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PEREGRINO, Miriane. A Rua como Palco de Cultura Viva: Entrevista com
Alexandre Santini. PragMATIZES - Revista Latino-Americana de Estudos
em Cultura, Niterói/RJ, Ano 14, n. 26, p. 203-211, mar. 2024.
www.periodicos.uff.br/pragmatizes - ISSN 2237-1508
(Dossiê "Cultura Viva: do Programa à Lei – questões estruturantes no
Brasil e demais políticas de Cultura Viva Comunitária")
porque, a partir do teatro, observando as relações com a cidade, com a sociedade, de
um modo geral, com as questões políticas da atualidade e tal… Então a gente, eu
pude, no Tá na rua, de certa forma, exercitar, todo esse trabalho de atuação pública
no sentido mais amplo mesmo. Tanto a dimensão política, ali, da constituição da
política pública, das lutas pela própria manutenção, ali, do espaço do Tá na rua. A
questão, depois veio a lei das Artes públicas. Quando você olha a trajetória, você
percebe que também, a partir dali, do Tá na rua se criou e se mantém toda uma
articulação, todo um movimento. Então, isso aí, isso me influenciou decisivamente.
Inclusive, a opção por ir pro caminho mais da gestão cultural, acabou acontecendo no
próprio Tá na rua, com o Pontos de Cultura, que foi esse projeto que você conheceu,
participou… Vivenciamos lá porque o Cultura Viva abriu, descortinou também pra
mim, um outro caminho, novo e que… do qual eu ainda sigo, que é pensar as políticas
culturais, as políticas públicas de cultura, essa relação também com a América Latina.
Tudo isso que foi se construindo aí nos últimos anos, e que ainda se mantém apesar
do momento difícil que a gente vive no Brasil.
MP: Santini, eu estava aqui te escutando e passou um filme na minha cabeça. Eu
lembro que antes de ser Agente Cultura Viva, lá no Tá na rua, eu e um grupo de
colegas da faculdade, nós fomos assistir o “Dar não Dói, o que Dói é Resistir”, que
vocês encenavam no Largo da Carioca, toda sexta-feira. Isso lá pra 2005, 2004, mais
ou menos. E foi um espetáculo que eu assisti, até participei algumas vezes também,
que me marcou muito na época, Era uma reelaboração da história do Brasil, da
ditadura militar na rua, né? Era muito impressionante. E, de lá pra cá, apesar desses
avanços que a gente teve, aí, na política, a gente também caiu num grande
negacionismo histórico, num conservadorismo, aí, da extrema direita. É um salto muito
complexo, difícil de entender, de digerir, mas, é… voltando aqui ao nosso tema, eu
gostaria também que você falasse um pouco sobre o seu livro, "Cultura Viva
Comunitária: Políticas Culturais no Brasil e na América Latina", que você publicou pela
ANF Produções, em 2016. Eu sei que esse livro, ele nasceu da sua atuação como
gestor cultural e da sua dissertação de mestrado na UFF, mas eu queria de saber
como você trabalha esse conceito e quais são os pontos de aproximação ou de