PIMENTEL,
Alexandre de O.; PEREIRA, Affonso C. T. Ciclos de formação: a
extensão e a formação político
pedagógica junto a povos e comunidades
tradicionais na experiência do IFRJ Nilópolis.
PragMATIZES
Latino-Americana de Estudos em Cultura,
Niterói/RJ, Ano
4
30
-
4
5
4
,
.
202
3
.
Ciclos de formação: a extensão e a formação político pedagógica junto a
povos e comunidades tradicionais na experiência do IFRJ Nilópolis
DOI:
https://doi.org/10.22409/pragmatizes.v13i25.57936
Resumo:
Desde meados de 2018, vimos realizando no âmbito dos programas institucionais de
extensão do IFRJ campus Nilópolis uma série de projetos, cursos e eventos que lidam com o tema de
povos e comunidades tradicionais
Nossa proposta, inspirada no Encontro de Saberes, visa promover o trânsito entre o espaço formal da
academia e os múltiplos espaços de saberes, práticas e experiências observados como cultura.
Tradicional aqui é tomado como uma for
produzir tradicionalmente desses povos e comunidades. Como projeto de extensão, temos a intenção
de fazer a ponte entre o local em que a instituição está inserida, a Baixada Fluminense, e essas
formas d
e saberes não acadêmicos. Assim, professores de escolas locais, professores universitários,
estudantes, pesquisadores, ativistas de movimentos sociais tornaram
diferentes projetos desenvolvidos nesse período, com relevante aceit
abordaremos princípios epistemológicos, temas e
experiências desenvolvidas em nossos projetos nestes anos.
Palavras-chave
: IFRJ Nilópolis; extensão universitária; povos e comunidades tradicionais;diálogo de
saberes
Ciclos de formación: la extensión universitária y la formación político pedagógica junto a
pueblos y comunidades tradicionales en la experiencia del IFRJ Nilópolis
Resumen
: Desde mediados de 2018, venimos realizando, en el ámbito de los programas de
extensión institucional del IFRJ campus Nilópolis, una serie de proyectos, cursos y eventos que
abordan la temática de los pueblos y comunidades tradicionales
grupos y colectivos de periferias. Nuestra propuesta, inspirada en el Encontro de Saberes, pretende
promover el tránsito entre el espacio formal de la academia y los múltiples espacios de saberes,
prácticas y experiencias observadas c
como contenido: es un hacer, vivir, ocupar, producir tradicionalmente de estos pueblos y
comunidades. Como proyecto de extensión, pretendemos hacer uma puente entre el local de la
institución, la
Baixada Fluminense, y estas formas de conocimiento no académico. Así, docentes de
1
Alexandre de Oliveira Pimentel. Mestre em Geogr
UFF. Professor do Bacharelado em Produção Cultural, IFRJ/ Campus Nilópolis
alexandre.pimentel@ifrj.edu.br
2
Affonso Celso Thomaz Pereira. Doutor em História Social
IFRJ/ Campus Nilópolis, Brasil.
E
7843
Recebido em 31/03/2023,
aceito para publicação em
Alexandre de O.; PEREIRA, Affonso C. T. Ciclos de formação: a
pedagógica junto a povos e comunidades
PragMATIZES
- Revista
Niterói/RJ, Ano
13, n. 25, p. www.periodicos.uff.br/pragmatizes -
(Dossiê "
Imagens reflexas sobre os Encontros de Saberes n
Ciclos de formação: a extensão e a formação político pedagógica junto a
povos e comunidades tradicionais na experiência do IFRJ Nilópolis
Alexandre de Oliveira Pimentel
Affonso C. Thomaz
https://doi.org/10.22409/pragmatizes.v13i25.57936
Desde meados de 2018, vimos realizando no âmbito dos programas institucionais de
extensão do IFRJ campus Nilópolis uma série de projetos, cursos e eventos que lidam com o tema de
povos e comunidades tradicionais
indígenas, caiçaras, quilombolas, grupos e
coletivos de periferia.
Nossa proposta, inspirada no Encontro de Saberes, visa promover o trânsito entre o espaço formal da
academia e os múltiplos espaços de saberes, práticas e experiências observados como cultura.
Tradicional aqui é tomado como uma for
ma, e menos como conteúdo: é um fazer, viver, ocupar,
produzir tradicionalmente desses povos e comunidades. Como projeto de extensão, temos a intenção
de fazer a ponte entre o local em que a instituição está inserida, a Baixada Fluminense, e essas
e saberes não acadêmicos. Assim, professores de escolas locais, professores universitários,
estudantes, pesquisadores, ativistas de movimentos sociais tornaram
-
se o blico recorrente dos
diferentes projetos desenvolvidos nesse período, com relevante aceit
ação e impacto. Neste artigo,
abordaremos prinpios epistemológicos, temas e
experiências desenvolvidas em nossos projetos nestes anos.
: IFRJ Nilópolis; extensão universitária; povos e comunidades tradicionais;diálogo de
Ciclos de formación: la extensión universitária y la formación político pedagógica junto a
pueblos y comunidades tradicionales en la experiencia del IFRJ Nilópolis
: Desde mediados de 2018, venimos realizando, en el ámbito de los programas de
extensión institucional del IFRJ campus Nilópolis, una serie de proyectos, cursos y eventos que
abordan la temática de los pueblos y comunidades tradicionales
indígenas, caiça
grupos y colectivos de periferias. Nuestra propuesta, inspirada en el “Encontro de Saberes, pretende
promover el tránsito entre el espacio formal de la academia y los múltiples espacios de saberes,
prácticas y experiencias observadas c
omo cultura. Tradicional aquí se toma como forma, y
como contenido: es un hacer, vivir, ocupar, producir tradicionalmente de estos pueblos y
comunidades. Como proyecto de extensión, pretendemos hacer uma puente entre el local de la
Baixada Fluminense, y estas formas de conocimiento no académico. Así, docentes de
Alexandre de Oliveira Pimentel. Mestre em Geogr
afia –
Ordenamento Territorial e Ambiental pela
UFF. Professor do Bacharelado em Produção Cultural, IFRJ/ Campus Nilópolis
, Brasil
https://orcid.org/0009-0006-2845-8285
Affonso Celso Thomaz Pereira. Doutor em História Social
FFLCH/ USP. Professor de História,
E
-mail: affonso.pereira@ifrj.edu.br
https://orcid.org/0009
aceito para publicação em
27/06/20
23 e disponibilizado online em
01/09/2023.
430
ISSN 2237-1508
Imagens reflexas sobre os Encontros de Saberes n
o ensino superior")
Ciclos de formação: a extensão e a formação político pedagógica junto a
povos e comunidades tradicionais na experiência do IFRJ Nilópolis
Alexandre de Oliveira Pimentel
1
Affonso C. Thomaz
Pereira2
Desde meados de 2018, vimos realizando no âmbito dos programas institucionais de
extensão do IFRJ campus Nilópolis uma série de projetos, cursos e eventos que lidam com o tema de
coletivos de periferia.
Nossa proposta, inspirada no Encontro de Saberes, visa promover o trânsito entre o espaço formal da
academia e os múltiplos espaços de saberes, práticas e experiências observados como cultura.
ma, e menos como conteúdo: é um fazer, viver, ocupar,
produzir tradicionalmente desses povos e comunidades. Como projeto de extensão, temos a intenção
de fazer a ponte entre o local em que a instituição está inserida, a Baixada Fluminense, e essas
e saberes não acadêmicos. Assim, professores de escolas locais, professores universitários,
se o público recorrente dos
ação e impacto. Neste artigo,
: IFRJ Nilópolis; extensão universitária; povos e comunidades tradicionais;diálogo de
Ciclos de formación: la extensión universitária y la formación político pedagógica junto a
: Desde mediados de 2018, venimos realizando, en el ámbito de los programas de
extensión institucional del IFRJ campus Nilópolis, una serie de proyectos, cursos y eventos que
indígenas, caiça
ras, quilombolas, y
grupos y colectivos de periferias. Nuestra propuesta, inspirada en el Encontro de Saberes”, pretende
promover el tránsito entre el espacio formal de la academia y los múltiples espacios de saberes,
omo cultura. Tradicional aquí se toma como forma, y
menos
como contenido: es un hacer, vivir, ocupar, producir tradicionalmente de estos pueblos y
comunidades. Como proyecto de extensión, pretendemos hacer uma puente entre el local de la
Baixada Fluminense, y estas formas de conocimiento no académico. Así, docentes de
Ordenamento Territorial e Ambiental pela
, Brasil
. E-mail:
FFLCH/ USP. Professor de História,
https://orcid.org/0009
-0003-5610-
23 e disponibilizado online em
PIMENTEL,
Alexandre de O.; PEREIRA, Affonso C. T. Ciclos de formação: a
extensão e a formação político
pedagógica junto a povos e comunidades
tradicionais na experiência do IFRJ Nilópolis.
PragMATIZES
Latino-Americana de Estudos em Cultura,
Niterói/RJ, Ano
4
30
-
4
5
4
,
.
202
3
.
escuelas locales, profesores universitarios, estudiantes, investigadores, activistas de movimientos
sociales se convirtieron en el público recurrente de los diferentes proyec
este período, con relevante aceptación e impacto. En este artículo abordaremos principios
epistemológicos, temas y experiencias desarrolladas en nuestros proyectos en estos años.
Palabras clave:
IFRJ Nilópolis; extensión universi
diálogos de saberes.
Formation cycles: universitary extension and the political pedagogical formation aside
traditional peoples and communities at the IFRJ Nilopolis experience.
Abstract: Since mid-
2018, we ha
programs of the IFRJ campus Nilópolis, projects, courses and events that deal with the theme of
traditional peoples and communities
colectives. Our proposal, inspired by the Meeting of Knowledge, aims to promote the transit between
the formal space of the academy and the multiple spaces of knowledge, practices and experiences
conceived as culture. Traditional here is taken as a
occupying, producing traditionally by these peoples and communities. As an extension project, we
intend to build a bridge between the institution's territory, the Baixada Fluminense, and these forms of
non-
academic knowledge. Thus, teachers from local schools, professors, students, researchers, social
movement activists became the recurring public of the different projects developed during this period,
with relevant acceptance and impact. In this article,
themes and experiences developed in these years in our projects.
Keywords:
IFRJ Nilópolis; universitary extension; traditional peoples and communities; knowledge
dialogues.
Ciclos de formação: a extensão
povos e comunidades tradicionais n
Encontros são fronteiras em que
ficam por um tempo em suspenso o
que será ponte, o que será fluxo, o que
será passado. De nosso ponto de
vista, nos despedimos de muitos anos
de silêncio dentro de uma instituição
de ensino, e ajudamos a abrir pontes,
a pavi
mentar o caminho de dentro
para fora, e de fora para dentro, em
relação aos sujeitos de povos e
Alexandre de O.; PEREIRA, Affonso C. T. Ciclos de formação: a
pedagógica junto a povos e comunidades
PragMATIZES
- Revista
Niterói/RJ, Ano
13, n. 25, p. www.periodicos.uff.br/pragmatizes -
(Dossiê "
Imagens reflexas sobre os Encontros de Saberes n
escuelas locales, profesores universitarios, estudiantes, investigadores, activistas de movimientos
sociales se convirtieron en el público recurrente de los diferentes proyec
tos desarrollados durante
este período, con relevante aceptación e impacto. En este artículo abordaremos principios
epistemológicos, temas y experiencias desarrolladas en nuestros proyectos en estos años.
IFRJ Nilópolis; extensión universi
tária; pueblos y comunidades tradicionales;
Formation cycles: universitary extension and the political pedagogical formation aside
traditional peoples and communities at the IFRJ Nilopolis experience.
2018, we ha
ve been carrying out, within the scope of the institutional extension
programs of the IFRJ campus Nilópolis, projects, courses and events that deal with the theme of
traditional peoples and communities
indigenous, caiçaras, quilombolas and periphery grou
colectives. Our proposal, inspired by the Meeting of Knowledge, aims to promote the transit between
the formal space of the academy and the multiple spaces of knowledge, practices and experiences
conceived as culture. Traditional here is taken as a
form, and less as a content: it is a doing, living,
occupying, producing traditionally by these peoples and communities. As an extension project, we
intend to build a bridge between the institution's territory, the Baixada Fluminense, and these forms of
academic knowledge. Thus, teachers from local schools, professors, students, researchers, social
movement activists became the recurring public of the different projects developed during this period,
with relevant acceptance and impact. In this article,
we will discuss the epistemological principles,
themes and experiences developed in these years in our projects.
IFRJ Nilópolis; universitary extension; traditional peoples and communities; knowledge
Ciclos de formação: a extensão
e a formação político pedagógica junto a
povos e comunidades tradicionais n
a experiência do IFRJ Nilópolis
Encontros são fronteiras em que
ficam por um tempo em suspenso o
que será ponte, o que será fluxo, o que
será passado. De nosso ponto de
vista, nos despedimos de muitos anos
de silêncio dentro de uma instituição
de ensino, e ajudamos a abrir pontes,
mentar o caminho de dentro
para fora, e de fora para dentro, em
relação aos sujeitos de povos e
comunidades tradicionais
contemporâneas.
Inspirados pela experiência
pioneira do
Encontro de Saberes
3
Projeto estruturante do Instituto de Ciência e
Tecnologia de Inclusão no Ensino Superior e
na Pesquisa (INCTI), resultado de uma
parceria entre a Universidade de Brasília, o
CNPq e os ministérios de Ciência Tecnologia
(MCTI) e Inovação (MCTI), da Educação
(MEC) e da Cultura (MinC), que visa uma
formação intercultural para o ensino formal
que inclua, duplamente, as artes e saberes
tradicionais na grade curricular e os mestres e
mestras tradicionais na docência (Carvalho e
Flores, 2014; Carvalho e Águas, 201
431
ISSN 2237-1508
Imagens reflexas sobre os Encontros de Saberes n
o ensino superior")
escuelas locales, profesores universitarios, estudiantes, investigadores, activistas de movimientos
tos desarrollados durante
este período, con relevante aceptación e impacto. En este artículo abordaremos principios
epistemológicos, temas y experiencias desarrolladas en nuestros proyectos en estos años.
tária; pueblos y comunidades tradicionales;
Formation cycles: universitary extension and the political pedagogical formation aside
ve been carrying out, within the scope of the institutional extension
programs of the IFRJ campus Nilópolis, projects, courses and events that deal with the theme of
indigenous, caiçaras, quilombolas and periphery grou
ps and
colectives. Our proposal, inspired by the Meeting of Knowledge, aims to promote the transit between
the formal space of the academy and the multiple spaces of knowledge, practices and experiences
form, and less as a content: it is a doing, living,
occupying, producing traditionally by these peoples and communities. As an extension project, we
intend to build a bridge between the institution's territory, the Baixada Fluminense, and these forms of
academic knowledge. Thus, teachers from local schools, professors, students, researchers, social
movement activists became the recurring public of the different projects developed during this period,
we will discuss the epistemological principles,
IFRJ Nilópolis; universitary extension; traditional peoples and communities; knowledge
e a formação político pedagógica junto a
a experiência do IFRJ Nilópolis
comunidades tradicionais
Inspirados pela experiência
Encontro de Saberes
3,
Projeto estruturante do Instituto de Ciência e
Tecnologia de Inclusão no Ensino Superior e
na Pesquisa (INCTI), resultado de uma
parceria entre a Universidade de Brasília, o
CNPq e os ministérios de Ciência Tecnologia
(MCTI) e Inovação (MCTI), da Educação
(MEC) e da Cultura (MinC), que visa uma
formação intercultural para o ensino formal
que inclua, duplamente, as artes e saberes
tradicionais na grade curricular e os mestres e
mestras tradicionais na docência (Carvalho e
Flores, 2014; Carvalho e Águas, 201
5)
PIMENTEL,
Alexandre de O.; PEREIRA, Affonso C. T. Ciclos de formação: a
extensão e a formação político
pedagógica junto a povos e comunidades
tradicionais na experiência do IFRJ Nilópolis.
PragMATIZES
Latino-Americana de Estudos em Cultura,
Niterói/RJ, Ano
4
30
-
4
5
4
,
.
202
3
.
buscamos desenvolver no campus
Nilópolis do Instituto Fe
deral do Rio de
Janeiro uma prática político
pedagógica denominada Ciclos de
Formação”, cujos princípios visam não
apenas trazer a temática de povos e
comunidades tradicionais para dentro
da academia, mas também os próprios
sujeitos e suas vozes,promovend
encontros
com o público. Um público
que, estrategicamente, não se
restringe somente à comunidade
interna acadêmica, mas se estende a
estudantes e professores de outras
instituições (universitários e
secundaristas), pesquisadores,
agentes públicos, membro
comunidades ou periferias
interessados em geral, conforme a
proposta da extensão universitária
deve ser.
É importante esclarecer que não
se trata, portanto, de uma
implementação integral da
metodologia do Encontro de Saberes,
tal como em experiência
s realizadas
em outras universidades do país
(como na UFMG, UFPA, UECE,
UFJFUFSB, UFF, entre outras) ou
mesmo do exterior (como na Pontíficia
Universidad Javeriana, na Colômbia).
Trata-
se do desenvolvimento de uma
Alexandre de O.; PEREIRA, Affonso C. T. Ciclos de formação: a
pedagógica junto a povos e comunidades
PragMATIZES
- Revista
Niterói/RJ, Ano
13, n. 25, p. www.periodicos.uff.br/pragmatizes -
(Dossiê "
Imagens reflexas sobre os Encontros de Saberes n
buscamos desenvolver no campus
deral do Rio de
Janeiro uma prática político
-
pedagógica denominada “Ciclos de
Formação, cujos prinpios visam o
apenas trazer a temática de povos e
comunidades tradicionais para dentro
da academia, mas também os próprios
sujeitos e suas vozes,promovend
o
com o público. Um público
que, estrategicamente, não se
restringe somente à comunidade
interna acadêmica, mas se estende a
estudantes e professores de outras
instituições (universitários e
secundaristas), pesquisadores,
agentes públicos, membro
s de
comunidades ou periferias
e
interessados em geral, conforme a
proposta da extensão universitária
É importante esclarecer que não
se trata, portanto, de uma
implementação integral da
metodologia do Encontro de Saberes,
s realizadas
em outras universidades do país
(como na UFMG, UFPA, UECE,
UFJFUFSB, UFF, entre outras) ou
mesmo do exterior (como na Pontíficia
Universidad Javeriana, na Colômbia).
se do desenvolvimento de uma
experiência pedagógica
pluriepistêmica e i
inspirada em alguns prinpios e
aspectos do Encontro de Saberes
como a inclusão e validação das artes
e saberes tradicionais como conteúdos
centrais abordados; a presença de
mestres e mestras como sujeitos do
processo pedagógico; a crít
limites do modelo universitário
monoepistêmico e monodisciplinar
mas desenvolvida no âmbito de ações
de extensão, e não por meio de uma
disciplina regular, ou da integração
mais orgânica de mestras e mestras
com a instituição.
Entre 2018 e 202
três grandes projetos de exteno no
campus Nilópolis do Instituto Federal
do Rio de Janeiro: I e II Ciclo de
Formação em História, Memória e
Culturas Indígenas (2018
respectivamente) e o Ciclo de
Extensão Territórios e Culturas:
Diálogos dos Povos e Comunidades
Tradicionais com as Periferias
Urbanas no RJ (2020)
4
É fundamental destacar o financiamento
recebido da instituição para a realização
destes eventos. Ainda insuficientes que sejam,
permitiram seja o transporte de convidados,
seja a infraestrutura para transmissão e
posterior tradução para libras dos enc
virtuais. Ao mesmo tempo, destaca
432
ISSN 2237-1508
Imagens reflexas sobre os Encontros de Saberes n
o ensino superior")
experiência pedagógica
pluriepistêmica e i
nterdisciplinar,
inspirada em alguns princípios e
aspectos do Encontro de Saberes
como a incluo e validação das artes
e saberes tradicionais como conteúdos
centrais abordados; a presença de
mestres e mestras como sujeitos do
processo pedagógico; a crít
ica aos
limites do modelo universitário
monoepistêmico e monodisciplinar
mas desenvolvida no âmbito de ações
de extensão, e não por meio de uma
disciplina regular, ou da integração
mais orgânica de mestras e mestras
Entre 2018 e 202
1, realizamos
três grandes projetos de extensão no
campus Nilópolis do Instituto Federal
do Rio de Janeiro: I e II Ciclo de
Formação em História, Memória e
Culturas Indígenas (2018
-2019 e 2021,
respectivamente) e o Ciclo de
Exteno Territórios e Culturas:
Diálogos dos Povos e Comunidades
Tradicionais com as Periferias
Urbanas no RJ (2020)
4. O território
É fundamental destacar o financiamento
recebido da instituição para a realização
destes eventos. Ainda insuficientes que sejam,
permitiram seja o transporte de convidados,
seja a infraestrutura para transmissão e
posterior tradução para libras dos enc
ontros
virtuais. Ao mesmo tempo, destaca
-se a
PIMENTEL,
Alexandre de O.; PEREIRA, Affonso C. T. Ciclos de formação: a
extensão e a formação político
pedagógica junto a povos e comunidades
tradicionais na experiência do IFRJ Nilópolis.
PragMATIZES
Latino-Americana de Estudos em Cultura,
Niterói/RJ, Ano
4
30
-
4
5
4
,
.
202
3
.
onde se encontra o campus pode ser
entendido como mais uma fronteira
ser considerada. Tradicionalmente
associada às páginas policiais e
narrativas que
enfatizam a
precariedade, miséria e todo tipo de
problemas urbanos, a Baixada
Fluminense, no entanto, se apresenta
como um lugar dinâmico do ponto de
vista econômico, cultural e acadêmico.
De modo que, torná-
la palco e atrator
de debates e projetos desta
provoca uma inflexão na percepção e
afecção em geral envolvendo a região,
mas também ajuda a promover
concessão de bolsas de extensão para
estudantes que foram decisivos para a
realização dos projetos em todos os
momentos.
5
A ideia de fronteira é central para a
concepção de nosso trabalho.Por um lado,
fronteira
s físicas como lugares e territórios
bem estabelecidos e reconhecidos, que são
ocasionalmente forçados em suas brechas e
se reorganizam. Por outro lado, fronteiras
entre saberes e práticas consideradas exóticas
ou normais. O que se propõe ao leitor é a
ten
tativa de pensar a todo momento por sobre
a linha de fronteira em que os territórios se
movem, se fundem, se descolam, e que
interferem e transformam o olhar de quem e
de quem é visto. Falaremos sobre a fronteira
entre estar na Baixada Fluminense (espaç
marginal) e o centro (capital Rio de Janeiro),
fronteira entre uma instituição acadêmica
voltada para as ciências duras e as
humanidades; fronteira entre dentro e fora dos
muros da universidade; fronteira do saber
formal, cartesiano, compartimentado e os
múltiplos saberes; fronteira, enfim, que permite
reconhecer e experimentar justamente o
encontro e o encontro de saberes.
Alexandre de O.; PEREIRA, Affonso C. T. Ciclos de formação: a
pedagógica junto a povos e comunidades
PragMATIZES
- Revista
Niterói/RJ, Ano
13, n. 25, p. www.periodicos.uff.br/pragmatizes -
(Dossiê "
Imagens reflexas sobre os Encontros de Saberes n
onde se encontra o campus pode ser
entendido como mais uma fronteira
5 a
ser considerada. Tradicionalmente
associada às páginas policiais e
a
enfatizam a
precariedade, miria e todo tipo de
problemas urbanos, a Baixada
Fluminense, no entanto, se apresenta
como um lugar dinâmico do ponto de
vista econômico, cultural e acadêmico.
la palco e atrator
de debates e projetos desta
natureza
provoca uma inflexão na percepção e
afecção em geral envolvendo a região,
mas também ajuda a promover
concessão de bolsas de extensão para
estudantes que foram decisivos para a
realização dos projetos em todos os
A ideia de fronteira é central para a
concepção de nosso trabalho.Por um lado,
s físicas como lugares e territórios
bem estabelecidos e reconhecidos, que são
ocasionalmente forçados em suas brechas e
se reorganizam. Por outro lado, fronteiras
entre saberes e práticas consideradas exóticas
ou normais. O que se propõe ao leitor é a
tativa de pensar a todo momento por sobre
a linha de fronteira em que os territórios se
movem, se fundem, se descolam, e que
interferem e transformam o olhar de quem vê e
de quem é visto. Falaremos sobre a fronteira
entre estar na Baixada Fluminense (espaç
o
marginal) e o centro (capital Rio de Janeiro),
fronteira entre uma instituição acadêmica
voltada para as ciências duras e as
humanidades; fronteira entre dentro e fora dos
muros da universidade; fronteira do saber
formal, cartesiano, compartimentado e os
múltiplos saberes; fronteira, enfim, que permite
reconhecer e experimentar justamente o
encontro e o encontro de saberes.
positivamente sua inserção em um
circuito avançado de discussões
acerca de culturas, comunidades e
povos tradicionais no estado do Rio de
Janeiro
. Avançar sobre esse tema é
fundamental se quisermos desenvolver
uma prática transformadora que
comece por dentro da academia
(nosso espaço institucional de
atuação) mas se dirija para fora dela, e
que tenha como finalidade deixar essa
porta aberta, de mod
esse trânsito de maneira permanente.
Outro nível de fronteira, de
encontro e desencontro, são os
próprios Institutos Federais, instituídos
em 2009 com a finalidade de expandir
a rede federal de ensino para todo o
território nacional, em e
ferramenta de interiorização do ensino
de qualidade. Projeto ousado,
pretende estabelecer uma relação de
verticalidade entre níveis de ensino,
isto é, ensino médio-
técnico integrado,
graduação e pós-
graduação, e manter
o tripé fundamental de e
pesquisa-
extensão em todos estes
níveis. Em tese, os cursos de ensino
médio-
técnico integrado dialogariam
com os cursos oferecidos de
graduação e pós
estabelecendo um encadeamento de
433
ISSN 2237-1508
Imagens reflexas sobre os Encontros de Saberes n
o ensino superior")
positivamente sua inserção em um
circuito avançado de discussões
acerca de culturas, comunidades e
povos tradicionais no estado do Rio de
. Avançar sobre esse tema é
fundamental se quisermos desenvolver
uma prática transformadora que
comece por dentro da academia
(nosso espaço institucional de
atuação) mas se dirija para fora dela, e
que tenha como finalidade deixar essa
porta aberta, de mod
o a estabelecer
esse trânsito de maneira permanente.
Outro nível de fronteira, de
encontro e desencontro, são os
próprios Institutos Federais, instituídos
em 2009 com a finalidade de expandir
a rede federal de ensino para todo o
território nacional, em e
special como
ferramenta de interiorização do ensino
de qualidade. Projeto ousado,
pretende estabelecer uma relação de
verticalidade entre veis de ensino,
técnico integrado,
graduação, e manter
o tripé fundamental de e
nsino-
exteno em todos estes
níveis. Em tese, os cursos de ensino
técnico integrado dialogariam
com os cursos oferecidos de
graduação e pós
-graduação,
estabelecendo um encadeamento de
PIMENTEL,
Alexandre de O.; PEREIRA, Affonso C. T. Ciclos de formação: a
extensão e a formação político
pedagógica junto a povos e comunidades
tradicionais na experiência do IFRJ Nilópolis.
PragMATIZES
Latino-Americana de Estudos em Cultura,
Niterói/RJ, Ano
4
30
-
4
5
4
,
.
202
3
.
formação profissional associado aos
arranjos produtivos
e sociais locais.
Alguns IFs tiveram origem em
instituições que existiam, como
escolas técnicas, centros tecnológicos,
escolas agrícolas; outros surgiram do
zero, construindo suas diretrizes,
estabelecendo linha de atuação e
criando uma cultura a partir
momento.
O caso do IFRJ Nilópolis
merece um destaque nesse sentido,
pois, ele surge da transformação da
Escola técnica Federal de Química do
Rio de Janeiro, uma das instituições
mais antigas de ensino técnico, criada
por Getúlio Vargas em 1936, e
Nilópolis era justamente a sede, a
reitoria, tendo o campus Maracanã, na
zona norte da capital, como o outro
campus. O IFRJ, então, herda, além
dos cursos que existiam, a tradição
de ser uma escola, uma escola
técnica, uma escola técnica de
disciplinas
das ciências duras
(química). Conseguir inserir uma nova
lógica (a dos IFs: ensino politécnico,
formação cidadã, trabalho como
princípio educativo e pesquisa como
princípio pedagógico, em espaços
formais e não formais) nesse cenário
de educação voltada pa
ra o mercado
Alexandre de O.; PEREIRA, Affonso C. T. Ciclos de formação: a
pedagógica junto a povos e comunidades
PragMATIZES
- Revista
Niterói/RJ, Ano
13, n. 25, p. www.periodicos.uff.br/pragmatizes -
(Dossiê "
Imagens reflexas sobre os Encontros de Saberes n
formação profissional associado aos
e sociais locais.
Alguns IFs tiveram origem em
instituições que já existiam, como
escolas técnicas, centros tecnológicos,
escolas agrícolas; outros surgiram do
zero, construindo suas diretrizes,
estabelecendo linha de atuação e
criando uma cultura a partir
daquele
O caso do IFRJ Nilópolis
merece um destaque nesse sentido,
pois, ele surge da transformação da
Escola técnica Federal de Química do
Rio de Janeiro, uma das instituições
mais antigas de ensino técnico, criada
por Getúlio Vargas em 1936, e
Nilópolis era justamente a sede, a
reitoria, tendo o campus Maracanã, na
zona norte da capital, como o outro
campus. O IFRJ, então, herda, além
dos cursos que já existiam, a tradição
de ser uma escola, uma escola
técnica, uma escola técnica de
das ciências duras
(química). Conseguir inserir uma nova
lógica (a dos IFs: ensino politécnico,
formação cidadã, trabalho como
prinpio educativo e pesquisa como
prinpio pedagógico, em espaços
formais e não formais) nesse cenário
ra o mercado
de trabalho e impregnado de
perspectivas pragmáticas do tempo
pedagógico, em contexto de ideologia
neoliberal, não é tarefa das mais
simples. Esse breve relato deixa claro
quão periférico, institucionalmente
falando, estão não apenas os temas
que abordamos, mas o próprio lugar
da extensão dentro desta lógica. Neste
sentido, os projetos aqui abordados
imprimiram uma nova marca dentro da
instituição, de reconhecimento entre os
pares, como projetaram a instituição
no espaço regional de circulação
acadêmica e política no debate de
temas relacionados às culturas de
povos e comunidades tradicionais,
especialmente os povos indígenas.
Feitas estas considerações,
fundamentais para o leitor não
familiarizado com este ambiente
geográfico ou acadêmico, e
condicionam tanto a percepção do
público como seus efeitos sobre todo o
sistema envolvido (público participante
6
I e II Ciclo de Formação em História, Memória
e Culturas Indígenas
e Ciclo de Extensão
“Territórios e Culturas: Diálogos dos Povos e
Comunidades Tradicionais com as Periferias
Urbanas no RJ”: ver respectivamente:
https://www.youtube.co
m/playlist?list=PLOPY0
VOJMmtz7XVbqVvOmsKy75kwE
https://www.youtube.com/playlist?list=PLOPY0
VOJMmtxIpQnwrhYE4teNrpxlowV8
https://www.youtube.com/playlist?list=PLOPY0
VOJMmtz2rqPiO2XgFAsGBJ1n4jue
434
ISSN 2237-1508
Imagens reflexas sobre os Encontros de Saberes n
o ensino superior")
de trabalho e impregnado de
perspectivas pragmáticas do tempo
pedagógico, em contexto de ideologia
neoliberal, não é tarefa das mais
simples. Esse breve relato deixa claro
quão periférico, institucionalmente
falando, estão não apenas os temas
que abordamos, mas o próprio lugar
da exteno dentro desta lógica. Neste
sentido, os projetos aqui abordados
6
imprimiram uma nova marca dentro da
instituição, de reconhecimento entre os
pares, como projetaram a instituição
no espaço regional de circulação
acadêmica e política no debate de
temas relacionados às culturas de
povos e comunidades tradicionais,
especialmente os povos indígenas.
Feitas estas considerações,
fundamentais para o leitor não
familiarizado com este ambiente
geográfico ou acadêmico, e
que
condicionam tanto a percepção do
público como seus efeitos sobre todo o
sistema envolvido (público participante
I e II Ciclo de Formação em História, Memória
e Ciclo de Extensão
Territórios e Culturas: Diálogos dos Povos e
Comunidades Tradicionais com as Periferias
Urbanas no RJ: ver respectivamente:
m/playlist?list=PLOPY0
VOJMmtz7XVbqVvOmsKy75kwE
-gzJ ;
https://www.youtube.com/playlist?list=PLOPY0
VOJMmtxIpQnwrhYE4teNrpxlowV8
; e
https://www.youtube.com/playlist?list=PLOPY0
VOJMmtz2rqPiO2XgFAsGBJ1n4jue
PIMENTEL,
Alexandre de O.; PEREIRA, Affonso C. T. Ciclos de formação: a
extensão e a formação político
pedagógica junto a povos e comunidades
tradicionais na experiência do IFRJ Nilópolis.
PragMATIZES
Latino-Americana de Estudos em Cultura,
Niterói/RJ, Ano
4
30
-
4
5
4
,
.
202
3
.
dos projetos, palestrantes,
debatedores, convidados, instituição,
comunidade externa), seguiremos com
algumas reflexões acerca da
relevânci
a dessa perspectiva, bem
como dos olhares e efeitos que
somente essa configuração pode
trazer para o debate político e
acadêmico, a partir da experiência
percebida em nossos projetos.
Procuramos marcar uma
fronteira também em relação às
segmentações e individualidades
muito presentes no ambiente
acadêmico, de modo a promover uma
entrada e novos encontros de atores
externos, sob a forma de parcerias
desenvolvida do modo mais horizontal
q
uanto nos foi possível. O Ciclo de
Extensão “Territórios e Culturas:
Diálogos dos Povos e Comunidades
Tradicionais com as
Periferias
Urbanas no RJ” foi realizado
pelo NEABI/ IFRJ-
Nilópolis(Núcleo de
Estudos Afrobrasileiros e Indígenas), e
co-realizado com
o Fórum de
Comunidades
Tradicionais (FCT)
Angra-Paraty-
Ubatuba e com o
Observatório de Territórios
Sustentáveis e Saudáveis da
OTSS
parceria do Fórum com a
Fiocruz. O Ciclo teve ainda as
Alexandre de O.; PEREIRA, Affonso C. T. Ciclos de formação: a
pedagógica junto a povos e comunidades
PragMATIZES
- Revista
Niterói/RJ, Ano
13, n. 25, p. www.periodicos.uff.br/pragmatizes -
(Dossiê "
Imagens reflexas sobre os Encontros de Saberes n
dos projetos, palestrantes,
debatedores, convidados, instituição,
comunidade externa), seguiremos com
algumas reflexões acerca da
a dessa perspectiva, bem
como dos olhares e efeitos que
somente essa configuração pode
trazer para o debate político e
acadêmico, a partir da experiência
percebida em nossos projetos.
Procuramos marcar uma
fronteira também em relação às
segmentações e individualidades
muito presentes no ambiente
acadêmico, de modo a promover uma
entrada e novos encontros de atores
externos, sob a forma de parcerias
desenvolvida do modo mais horizontal
uanto nos foi posvel. O Ciclo de
Exteno Territórios e Culturas:
Diálogos dos Povos e Comunidades
Tradicionais com as
Urbanas no RJ” foi realizado
Nilópolis(Núcleo de
Estudos Afrobrasileiros e Indígenas), e
o Fórum de
Tradicionais (FCT)
Ubatuba e com o
Observatório de Territórios
Sustentáveis e Saudáveis da
Bocaina -
parceria do Fórum com a
Fiocruz. O Ciclo teve ainda as
parcerias do Movimento dos
Pequenos
Agricultores
espaço Raízes do Brasil. os I e II
Ciclo de Formação, contaram com
Consultoria do renomado professor
José Ribamar de Bessa Freire,
realização do NEABI, co
Pró-Índio
UERJ e parceria do
Armazém Memória (coordenado, à
época, pelo importan
ativista Marcelo Zelic, falecido
recentemente) e do Coletivo Pluriverso
(plataforma digital que hospeda
movimentos sociais, coletivos, cursos
populares, artistas, entre outras
ini
ciativas que visam formas
compartilhadas de produção de
conh
ecimento). Internamente, no
âmbito do IFRJ, contamos também
com a parceria preciosa de dois
laboratórios: NUCA (Núcleo de
Criação Audiovisual) e LPG
(Laboratório de Produção Gráfica),
ambos do curso de Bacharelado em
Produção Cultural do IFRJ/Campus
Nilópolis. Em
todos os casos,
contamos com o apoio financeiro seja
por parte da Direção do Campus, ou
pela Pró-
Reitoria de Extensão, por
meio de editais para fomento de
projetos de extensão.
435
ISSN 2237-1508
Imagens reflexas sobre os Encontros de Saberes n
o ensino superior")
parcerias do Movimento dos
Agricultores
- MPA e do
espaço Raízes do Brasil. os I e II
Ciclo de Formação, contaram com
Consultoria do renomado professor
Jo Ribamar de Bessa Freire,
realização do NEABI, co
-realização do
UERJ e parceria do
Armazém Memória (coordenado, à
época, pelo importan
te pesquisador e
ativista Marcelo Zelic, falecido
recentemente) e do Coletivo Pluriverso
(plataforma digital que hospeda
movimentos sociais, coletivos, cursos
populares, artistas, entre outras
ciativas que visam formas
compartilhadas de produção de
ecimento). Internamente, no
âmbito do IFRJ, contamos também
com a parceria preciosa de dois
laboratórios: NUCA (Núcleo de
Criação Audiovisual) e LPG
(Laboratório de Produção Gráfica),
ambos do curso de Bacharelado em
Produção Cultural do IFRJ/Campus
todos os casos,
contamos com o apoio financeiro seja
por parte da Direção do Campus, ou
Reitoria de Extensão, por
meio de editais para fomento de
PIMENTEL,
Alexandre de O.; PEREIRA, Affonso C. T. Ciclos de formação: a
extensão e a formação político
pedagógica junto a povos e comunidades
tradicionais na experiência do IFRJ Nilópolis.
PragMATIZES
Latino-Americana de Estudos em Cultura,
Niterói/RJ, Ano
4
30
-
4
5
4
,
.
202
3
.
Breve descrição
dos projetos.
Chamamos nossas ações de
Ciclos de Form
ação devido à intenção
de tornar este evento uma prática
regular em nosso instituto, de modo a
considerar a formação, nossa e dos
extensionistas, um trabalho
continuado, ao qual voltamos
permanentemente para atualização e
para a conformação de espaços de
l
uta política, institucional, em
diferentes níveis, que envolvem as
comunidades tradicionais, povos
indígenas e seus territórios no Brasil.
Do mesmo modo, como projetos de
extensão eles se desdobram em
pesquisa e ensino, na medida em que
as palestras e deba
disponibilizados para consulta, como
material didático e como fonte de
pesquisa. Dando continuidade a um
processo de formação que se move
em espiral: nós, mediadores; os
convidados, que também ajudam a
pensar e têm uma participação ativa
na concepç
ão do evento; o público
participante, que se repete e se renova
e aponta, em suas intervenções e nas
comunicações conosco, novas
demandas;
nós, organizadores,
pesquisadores, professores e
extensionistas que, junto com as/os
Alexandre de O.; PEREIRA, Affonso C. T. Ciclos de formação: a
pedagógica junto a povos e comunidades
PragMATIZES
- Revista
Niterói/RJ, Ano
13, n. 25, p. www.periodicos.uff.br/pragmatizes -
(Dossiê "
Imagens reflexas sobre os Encontros de Saberes n
dos projetos.
Chamamos nossas ões de
ação devido à intenção
de tornar este evento uma prática
regular em nosso instituto, de modo a
considerar a formação, nossa e dos
extensionistas, um trabalho
continuado, ao qual voltamos
permanentemente para atualização e
para a conformação de espaços de
uta política, institucional, em
diferentes níveis, que envolvem as
comunidades tradicionais, povos
indígenas e seus territórios no Brasil.
Do mesmo modo, como projetos de
exteno eles se desdobram em
pesquisa e ensino, na medida em que
as palestras e deba
tes são
disponibilizados para consulta, como
material didático e como fonte de
pesquisa. Dando continuidade a um
processo de formação que se move
em espiral: nós, mediadores; os
convidados, que também ajudam a
pensar e têm uma participação ativa
ão do evento; o público
participante, que se repete e se renova
e aponta, em suas intervenções e nas
comunicações conosco, novas
nós, organizadores,
pesquisadores, professores e
extensionistas que, junto com as/os
bolsistas, desenvolvemos leitura
pesquisas, aproximações com outras
instituições, grupos, coletivos,
comunidades; o efeito sobre a
comunidade local, e assim por diante...
Os ciclos foram pensados em
um formato de debates temáticos. Em
geral, um momento de preparação
prévia, direcio
nado aos organizadores
e bolsistas visando a formação,
atualização e concepção inicial do
projeto, com a leitura de textos
clássicos e acesso a pesquisas,
documentários, vídeosatuais sobre os
temas eleitos. Um segundo momento é
o da aproximação com os conv
quando buscamos estabelecer uma
conversa na qual se possam expor as
propostas para ajustar e sempre
revisar as ideias originais, em um
trabalho de permanente movimento e
crítica. Uma vez estabelecido o
programa é feita a divulgação, parte
fundament
al para um projeto de
extensão: contamos além de nossas
redes de contatos pessoais, com uma
importante difusão pelas redes de
ensino públicas de Nilópolis e de
municípios vizinhos da Baixada
Fluminense, como Caxias, São João
de Meriti, Mesquita e Belford R
cidades que abrigam campi do IFRJ,
436
ISSN 2237-1508
Imagens reflexas sobre os Encontros de Saberes n
o ensino superior")
bolsistas, desenvolvemos leitura
s,
pesquisas, aproximações com outras
instituições, grupos, coletivos,
comunidades; o efeito sobre a
comunidade local, e assim por diante...
Os ciclos foram pensados em
um formato de debates temáticos. Em
geral, há um momento de preparação
nado aos organizadores
e bolsistas visando a formação,
atualização e concepção inicial do
projeto, com a leitura de textos
clássicos e acesso a pesquisas,
documentários, vídeosatuais sobre os
temas eleitos. Um segundo momento é
o da aproximação com os conv
idados,
quando buscamos estabelecer uma
conversa na qual se possam expor as
propostas para ajustar e sempre
revisar as ideias originais, em um
trabalho de permanente movimento e
crítica. Uma vez estabelecido o
programa é feita a divulgação, parte
al para um projeto de
exteno: contamos além de nossas
redes de contatos pessoais, com uma
importante difusão pelas redes de
ensino públicas de Nilópolis e de
munipios vizinhos da Baixada
Fluminense, como Caxias, São João
de Meriti, Mesquita e Belford R
oxo,
cidades que abrigam campi do IFRJ,
PIMENTEL,
Alexandre de O.; PEREIRA, Affonso C. T. Ciclos de formação: a
extensão e a formação político
pedagógica junto a povos e comunidades
tradicionais na experiência do IFRJ Nilópolis.
PragMATIZES
Latino-Americana de Estudos em Cultura,
Niterói/RJ, Ano
4
30
-
4
5
4
,
.
202
3
.
além de Faculdades e Universidades
que possuem campi na Baixada
Fluminense, como a Universidade
Federal Rural do Rio de Janeiro
(UFRRJ) e a Universidade Estadual do
Rio de Janeiro (UERJ).Outro elemento
fundamental é
o contato com o público
inscrito, de modo a disponibilizarmos,
através de canais previamente
estabelecidos, materiais de referência
fornecidos pelos convidados e
complementados por nossa equipe
como meio de introdução aos debates.
Os encontros podem ser
e
ntendidos, então, como culminância
de uma preparação coletiva: dos
convidados, que dispuseram materiais
diversos sobre o tema em tela, do
público que tem acesso a esses
materiais previamente e acesso a todo
o material produzido pelos ciclos e
demais pro
jetos anteriores. Concebido
como um momento de troca horizontal
e de contato direto entre o público
interessado e os debatedores:
indígenas, ribeirinhos, quilombolas,
educadores populares, produtores
rurais, caiçaras, artistas, escritores,
produtores cultu
rais, ativistas políticos,
comunicadores comunitários, que
trocam e expõem suas experiências
entre si e/ou com algum representante
Alexandre de O.; PEREIRA, Affonso C. T. Ciclos de formação: a
pedagógica junto a povos e comunidades
PragMATIZES
- Revista
Niterói/RJ, Ano
13, n. 25, p. www.periodicos.uff.br/pragmatizes -
(Dossiê "
Imagens reflexas sobre os Encontros de Saberes n
além de Faculdades e Universidades
que possuem campi na Baixada
Fluminense, como a Universidade
Federal Rural do Rio de Janeiro
(UFRRJ) e a Universidade Estadual do
Rio de Janeiro (UERJ).Outro elemento
o contato com o público
inscrito, de modo a disponibilizarmos,
através de canais previamente
estabelecidos, materiais de referência
fornecidos pelos convidados e
complementados por nossa equipe
como meio de introdução aos debates.
Os encontros podem ser
ntendidos, então, como culminância
de uma preparação coletiva: dos
convidados, que dispuseram materiais
diversos sobre o tema em tela, do
público que tem acesso a esses
materiais previamente e acesso a todo
o material já produzido pelos ciclos e
jetos anteriores. Concebido
como um momento de troca horizontal
e de contato direto entre o público
interessado e os debatedores:
indígenas, ribeirinhos, quilombolas,
educadores populares, produtores
rurais, caiçaras, artistas, escritores,
rais, ativistas políticos,
comunicadores comunitários, que
trocam e expõem suas experiências
entre si e/ou com algum representante
da academia ou da esfera pública que
serve de mediador e debatedor.
Abaixo apresentamos um
quadro com os convidados e
convid
adas que tivemos nesses três
anos de Ciclo:
I Ciclo de Formação em História,
Memória e Culturas Indígenas
(agosto de 2018 a junho de 2019)
Convidados(as):
José de Ribamar Bessa Freire
(UERJ/UNIRIO
Alberto Álvares (cineasta
indígena guarani e
guarani)
Aline Rochedo Pachamama
(editora e escritora indígena
puri)
Anapuaka Tupinambá (Rádio
Yandê -
web rádio indígena)
Júlio Garcia e Ivanildes Kerexu
Pereira da Silva (lideranças
guarani, integrantes do Fórum
de Comunidades Tradicionais
Angra dos Reis / Paraty /
Ubatuba)
Domingos Nobre (professor
UFF/IEAR -
Angra dos Reis/RJ)
Algemiro Silva Karai Mirim
(professor da Escola Guarani
437
ISSN 2237-1508
Imagens reflexas sobre os Encontros de Saberes n
o ensino superior")
da academia ou da esfera pública que
serve de mediador e debatedor.
Abaixo apresentamos um
quadro com os convidados e
adas que tivemos nesses três
I Ciclo de Formação em História,
Memória e Culturas Indígenas
(agosto de 2018 a junho de 2019)
Jo de Ribamar Bessa Freire
(UERJ/UNIRIO
– Pro-Índio)
Alberto Álvares (cineasta
indígena guarani e
professor de
Aline Rochedo Pachamama
(editora e escritora indígena
Anapuaka Tupinambá (Rádio
web rádio indígena)
lio Garcia e Ivanildes Kerexu
Pereira da Silva (lideranças
guarani, integrantes do Fórum
de Comunidades Tradicionais
Angra dos Reis / Paraty /
Domingos Nobre (professor
Angra dos Reis/RJ)
Algemiro Silva Karai Mirim
(professor da Escola Guarani
-
PIMENTEL,
Alexandre de O.; PEREIRA, Affonso C. T. Ciclos de formação: a
extensão e a formação político
pedagógica junto a povos e comunidades
tradicionais na experiência do IFRJ Nilópolis.
PragMATIZES
Latino-Americana de Estudos em Cultura,
Niterói/RJ, Ano
4
30
-
4
5
4
,
.
202
3
.
Aldeia Sapukai, Angra dos Reis/
RJ)
Sandra Benites (pesquisadora
da UFMG/FAE e doutoranda no
Museu Nacional
UFRJ)
Emílio Nolasco (professor UFF
/Encontro de Saberes da/na
UFF)
Jonas Sansão
(liderança da
etnia Gavião e mestrando no
Museu Nacional-
UFRJ)
Emerson Guerra
(professor e
pesquisador IM-
UFRRJ)
Antonio Carlos de Souza Lima
(professor e pesquisador
PPGAS/Museu Nacional
Renata Curcio Valente (Museu
do Índio/FUNAI)
Cristiane Julião Pankararu
(Doutoranda PPGAS/Museu
Nacional-UFRJ
Regina Celestino
(professora e
pesquisadora Programa de Pós
graduação em História da UFF)
Ondemar Dias
(Instituto de
Ar
queologia Brasileira
Nielson Bezerra (professor e
pesquisador UERJ
-
Caxias / Museu Vivo do São
Bento)
Alexandre de O.; PEREIRA, Affonso C. T. Ciclos de formação: a
pedagógica junto a povos e comunidades
PragMATIZES
- Revista
Niterói/RJ, Ano
13, n. 25, p. www.periodicos.uff.br/pragmatizes -
(Dossiê "
Imagens reflexas sobre os Encontros de Saberes n
Aldeia Sapukai, Angra dos Reis/
Sandra Benites (pesquisadora
da UFMG/FAE e doutoranda no
UFRJ)
Emílio Nolasco (professor UFF
/Encontro de Saberes da/na
(liderança da
etnia Gavião e mestrando no
UFRJ)
(professor e
UFRRJ)
Antonio Carlos de Souza Lima
(professor e pesquisador
PPGAS/Museu Nacional
-UFRJ)
Renata Curcio Valente (Museu
Cristiane Julião Pankararu
(Doutoranda PPGAS/Museu
(professora e
pesquisadora Programa de Pós
-
graduação em História da UFF)
(Instituto de
queologia Brasileira
– IAB)
Nielson Bezerra (professor e
-
FFP D. de
Caxias / Museu Vivo do São
II Ciclo de Formação em História,
Memória e Culturas Indígenas
(julho de 2019)
Convidados(as):
Ailton Krenak (pensador e
ativista)
José
Bessa (professor e
pesquisador UERJ / Pró
Vincent Carelli (Produtor,
cineasta e criador do projeto
Vídeo nas Aldeias)
Patrícia Ferreira Pará Yxapy
(cineastaguarani)
Júnia Torres (criadora e
coordenadora do festival
forumdoc.bh)
Keyla Pataxó (advogad
Marcelo Zelic (Centro de
Referência Virtual Indígena do
Armazém Memória)
Sandra Benites (Curadora
adjunta -
MASP
Denilson Baniwa (Artista visual /
Curador)
Ana Kariri (Professora e arte
educadora)
438
ISSN 2237-1508
Imagens reflexas sobre os Encontros de Saberes n
o ensino superior")
II Ciclo de Formação em História,
Memória e Culturas Indígenas
Ailton Krenak (pensador e
Bessa (professor e
pesquisador UERJ / P
-Índio)
Vincent Carelli (Produtor,
cineasta e criador do projeto
Vídeo nas Aldeias)
Patrícia Ferreira Pará Yxapy
(cineastaguarani)
nia Torres (criadora e
coordenadora do festival
Keyla Pata (advogad
a)
Marcelo Zelic (Centro de
Referência Virtual Indígena do
Armazém Memória)
Sandra Benites (Curadora
MASP
)
Denilson Baniwa (Artista visual /
Ana Kariri (Professora e arte
-
PIMENTEL,
Alexandre de O.; PEREIRA, Affonso C. T. Ciclos de formação: a
extensão e a formação político
pedagógica junto a povos e comunidades
tradicionais na experiência do IFRJ Nilópolis.
PragMATIZES
Latino-Americana de Estudos em Cultura,
Niterói/RJ, Ano
4
30
-
4
5
4
,
.
202
3
.
Ciclo de Extensão Territórios e
Culturas: Diálogos dos Povos e
Comunidades Tradicionais com as
Periferias Urbanas no RJ
(setembro a novembro de 2020)
Convidados(as):
Vagner do Nascimento
(Coordenador do Fórum de
Comunidades Tradicionais
Angra-Paraty-
Ubatuba/FCT e
coordenador geral do
Observatório dos Territórios
Sustentáveis e Saudáveis da
Bocaina/OTSS)
Santiago Bernardes, Ana
Carolina Barbosa, Luisa Vilas
Boas e Júlio Garcia (FCT/OTSS)
Beto Palmeira (Espaço Raízes
do Brasil e Coordenação
Nacional do MPA -
de Pequenos Agricultores)
Fransérgio Goulart (Iniciativa
Direito à Memória e Justiça
Racial – IDMJR)
Fabiana Ramos (Coletivo de
Educação Diferenciada
FCT/OTSS)
Jadson dos Santos (Coletivo de
Educação Diferenciada
FCT/OTSS)
Dudu de Morro Agudo
(RapLab/Instituto Enraizados)
Alexandre de O.; PEREIRA, Affonso C. T. Ciclos de formação: a
pedagógica junto a povos e comunidades
PragMATIZES
- Revista
Niterói/RJ, Ano
13, n. 25, p. www.periodicos.uff.br/pragmatizes -
(Dossiê "
Imagens reflexas sobre os Encontros de Saberes n
Ciclo de Extensão Territórios e
Culturas: Diálogos dos Povos e
Comunidades Tradicionais com as
(setembro a novembro de 2020)
Vagner do Nascimento
(Coordenador do Fórum de
Comunidades Tradicionais
Ubatuba/FCT e
coordenador geral do
Observatório dos Territórios
Sustentáveis e Saudáveis da
Santiago Bernardes, Ana
Carolina Barbosa, Luisa Vilas
Boas e lio Garcia (FCT/OTSS)
Beto Palmeira (Espaço Raízes
do Brasil e Coordenação
-
Movimento
de Pequenos Agricultores)
Franrgio Goulart (Iniciativa
Direito à Memória e Justiça
Fabiana Ramos (Coletivo de
Educação Diferenciada
-
Jadson dos Santos (Coletivo de
Educação Diferenciada
-
Dudu de Morro Agudo
(RapLab/Instituto Enraizados)
Daniele Elias (Rede
Nhandereko -
FCT/OTSS)
Cosme Felippsen (Rolé dos
Favelados/Morro da
Providência)
Adriana Lima (Fórum dos Povos
e Comunidades Tradicionais do
Vale do Ribeira
A lista sistematizada apresenta,
como se pode ver, uma diversidade
geográfica, etária, de gênero e de área
de atuação, que possibilita oferecer ao
público um quadro bastante complexo
acerca de diferentes aspectos de
questões e presenças das
comunidades tra
dicionais e povos
indígenas.
Se, por um lado, havia a
preocupação em criar um espaço de
debate dos principais problemas
enfrentados atualmente e de
denúncias, por outro, igualmente
esteve presente a proposta de se criar
espaços de realização de suas
prese
nças, isto é, daquilo que é
produzido
seja na arte, cinema,
literatura, turismo, agricultura,
pensamento...
formas de existência, de resistência e
de continuação da vida comunitária. O
439
ISSN 2237-1508
Imagens reflexas sobre os Encontros de Saberes n
o ensino superior")
Daniele Elias (Rede
FCT/OTSS)
Cosme Felippsen (Rolé dos
Favelados/Morro da
Adriana Lima (Fórum dos Povos
e Comunidades Tradicionais do
Vale do Ribeira
– SP)
A lista sistematizada apresenta,
como se pode ver, uma diversidade
geográfica, etária, de gênero e de área
de atuação, que possibilita oferecer ao
público um quadro bastante complexo
acerca de diferentes aspectos de
questões e presenças das
dicionais e povos
Se, por um lado, havia a
preocupação em criar um espaço de
debate dos principais problemas
enfrentados atualmente e de
denúncias, por outro, igualmente
esteve presente a proposta de se criar
espaços de realização de suas
nças, isto é, daquilo que é
seja na arte, cinema,
literatura, turismo, agricultura,
como múltiplas
formas de existência, de resistência e
de continuação da vida comunitária. O
PIMENTEL,
Alexandre de O.; PEREIRA, Affonso C. T. Ciclos de formação: a
extensão e a formação político
pedagógica junto a povos e comunidades
tradicionais na experiência do IFRJ Nilópolis.
PragMATIZES
Latino-Americana de Estudos em Cultura,
Niterói/RJ, Ano
4
30
-
4
5
4
,
.
202
3
.
público, em grande parte não
especialista no tema, p
ôde contar com
uma programação de altíssima
qualidade, com pessoas que atuam na
linha de frente em seus campos e
representam o que de mais
contemporâneo e progressista em
termos políticos, estéticos e
pedagógicos. Foi possível captarmos
essa reação e re
sposta dos
extensionistas na medida em que a
cada encontro, e também ao fim do
projeto, dispúnhamos uma ficha de
avaliação, e as respostas foram as
mais animadoras. Muitos professores
e estudantes mencionaram o impacto
que ocorreu em suas vidas profissiona
a partir dos Ciclos, reorientando ou
reafirmando suas pesquisas e
trabalhos7.
7
Em síntese, já que para cada projeto havia
propostas particulares, podemos afirmar que
entre 40 a 50 por cento do público era
compost
o por estudantes, entre 20 e 30 %, por
professores, universitários e escolares, e entre
10 a 20%, por pessoas ligadas a movimentos
sociais, interessados em geral, funcionários da
administração pública e pesquisadores. Os
eventos realizados de forma remota,
consequência da pandemia, permitiram
ampliar o alcance do público –
e dos
convidados. Se no evento presencial de 2018
19, a maioria, cerca de 80%, dos inscritos
eram da Baixada Fluminense, nos eventos
remotos o público residente na capital
fluminense
chegava a 50%. Qualitativamente,
procuramos captar a satisfação do público em
relação à expectativa do tema, do debate, da
interação dos convidados com o público, ao
material disponibilizado previamente para
Alexandre de O.; PEREIRA, Affonso C. T. Ciclos de formação: a
pedagógica junto a povos e comunidades
PragMATIZES
- Revista
Niterói/RJ, Ano
13, n. 25, p. www.periodicos.uff.br/pragmatizes -
(Dossiê "
Imagens reflexas sobre os Encontros de Saberes n
público, em grande parte não
ôde contar com
uma programação de altíssima
qualidade, com pessoas que atuam na
linha de frente em seus campos e
representam o que há de mais
contemporâneo e progressista em
termos políticos, estéticos e
pedagógicos. Foi posvel captarmos
sposta dos
extensionistas na medida em que a
cada encontro, e também ao fim do
projeto, dispúnhamos uma ficha de
avaliação, e as respostas foram as
mais animadoras. Muitos professores
e estudantes mencionaram o impacto
que ocorreu em suas vidas profissiona
l
a partir dos Ciclos, reorientando ou
reafirmando suas pesquisas e
Em ntese, já que para cada projeto havia
propostas particulares, podemos afirmar que
entre 40 a 50 por cento do público era
o por estudantes, entre 20 e 30 %, por
professores, universitários e escolares, e entre
10 a 20%, por pessoas ligadas a movimentos
sociais, interessados em geral, funcionários da
administração pública e pesquisadores. Os
eventos realizados de forma remota,
por
consequência da pandemia, permitiram
e dos
convidados. Se no evento presencial de 2018
-
19, a maioria, cerca de 80%, dos inscritos
eram da Baixada Fluminense, nos eventos
remotos o público residente na capital
chegava a 50%. Qualitativamente,
procuramos captar a satisfação do público em
relação à expectativa do tema, do debate, da
interação dos convidados com o público, ao
material disponibilizado previamente para
Os resultados desses encontros
foram todos registrados, tanto os que
foram realizados ‘ao vivo
encontros remotos, devido à
pandemia.
O fato de os encontros
terem
que ser feitos de forma remota,
como sabemos, trouxeram diversos
aspectos negativos do ponto de vista
acadêmico, porém, isso possibilitou
que se ampliasse a abrangência
geográfica de nossos convidados,
muitos residentes em outros estados
ou municípios mai
s distantes, em vista
das restrições financeiras do
financiamento. Sobretudo,
considerando também
vivem em regiões de difícil
acesso.Deste modo, conseguimos
produzir um acervo notável de
debates, palestras, conversas que
permitirão a todos os in
debate, de modo a aproximar o público do
projeto
e poder mensurar acertos e ajustes.
Após cada mesa de debate, percebíamos a
busca do público por estender as conversas,
trocar informações entre si e conversar com os
convidados em busca de referências sobre
suas pesquisas. Não foram poucas as
pessoas que
reiteradamente fizeram parte dos
diferentes projetos, bem como as mensagens
que recebemos sobre a influência em suas
pesquisas.
8
Devido ao restrito financiamento que
tivemos, as gravações ao vivo não estão com
qualidade de áudio conforme gostaríamos.
440
ISSN 2237-1508
Imagens reflexas sobre os Encontros de Saberes n
o ensino superior")
Os resultados desses encontros
foram todos registrados, tanto os que
foram realizados ao vivo’
8, quanto os
encontros remotos, devido à
O fato de os encontros
que ser feitos de forma remota,
como sabemos, trouxeram diversos
aspectos negativos do ponto de vista
acadêmico, porém, isso possibilitou
que se ampliasse a abrangência
geográfica de nossos convidados,
muitos residentes em outros estados
s distantes, em vista
das restrições financeiras do
financiamento. Sobretudo,
considerando também
que muitos
vivem em regiões de difícil
acesso.Deste modo, conseguimos
produzir um acervo notável de
debates, palestras, conversas que
permitirão a todos os in
teressados e
debate, de modo a aproximar o público do
e poder mensurar acertos e ajustes.
Após cada mesa de debate, percebíamos a
busca do público por estender as conversas,
trocar informações entre si e conversar com os
convidados em busca de referências sobre
suas pesquisas. Não foram poucas as
reiteradamente fizeram parte dos
diferentes projetos, bem como as mensagens
que recebemos sobre a influência em suas
Devido ao restrito financiamento que
tivemos, as gravações ao vivo não estão com
qualidade de áudio conforme gostaríamos.
PIMENTEL,
Alexandre de O.; PEREIRA, Affonso C. T. Ciclos de formação: a
extensão e a formação político
pedagógica junto a povos e comunidades
tradicionais na experiência do IFRJ Nilópolis.
PragMATIZES
Latino-Americana de Estudos em Cultura,
Niterói/RJ, Ano
4
30
-
4
5
4
,
.
202
3
.
interessadas nestes temas
se aprofundar nas diferentes frentes.
Aspectos teóricos e metodológicos
norteadores.
A concepção e o
desenvolvimento dos projetos partiam
de alguns posicionamentos teóricos e
metodológicos que serviam de
condutor, sempre em diálogo, contudo,
com os demais
participantes.Queríamos com isso
deixar clara a importância de abrir
espaços institucionais acadêmicos
para serem ocupados pelos próprios
sujeitos que iriam apresentar a
temática proposta. Com isso,
a
creditamos incentivar a
desobjetivação destes povos e
indivíduos e o olhar não
-
parte do público leigo; abrir espaço de
fala possibilita encarar esses
indivíduos como agentes no presente
de sua história e de suas lutas, dando
uma dimensão de con
temporaneidade
ao tema; por fim, a experiência do
encontro e do debate livre, aberto e
direto favorece à produção do
estranhamento, do desconforto
intelectual, a partir do afetamento do
público com suas presenças que, na
maior parte das vezes
e isso fica
Alexandre de O.; PEREIRA, Affonso C. T. Ciclos de formação: a
pedagógica junto a povos e comunidades
PragMATIZES
- Revista
Niterói/RJ, Ano
13, n. 25, p. www.periodicos.uff.br/pragmatizes -
(Dossiê "
Imagens reflexas sobre os Encontros de Saberes n
interessadas nestes temas
conhecer e
se aprofundar nas diferentes frentes.
Aspectos teóricos e metodológicos
A concepção e o
desenvolvimento dos projetos partiam
de alguns posicionamentos teóricos e
metodológicos que serviam de
fio
condutor, sempre em diálogo, contudo,
com os demais
participantes.Queríamos com isso
deixar clara a importância de abrir
espaços institucionais acadêmicos
para serem ocupados pelos próprios
sujeitos que iriam apresentar a
temática proposta. Com isso,
creditamos incentivar a
desobjetivação destes povos e
-
exótico por
parte do público leigo; abrir espaço de
fala possibilita encarar esses
indivíduos como agentes no presente
de sua história e de suas lutas, dando
temporaneidade
ao tema; por fim, a experiência do
encontro e do debate livre, aberto e
direto favorece à produção do
estranhamento, do desconforto
intelectual, a partir do afetamento do
público com suas presenças que, na
e isso fica
va
claro nos depoimentos, perguntas e no
levantamento
, jamais havia tido
contato com indígenas, quilombolas,
pequenos produtores...E mesmo
quando havia tido algum contato
prévio com essas temáticas, na maior
parte das vezes isso se deu atras
da mediaç
ão estranha, exotérica, na
academia. Ou pior, nas páginas de
jornais, em programas de TV.
Por uma preocupação ao
mesmo tempo política e pedagógica,
buscamos recusar a prática do
consumo acadêmico (i.e., o convite a
personalidades de fora do mundo da
academ
ia, notadamente de setores
das camadas populares, ou ligados a
determinada manifestação da cultura
popular ou tradicional, para absorver
certo conhecimento, servir de objeto
de observação e curiosidade ou ainda
prestigiar determinado grupo na
academia), pa
rte do jogo de
“espetacularização” e canibalização,
apontado por José Jorge de Carvalho
(CARVALHO, 2010). Daí nossa
permanente preocupação em construir
o projeto junto
com os convidados, e
procurar estabelecer parcerias que se
desenrolassem em outros eve
vínculos que fossem expressão do
interesse daqueles sujeitos e
441
ISSN 2237-1508
Imagens reflexas sobre os Encontros de Saberes n
o ensino superior")
claro nos depoimentos, perguntas e no
, jamais havia tido
contato com indígenas, quilombolas,
pequenos produtores...E mesmo
quando havia tido algum contato
prévio com essas temáticas, na maior
parte das vezes isso se deu através
ão estranha, exotérica, na
academia. Ou pior, nas páginas de
jornais, em programas de TV.
Por uma preocupação ao
mesmo tempo política e pedagógica,
buscamos recusar a prática do
consumo acadêmico (i.e., o convite a
personalidades de fora do mundo da
ia, notadamente de setores
das camadas populares, ou ligados a
determinada manifestação da cultura
popular ou tradicional, para absorver
certo conhecimento, servir de objeto
de observação e curiosidade ou ainda
prestigiar determinado grupo na
rte do jogo de
espetacularização e “canibalização”,
apontado por José Jorge de Carvalho
(CARVALHO, 2010). Daí nossa
permanente preocupação em construir
com os convidados, e
procurar estabelecer parcerias que se
desenrolassem em outros eve
ntos ou
nculos que fossem expressão do
interesse daqueles sujeitos e
PIMENTEL,
Alexandre de O.; PEREIRA, Affonso C. T. Ciclos de formação: a
extensão e a formação político
pedagógica junto a povos e comunidades
tradicionais na experiência do IFRJ Nilópolis.
PragMATIZES
Latino-Americana de Estudos em Cultura,
Niterói/RJ, Ano
4
30
-
4
5
4
,
.
202
3
.
comunidades.Em consonância com as
preocupações expressas por Paul
Little na construção do Relatório
decorrente do “Mapeamento
Conceitual e Bibliográfico das
Comunidades Tradicionais do
“os representantes das
comunidades
tradicionais colocaram suas próprias
perspectivas sobre o
conceito, as
quais foram incorporadas neste
relatório” (LITTLE, 2006), em nosso
caso, nos projetos desenvolvidos.
Entendíamos que
trabalhávamos, ao mesmo
um processo de construção e de
desconstrução ao selecionar os temas,
os convidados e ao propor uma
determinada linha, sem com isso impor
aos convidados limites ou acordos
prévios em relação às suas vozes.
Ainda que não seja o objetivo aqui
fazer
uma história da relação dos
povos indígenas e das comunidades
tradicionais no Brasil, é importante ter
claro esse recorte temporal, no sentido
de compreender, ainda que
sucintamente, elementos que foram
produzindo essa subjugação na
narrativa e o apagament
memória.
Se é verdade, como afirma
Alfredo Wagner de Almeida em obra
Alexandre de O.; PEREIRA, Affonso C. T. Ciclos de formação: a
pedagógica junto a povos e comunidades
PragMATIZES
- Revista
Niterói/RJ, Ano
13, n. 25, p. www.periodicos.uff.br/pragmatizes -
(Dossiê "
Imagens reflexas sobre os Encontros de Saberes n
comunidades.Em consonância com as
preocupações expressas por Paul
Little na construção do Relatório
decorrente do Mapeamento
Conceitual e Bibliográfico das
Comunidades Tradicionais do
Brasil”,
comunidades
tradicionais colocaram suas próprias
conceito, as
quais foram incorporadas neste
relatório (LITTLE, 2006), em nosso
caso, nos projetos desenvolvidos.
Entendíamos que
trabalhávamos, ao mesmo
tempo, em
um processo de construção e de
desconstrução ao selecionar os temas,
os convidados e ao propor uma
determinada linha, sem com isso impor
aos convidados limites ou acordos
prévios em relação às suas vozes.
Ainda que não seja o objetivo aqui
uma história da relação dos
povos indígenas e das comunidades
tradicionais no Brasil, é importante ter
claro esse recorte temporal, no sentido
de compreender, ainda que
sucintamente, elementos que foram
produzindo essa subjugação na
narrativa e o apagament
o de sua
Se é verdade, como afirma
Alfredo Wagner de Almeida em obra
fundamental para o campo, que o
reconhecimento jurídico
povos e comunidades
reivindicado por diferentes movimentos
sociais e afirmado no texto
constitucional de
outubro de 1988,
conheceu um incremento neste início
do século XXI”
(SHIRAISHI, 2007)
verdade também que o
reconhecimento social e político está
longe de ser um assunto pacificado
entre nós.
O governo Bolsonaro (2019
2022) deixou à mostra,
em carne viva para quem quisesse
ver,toda a sorte de violências, abusos,
roubos, assassinatos, desprezo,
patrocinados explicitamente pelo
governo e seus representantes (civis e
militares), o
que as comunidades
tradicionais e povos indígenas vê
sofrendo séculos
que desde a Constituição de 1988,
como mencionado, os movimentos
sociais vêm conquistando espaço
jurídico, político e simbólico, com
avanços e retrocessos. Este último
período representou uma imensa
9 A
tragédia dos Yanomamis exposta no início
desse ano de 2023 talvez seja uma síntese
cruel do que ocorre em diferentes níveis em
todo o país.
442
ISSN 2237-1508
Imagens reflexas sobre os Encontros de Saberes n
o ensino superior")
fundamental para o campo, que “o
reconhecimento jurídico
-formal dos
povos e comunidades
tradicionais,
reivindicado por diferentes movimentos
sociais e afirmado no texto
outubro de 1988,
conheceu um incremento neste início
(SHIRAISHI, 2007)
, é
verdade também que o
reconhecimento social e político está
longe de ser um assunto pacificado
O governo Bolsonaro (2019
-
2022) deixou à mostra,
verbalizado,
em carne viva para quem quisesse
ver,toda a sorte de violências, abusos,
roubos, assassinatos, desprezo,
patrocinados explicitamente pelo
governo e seus representantes (civis e
que as comunidades
tradicionais e povos indígenas
m
sofrendo há culos
9. A diferença é
que desde a Constituição de 1988,
como mencionado, os movimentos
sociais vêm conquistando espaço
jurídico, político e simbólico, com
avanços e retrocessos. Este último
período representou uma imensa
tragédia dos Yanomamis exposta no início
desse ano de 2023 talvez seja uma síntese
cruel do que ocorre em diferentes níveis em
PIMENTEL,
Alexandre de O.; PEREIRA, Affonso C. T. Ciclos de formação: a
extensão e a formação político
pedagógica junto a povos e comunidades
tradicionais na experiência do IFRJ Nilópolis.
PragMATIZES
Latino-Americana de Estudos em Cultura,
Niterói/RJ, Ano
4
30
-
4
5
4
,
.
202
3
.
marcha a , dada a
sistematicidade
com que, materialmente, essas
populações foram atacadas seja em
terras, verbas, vidas ou leis.
O próprio uso da categoria
povos e comunidades tradicionais
aponta para essa tentativa de
reconhecimento em geral na
sociedade brasileira, pela
marca de identidade entre povos que,
por distintos pertencimentos
geográficos, tradições, origens,
mantêm em comum modos de vida
ligados às formas de uso e ocupação
do território. Entendidos como
unidades de mobilização
, esses povos
e comunidad
es tradicionais vêm
conquistando espaço no debate
público através dos movimentos
sociais urbanos e rurais, que
incorporam suas demandas;
academia, que amplia não apenas a
pesquisa o ensino e a exteno no
sentido desses grupos sociais, mas
efetivamente
passam a ser ocupadas
por seus membros; e da opinião
pública, que se manifesta na imprensa,
nas redes sociais e personalidades
que mediam e externalizam a
existência e relevância destas
comunidades e sujeitos.
Alexandre de O.; PEREIRA, Affonso C. T. Ciclos de formação: a
pedagógica junto a povos e comunidades
PragMATIZES
- Revista
Niterói/RJ, Ano
13, n. 25, p. www.periodicos.uff.br/pragmatizes -
(Dossiê "
Imagens reflexas sobre os Encontros de Saberes n
sistematicidade
com que, materialmente, essas
populações foram atacadas seja em
terras, verbas, vidas ou leis.
O próprio uso da categoria
povos e comunidades tradicionais
aponta para essa tentativa de
reconhecimento em geral na
via de uma
marca de identidade entre povos que,
por distintos pertencimentos
geográficos, tradições, origens,
mantêm em comum modos de vida
ligados às formas de uso e ocupação
do território. Entendidos como
, esses povos
es tradicionais vêm
conquistando espaço no debate
público através dos movimentos
sociais urbanos e rurais, que
incorporam suas demandas;
da
academia, que amplia não apenas a
pesquisa o ensino e a extensão no
sentido desses grupos sociais, mas
passam a ser ocupadas
por seus membros; e da opinião
pública, que se manifesta na imprensa,
nas redes sociais e personalidades
que mediam e externalizam a
existência e relevância destas
Ao mesmo tempo, outro
elemento que convém des
uma disparidade de visibilidade,
organização, organicidade,
reconhecimento entre essas
comunidades tradicionais, povos
indígenas, quilombolas, de modo que,
por um lado, grupos mais solidificados
temem perder sua identidade ao se
diluir em co
nceitos e nomenclaturas
amplas demais,
Por outro lado, as
comunidades tradicionais
agro-
extrativistas e ribeirinhas
que,em relação aos povos
indígenas ou aos quilombolas,
têm processos organizativos e
identitários relativamente
fracos e não contam com
re
conhecimento formal do
Estado
enquanto grupos
diferenciados, têm para
ganhar com a incluo na
nova categoria
decomunidades tradicionais
(LITTLE, 2006, p.
Deste modo, constatamos a
atualidade da interseção entre povos e
comunidades tradicionais
incluímos, da periferia
pertencentes a um modo específico de
lidar com o território: tradicionalmente
ocupado, trabalhado, gerido, pensado,
vivido.Isto é, sem a menor preteno
de interferir na classificação
estabelecida publicamente e através
443
ISSN 2237-1508
Imagens reflexas sobre os Encontros de Saberes n
o ensino superior")
Ao mesmo tempo, outro
elemento que conm des
tacar é que
há uma disparidade de visibilidade,
organização, organicidade,
reconhecimento entre essas
comunidades tradicionais, povos
indígenas, quilombolas, de modo que,
por um lado, grupos mais solidificados
temem perder sua identidade ao se
nceitos e nomenclaturas
Por outro lado, as
comunidades tradicionais
extrativistas e ribeirinhas
que,em relação aos povos
indígenas ou aos quilombolas,
têm processos organizativos e
identitários relativamente
fracos e não contam com
conhecimento formal do
enquanto grupos
diferenciados, têm para
ganhar com a inclusão na
nova categoria
decomunidades tradicionais
(LITTLE, 2006, p.
7-8)
Deste modo, constatamos a
atualidade da interseção entre povos e
comunidades tradicionais
e,
incluímos, da periferia
como
pertencentes a um modo específico de
lidar com o território: tradicionalmente
ocupado, trabalhado, gerido, pensado,
vivido.Isto é, sem a menor pretensão
de interferir na classificação
estabelecida publicamente e através
PIMENTEL,
Alexandre de O.; PEREIRA, Affonso C. T. Ciclos de formação: a
extensão e a formação político
pedagógica junto a povos e comunidades
tradicionais na experiência do IFRJ Nilópolis.
PragMATIZES
Latino-Americana de Estudos em Cultura,
Niterói/RJ, Ano
4
30
-
4
5
4
,
.
202
3
.
de longos debates, conforme apontado
no Relatório, Pudemos, assim, trazer
para dentro do espaço da academia
essa tensão que reverberava entre
os próprios elaboradores originais dos
documentos norteadores de políticas
públicas, ou seja, entre as próprias
comunidades e povos tradicionais.
Ressalte-
se o entrosamento das
propostas das discussões, uma vez
mais, previamente conversadas e
concebidas com os próprios
representantes, homens e mulheres,
que participaram da concepção dos
projetos, com a dinâmica nac
organização política destas
comunidades
A importância da questão
conceitual e da nomenclatura se
apresenta na instituição do Decreto
de 27 de dezembro de 2004 da
Presidência da República, que cria a
Comissão Nacional de
Desenvolvimento Sustentá
Comunidades
Tradicionais, cujas
tarefas prioritárias consistiam na
“definição de quem o as
comunidades tradicionais” e
“determinar os melhores
mecanismos
para garantir o desenvolvimento
sustentável dessas comunidades
(LITTLE, 2006).
Alexandre de O.; PEREIRA, Affonso C. T. Ciclos de formação: a
pedagógica junto a povos e comunidades
PragMATIZES
- Revista
Niterói/RJ, Ano
13, n. 25, p. www.periodicos.uff.br/pragmatizes -
(Dossiê "
Imagens reflexas sobre os Encontros de Saberes n
de longos debates, conforme apontado
no Relatório, Pudemos, assim, trazer
para dentro do espaço da academia
essa teno que já reverberava entre
os próprios elaboradores originais dos
documentos norteadores de políticas
públicas, ou seja, entre as próprias
comunidades e povos tradicionais.
se o entrosamento das
propostas das discuses, uma vez
mais, previamente conversadas e
concebidas com os próprios
representantes, homens e mulheres,
que participaram da concepção dos
projetos, com a dinâmica nac
ional da
organização política destas
A importância da questão
conceitual e da nomenclatura se
apresenta já na instituição do Decreto
de 27 de dezembro de 2004 da
Presidência da República, que cria a
Comissão Nacional de
Desenvolvimento Sustentá
vel das
Tradicionais, cujas
tarefas prioritárias consistiam na
definição de quem são as
comunidades tradicionais” e
mecanismos
para garantir o desenvolvimento
sustentável dessas comunidades”
Posicionados
no interior deste
debate, sabemos que a resistência
histórica
se intensifica na mesma
medida em que conquistas avançam.
Através de
uma muito bem
sedimentada tradição de narrativas e
símbolos que ao longo de nossa
história, desde a colonização até os
d
ias atuais, localiza o indígena, o
quilombola, o camponês, populações
caiçaras e ribeirinhas em posições
subalternas, propiciando
desumanização de sua figura. Como
na declaração do ex
república de que os índios estão se
tornando seres huma
quilombolas e negros seriam pesados
em arrobas11.
Sabemos que a desumanização
é o primeiro passo para o extermínio
10 Disponível
em
https://g1.globo.com/politica/noticia/2020/01
/24/cada-vez-mais-o-
indio
igual-a-nos-diz-bolsonaro
-
nas-redes-sociais.ghtml
. Acessado em 20 abr
2023
11 "Conseguira
m te levantar, pô? Tu pesa o
quê, mais de sete arrobas, não é?", disse o
presidente a um apoiador que aparece
brevemente na gravação no Palácio da
Alvorada. Folha de São Paulo, 22/05/2022.
Disponível em:
https://www1.folha.uol.com.br/poder/2022/05/b
olsonaro-volta-dizer-que-
negro
arrobas-e-ironiza-sua-
condenacao.shtml.
Acessado em 20 ab
r2023.
12
Entre tantas referências sobre o assunto,
ficamos com Primo Levi,
É isto um homem?
Rio de Janeiro: Rocco, 2013; Judith Butler,
444
ISSN 2237-1508
Imagens reflexas sobre os Encontros de Saberes n
o ensino superior")
no interior deste
debate, sabemos que a resistência
se intensifica na mesma
medida em que conquistas avançam.
uma muito bem
sedimentada tradição de narrativas e
mbolos que ao longo de nossa
história, desde a colonização até os
ias atuais, localiza o indígena, o
quilombola, o camponês, populações
caiçaras e ribeirinhas em posições
subalternas, propiciando
a
desumanização de sua figura. Como
na declaração do ex
-presidente da
república de que os “índios estão se
nos”10 ou, de que
quilombolas e negros seriam pesados
Sabemos que a desumanização
é o primeiro passo para o extermínio
12.
https://g1.globo.com/politica/noticia/2020/01
indio
-e-um-ser-humano-
-
em-transmissao-
. Acessado em 20 abr
m te levantar, pô? Tu pesa o
quê, mais de sete arrobas, não é?", disse o
presidente a um apoiador que aparece
brevemente na gravação no Palácio da
Alvorada. Folha de São Paulo, 22/05/2022.
https://www1.folha.uol.com.br/poder/2022/05/b
negro
-e-pesado-em-
condenacao.shtml.
r2023.
Entre tantas referências sobre o assunto,
É isto um homem?
.
Rio de Janeiro: Rocco, 2013; Judith Butler,
PIMENTEL,
Alexandre de O.; PEREIRA, Affonso C. T. Ciclos de formação: a
extensão e a formação político
pedagógica junto a povos e comunidades
tradicionais na experiência do IFRJ Nilópolis.
PragMATIZES
Latino-Americana de Estudos em Cultura,
Niterói/RJ, Ano
4
30
-
4
5
4
,
.
202
3
.
Não é nosso objetivo nesse momento
avançar sobre a história longa ou
recente de violações contra povos
tradicionais. Mas uma das formas de
perpetrar esse extermínio também se
deu pela descaracterização das
formas de vida tradicionais,
organização familiar,
formas de
trabalho e de uso da terra.Isto é, a
imposição de um uso, consumo,
sujeição do espaço a um único
aspecto da vida
ocidental capitalista
mercantilização, a capitalização de
todos os aspectos do território, seja da
terra propriamente dita, seu s
água, a praia, o mar, vegetação,
animais... o que for possível de se
tornar mercadoria. De modo que essa
morte (física e simbólica) torna
facilitada, e até desejada,
fato de que o senso comum enxerga
exclusivamente a economia
ideologia neoliberal -
como a única
referência e critério para tomadas de
decisão administrativa, política ou
jurídica do Estado, das empresas e
dos indivíduos.
Quadros de Guerra
. Rio de Janeiro:
Civilização Brasileira, 2015; e Achilles
Mbembe, Necropolítica. São Paulo: N
2018.
Alexandre de O.; PEREIRA, Affonso C. T. Ciclos de formação: a
pedagógica junto a povos e comunidades
PragMATIZES
- Revista
Niterói/RJ, Ano
13, n. 25, p. www.periodicos.uff.br/pragmatizes -
(Dossiê "
Imagens reflexas sobre os Encontros de Saberes n
Não é nosso objetivo nesse momento
avançar sobre a história longa ou
recente de violações contra povos
tradicionais. Mas uma das formas de
perpetrar esse extermínio também se
deu pela descaracterização das
formas de vida tradicionais,
formas de
trabalho e de uso da terra.Isto é, a
imposição de um uso, consumo,
sujeição do espaço a um único
ocidental capitalista
: a
mercantilização, a capitalização de
todos os aspectos do território, seja da
terra propriamente dita, seu s
ubsolo, a
água, a praia, o mar, vegetação,
animais... o que for possível de se
tornar mercadoria. De modo que essa
morte (física e simbólica) torna
-se
facilitada, e até desejada,
devido ao
fato de que o senso comum enxerga
exclusivamente a economia
a
como a única
referência e critério para tomadas de
decio administrativa, política ou
jurídica do Estado, das empresas e
. Rio de Janeiro:
Civilização Brasileira, 2015; e Achilles
Mbembe, Necropolítica. São Paulo: N
-1,
Por isso, Alfredo Wagner
ressalta a relevância do uso do
conceito de territórios
tradicionalment
e ocupados
(ALMEIDA, 2004), isto é, explorados
de forma tradicional. O
tradicionalmente, então, se expande
para a forma de trabalho, quem
trabalha, a finalidade do trabalho, mas
também os diferentes usosdo território,
como moradia, espaços do sagrado,
dos
rituais, da festa, da contemplação,
a que tradicionalmente o território
servia em complementação com os
sujeitos.
Na medida em que, como visto,
a Constituição Federal de 1988, os
movimentos sociais, os acordos
internacionais, como a Convenção da
Organiza
ção Internacional do
Trabalho, ou a Convenção
Internacional de Biodiversidade,
apontam para caminhos distintos
daquele e buscam não apenas
salvaguardar direitos, mas expandir
sua atuação na sociedade, as forças
sociais interessadas na manutenção
de formas
capitalistas de vida e de uso
do território e da população mobilizam
esses valores da ideologia neoliberal
para se impor
445
ISSN 2237-1508
Imagens reflexas sobre os Encontros de Saberes n
o ensino superior")
Por isso, Alfredo Wagner
ressalta a relevância do uso do
conceito de “territórios
e ocupados”
(ALMEIDA, 2004), isto é, explorados
de forma tradicional. O
tradicionalmente, então, se expande
para a forma de trabalho, quem
trabalha, a finalidade do trabalho, mas
também os diferentes usosdo território,
como moradia, espaços do sagrado,
rituais, da festa, da contemplação,
a que tradicionalmente o território
servia em complementação com os
Na medida em que, como visto,
a Constituição Federal de 1988, os
movimentos sociais, os acordos
internacionais, como a Convenção da
ção Internacional do
Trabalho, ou a Convenção
Internacional de Biodiversidade,
apontam para caminhos distintos
daquele e buscam o apenas
salvaguardar direitos, mas expandir
sua atuação na sociedade, as forças
sociais interessadas na manutenção
capitalistas de vida e de uso
do território e da população mobilizam
esses valores da ideologia neoliberal
ladeados pela
PIMENTEL,
Alexandre de O.; PEREIRA, Affonso C. T. Ciclos de formação: a
extensão e a formação político
pedagógica junto a povos e comunidades
tradicionais na experiência do IFRJ Nilópolis.
PragMATIZES
Latino-Americana de Estudos em Cultura,
Niterói/RJ, Ano
4
30
-
4
5
4
,
.
202
3
.
violência extrema oficial ou para
oficial.
Nestes momentos de tensão,
logo são mobilizados pelos
mediadores na opinião
imprensa, políticos, acadêmicos,
‘especialistas’
valores como a
civilização, os costumes, a urbanidade,
a modernidade, o cristianismo, história,
tradição, higiene, saúde, conforto,
liberdade.... como avalizadores éticos
ou científicos para uma
subordinação
simbólica e material, dos povos e
comunidades tradicionais e indígenas.
Assim, torna-
se quase uma obviedade,
do ponto de vista do senso comum,
que o modo de vida daqueles sujeitos
está errado (a partir de quaisquer dos
itens acima) e que, por
correto civilizá-
los. Nesse processo, as
consequências sociais pouco
importam, desde que as terras e seus
elementos naturais sejam
incorporados à economia, isto é, à
racionalidade ocidental.
Do ponto de vista histórico e
filosófico, podemos d
izer que essa
percepção
atual do senso comum em
relação a povos e comunidades
tradicionais está ancorada em uma
narrativa que se desenvolveu durante
o século XIX em termos de filosofia da
Alexandre de O.; PEREIRA, Affonso C. T. Ciclos de formação: a
pedagógica junto a povos e comunidades
PragMATIZES
- Revista
Niterói/RJ, Ano
13, n. 25, p. www.periodicos.uff.br/pragmatizes -
(Dossiê "
Imagens reflexas sobre os Encontros de Saberes n
violência extrema oficial ou para
-
Nestes momentos de tensão,
logo o mobilizados pelos
pública
imprensa, políticos, acadêmicos,
valores como a
civilização, os costumes, a urbanidade,
a modernidade, o cristianismo, história,
tradição, higiene, saúde, conforto,
liberdade.... como avalizadores éticos
subordinação
simbólica e material, dos povos e
comunidades tradicionais e indígenas.
se quase uma obviedade,
do ponto de vista do senso comum,
que o modo de vida daqueles sujeitos
está errado (a partir de quaisquer dos
itens acima) e que, por
tanto, seria
los. Nesse processo, as
consequências sociais pouco
importam, desde que as terras e seus
elementos naturais sejam
incorporados à economia, isto é, à
Do ponto de vista histórico e
izer que essa
atual do senso comum em
relação a povos e comunidades
tradicionais está ancorada em uma
narrativa que se desenvolveu durante
o culo XIX em termos de filosofia da
história ocidental, de um discurso que
se pretendia sustentar na ver
ciência
não mais da religião, como
nos séculos anteriores. Remontando
brevemente esse percurso, o Brasil
cumpriria seu destino ao unir
civilização (ocidental, cristã, racional
científica), isto é, superar (aniquilar) as
características nacio
nais que não se
submetessem. O ingresso no concerto
das nações se daria submetendo
uma lógica de homogeneização dos
valores, das ideias, das instituições
sintetizadas no ideal de progresso e
civilização sintetizadas na Europa
Ocidental / EUA como mode
homem e sociedade.
O processo civilizatório se daria
por uma evolução através do maior
controle do espírito sobre o corpo, do
homem sobre a natureza e do capital
sobre o trabalho, tal qual o modelo
desenvolvido pelo cristianismo,
cartesianismo e cap
narrativa, aqueles povos e culturas
que não estivessem adequados ao
padrão europeu eram considerados
povos sem-
história, não
portanto, atrasados, inferiores e, no
limite, desumanos (selvagens,
animais). Assim, outros povos
cont
emporâneos coexistiam em um
446
ISSN 2237-1508
Imagens reflexas sobre os Encontros de Saberes n
o ensino superior")
história ocidental, de um discurso que
se pretendia sustentar na ver
dade da
não mais da religião, como
nos séculos anteriores. Remontando
brevemente esse percurso, o Brasil
cumpriria seu destino ao unir
-se à
civilização (ocidental, cristã, racional
-
científica), isto é, superar (aniquilar) as
nais que não se
submetessem. O ingresso no concerto
das nações se daria submetendo
-se a
uma lógica de homogeneização dos
valores, das ideias, das instituições
sintetizadas no ideal de progresso e
civilização sintetizadas na Europa
Ocidental / EUA como mode
los de
O processo civilizatório se daria
por uma evolução através do maior
controle do espírito sobre o corpo, do
homem sobre a natureza e do capital
sobre o trabalho, tal qual o modelo
desenvolvido pelo cristianismo,
cartesianismo e cap
italismo. Nessa
narrativa, aqueles povos e culturas
que não estivessem adequados ao
padrão europeu eram considerados
história, não
-civilizados,
portanto, atrasados, inferiores e, no
limite, desumanos (selvagens,
animais). Assim, outros povos
emporâneos coexistiam em um
PIMENTEL,
Alexandre de O.; PEREIRA, Affonso C. T. Ciclos de formação: a
extensão e a formação político
pedagógica junto a povos e comunidades
tradicionais na experiência do IFRJ Nilópolis.
PragMATIZES
Latino-Americana de Estudos em Cultura,
Niterói/RJ, Ano
4
30
-
4
5
4
,
.
202
3
.
regime anacrônico de tempo à
margem da história.
Vejamos uma breve reflexão,
apoiados no antropólogo Pierre
Clastres em seu clássico estudo A
sociedade contra o Estado, de 1979
(CLASTRES, 2011), no qual analisa a
linguagem q
ue os colonizadores
europeus tratavam as sociedades
indígenas nas Américas e como as
ciências sociais contemporâneas
também sofrem alguns embaraços ao
lidar com essa temática.
Clastres verifica que nos
escritos e correspondências dos
colonizadores, as soc
iedades locais
eram chamadas de primitivas e
consideradas sociedades sem Estado.
Para o autor, a sentença continha um
juízo de valor marcado por uma
teleologia: as sociedades deveriam ter
Estado. Sua ausência denotaria uma
série de carências, precariedades
materiais e culturais, como ausência
de escrita, ausência de comércio,
ausência de propriedade. Para além
da época da colonização, essa foi a
visão dominante nas ciências
humanas e econômicas ao se tratar da
história e da cultura avançado no
século XX.
Clastres observa a
incidência de um etnocentrismo
Alexandre de O.; PEREIRA, Affonso C. T. Ciclos de formação: a
pedagógica junto a povos e comunidades
PragMATIZES
- Revista
Niterói/RJ, Ano
13, n. 25, p. www.periodicos.uff.br/pragmatizes -
(Dossiê "
Imagens reflexas sobre os Encontros de Saberes n
regime anacrônico de tempo à
Vejamos uma breve reflexão,
apoiados no antropólogo Pierre
Clastres em seu clássico estudo “A
sociedade contra o Estado”, de 1979
(CLASTRES, 2011), no qual analisa a
ue os colonizadores
europeus tratavam as sociedades
indígenas nas Américas e como as
ciências sociais contemporâneas
também sofrem alguns embaraços ao
Clastres verifica que nos
escritos e correspondências dos
iedades locais
eram chamadas de primitivas e
consideradas sociedades sem Estado.
Para o autor, a sentença continha um
juízo de valor marcado por uma
teleologia: as sociedades deveriam ter
Estado. Sua ausência denotaria uma
rie de carências, precariedades
materiais e culturais, como ausência
de escrita, auncia de comércio,
ausência de propriedade. Para além
da época da colonização, essa foi a
vio dominante nas ciências
humanas e econômicas ao se tratar da
história e da cultura já avançado no
Clastres observa a
incidência de um etnocentrismo
analítico quando historiadores,
economistas, antropólogos insistem
em expressões como sociedades da
subsistência”, pois, emergiria com
essa expressão o critério da
precariedade
, de uma existênci
inferior (sub
), diante de uma existência
plena do modelo do mercado
capitalista.
Podemos inferir daí a renitente
dificuldade da academia, da ciência
branca ocidental, de renunciar a seus
princípios e paradigmas e tentar
capturar e entender o funcionamen
da lógica de povos indígenas e de
comunidades tradicionais, por
exemplo, em relação a questão do
compartilhamento dos conhecimentos
e seu impacto na organização da
vida em geral. Para os indígenas, bem
como para sociedades antigas, a
grega por exemplo
, não se pode
separar a religião, da economia e da
política: seus símbolos, práticas e
rituais estão necessariamente
envolvidos e não possuem sentido
separadamente. Para a ciência
ocidental a segmentação e
compartimentação dos saberes, ao
contrário, é sina
l de evolução do
conhecimento em que o olhar
desvenda a natureza em seus
447
ISSN 2237-1508
Imagens reflexas sobre os Encontros de Saberes n
o ensino superior")
analítico quando historiadores,
economistas, antropólogos insistem
em expressões como “sociedades da
subsistência, pois, emergiria com
essa expressão o critério da
falta, da
, de uma existênci
a
), diante de uma existência
plena do modelo do mercado
Podemos inferir daí a renitente
dificuldade da academia, da ciência
branca ocidental, de renunciar a seus
prinpios e paradigmas e tentar
capturar e entender o funcionamen
to
da lógica de povos indígenas e de
comunidades tradicionais, por
exemplo, em relação a questão do
compartilhamento dos conhecimentos
e seu impacto na organização da
vida em geral. Para os indígenas, bem
como para sociedades antigas, a
, não se pode
separar a religião, da economia e da
política: seus mbolos, práticas e
rituais estão necessariamente
envolvidos e não possuem sentido
separadamente. Para a ciência
ocidental a segmentação e
compartimentação dos saberes, ao
l de evolução do
conhecimento em que o olhar
desvenda a natureza em seus
PIMENTEL,
Alexandre de O.; PEREIRA, Affonso C. T. Ciclos de formação: a
extensão e a formação político
pedagógica junto a povos e comunidades
tradicionais na experiência do IFRJ Nilópolis.
PragMATIZES
Latino-Americana de Estudos em Cultura,
Niterói/RJ, Ano
4
30
-
4
5
4
,
.
202
3
.
aspectos cada vez mais espeficos
como se fossem fins em si mesmos
negligenciando, portanto, sua conexão
com fenômenos mais complexos,
desde a economia, passando pelo
meio-ambiente
e à medicina
A crença ocidental da
compartimentação dos saberes é o
que torna aceitável pensar a economia
separado do meio-
ambiente, a
administração separada da saúde,
arquitetura separada da religião....
Quando decidimos cortar árvores das
cidades para
“não sujar o chão
abrimos mão de controle da
temperatura e retenção da água da
chuva; quando decidimos produzir
alimentos em regime de
intervimos no bioma local, na
qualidade do solo, e temos que utilizar
cada vez mais produtos químicos para
s
uprir nutrientes ou pragas que seriam
controlados pela diversidade natural
do solo e do ambiente. Para ficarmos
em alguns exemplos de como os
13
Notamos que determinado campo da
antropologia pautada pela cibernética vem
desmontando essas segmentações em favor
de estudos dos sistemas complexos dinâmicos
(cf. CESARINO, Leticia; BATESON, Gregory).
Ao mesmo tempo, a maior divulgação de
narrativas de
“sábios” indígenas, quilombolas,
de terreiro vêm ampliando a visão ocidental
(academia e opinião pública) para a análise
destas e de nossa sociedade (p.e. Ailton
Krenak, Davi Kopenawa).
Alexandre de O.; PEREIRA, Affonso C. T. Ciclos de formação: a
pedagógica junto a povos e comunidades
PragMATIZES
- Revista
Niterói/RJ, Ano
13, n. 25, p. www.periodicos.uff.br/pragmatizes -
(Dossiê "
Imagens reflexas sobre os Encontros de Saberes n
aspectos cada vez mais específicos
como se fossem fins em si mesmos
negligenciando, portanto, sua conexão
com fenômenos mais complexos,
desde a economia, passando pelo
e à medicina
13.
A crença ocidental da
compartimentação dos saberes é o
que torna aceitável pensar a economia
ambiente, a
administração separada da saúde,
arquitetura separada da religião....
Quando decidimos cortar árvores das
não sujar o chão”
abrimos mão de controle da
temperatura e retenção da água da
chuva; quando decidimos produzir
alimentos em regime de
plantation
intervimos no bioma local, na
qualidade do solo, e temos que utilizar
cada vez mais produtos químicos para
uprir nutrientes ou pragas que seriam
controlados pela diversidade natural
do solo e do ambiente. Para ficarmos
em alguns exemplos de como os
Notamos que determinado campo da
antropologia pautada pela cibernética vem
desmontando essas segmentações em favor
de estudos dos sistemas complexos dinâmicos
(cf. CESARINO, Leticia; BATESON, Gregory).
Ao mesmo tempo, a maior divulgação de
bios indígenas, quilombolas,
de terreiro vêm ampliando a visão ocidental
(academia e opinião pública) para a análise
destas e de nossa sociedade (p.e. Ailton
saberes tradicionais podem intervirno
cotidiano e na organização da
sociedade “não-
tradicional
Na mesa em que foi
tema “Agroecologia e economia
solidária: diálogos na construção de
territórios sustentáveis e saudáveis”
pôde-
se observar essa confluência de
maneira mais contundente, nas
relações de produção e relações
produtivas tanto nas áreas rurais com
em áreas urbanas voltadas para a
produção de alimentos saudáveis. Ana
Carolina Barbosa e Santiago
Bernardes, representantes do Fórum
de Comunidades Tradicionais Angra
Paraty-Ubatuba /
Territórios Sustentáveis e Saudáveis
da Bocaina OTS
S, e Beto Palmeira,
organizador do espaço Raízes do
Brasil e membro da Coordenação
Nacional do MPA -
Pequenos Agricultores, apontaram
para uma necessária reformulação
completa da questão do
trabalho/propriedade da terra/
produção e circulação
14
https://www.youtube.com/watch?v=modCFHc9
X6U&list=PLOPY0VOJMmtz2rqP
J1n4jue&index=5&t=3271s
448
ISSN 2237-1508
Imagens reflexas sobre os Encontros de Saberes n
o ensino superior")
saberes tradicionais podem intervirno
cotidiano e na organização da
tradicional”
Na mesa em que foi
discutido o
tema Agroecologia e economia
solidária: diálogos na construção de
territórios sustentáveis e saudáveis”
14,
se observar essa confluência de
maneira mais contundente, nas
relações de produção e relações
produtivas tanto nas áreas rurais com
o
em áreas urbanas voltadas para a
produção de alimentos saudáveis. Ana
Carolina Barbosa e Santiago
Bernardes, representantes do Fórum
de Comunidades Tradicionais Angra
-
Observatório de
Territórios Sustentáveis e Saudáveis
S, e Beto Palmeira,
organizador do espaço Raízes do
Brasil e membro da Coordenação
Movimento dos
Pequenos Agricultores, apontaram
para uma necessária reformulação
completa da questão do
trabalho/propriedade da terra/
produção e circulação
de alimentos.
https://www.youtube.com/watch?v=modCFHc9
X6U&list=PLOPY0VOJMmtz2rqP
iO2XgFAsGB
J1n4jue&index=5&t=3271s
PIMENTEL,
Alexandre de O.; PEREIRA, Affonso C. T. Ciclos de formação: a
extensão e a formação político
pedagógica junto a povos e comunidades
tradicionais na experiência do IFRJ Nilópolis.
PragMATIZES
Latino-Americana de Estudos em Cultura,
Niterói/RJ, Ano
4
30
-
4
5
4
,
.
202
3
.
Chamou-
nos atenção o fato de
que o MPA concentra boa parte de sua
atuação na região metropolitana do
Rio de Janeiro, na Baixada
Fluminense, organizando a produção
de pequenos agricultores que já
trabalhavam na terra, mas em
condições subalte
rnas explorados por
grandes atravessadores e sem a
preocupação com o manejo da terra.
Após um intenso trabalho de
conscientização e de fornecer apoio
material para esses produtores, o MPA
expandiu sua produção de modo a
criar uma rede de produtores e
forne
cedores em áreas com graves
problemas sociais, aumentando a
renda e a qualidade de vida de
produtores e suas famílias. Assim, a
produção agroecológica, bem como
pela propriedade da terra, conforme
nota Beto Palmeira, não é uma luta
exclusiva dos pequenos a
mas de todos interessados em uma
alimentação saudável e sustentável, e
acessível, para toda a população, que
a produção sirva aos interesses da
população, conforme ele aponta.
A trajetória do MPA, comum a
outros movimentos sociais, revela um
p
onto central para o entendimento e a
organização das lutas dos povos e
Alexandre de O.; PEREIRA, Affonso C. T. Ciclos de formação: a
pedagógica junto a povos e comunidades
PragMATIZES
- Revista
Niterói/RJ, Ano
13, n. 25, p. www.periodicos.uff.br/pragmatizes -
(Dossiê "
Imagens reflexas sobre os Encontros de Saberes n
nos atenção o fato de
que o MPA concentra boa parte de sua
atuação na região metropolitana do
Rio de Janeiro, na Baixada
Fluminense, organizando a produção
de pequenos agricultores que
trabalhavam na terra, mas em
rnas explorados por
grandes atravessadores e sem a
preocupação com o manejo da terra.
Após um intenso trabalho de
conscientização e de fornecer apoio
material para esses produtores, o MPA
expandiu sua produção de modo a
criar uma rede de produtores e
cedores em áreas com graves
problemas sociais, aumentando a
renda e a qualidade de vida de
produtores e suas famílias. Assim, a
produção agroecológica, bem como
pela propriedade da terra, conforme
nota Beto Palmeira, não é uma luta
exclusiva dos pequenos a
gricultores,
mas de todos interessados em uma
alimentação saudável e sustentável, e
acesvel, para toda a população, que
a produção sirva aos interesses da
população, conforme ele aponta.
A trajetória do MPA, comum a
outros movimentos sociais, revela um
onto central para o entendimento e a
organização das lutas dos povos e
comunidades tradicionais: sua ação
independente do Estado. O Estado,
como arena de disputas dos campos
de força, pode, sim, eventualmente,
dar suporte
material, jurídico, político
a
os movimentos sociais, mas isso
não é uma garantia. Os últimos quatro
anos puseram às claras essas
relações, e mesmo os governos
progressistas demonstraram grande
aliança com os interesses do capital
em detrimento do avanço das políticas
públicas de garant
ia dos direitos das
comunidades tradicionais e indígenas.
De todo modo, o exemplo trazido por
Palmeira reforça a percepção de que a
interseção do trabalho acadêmico no
sentido de desconstruir os
preconceitos e barreiras seculares
para se criar um novo ente
papel desses atores na sociedade
deve ser a linha central que a
academia deve ocupar principalmente
para fora de seus muros, daí nossa
opção sistemática pela Exteno,
como caminho para a realização desse
papel político e pedagógico em torno
de
temas nem sempre publicizados e,
principalmente, com seus próprios
agentes em corpo e voz nesse contato
direto com o público.
449
ISSN 2237-1508
Imagens reflexas sobre os Encontros de Saberes n
o ensino superior")
comunidades tradicionais: sua ação
independente do Estado. O Estado,
como arena de disputas dos campos
de força, pode, sim, eventualmente,
material, jurídico, político
os movimentos sociais, mas isso
não é uma garantia. Os últimos quatro
anos puseram às claras essas
relações, e mesmo os governos
progressistas demonstraram grande
aliança com os interesses do capital
em detrimento do avanço das políticas
ia dos direitos das
comunidades tradicionais e indígenas.
De todo modo, o exemplo trazido por
Palmeira reforça a percepção de que a
interseção do trabalho acadêmico no
sentido de desconstruir os
preconceitos e barreiras seculares
para se criar um novo ente
ndimento do
papel desses atores na sociedade
deve ser a linha central que a
academia deve ocupar principalmente
para fora de seus muros, daí nossa
opção sistemática pela Extensão,
como caminho para a realização desse
papel político e pedagógico em torno
temas nem sempre publicizados e,
principalmente, com seus próprios
agentes em corpo e voz nesse contato
PIMENTEL,
Alexandre de O.; PEREIRA, Affonso C. T. Ciclos de formação: a
extensão e a formação político
pedagógica junto a povos e comunidades
tradicionais na experiência do IFRJ Nilópolis.
PragMATIZES
Latino-Americana de Estudos em Cultura,
Niterói/RJ, Ano
4
30
-
4
5
4
,
.
202
3
.
A
partir das intervenções de
Santiago e Ana Carolina o público
pôde ter contato com uma experiê
bastante tensa em relação às
violentas de terra naquela região da
Costa Verde. Seja pela especulação
financeira, seja pela pressão de
empresas de turismo de explorar
territórios de uso das comunidades
quilombola, caiçara ou indígena locais.
Um exemplo forte foi a questão da
c
irculação de embarcações turísticas
em épocas de defeso dos peixes, ou
de especulação imobiliária para a
construção de grandes hotéis e resorts
em áreas quilombolas, indígenas ou
caiçaras.
Por isso, também,
compartilhamos da ideia de territórios
ocupados
tradicionalmente, pois ela
expande a noção de um sujeito
tradicional”
ribeirinho, quilombola,
indígena -
, como se fosse uma
essência e que por si carregaria
elementos intrínsecos ao uso e
ocupação do território, trabalho,
cultura. Ao contrário, ess
transfere para a ação, isto é, a
categoria, enfatizando a centralidade
do trabalho, da relação de produção,
da divisão da terra, dos saberes que
carregam um modo tradicional de
Alexandre de O.; PEREIRA, Affonso C. T. Ciclos de formação: a
pedagógica junto a povos e comunidades
PragMATIZES
- Revista
Niterói/RJ, Ano
13, n. 25, p. www.periodicos.uff.br/pragmatizes -
(Dossiê "
Imagens reflexas sobre os Encontros de Saberes n
partir das intervenções de
Santiago e Ana Carolina o público
pôde ter contato com uma experiê
ncia
bastante tensa em relação às
disputas
violentas de terra naquela região da
Costa Verde. Seja pela especulação
financeira, seja pela pressão de
empresas de turismo de explorar
territórios de uso das comunidades
quilombola, caiçara ou indígena locais.
Um exemplo forte foi a questão da
irculação de embarcações turísticas
em épocas de defeso dos peixes, ou
de especulação imobiliária para a
construção de grandes hotéis e resorts
em áreas quilombolas, indígenas ou
Por isso, também,
compartilhamos da ideia de “territórios
tradicionalmente”, pois ela
expande a noção de um “sujeito
ribeirinho, quilombola,
, como se fosse uma
essência e que por si só carregaria
elementos intrínsecos ao uso e
ocupação do território, trabalho,
cultura. Ao contrário, ess
a ideia
transfere para a ação, isto é, a
categoria, enfatizando a centralidade
do trabalho, da relação de produção,
da divio da terra, dos saberes que
carregam um modo tradicional de
realização, voltado para a conservação
e autorreprodução do povo no
território.
Cabe destacar que esse
conceito poderia ser estendido ao
ambiente urbano e aos modos locais
de ocupação do território. Essa
preocupação, inclusive, repercute o
debate trazido por Paul Little conforme
os seguintes termos:
Nas discussões nas reuniõ
encontros listados na Introdução,
detectou-
se uma tendência de
deixar fora os grupos sociais
urbanos que poderiam pleitear
entrada na categoria, como os
catadores de lixo ou os favelados,
porém ressaltando que há
exemplos de grupos urbanos que
podem s
er classificados como
tradicionais, tais como
comunidades de quilombos que
foram engolidas por processos de
expansão urbana, ou bairros de
pescadores que continuam
ganhando sua subsistência com a
pesca artesanal. Outros grupos
que ficaram fora nessas
discu
ssões foram os
camponeses, os pequenos
agricultores e os trabalhadores
rurais sem-
terra, com a ressalva,
novamente, que certas
comunidades pertencentes a
essas categorias poderiam ser
consideradas como tradicionais
na medida que acrescentem
características
agro-
extrativismo), culturais (p.ex.
uma identidade étnica) ou
territoriais (p.ex. ocupação
histórica de uma área espefica)
que os diferenciariam dos outros
produtores rurais.
2006)
450
ISSN 2237-1508
Imagens reflexas sobre os Encontros de Saberes n
o ensino superior")
realização, voltado para a conservação
e autorreprodução do povo no
Cabe destacar que esse
conceito poderia ser estendido ao
ambiente urbano e aos modos locais
de ocupação do território. Essa
preocupação, inclusive, repercute o
debate trazido por Paul Little conforme
Nas discussões nas reuniõ
es e
encontros listados na Introdução,
se uma tendência de
deixar fora os grupos sociais
urbanos que poderiam pleitear
entrada na categoria, como os
catadores de lixo ou os favelados,
porém ressaltando que
exemplos de grupos urbanos que
er classificados como
tradicionais, tais como
comunidades de quilombos que
foram engolidas por processos de
expano urbana, ou bairros de
pescadores que continuam
ganhando sua subsistência com a
pesca artesanal. Outros grupos
que ficaram fora nessas
ssões foram os
camponeses, os pequenos
agricultores e os trabalhadores
terra, com a ressalva,
novamente, que certas
comunidades pertencentes a
essas categorias poderiam ser
consideradas como tradicionais
na medida que acrescentem
ambientais (p.ex.
extrativismo), culturais (p.ex.
uma identidade étnica) ou
territoriais (p.ex. ocupação
histórica de uma área específica)
que os diferenciariam dos outros
produtores rurais.
(LITTLE,
PIMENTEL,
Alexandre de O.; PEREIRA, Affonso C. T. Ciclos de formação: a
extensão e a formação político
pedagógica junto a povos e comunidades
tradicionais na experiência do IFRJ Nilópolis.
PragMATIZES
Latino-Americana de Estudos em Cultura,
Niterói/RJ, Ano
4
30
-
4
5
4
,
.
202
3
.
Deste modo, por exemplo,
quando Cosme Philli
psen apresenta a
ideia do “Rolé dos Favelados”
projeto de turismo de base comunitária
nas favelas cariocas concebido e
realizado por moradores das favelas
estão presentes os seguintes
elementos: concepção do trabalho
(roteiro, narrativa, objetivos
realização (quem faz o tour com os
turistas, quem se comunica, quem os
recebe), manejo cultural (moradores
locais apresentam aspectos históricos,
culturais e sociais do território),
economia (manutenção da renda no
local com os idealizadores e
trabalhad
ores, incentivo ao consumo
do comercio local de restaurantes,
bares, souvenires), de modo que a
noção exploratória do turismo como
um desagregador (cultural, laboral,
social, natural) do ambiente se
converte em um uso controlado
econômica e culturalmente
comunidade local. A favela não é o
local da selva, do exótico, do povo
bárbaro conforme vendido pelo senso
comum e pelas empresas de turismo
que exploravam e ainda exploram
15
https://www.youtube.com/watch?v=UNMjGQ
xcaMk&list=PLOPY0VOJMmtz2rqPiO2XgFAs
GBJ1n4jue&index=2
Alexandre de O.; PEREIRA, Affonso C. T. Ciclos de formação: a
pedagógica junto a povos e comunidades
PragMATIZES
- Revista
Niterói/RJ, Ano
13, n. 25, p. www.periodicos.uff.br/pragmatizes -
(Dossiê "
Imagens reflexas sobre os Encontros de Saberes n
Deste modo, por exemplo,
psen apresenta a
ideia do Rolé dos Favelados”
15 um
projeto de turismo de base comunitária
nas favelas cariocas concebido e
realizado por moradores das favelas
–,
estão presentes os seguintes
elementos: concepção do trabalho
(roteiro, narrativa, objetivos
),
realização (quem faz o tour com os
turistas, quem se comunica, quem os
recebe), manejo cultural (moradores
locais apresentam aspectos históricos,
culturais e sociais do território),
economia (manutenção da renda no
local com os idealizadores e
ores, incentivo ao consumo
do comercio local de restaurantes,
bares, souvenires), de modo que a
noção exploratória do turismo como
um desagregador (cultural, laboral,
social, natural) do ambiente se
converte em um uso controlado
econômica e culturalmente
pela
comunidade local. A favela não é o
local da selva, do exótico, do povo
bárbaro conforme vendido pelo senso
comum e pelas empresas de turismo
que exploravam e ainda exploram
https://www.youtube.com/watch?v=UNMjGQ
xcaMk&list=PLOPY0VOJMmtz2rqPiO2XgFAs
esse serviço, transformando a
chegada dos turistas numa pequena
guerra loca
l em busca do seu dinheiro.
O mesmo fenômeno observa
também na experncia da Rede
Nhandereko, conforme relatado por
uma de suas organizadoras,
Elias, também parte integrante do
Fórum de Comunidades Tradicionais
Angra-Paraty-
Ubatuba/ Observatór
de
Territórios Sustentáveis e
Saudáveis da Bocaina
caso, além de todas os elementos
presentes acima, entram em cena
tanto a questão da ocupação de terras
e da exploração ambiental por parte da
especulação imobiliária e turística na
região
da Costa Verde, uma das áreas
mais tensas em termos de conflitos
fundiários e especulativos do estado
do Rio de Janeiro; como também a
presença de aldeamentos indígenas e
quilombos na região, o que torna ainda
mais sensível a questão da exploração
do traba
lho e do uso sustentável
ponto de vista natural e cultural
território.
Conclusão
Deve estar claro que projetos
desta natureza, em um contexto
mais amplo ou mais espefico
451
ISSN 2237-1508
Imagens reflexas sobre os Encontros de Saberes n
o ensino superior")
esse serviço, transformando a
chegada dos turistas numa pequena
l em busca do seu dinheiro.
O mesmo fenômeno observa
-se
também na experiência da Rede
Nhandereko, conforme relatado por
uma de suas organizadoras,
Daniele
Elias, também parte integrante do
Fórum de Comunidades Tradicionais
Ubatuba/ Observatór
io
Territórios Sustentáveis e
Saudáveis da Bocaina
OTSS. Nesse
caso, além de todas os elementos
presentes acima, entram em cena
tanto a questão da ocupação de terras
e da exploração ambiental por parte da
especulação imobiliária e turística na
da Costa Verde, uma das áreas
mais tensas em termos de conflitos
fundiários e especulativos do estado
do Rio de Janeiro; como também a
presença de aldeamentos indígenas e
quilombos na região, o que torna ainda
mais senvel a questão da exploração
lho e do uso sustentável
do
ponto de vista natural e cultural
do
Deve estar claro que projetos
desta natureza, em um contexto
mais amplo ou mais específico
como
PIMENTEL,
Alexandre de O.; PEREIRA, Affonso C. T. Ciclos de formação: a
extensão e a formação político
pedagógica junto a povos e comunidades
tradicionais na experiência do IFRJ Nilópolis.
PragMATIZES
Latino-Americana de Estudos em Cultura,
Niterói/RJ, Ano
4
30
-
4
5
4
,
.
202
3
.
o que vivemos no Brasil dos últimos
é uma afirmação de um luga
pedagógico e acadêmico que
consideramos necessário ocupar a
partir do princípio da integração entre
ensino, pesquisa e, principalmente,
extensão. Encaramos esses projetos
como a tentativa de construção de um
espaço de debate, de circulação de
i
nformações e de experiências que
pudessem qualificar o público
interessado bem como a nós mesmos,
coordenadores, e que esse tipo de
ação de extensão tivesse uma
reverberação para fora dos muros da
academia, inclusive no espaço em que
nosso Instituto se enc
ontra (Baixada
Fluminense). Quer dizer, é distinto
quando estudantes e professores têm
contato com algum aspecto da história,
memória ou cultura indígena e
comunidades periféricas ou
tradicionais via os tradicionais meios
acadêmicos, isto é, pesquisas de
h
istoriadores, antropólogos, críticos
literários, e quando têm a chance de
ouvir, ver e sentir a fala, a música, a
imagem a experiência através das
16
O projeto foi realizado entre 2018 e 2019, e
segue em seus desdobramentos ainda hoje
em diferentes frentes, como os seminários
Presença Indígena na Baixada Fluminense
(2020 e 2022).
Alexandre de O.; PEREIRA, Affonso C. T. Ciclos de formação: a
pedagógica junto a povos e comunidades
PragMATIZES
- Revista
Niterói/RJ, Ano
13, n. 25, p. www.periodicos.uff.br/pragmatizes -
(Dossiê "
Imagens reflexas sobre os Encontros de Saberes n
o que vivemos no Brasil dos últimos
16
é uma afirmação de um luga
r político,
pedagógico e acadêmico que
consideramos necesrio ocupar a
partir do prinpio da integração entre
ensino, pesquisa e, principalmente,
exteno. Encaramos esses projetos
como a tentativa de construção de um
espaço de debate, de circulação de
nformações e de experiências que
pudessem qualificar o público
interessado bem como a nós mesmos,
coordenadores, e que esse tipo de
ação de exteno tivesse uma
reverberação para fora dos muros da
academia, inclusive no espaço em que
ontra (Baixada
Fluminense). Quer dizer, é distinto
quando estudantes e professores têm
contato com algum aspecto da história,
memória ou cultura indígena e
comunidades periféricas ou
tradicionais via os tradicionais meios
acadêmicos, isto é, pesquisas de
istoriadores, antropólogos, críticos
literários, e quando têm a chance de
ouvir, ver e sentir a fala, a música, a
imagem a experiência através das
O projeto foi realizado entre 2018 e 2019, e
segue em seus desdobramentos ainda hoje
em diferentes frentes, como os seminários
Presença Indígena na Baixada Fluminense
diversas camadas de linguagens, de
comunicação que circularam nestes
encontros.
Para deixar claro, não
querem
os repetir, de maneira
escamoteada o exotismo antes
criticado. Ao contrário, queremos é
chamar atenção para uma forma de
acesso a determinados saberes que
não estão necessariamente dados ou
claros para acesso pelos caminhos
tradicionais da linguagem acadêm
científica e que talvez requeiram algo a
mais do que uma tradução para se
fazer comunicar. Em um dos encontros
do I Ciclo de Formação em História,
Memória e Culturas Indígenas, com a
presença do professor Emilio Nolasco,
da UFF, um dos coordenadores do
projeto Encontro de Saberes, e da
indígena Sandra Benites Guarani
Nhandeva, à época doutoranda do
Museu Nacional-
UFRJ, essa questão
da tradução, mediação, fronteiras e
pontes ficou bem desenhada.
Nos valeremos de uma imagem
criada por Sandra Benites para
explicar as dificuldades de sua
chegada e de sua presença no
ambiente universitário
pós-
graduação do Museu Nacional.
Benites dizia que ela havia
452
ISSN 2237-1508
Imagens reflexas sobre os Encontros de Saberes n
o ensino superior")
diversas camadas de linguagens, de
comunicação que circularam nestes
Para deixar claro, não
os repetir, de maneira
escamoteada o exotismo antes
criticado. Ao contrário, queremos é
chamar atenção para uma forma de
acesso a determinados saberes que
não estão necessariamente dados ou
claros para acesso pelos caminhos
tradicionais da linguagem acadêm
ica-
científica e que talvez requeiram algo a
mais do que uma tradução para se
fazer comunicar. Em um dos encontros
do I Ciclo de Formação em História,
Memória e Culturas Indígenas, com a
presença do professor Emilio Nolasco,
da UFF, um dos coordenadores do
projeto Encontro de Saberes, e da
indígena Sandra Benites Guarani
Nhandeva, à época doutoranda do
UFRJ, essa questão
da tradução, mediação, fronteiras e
pontes ficou bem desenhada.
Nos valeremos de uma imagem
criada por Sandra Benites para
explicar as dificuldades de sua
chegada e de sua presença no
ambiente universitário
- mais ainda, na
graduação do Museu Nacional.
Benites dizia que ela havia
PIMENTEL,
Alexandre de O.; PEREIRA, Affonso C. T. Ciclos de formação: a
extensão e a formação político
pedagógica junto a povos e comunidades
tradicionais na experiência do IFRJ Nilópolis.
PragMATIZES
Latino-Americana de Estudos em Cultura,
Niterói/RJ, Ano
4
30
-
4
5
4
,
.
202
3
.
desenvolvido uma forma de
relacionamento com aquele meio na
qual ela buscava contato e integr
mas mantendo seu lugar
epistemológico e afetivo, que ela
realizava um movimento de inclinar
podendo assim chegar até o outro,
permitir o acesso do outro, mas sem
perder sua referência.
A metáfora parece
extremamente fecunda se
considerarmos q
ue ela ajuda a
resolver um problema grande que
surge ao lidarmos com esse tema
desde a perspectiva que
apresentamos: como apresentar
saberes sem deformá
tradução e homogeneização
epistêmica. Claro está que não se trata
de simplesmente verter uma
linguagem e idioma para línguas
ocidentais a partir de uma construção
narrativa e semiótica ocidentais; na
verdade, o problema que se coloca é
como esses saberes tradicionais
chegam e como chegamos a esses
saberes por um caminho distinto da
pretensão da co
lonização da
linguagem ocidental.
Esse caminho, nos parece,
apresentou-
se pela metáfora da
inclinação, uma forma de
Alexandre de O.; PEREIRA, Affonso C. T. Ciclos de formação: a
pedagógica junto a povos e comunidades
PragMATIZES
- Revista
Niterói/RJ, Ano
13, n. 25, p. www.periodicos.uff.br/pragmatizes -
(Dossiê "
Imagens reflexas sobre os Encontros de Saberes n
desenvolvido uma forma de
relacionamento com aquele meio na
qual ela buscava contato e integr
ação,
mas mantendo seu lugar
epistemológico e afetivo, que ela
realizava um movimento de inclinar
-se,
podendo assim chegar até o outro,
permitir o acesso do outro, mas sem
A metáfora parece
-nos
extremamente fecunda se
ue ela ajuda a
resolver um problema grande que
surge ao lidarmos com esse tema
desde a perspectiva que
apresentamos: como apresentar
saberes sem deformá
-los pela
tradução e homogeneização
epistêmica. Claro está que não se trata
de simplesmente verter uma
linguagem e idioma para línguas
ocidentais a partir de uma construção
narrativa e semiótica ocidentais; na
verdade, o problema que se coloca é
como esses saberes tradicionais
chegam e como chegamos a esses
saberes por um caminho distinto da
lonização da
Esse caminho, nos parece,
se pela metáfora da
inclinação, uma forma de
aproximação, incorporação, concessão
e manutenção dos saberes em relação
a um Outro que não se reduz e não
deve ser reduzido a qualquer n
De modo que também o público pôde
inclinar-
se e ter contato diretamente
com os saberes ali desenvolvidos sem
a necessidade de transcrição ou
mediação, possibilitando assim a
incorporação dessas experiências de
distintas formas em sua prática
profissi
onal, acadêmica, política ou
cultural.
A expectativa que se abre para nós é
buscar uma forma de inserção destes
saberes na academia, da incorporação
dos chamados saberes e práticas de
comunidades tradicionais, que estão
previstos em legislação específica
dentre os quais incluem
referentes às comunidades indígenas,
quilombolas, caiçara, ....
Para além das preocupações
conceituais, éticas e epistemológicas,
conforme descritas, uma nova e
importante frente se coloca: trata
criar formas de reconhecimento destes
17
Cf. Legislação coligida em Shiraishi Neto,
Joaquim.Direito dos povos e das comunidades
tradicionais
no Brasil: declarações,
convenções internacionais e
jurídicos definidores de uma políti
nacional.Joaquim Shiraishi Neto, org. Manaus:
UEA, 2007.
453
ISSN 2237-1508
Imagens reflexas sobre os Encontros de Saberes n
o ensino superior")
aproximação, incorporação, concessão
e manutenção dos saberes em relação
a um Outro que não se reduz e não
deve ser reduzido a qualquer sín
tese.
De modo que também o público pôde
se e ter contato diretamente
com os saberes ali desenvolvidos sem
a necessidade de transcrição ou
mediação, possibilitando assim a
incorporação dessas experiências de
distintas formas em sua prática
onal, acadêmica, política ou
A expectativa que se abre para nós é
buscar uma forma de inserção destes
saberes na academia, da incorporação
dos chamados saberes e práticas de
comunidades tradicionais, que estão
previstos em legislação específica
17,
dentre os quais incluem
-se aqueles
referentes às comunidades indígenas,
quilombolas, caiçara, ....
Para além das preocupações
conceituais, éticas e epistemológicas,
conforme já descritas, uma nova e
importante frente se coloca: trata
-se de
criar formas de reconhecimento destes
Cf. Legislação coligida em Shiraishi Neto,
Joaquim.Direito dos povos e das comunidades
no Brasil: declarações,
convenções internacionais e
dispositivos
jurídicos definidores de uma políti
ca
nacional.Joaquim Shiraishi Neto, org. Manaus:
PIMENTEL,
Alexandre de O.; PEREIRA, Affonso C. T. Ciclos de formação: a
extensão e a formação político
pedagógica junto a povos e comunidades
tradicionais na experiência do IFRJ Nilópolis.
PragMATIZES
Latino-Americana de Estudos em Cultura,
Niterói/RJ, Ano
4
30
-
4
5
4
,
.
202
3
.
saberes, bem como de remuneração
destes mestres que vêm à
universidade, de mo
do a garantir a sua
plena legitimidade e reconhecimento
no meio acadêmico mantendo as
prerrogativas próprias destas
tradições. Na definição dos
elaboradores do projeto Encontro de
Saberes,
trata-
se de uma intervenção
teórico-política
transdisciplinar”, um
amplo, permanente e com
muitos pontos de teno que
pode ser compreendido como
uma proposta concreta de
formação intercultural para o
ensino formal capaz de
promover uma dupla incluo:
das artes e saberes
tradicionais na grade curricular
e, simu
ltaneamente, dos
mestres e mestras tradicionais
na docência18.
Referências
ALMEIDA, Alfredo W
.
tradicionalmente ocupadas: processos
de territorialização, movimentos
sociais e uso comum.
Brasileira de Estudos Urbanos e
Regionais, ANPUR, v. 6
, n.
2004
ASCELRAD, Henri (org.).
Cartografias
sociais e território.
Rio de Janeiro:
Universidade Federal do Rio de
Janeiro, Instituto de Pesquisa e
18
Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia
de Inclusão no Ensino Superior e na Pesquisa
(INCTI/UnB/CNPq). “Encontro de Saberes:
Bases para um diálogo interepistêmico, coord.
José Jorge de Carva
lho. Brasília, 2015, p. 2.
Alexandre de O.; PEREIRA, Affonso C. T. Ciclos de formação: a
pedagógica junto a povos e comunidades
PragMATIZES
- Revista
Niterói/RJ, Ano
13, n. 25, p. www.periodicos.uff.br/pragmatizes -
(Dossiê "
Imagens reflexas sobre os Encontros de Saberes n
saberes, bem como de remuneração
destes mestres que vêm à
do a garantir a sua
plena legitimidade e reconhecimento
no meio acadêmico mantendo as
prerrogativas próprias destas
tradições. Na definição dos
elaboradores do projeto Encontro de
se de uma intervenção
transdisciplinar, um
projeto
amplo, permanente e com
muitos pontos de tensão que
pode ser compreendido “como
uma proposta concreta de
formação intercultural para o
ensino formal capaz de
promover uma dupla inclusão:
das artes e saberes
tradicionais na grade curricular
ltaneamente, dos
mestres e mestras tradicionais
.
B. Terras
tradicionalmente ocupadas: processos
de territorialização, movimentos
sociais e uso comum.
Revista
Brasileira de Estudos Urbanos e
, n.
1, maio
Cartografias
Rio de Janeiro:
Universidade Federal do Rio de
Janeiro, Instituto de Pesquisa e
Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia
de Inclusão no Ensino Superior e na Pesquisa
(INCTI/UnB/CNPq). Encontro de Saberes:
Bases para um diálogo interepistêmico”, coord.
lho. Brasília, 2015, p. 2.
Planejamento Urbano e Regional,
2008.
CARVALHO, José Jorge de.
‘Espetacularização’ e canibaliza
das culturas populares na América
Latina. Revista
Anthropológicas
14, vol.21, n. 1, p. 36
-
CARVALHO, José Jorge de.
de Saberes: bases para um diálogo
interepistêmico
. Brasília:
INCTI/CNPq/UnB, 2015.
CARVALHO, José Jorge de;
Carla L.P. Encontro de Saberes: um
desafio téorico, político e
epistemológico. In
: CUNHA, Teresa;
SANTOS, Boaventura de S.
internacional Epistemologias do Sul:
aprendizagens globais Sul
Norte e Norte-Sul
. Atas: Coimbra.
Centro de E
studos Sociais, 1017
2015.
CARVALHO, José Jorge de; FLÓREZ,
Juliana. Encuentro de Saberes:
proyecto para decolonizar el
conocimiento universitario
eurocéntrico.
Nômadas
147, 2014;
CLASTRES, Pierre.
contra o Estado.
São Pau
Naify, 2011.
DIEGUES, Antonio Carlos.
moderno da natureza intocada
Paulo: HUCITEC, 2008.
LITTLE, Paul.
Mapeamento conceitual
e bibliográfico das comunidades
tradicionais do Brasil
Universidade de Brasília, 2006.
SHIRASHI
NETO, Joaquim (org
Direito dos povos e das comunidades
tradicionais no Brasil
convenções internacionais e
dispositivos jurídicos definidores de
uma polít
ica nacional. Manaus: UEA,
2007.
454
ISSN 2237-1508
Imagens reflexas sobre os Encontros de Saberes n
o ensino superior")
Planejamento Urbano e Regional,
CARVALHO, José Jorge de.
Espetacularização e ‘canibaliza
ção’
das culturas populares na América
Anthropológicas
, ano
-
76, 2010.
CARVALHO, José Jorge de.
Encontro
de Saberes: bases para um diálogo
. Brasília:
INCTI/CNPq/UnB, 2015.
CARVALHO, José Jorge de;
ÁGUAS,
Carla L.P. Encontro de Saberes: um
desafio téorico, político e
: CUNHA, Teresa;
SANTOS, Boaventura de S.
Colóquio
internacional Epistemologias do Sul:
aprendizagens globais Sul
-Sul, Sul-
. Atas: Coimbra.
studos Sociais, 1017
-1027,
CARVALHO, José Jorge de; FLÓREZ,
Juliana. Encuentro de Saberes:
proyecto para decolonizar el
conocimiento universitario
Nômadas
, n. 41, p. 131-
CLASTRES, Pierre.
A sociedade
São Pau
lo: Cosac &
DIEGUES, Antonio Carlos.
O mito
moderno da natureza intocada
. São
Paulo: HUCITEC, 2008.
Mapeamento conceitual
e bibliográfico das comunidades
tradicionais do Brasil
. Brasília:
Universidade de Brasília, 2006.
NETO, Joaquim (org
.).
Direito dos povos e das comunidades
tradicionais no Brasil
: declarações,
convenções internacionais e
dispositivos jurídicos definidores de
ica nacional. Manaus: UEA,