BITTER, Daniel; CHAVES, Wagner. Imagens reflexas sobre os Encontros
de Saberes no ensino superior. PragMATIZES
de Estudos em Cultura, Niterói/RJ, Ano 13, n.
existenciais. Grupos e coletivos, estes,
que tiveram, muita
ao poder dos grandes impérios
coloniais, reafirmando suas
especificidades culturais, às custas de
muita luta e suor. Podemos dizer que,
fundamentalmente, é urgente que
aprendamos com essas comunidades
a lidar com o cosmos como um ser
vivo e que a vida, -
matas, dos astros, das rochas, das
pessoas, dos animais, dos espíritos
é em si mesma, um valor.
Pois, tudo se passa como na
bela fabulação de Airton Krenak (1999)
sobre o eterno retorno do encontro, ao
sugerir que o co
os povos originários das Américas já
havia sido profetizado em narrativas
antiquíssimas. Algumas dessas velhas
narrativas falam de um outro irmão
que havia se afastado do convívio
original e que já não se sabia onde e
como se encontra
o que queria. Mas, ao mesmo tempo,
são essas mesmas narrativas
ancestrais que sugerem o retorno
desse irmão como um visitante, já
desconhecido. O ponto importante,
aqui, é que esse reencontro é
frequentemente revivido na forma de
um par
adoxo: como uma ameaça ou
BITTER, Daniel; CHAVES, Wagner. Imagens reflexas sobre os Encontros
Revista Latino-Americana
5, p. 251-266, set. 2023. www.periodicos.uff.br/pragmatizes -
(Dossiê "
Imagens reflexas sobre os Encontros de Saberes n
existenciais. Grupos e coletivos, estes,
ao poder dos grandes impérios
coloniais, reafirmando suas
especificidades culturais, às custas de
muita luta e suor. Podemos dizer que,
fundamentalmente, é urgente que
aprendamos com essas comunidades
a lidar com o cosmos como um ser
matas, dos astros, das rochas, das
pessoas, dos animais, dos espíritos
-,
Pois, tudo se passa como na
bela fabulação de Airton Krenak (1999)
sobre o eterno retorno do encontro, ao
os povos originários das Américas já
havia sido profetizado em narrativas
antiquíssimas. Algumas dessas velhas
narrativas falam de um outro irmão
que havia se afastado do convívio
original e que já não se sabia onde e
o que queria. Mas, ao mesmo tempo,
são essas mesmas narrativas
ancestrais que sugerem o retorno
desse irmão como um visitante, já
desconhecido. O ponto importante,
aqui, é que esse reencontro é
frequentemente revivido na forma de
adoxo: como uma ameaça ou
como uma possibilidade de um
convívio pautado no genuíno respeito
às diferenças culturais. Segundo
Krenak, em sua desventura, os
brancos aprenderam muitas coisas,
mas se esqueceram de outras tantas,
de sua origem, de sua ancestral
Talvez tenham perdido, afinal, o
sentido de humanidade, a direção de
seu futuro. Krenak, portanto, apela
para o bom senso sobre o benefício
mútuo que uma reformulação desses
encontros e aproximações poderia
lograr com uma abertura efetiva por
parte
A abertura para vivenciar os
encontros, portanto, em alguma
medida, requer disponibilidade para se
relacionar com a diferença, aceitando
seus riscos, encantos e armadilhas.
Se, como nos alerta Krenak, o
encontro é inevitável e se d
momento, um dos maiores desafios,
que certamente perpassa as
experiências e reflexões narradas
neste dossiê, é como gerar bons
encontros. A priori, nada garante que o
encontro com a diferença, com o
diferente, seja profícuo, equânime e
respeitoso.
história da civilização ocidental é
marcada pela dificuldade (e
253
ISSN 2237-1508
Imagens reflexas sobre os Encontros de Saberes n
o ensino superior")
como uma possibilidade de um
convívio pautado no genuíno respeito
às diferenças culturais. Segundo
Krenak, em sua desventura, os
brancos aprenderam muitas coisas,
mas se esqueceram de outras tantas,
de sua origem, de sua ancestral
idade.
Talvez tenham perdido, afinal, o
sentido de humanidade, a direção de
seu futuro. Krenak, portanto, apela
para o bom senso sobre o benefício
mútuo que uma reformulação desses
encontros e aproximações poderia
lograr com uma abertura efetiva por
A abertura para vivenciar os
encontros, portanto, em alguma
medida, requer disponibilidade para se
relacionar com a diferença, aceitando
seus riscos, encantos e armadilhas.
Se, como nos alerta Krenak, o
encontro é inevitável e se d
á a todo
momento, um dos maiores desafios,
que certamente perpassa as
experiências e reflexões narradas
neste dossiê, é como gerar bons
encontros. A priori, nada garante que o
encontro com a diferença, com o
diferente, seja profícuo, equânime e
história da civilização ocidental é
marcada pela dificuldade (e