589
GIOVANNINI JUNIOR, Oswaldo; GOMES, Antônio Pessoa. À propósito de
um Encontro de Saberes na UFPB. PragMATIZES - Revista Latino-
Americana de Estudos em Cultura, Niterói/RJ, Ano 13, n. 25, p. 589-603,
set. 2023.
www.periodicos.uff.br/pragmatizes - ISSN 2237-1508
(Dossiê "Imagens reflexas sobre os Encontros de Saberes no ensino superior"
Entrevista)
À propósito de um Encontro de Saberes na UFPB
1
Oswaldo Giovannini Junior
2
Antônio Pessoa Gomes
3
DOI: https://doi.org/10.22409/pragmatizes.v13i25.58010
Entrevista com Cacique Caboquinho realizada em março de 2023 Aldeia Forte,
Terra Indígena Potiguara Paraíba
A propósito de um Encuentro de Saber em la UFPB
Entrevista con Cacique Caboquinho hechaenmarzo, 2023 Aldeia Forte, Tierra
Indígena Potiguara Paraíba
On the subject of a Meeting of Knowledge at UFPB
Interview with Cacique Caboquinho held in March 2023 Aldeia Forte, Potiguara
Indigenous Land Paraíba.
1
Universidade Federal da Paraíba
2
Oswaldo Giovannini Junior. Doutor em Antropologia Cultural pela UFRJ. Professor da Universidade
Federal da Paraíba. E-mail: oswaldo.giovanninijr@gmail.com - https://orcid.org/0000-0001-5692-4083
3
Liderança indígena. Tornou-se professor em escola indígena pformado pela Universidade Federal
de Campina Grande. Laureado com o título de Doutor Honoris Causa pela Universidade Federal da
Paraíba. E-mail: caboquinhopotiguara@gmail.com
Recebido em 06/04/2023, aceito para publicação em 27/06/2023 e disponibilizado online em
01/09/2023.
590
GIOVANNINI JUNIOR, Oswaldo; GOMES, Antônio Pessoa. À propósito de
um Encontro de Saberes na UFPB. PragMATIZES - Revista Latino-
Americana de Estudos em Cultura, Niterói/RJ, Ano 13, n. 25, p. 589-603,
set. 2023.
www.periodicos.uff.br/pragmatizes - ISSN 2237-1508
(Dossiê "Imagens reflexas sobre os Encontros de Saberes no ensino superior"
Entrevista)
À propósito de um Encontro de
Saberes na UFPB
Introdução
Conheci Caboquinho como
anfitrião, em sua casa na aldeia
Coqueirinho, por intermédio de seu
filho Aguinayari, estudante do curso de
Antropologia na Universidade Federal
da Paraíba (UFPB) Campus IV. Foram
5 anos frequentando Coqueirinho
durante pesquisa sobre a Festa de
Nossa Senhora dos Navegantes,
contando com seu apoio e com a
partilha de seus saberes sobre a
história do povo Potiguara, sua
espiritualidade e suas lutas, além das
várias conversas sobre o movimento
indígena, no qual foi e ainda é atuante.
Em nosso último encontro o
assunto girou em torno dos planos que
eu e outros colegas da Universidade
temos de implantar institucionalmente
o projeto ‘Encontro de Saberes’
4
, no
seu sentido específico tal qual
proposto pelo INCTI e que vemos
atuante em diversas Universidades
brasileiras. Em 2019 um grupo de
professores, professoras, estudantes e
técnicos administrativos da UFPB se
4
4
Carvalho e Vianna, 2020.
reuniram com o objetivo de partilhar
experiências em comum ligadas a
atividades com Mestres e Mestras
dentro da instituição. As ações, desde
então, estiveram concentradas no
esforço da institucionalização do
projeto,buscando os caminhos de sua
regulamentação, como a criação de
uma resolução criando o título de
Notório Saber e a implantação de uma
disciplina no curso de graduação em
Antropologia.
Por outro lado, nessa fase de
implementação do projeto procuro
estreitar laços, criados em outros
momentos, com os “mestres e
mestras” tradicionais próximos,
trazendo suas histórias e propostas
para a construção de um projeto
coletivo.Propus, então, a Caboquinho
a realização de uma entrevista
abordando conhecimentos e histórias
de vida, no sentido de trazer um saber
e “simultaneamente apresentar sua
biografia que ancora este saber”
5
.Esta
entrevista foi uma conversa
compartilhada oralmente,
pessoalmente e pela internet, e
passada, da oralidade, para a
escrita.Caboquinho, então, nos
5
Carvalho e Vianna, 2020, p. 35.
591
GIOVANNINI JUNIOR, Oswaldo; GOMES, Antônio Pessoa. À propósito de
um Encontro de Saberes na UFPB. PragMATIZES - Revista Latino-
Americana de Estudos em Cultura, Niterói/RJ, Ano 13, n. 25, p. 589-603,
set. 2023.
www.periodicos.uff.br/pragmatizes - ISSN 2237-1508
(Dossiê "Imagens reflexas sobre os Encontros de Saberes no ensino superior"
Entrevista)
apresenta um campo de interação
entre saberes tradicionais e
acadêmicos e estes com o movimento
indígena, especialmente no Nordeste e
na Paraíba dentre o povo Potiguara,
levando-nos a pensar no encontro de
saberes em um sentido amplo
6
.
Apresenta-nos a história de
protagonismo do movimento indígena
no processo de abertura das
Universidades para seus saberes e
interesses. Por conseguinte, um
cenário atual que indica uma crescente
presença de indígenas nas
Universidades do nordeste.
Antônio Pessoa Gomes,
nascido em 1964, é liderança política e
referência cultural para seu povo.
Participa do movimento indígena
desde os anos 1980. Foi Cacique
Geral Potiguara entre os anos 2001 e
2011 e participou da Comissão
Nacional de Política Indigenista (CNPI)
no/Ministério da Justiça nos anos 2005
a 2015. Cursou o ensino superior na
Universidade Federal de Campina
Grande formando-se em 2018.
Tornou-se professor em escola
indígena e foi laureado com o título de
Doutor Honoris Causa pela
6
Goldman, Barbosa Neto e Rose, 2020.
Universidade Federal da Paraíba em
2016. Um pouco deste processo de
transitar entre a oralidade e a escrita,
ou encontrar saberes tradicionais e
acadêmicos, da circulação entre a
universidade e a militância do
movimento indígena, o temas
tratados por esta conversa.
Oswaldo Giovannini Junior
Oswaldo Proponho dividir esta
conversa em três partes. Primeiro você
poderia falar sobre sua vivência dos
saberes tradicionais do seu povo,
Potiguara; em seguida sobre os
saberes que você vivenciou na
atuação no movimento indígena, e por
fim, como estes saberes vividos se
relacionaram em sua história com os
saberes da academia.
Caboquinho - Na verdade, a questão
do indígena, a questão da sabedoria
indígena, tem a ver com a questão da
ancestralidade espiritual,sobre como
você deve respeitar a natureza.
Você respeita e a natureza agradece!
Minha família era muito, e ainda tem
um pouco ainda, de conversar com as
divindades. Muitas das vezes a gente
até se perdia dentro da mata, dentro
592
GIOVANNINI JUNIOR, Oswaldo; GOMES, Antônio Pessoa. À propósito de
um Encontro de Saberes na UFPB. PragMATIZES - Revista Latino-
Americana de Estudos em Cultura, Niterói/RJ, Ano 13, n. 25, p. 589-603,
set. 2023.
www.periodicos.uff.br/pragmatizes - ISSN 2237-1508
(Dossiê "Imagens reflexas sobre os Encontros de Saberes no ensino superior"
Entrevista)
do mangue e eles com aquela força,
com aquela sabedoria, com aquelas
rezas fortes, eles faziam com que a
gente chegasse no caminho de volta
pra nossa casa.
Eu cansei de ir caçar com o meu tio,
meu tio Geraldo, que já está falecido, e
quando ele sentia aquela força
espiritual, que estava vindo de para
cá, muitas das vezes ele usava a
própria enxada, que a gente usava pra
caçar um tatu, batendo a enxada e
fazendo com que aquelas divindades
sumissem. vi também muitas vezes
os cachorros apanharem de uma força
espiritual muito maior do que aquilo
que a gente esperava. Os cachorros
chegavam junto da gente grunhindo, e
ali ficava e não saia mais pra nenhum
canto. Outras vezes eu vi a gente
cavando um buraco de tatu e quando a
gente descobriu era um formigueiro.
Sim, eu tenho muitos desses exemplos
interessantes.
Uma das coisas mais fortes que eles
tinham, a minha família, eles tinham o
poder de se “vultar”
7
. Eles usavam
uma reza tão forte que eles se
7
Eram as pessoas que tinham uma reza muito
forte e os fazia invisíveis, na realidade, era
uma pessoa que se transformava em qualquer
coisa, em um cachorro, em uma tocha de fogo,
e, assim, passava desapercebida por quem a
perseguia.
“vultavam” muitas das vezes.Isto
porque eles eram muito aguerridos,
eles lutavam muito pela questão do
seu território, e também tinham as
brigas internas, então eles eram muito
respeitados porque a polícia de fato
não conseguia pegar ninguém. Muitas
das vezes, a polícia ia na frente,em
perseguição, e eles iam atrás, eles iam
atrás e faziam a polícia “ficar boba”
8
e
tal.
Eu tive uma experiência muito forte
com minha mãe
9
quando eu parti para
o movimento indígena regional, o leste
e o nordeste. E teve uma época que
eu passei quase 30 dias no meio do
mundo, fazendo articulação com o
pessoal daqui do nordeste,
principalmente do Ceará. Ao dormir
numa casa de uma anciã, quando s
deitamos, eu e de Santa, um
Xukuru, de Pesqueira, Pernambuco.
E aí, quando a minha rede balançou,
né?! Quando eu olhei, era a minha
mãe! Ela era viva nessa época.
Balançou e só disse assim:
“Vai pra casa amanhã!”
E eu vim pra casa.
8
Perder os sentidos momentaneamente.
9
Dona Maria Gomes foi parteira muito ativa e
respeitada entre o povo Potiguara
593
GIOVANNINI JUNIOR, Oswaldo; GOMES, Antônio Pessoa. À propósito de
um Encontro de Saberes na UFPB. PragMATIZES - Revista Latino-
Americana de Estudos em Cultura, Niterói/RJ, Ano 13, n. 25, p. 589-603,
set. 2023.
www.periodicos.uff.br/pragmatizes - ISSN 2237-1508
(Dossiê "Imagens reflexas sobre os Encontros de Saberes no ensino superior"
Entrevista)
Quando eu cheguei aqui, eu disse:
Mas minha mãe a senhora foi me
chamar?
“Fui, e vou! É, eu fui e vou, onde você
estivereu tô junto com você!
Porque a nossa espiritualidade é
igual”.
Eu disse:Mas por que a senhora foi me
chamar?
Ela disse:
Porque tinha mais de 30 dias sem dar
notícias!
Naquela época ninguém tinha telefone,
ninguém tinha nada. Nem por fumaça
a gente poderia fazer esse tipo de
comunicação.
O exemplo da minha família é uma
família muito forte, muito aguerrida.
Família mesmo. Isso fez com que eu
partisse de fato para o conhecimento
regional e o conhecimento nacional
também de vários povos que eu vi.
Oswaldo - Fale um pouco desta
vivênciadentro do movimento indígena.
Caboquinho Na realidade existem
vários povos e cada qual com suas
tradições, com a sua cultura, sua
religião. E totalmente diferente e às
vezes muitas pessoas não entendem,
ou não respeitam, ou não querem
respeitar a tradição de determinado
povo.
Eu sou uma pessoa que aprendi muito
durante esse tempo e sempre soube
respeitar, principalmente os anciões,
os mais velhos, e eu acho que ali é
onde está a força maior.
Não desrespeitando também os mais
novos, os Pajés novos e asPajés que
estão se desenvolvendo.Muito das
coisas que a gente tem é o respeito
por aquela sabedoria de um
determinado povo.
O Brasil, todo mundo sabe, é um país
pluriétnico, pluricultural, eu diria que
tem uma cultura totalmente dinâmica
que faz com que você acompanhe
principalmente a questão da
atualidade. Porque você tem que
sempre estar vivenciando o antes, o
agora e o depois.
Além disso, você tem que ver também
a questão dos índios, que eu não diria
que são índios sobreviventes, nem
diria índios emergentes, ou
ressurgidos emergentes, mas eu digo
os indígenas resistentes. Nem
ressurgido, nem emergente, e sim os
índios resistentes.
E essa resistência, essa resistência
significa o que?
594
GIOVANNINI JUNIOR, Oswaldo; GOMES, Antônio Pessoa. À propósito de
um Encontro de Saberes na UFPB. PragMATIZES - Revista Latino-
Americana de Estudos em Cultura, Niterói/RJ, Ano 13, n. 25, p. 589-603,
set. 2023.
www.periodicos.uff.br/pragmatizes - ISSN 2237-1508
(Dossiê "Imagens reflexas sobre os Encontros de Saberes no ensino superior"
Entrevista)
É dizer: “O eu está aqui, eu estou aqui,
eu sou daqui, a minha espiritualidade é
daqui meu conhecimento é daqui, é na
questão da minha terra, eu consegui
isso na questão do meu território, eu
tenho isso também na questão da
territorialidade”.
Isso faz com que fortaleça
principalmente a questão de vivência,
tanto a vivência espiritual, que você
tem que estar presente, como também
a vivência política.
Porque tem que andar junto, essa
questão, principalmente das políticas
públicas.
Não é você querer, como muitas vezes
acontece, de ser um indígena
folclórico, na verdade, você andar com
o cocar, andar com o facão, andar com
isso, fazer aquilo, mas na realidade
não cumpre as suas regras espirituais,
não cumpre as suas regras
ambientais.
Eu costumo ter sempre esse respeito,
principalmente com a natureza.
Eu me dou super bem com a natureza,
com o mar e com as matas. E o rio
também.
Até porque quando eu fui Cacique
Geral, eu me batizei nessas três áreas.
Me batizei na terra, me batizei no fogo,
me batizei no rio.
Oswaldo - Como foi esse batismo?
Pra tornar-se Cacique Geral?
Caboquinho - É, Cacique Geral. Na
verdade, o Cacique Geral tem que
passar pelas três fases, a primeira é a
questão da espiritualidade de você
com a terra. Então você tem que fazer
aquele ritual, você se ajoelha junto
com as mulheres, principalmente as
Pajés, e elas fazem aquela reza.
Antes disso a gente faz um Toré e tal,
mas ela faz aquela reza clamando a
Mãe Terra, pedindo respeito, pedindo
apoio, pedindo força, pedindo isso e
aquilo.
Depois dali nós vamos pro fogo,
né!Você tem que ficar perto mesmo
das Pajés, as Pajés com aquela tocha
de fogo na mão, e aquele fogo é pra
queimar tudo aquilo que você tem de
ruim dentro de você, né. Aquilo ali está
queimando tudo, tudo que for ruim.Seu
corpo está sendo liberado para você
ser uma pessoa livre, para ser uma
pessoa pronta para ocupar uma
função de Cacique Geral. Porque a
função de Cacique Geral é uma função
mais ampla e você tem que estar
seguro, tem que ter um respeito
principalmente com o seu povo, com a
595
GIOVANNINI JUNIOR, Oswaldo; GOMES, Antônio Pessoa. À propósito de
um Encontro de Saberes na UFPB. PragMATIZES - Revista Latino-
Americana de Estudos em Cultura, Niterói/RJ, Ano 13, n. 25, p. 589-603,
set. 2023.
www.periodicos.uff.br/pragmatizes - ISSN 2237-1508
(Dossiê "Imagens reflexas sobre os Encontros de Saberes no ensino superior"
Entrevista)
sua comunidade, com a questão das
marés, a questão dos rios e tudo isso.
Quando você vai fazer o ritual da
água, é pra tirar tudo isso. Tanto que a
água é pra lavar tudo aquilo que a
gente passou na terra, que a gente
passando na terra, aquilo que foi
queimado. Então ali a gente vai para a
água, que a água, principalmente a
água corrente, é ela que vai levar tudo
isso embora.E aí também são as Pajés
que fazem esse banho. Pega na
cabeça, pega na minha cabeça aqui,
três banhos, e depois disso
você é liberado e se torna Cacique
Geral. Pra ser Cacique Geral você tem
que ter um regime, eu diria que é uma
estadia muito complicada.
Você tem que estar pronto pra receber
tudo aquilo que está sendo construído
ali pra nós.
E ainda, sobre minha vivência dentro
do movimento, no passado e nas
articulações de agora, eu devo isso
muito aos meus companheiros, sendo
que muitos se foram: Maninha,
Xicão, seu João Tomás e outros.
Como Xicão sempre falava:
A gente não fica enterrado, a gente é
plantado! E são estas plantas que
estão fazendo o trabalho que até
hoje”.
Oswaldo - E sobre a relação com os
saberes acadêmicos?
Caboquinho - nós buscamos a
relação de tudo isso que eu falei com a
questão acadêmica, a questão do
conhecimento tradicional com o
conhecimento acadêmico.
Isso é uma coisa muito importante
para a gente. Até porque a sociedade
acadêmica não reconhece às vezes, e
passa por cima dos saberes
tradicionais. Principalmente na
questão das plantas medicinais, dos
remédios feitos pelas pessoas que
conhecem, que trabalham com essa
questão das plantas medicinais, o
saber das parteiras indígenas, que é
uma coisa muito importante que foi,
principalmente em anos passados, de
suma importância para aquela
comunidade que tinha uma parteira
dentro de uma aldeia. Aqui, nós
sempre tivemos uma fertilidade muito
grande com os conhecimentos dessas
pessoas, com os conhecimentos
tradicionais de saberes. Uma delas era
dona Nanci e outra era a minha mãe,
dona Maria
10
.
10
Maria Pessoa dos Santos Gomes.
596
GIOVANNINI JUNIOR, Oswaldo; GOMES, Antônio Pessoa. À propósito de
um Encontro de Saberes na UFPB. PragMATIZES - Revista Latino-
Americana de Estudos em Cultura, Niterói/RJ, Ano 13, n. 25, p. 589-603,
set. 2023.
www.periodicos.uff.br/pragmatizes - ISSN 2237-1508
(Dossiê "Imagens reflexas sobre os Encontros de Saberes no ensino superior"
Entrevista)
Minha mãe e dona Nanci acho que
tem mais de mil filhos! Que elas
conseguiram salvar.
Muitos indígenas. Às vezes ia a pé, às
vezes ia de bicicleta, às vezes ia de
cavalo, porque naquela época não
tinha carro. Ia até pra aldeia distante
quando chamavam. Elas faziam o
trabalho de parteira e ficaram muito
conhecidas dentro dessas aldeias.
Mas isso ainda, na sociedade
acadêmica, ainda tem algumas
interrogações de vários setores
médicos, que às vezes não
concordam.
Baseado nisso, eu acho que foi
no ano passado, ano atrasado se não
me engano, nós criamos um GT, um
GT indígena e acadêmico, né?! GT
indígena acadêmico, e tinha a
participação de várias pessoas da
Universidade também, de vários
indígenas daqui.
Oswaldo - Esse GT foi onde?
Caboquinho - O GT foi aqui, no Forte,
a gente se reunia todo sábado aqui,
fizemos um levantamento de mais ou
menos, eu acho que mais de 100
exemplares, entre tese, entre TCC,
entre livros e tal, nós temos mais de
100 exemplares disso.
Oswaldo - Sobre o povo Potiguara?
Caboquinho - É, sobre o povo
Potiguara. E s temos um volume
muito forte, e temos que trazer isso de
volta para dentro, principalmente, para
a sala de aula. E eu não sei se
fizeram, mas a gente queria fazer, por
exemplo, alguns livros didáticos para
começar a jogar isso nas escolas. E
nós temos a questão da demarcação
da terra, a questão da saúde, a
questão da educação, a questão
produtiva agrícola. Nós temos tudo
isso e principalmente a questão da
história Potiguara.
Além de buscar isso aqui, trago a
minha vivência dentro do movimento
indígena regional e nacional e até
internacional. Eu tive a oportunidade
de observar vários rituais de vários
povos, bolivianos, peruanos, que me
empolgavam. São totalmente
diferentes de nossa realidade.
Aqui no nordeste a gente tem buscado
valorizar isso:rituais tradicionais,
aspectos culturais, ambientais e
históricos junto com as Universidades.
597
GIOVANNINI JUNIOR, Oswaldo; GOMES, Antônio Pessoa. À propósito de
um Encontro de Saberes na UFPB. PragMATIZES - Revista Latino-
Americana de Estudos em Cultura, Niterói/RJ, Ano 13, n. 25, p. 589-603,
set. 2023.
www.periodicos.uff.br/pragmatizes - ISSN 2237-1508
(Dossiê "Imagens reflexas sobre os Encontros de Saberes no ensino superior"
Entrevista)
Muitos indígenas não estavam
acostumados a vivenciar por exemplo
o toré, a questão da pintura, a questão
do cocar, a questão dos cantos que a
gente tem. E isso, a Universidade,
principalmente a UFPB ela fez um
trabalho muito interessante.
Eu lembro de um professor que falava
que uma das coisas mais fortes que
um índio pode ter de arma, não é
arma de fogo não, mas sim o seu
maraca. O seu maraca tem um som
muito forte. Quando soa até as
pessoas que divergem, eles querem
comparecer, querem participar do
ritual. Uma das coisas que nos
fortaleceu foi a questão da pintura. Eu
estudei muito as técnicas da pintura e
eu consegui ver que na realidade a
pintura indígena está baseada em três
coisas, que é:nos pássaros, nos
répteis e nos peixes.
Pois passado esse tempo todo dentro
do movimento, mais de 30 anos de
movimento indígena, aprendi a
conviver, a participar e às vezes a
instruir dentro das minhas aulas, que
eu sempre dei, questões de
fortalecimento, principalmente cultural,
do povo Potiguara. Partindo do
princípio da questão da história, pela
questão da oralidade, eu fazia com
que meus alunos fizessem pesquisa
de campo, conversar com os anciões
sobre as questões daquela velha
comunidade, visitar as igrejas antigas,
visitar os rios, as matas, os mangues e
isso fortaleceu muito a convivência, a
questão dos saberes, dos saberes
tradicionais com o saber acadêmico.
Oswaldo - Quando você começou a
ter contato mesmo com a
Universidade, como foi a primeira vez,
algum pesquisador que chegou aqui
ou você dentro do movimento?
Conta um pouco dessa sua trajetória
de relacionamento com a Universidade
até sua formação acadêmica e o título
de doutor Honoris Causa.
Caboquinho - Na realidade, eu muito
novo ainda, eu me preocupei. Na
época eu não era nem cacique, eu me
preocupei com o fato de pessoas
vindas de fora para serem professoras
aqui nas escolas indígenas. Eu me
preocupei também com o fato de
muitos acadêmicos virem aqui fazerem
suas pesquisas, seus relatórios, e o
darem retorno para a comunidade. Eu
vi muitas vezes o próprio pessoal da
Funai fazer um trabalho aqui dentro
sobre a questão das plantas
598
GIOVANNINI JUNIOR, Oswaldo; GOMES, Antônio Pessoa. À propósito de
um Encontro de Saberes na UFPB. PragMATIZES - Revista Latino-
Americana de Estudos em Cultura, Niterói/RJ, Ano 13, n. 25, p. 589-603,
set. 2023.
www.periodicos.uff.br/pragmatizes - ISSN 2237-1508
(Dossiê "Imagens reflexas sobre os Encontros de Saberes no ensino superior"
Entrevista)
medicinais e da questão das rezas e
isso nunca voltar para a comunidade.
Oswaldo- Isso era mais ou menos em
que ano?
Caboquinho - anos 80, início dos
anos 80.
Oswaldo - Então era jovenzinho.
Caboquinho - Era.E eu fui até a
Universidade e tive uma reunião com o
reitor pra ver se tinha possibilidade de
alguns indígenas irem fazer, naquele
tempo, vestibular.
Oswaldo - Qual Universidade?
Caboquinho - UFPB. Porque eu me
preocupava muito!Tinham muitos
indígenas que terminavam naquela
época o terceiro ano e aí paravam e
não tinham condições de estudar,
fazer Universidade. Por mais que seja
pública, você tem gastos, né?!
O que eu queria? Eu queria que a
Universidade criasse um Campus, um
núcleo mais perto daqui. Eu estava
pensando nisso, que não pode fazer
uma Universidade, coloca um núcleo
e tem várias áreas para serem
trabalhadas. Tem a questão da pesca,
tem várias áreas que a Universidade
pode trabalhar. E ele disse que não
tinha condições e tal. Depois eu
procurei novamente outro reitor e ele
não atendeu. Daí montei uma
comissão e fui pra Campina Grande,
pra UFCG. A UFCG disse que
aceitava fazer um trabalho com a
gente, de cooperação e criaria um
curso específico para os indígenas,
principalmente professores. Foi
quando veio o Prolind
11
. O Prolind é
um programa de Licenciatura
Intercultural,que é um programa
justamente para professores. Eu,
como universitário, não aqui e em
Campina Grande, mas eu tenho
relação muito boa com a Universidade,
principalmente a do Rio Grande do
Norte com a de Pernambuco também
e com as instituições como os IFs e
outras Universidades. Eu tenho um
acesso muito, muito bom e isso faz
com que o povo Potiguara hoje tenha
11
Prolind: Programa de Apoio à Formação
Superior e Licenciaturas Interculturais
Indígenas, criado pelo MEC em 2005 para
apoiar a formação superior de professores
indígenas. Na Universidade Federal de
Campina Grande foi criado o curso de
Licenciatura em Educação Indígena, fruto de
uma longa parceria entre a UFCG e a OPIP
(Organização dos Professores Indígenas
Potiguara)
599
GIOVANNINI JUNIOR, Oswaldo; GOMES, Antônio Pessoa. À propósito de
um Encontro de Saberes na UFPB. PragMATIZES - Revista Latino-
Americana de Estudos em Cultura, Niterói/RJ, Ano 13, n. 25, p. 589-603,
set. 2023.
www.periodicos.uff.br/pragmatizes - ISSN 2237-1508
(Dossiê "Imagens reflexas sobre os Encontros de Saberes no ensino superior"
Entrevista)
vários Campus pra estudar, tanto na
Universidade pública quanto privada.
Oswaldo - E você fez o Prolind... Foi
da primeira turma.
Caboquinho - Fiz o Prolind. Fui da
primeira turma. E essa vivência toda
dentro da Universidade e com o meu
trabalho também voltado à defesa dos
direitos indígenas, como a questão da
demarcação da terra, a questão da
saúde. Fui um dos protagonistas para
se criar essa Secretaria Especial de
Saúde Indígena e também um dos
protagonistas na criação da educação
diferenciada e das escolas indígenas.
O que está pendente ainda é a
questão da produção agrícola, então,
de você trabalhar na terra, você ter o
seu próprio sustento, tanto você como
sua família. Você saber trabalhar na
terra também é uma das coisas mais
importantes, onde entra os saberes em
relação à lua, o agricultor indígena
sabe quando é que a lua está boa,
pois eles fazem o plantio. Sabe
quando a lua está boa para fazer uma
colheita, sabe também quando e como
se deve plantar uma determinada
planta. Não é todo mundo que sabe
fazer um plantio, principalmente de
plantas frutíferas. Enfim, é esse
conhecimento tradicional que nós
trazemos. O conhecimento acadêmico
também aqui é de suma importância
porque você soma os dois e fica muito
forte. Hoje nós temos vários técnicos
agrícolas, poderíamos fazer isso.
Nós temos várias pessoas hoje na
Universidade fazendo Ciências da
Religião, uma das coisas importantes.
Nós temos vários indígenas fazendo
Antropologia. Isso é muito positivo.
Nós temos hoje um leque muito forte
de indígenas aqui, principalmente
Potiguara, dentro da Universidade.
Isso é consequência de uma luta do
movimento indígena.
Então, por todos estes anos de
trabalho, a Universidade Federal da
Paraíba me concedeu o título de
doutor Honoris Causa. Durante toda
essa luta que eu trouxe na questão
das retomadas, não daqui, mas da
região nordeste, leste, de Minas
Gerais pra e Espírito Santo. Eu
participei de todas essas retomadas.
Então é pela ideologia, pela questão
da sobrevivência, a questão da
moradia, a questão da saúde, a
questão da educação, é você ter um
lugar sagrado pra você morar.
600
GIOVANNINI JUNIOR, Oswaldo; GOMES, Antônio Pessoa. À propósito de
um Encontro de Saberes na UFPB. PragMATIZES - Revista Latino-
Americana de Estudos em Cultura, Niterói/RJ, Ano 13, n. 25, p. 589-603,
set. 2023.
www.periodicos.uff.br/pragmatizes - ISSN 2237-1508
(Dossiê "Imagens reflexas sobre os Encontros de Saberes no ensino superior"
Entrevista)
Isso fez com que a
Universidade me desse esse título e
hoje, aqui no nordeste, eu sou o único
índio que tem o título de Honoris
Causa por uma Universidade
federal.Este título é de suma
importância pra mim, porque é o
reconhecimento de uma instituição
federal, de uma Universidade, em
reconhecer uma luta, é o
reconhecimento daquela pessoa que
sempre lutou, sempre esteve junto ali
na luta para defender a questão do
seu território, questão dos seus
direitos e deveres.
Oswaldo - Depois que você foi
concedido com esse título de doutor
Honoris Causa, você acha que abriu
mais espaço dentro da academia para
você poder se manifestar e participar,
dar aula? Como tem sido nos últimos
anos?
Caboquinho - O título foi em 2016. A
partir daí as portas se abriram de fato.
São muitas Universidades que me
chamam para eu dar palestras. E não
dar palestras, mas de conhecer
também a questão da vivência do
indígena dentro da Universidade. Eu
tenho uma sorte muito grande porque
apesar da Universidade ter suas
falhas, toda instituição tem, mas, eu
sou um felizardo porque eu nunca fui
discriminado, sempre com o maior
respeito, em qualquer Universidade,
seja em qualquer escola agrícola que
eu estudei. Eu sempre fui uma pessoa
de destaque, destaque dentro dos
meus conhecimentos, mas eu nunca
sofri este tipo de preconceito.
Não as Universidades que me
convidam para dar palestras, mas
também vários colégios estaduais e
municipais também, e também várias
escolas que não fazem parte do
contexto de governo.
Mas, no geral, eu estou sendo
convidado para vários eventos que vão
acontecer. Agora mesmo na semana
de abril, vai ter um documentário sobre
a história Potiguara, na semana
indígena. Tem também um convite pra
dar uma palestra na Unicap
(Universidade Católica de
Pernambuco).
Oswaldo E, na sua opinião, o que a
Universidade poderia aprender para
abrir mais espaço para esse
conhecimento indígena?
601
GIOVANNINI JUNIOR, Oswaldo; GOMES, Antônio Pessoa. À propósito de
um Encontro de Saberes na UFPB. PragMATIZES - Revista Latino-
Americana de Estudos em Cultura, Niterói/RJ, Ano 13, n. 25, p. 589-603,
set. 2023.
www.periodicos.uff.br/pragmatizes - ISSN 2237-1508
(Dossiê "Imagens reflexas sobre os Encontros de Saberes no ensino superior"
Entrevista)
Caboquinho - Eu acho que a
Universidade deveria criar um curso
específico, porque na realidade, você
faz antropologia e antropologia
abrange tudo, mas assim, criar um
curso específico que explore a questão
da etnohistória. E aí, você trabalharia a
questão do povo Potiguara, a questão
do povo Tabajara, do povo Cariri, a
questão do povo Tuxá, Xucuru, enfim,
entre outros. Faria assim, em um
contexto muito maior, e em cada
disciplina daquela, ou cada período,
ser trabalhado com o povo tal. E
chamaria eles pra darem aulas.
Poderiam abordar a questão dos
Pajés, a questão das parteiras.
Principalmente aqui na UFPB, Campus
IV, que tem um percentual de
indígenas muito forte. Isso tanto
fortaleceria a questão cultural interna,
aqui nossa Potiguara, como a questão
externa, acadêmica dentro da
Universidade. Seria então a
pluralidade.E com os próprios
professores indígenas.Porque?
Quando eu estava na Universidade, na
UFCG, eu tinha uma professora de
história, professora Juciene. Ela não
tem vergonha de falar, disse que
aprendeu mais com os indígenas
Potiguaras do que aprendeu na
academia:
“Caboquinho, vo foi meu professor.
Coisas que eu não sabia, você me
ensinou. Eu tenho você hoje como
meu professor”.
Forma aquele elo de ligação, tanto a
gente aprende, como eles aprendem
com a gente também.
Oswaldo - Então o Prolind era um
momento dos saberes se encontrarem.
Vocês tanto levavam, quanto traziam
conhecimento.
Caboquinho - Ali a gente estudava
antropologia, sociologia, enfim, e cada
um tinha sua área de atuação, eu fazia
história, outros faziam biologia, física,
matemática. As coisas que a gente
não sabia, aprendia, e o que outros
não soubessem, também, com a gente
aprendiam. Um encontro de saberes
de fato. E o Prolind era uma dessas
iniciativas que deveriam continuar,
porque esta troca de saberes é muito
importante.
Oswaldo - Sua licenciatura então foi
em história e você pegou nessa parte
de etnohistória.
602
GIOVANNINI JUNIOR, Oswaldo; GOMES, Antônio Pessoa. À propósito de
um Encontro de Saberes na UFPB. PragMATIZES - Revista Latino-
Americana de Estudos em Cultura, Niterói/RJ, Ano 13, n. 25, p. 589-603,
set. 2023.
www.periodicos.uff.br/pragmatizes - ISSN 2237-1508
(Dossiê "Imagens reflexas sobre os Encontros de Saberes no ensino superior"
Entrevista)
Fala um pouquinho sobre como foi sua
pesquisa da monografia, do TCC.
Caboquinho - Eu fiz o TCC que na
verdade estava quase pronto de
cabeça. Eu me inspirei muito no
relatório Bauman
12
. Eu me inspirei
muito, até porque, na época eu era
menino ainda, mas acompanhei meu
pai na demarcação e tal. E eu era
muito curioso, participava de reunião
escondido com os Caciques. eu
sempre gostei da questão da
oralidade, e quando apareceu essa
questão do Prolind eu disse... pronto
agora eu vou!”.
Qual era o meu interesse de fazer o
Prolind? Era pra mostrar um pouco de
como se procedeu a demarcação da
terra indígena aqui.
Eu disse: “Agora eu vou botar!”.
Eu tinha na cabeça mais ou menos a
base e fiz sobre a demarcação da terra
desde o século XVI... até as lutas da
década de 80.
Oswaldo - Uma última pergunta:
Nessas suas andanças dando
palestras e participando de cursos,
você recebe alguma remuneração?
12
Relatório de Therezinha de Barcellos
Bauman, 1981.
Caboquinho - Acho que era pra eu
cobrar meus honorários (risos). Mas
no geral mesmo eles pagam somente
a passagem, eu vou e dou a
palestra e pronto. E em cursos
também eles pedem minha
participação, mas não remuneram.
Oswaldo - O que se defende dentro
do projeto do ‘Encontro de Saberes’ é
que o trabalho como o seu, de
professor, seja devidamente
remunerado como um professor doutor
da Universidade.
Caboquinho - Eu acho que é o certo!
Palavras finais
Gostaria de agradecer pela
oportunidade dada pela revista
PragMATIZES a nós povos indígenas,
isso não foi uma oportunidade
concedida a mim, pois a luta
indígena é uma luta coletiva. Quando
um de nós é reconhecido todos
também são.
É importante que nós, povos
indígenas, ocupemos mais e mais
espaços, espaços esses que nos
foram negados durante séculos. Seja
nas Universidades, nas escolas, nas
603
GIOVANNINI JUNIOR, Oswaldo; GOMES, Antônio Pessoa. À propósito de
um Encontro de Saberes na UFPB. PragMATIZES - Revista Latino-
Americana de Estudos em Cultura, Niterói/RJ, Ano 13, n. 25, p. 589-603,
set. 2023.
www.periodicos.uff.br/pragmatizes - ISSN 2237-1508
(Dossiê "Imagens reflexas sobre os Encontros de Saberes no ensino superior"
Entrevista)
telas, nos espaços políticos… É
preciso alertar a humanidade que
vivemos em tempos em que grandes
políticos, grileiros, madeireiros,
fazendeiros seguem nos matando.
Essa letalidade é maior que qualquer
arma de fogo, é a maior violência.
Acabamos morrendo duas vezes
coletivamente quando tentam
exterminar nossa identidade e quando
invadem e matam nossos territórios,
nosso modo de vida. Nossa luta
sempre foi e continuará sendo de
forma coletiva, somos indígenas
resistentes e não índios emergentes.
Ressalto também o
fortalecimento da nossa juventude,
eles e elas são frutos de nossa luta e
serão outras sementes para que nosso
movimento indígena não acabe.
Para encerrar, reforço nosso
elo, nossa conexão com a mãe terra,
ela foi a primeira a sangrar e hoje pede
socorro à humanidade e se a
sociedade não receber e entender
esse chamado de nós povos
indígenas, não vai escutar mais o
chamado de ninguém. Se não tiver
respiração para os povos indígenas
não terá para mais ninguém.
É preciso reafirmar que a luta
pela mãe terra não é uma luta dos
povos indígenas, é uma luta de todos.
É urgente para a gente ver que temos
um desafio grande, que são as
mudanças climáticas e vamos ter que
enfrentá-las.
O futuro e indígena. Ou não
futuro!
Cacique Caboquinho
Referências
BAUMANN, Terezinha de Barcellos.
Relatório Potiguara. Rio de Janeiro:
Fundação Nacional do Índio. 1981.
CARVALHO, José Jorge de; VIANNA,
Letícia C. R. O Encontro de Saberes
nas universidades. Uma síntese dos
dez primeiros anos. In: Encontro de
Saberes: Transversalidades e
Experiências. Revista Mundaú,
Maceió, UNIFAL, n. 9, 2020. Disponível
em:
https://doi.org/10.28998/rm.2020.n.9.1112
8 . Acesso em: 05 abr. 2023.
GOLDMAN, Márcio; BARBOSA NETO,
Edgard Rodrigues; ROSE, Isabel
Santana de. Encontro com os
‘Encontros de Saberes’. Encontro de
Saberes: Transversalidades e
Experiências. Revista Mundaú,
Maceió, UNIFAL, n. 9, 2020.
Disponível em:
https://doi.org/10.28998/rm.2020.n.9.1240
2 . Acesso em: 05 abr. 2023.