
Imagens reflexas sobre os Encontros de Saberes no
ensino superior")
ainda não firmadas e recursos
Superintendência de Saberes
SuperSaberes
é
resultado desse momento histórico.
Em contraposição às barreiras
impostas através de um retrocesso em
conquistas nos campos social, cultural,
educacional, entre outros, aponta
-se
agora para a potencialização das
relações da UFRJ com os saberes
ais através da solidificação de
uma estrutura que se pretende
permanente, integrada ao sistema
organizacional da universidade, com
apoio institucional na forma de
financiamento, pessoal de apoio,
construção de programas e projetos e
permanente busca por um
a relação
dialógica com a sociedade.
A SuperSaberes é composta
em seu comitê gestor por docentes de
diferentes unidades e campos de
saber e se ramifica através de outras
conexões com uma impensada rede
de outros tantos docentes, servidores
-
ntes de graduação e
graduações e colaboradores
externos. Isso a torna potencialmente
mais forte, colorida e vibrante.
Assim, findamos esse relato,
saudando o início de um trabalho que
ROBERTO, Frank W.; COSTA, Marcia C. da; COSTA, Samira L. da;
GABRIEL, Eleonora; GUALER, Katya de S.; NASCIMENTO, Janete.
SuperSaberes –
a construção da Superintendência de Saberes
Tradicionais na UFRJ. PragMATIZES -
Revista Latino
Estudos em Cultura,
Niterói/RJ, Ano 1
3
, n.
25
almejamos que seja bastante
duradouro e exitoso.
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Seminário
Ampliação do acesso à
universidade pública:
uma urgência
democrática, 09
de maio de
ROBERTO, Frank W.; COSTA, Marcia C. da; COSTA, Samira L. da;
GABRIEL, Eleonora; GUALER, Katya de S.; NASCIMENTO, Janete.
a construção da Superintendência de Saberes
Revista Latino
-Americana de
, p.
3
77
-
402
, set. 2023.
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Imagens reflexas sobre os Encontros de Saberes no
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ROBERTO, Frank W.; COSTA, Marcia C. da; COSTA, Samira L. da;
GABRIEL, Eleonora; GUALER, Katya de S.; NASCIMENTO, Janete.
SuperSaberes –
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Tradicionais na UFRJ. PragMATIZES -
Revista Latino
Estudos em Cultura,
Niterói/RJ, Ano 1
3
, n.
25
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Uma história
feita por mãos negras
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raciais, quilombos e movimentos;
[
Organização Alex Ratts
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NASCIMENTO, Janete.
O que nos
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A mitologia
como forma de enfrentamento ao
racismo religioso.
[Mestrado
em Psicossociologia de
Comunidades e Ecologia Social
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niversidade Federal do Rio de
Janeiro, 2023.
REIS, Paulo José.
Narrativas de Ìtán
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ROBERTO, Frank Wilson; GABRIEL,
Eleonora; SANTOS, Alexandre
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Anais do Encontro de
Saberes - PPGAC–UFBA
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https//
www.even3.com.br/anais/encont
rodesaberesppgacufba/477000
ENCONTRO-DE-
SABERES
ROBERTO, Frank W.; COSTA, Marcia C. da; COSTA, Samira L. da;
GABRIEL, Eleonora; GUALER, Katya de S.; NASCIMENTO, Janete.
a construção da Superintendência de Saberes
Revista Latino
-Americana de
, p.
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77
-
402
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(Dossiê "
Imagens reflexas sobre os Encontros de Saberes no
Uma história
:
Relações
raciais, quilombos e movimentos;
Organização Alex Ratts
]. Rio de
O que nos
A mitologia
Yorubá
como forma de enfrentamento ao
Dissertação
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Comunidades e Ecologia Social
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Decolonialidade na formação
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www.even3.com.br/anais/encont
rodesaberesppgacufba/477000
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SABERES
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UFRJ--CULTURA-
POPULAR
DECOLONIALIDADE
-
FORMACAO-
UNIVERSITARIA
Acesso em: 31 maio
2023
RUFINO, Luiz.
Pedagogia das
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Torna-se
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