LUZES, Jessica Suzano. Desafios na implementação da educação
Patrimonial na Assistência Estudantil: uma avaliação do projeto
“Trajetos Culturais” na Universidade Federal do Rio de Janeiro.
PragMATIZES - Revista Latino-Americana de Estudos em Cultura,
Niterói/RJ, Ano 14, n. 27, p. 157-181, set. 2024.
www.periodicos.uff.br/pragmatizes - ISSN 2237-1508
(Dossiê "Educação Patrimonial na América Latina: temas,
metodologías e enfoques pedagógicos")
Desafios na Implementação da Educação Patrimonial na Assistência Estudantil: uma
avaliação do projeto Trajetos Culturais na Universidade Federal do Rio de Janeiro.
Jessica Suzano Luzes
1
DOI: https://doi.org/10.22409/pragmatizes.v14i27.62825
Resumo: Como as universidades contribuem para a educação patrimonial em um país? São
instituições sociais que formam profissionais nas áreas de história, conservação, restauração, entre
outros, mas para além do compromisso com as especificidades destas variadas áreas de saber,
pretende-se enfocar o desenvolvimento integral do estudante. Esse enfoque se fundamenta no amplo
debate sobre a inclusão da cultura e sua diversidade como um dos objetivos do desenvolvimento
sustentável (ODS), um desafio que atravessa diferentes áreas das políticas públicas, como evidenciado
na meta 4.7, que associa a educação inclusiva e equitativa de qualidade ao acesso aos bens culturais.
Nesse contexto surge o projeto "Trajetos Culturais", realizado pela Pró-Reitoria de Políticas Estudantis
(PR7) da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Esse projeto oferece visitas guiadas a
espaços culturais para estudantes de graduação e pós-graduação, muitos dos quais em situação de
vulnerabilidade socioeconômica. O foco está na análise histórica desse projeto, realizado entre 2018 e
2023, coordenado pela equipe multidisciplinar da Divisão de Esporte, Cultura e Lazer (DECULT)
PR7/UFRJ. Parte-se de uma análise ex-ante que considera o contexto das políticas no âmbito da
assistência estudantil, o desenvolvimento de um projeto experimental no âmbito da cultura, o "Ônibus
cultural". A análise ex-post se apresenta em resultado e discussões, que possibilitam resultados e
impactos concretos, tendo como referência as diretrizes da educação patrimonial do Brasil, conforme
a portaria nº 137, de 28 de abril de 2016. Ambas as formas de avaliação (prévia e posterior) envolvem
uma análise exploratória de variáveis qualitativas registradas nos formulários de inscrição dos
participantes, todos analisados por meio de técnicas de Data Science Analytics. Como considerações
finais, assinala-se os feedbacks dos participantes dessas ações.
Palavras-chave: Gestão cultural; Produção cultural; Avaliação ex-post; Avaliação ex-ante; Data
Science Analytics.
Desafíos en la implementación de la Educación Patrimonial en la Atención al Estudiante: una
evaluación del proyecto Rutas Culturales en la Universidad Federal de Río de Janeiro.
Resumen: ¿Cómo contribuyen las universidades a la educación patrimonial en un país? Son
instituciones sociales que forman profesionales en las áreas de la historia, conservación, restauración,
entre otras, pero además del compromiso con las especificidades de estas variadas áreas del
conocimiento, el objetivo es enfocarse en el desarrollo integral del estudiante. Este enfoque se sustenta
en el amplio debate sobre la inclusión de la cultura y su diversidad como uno de los objetivos del
desarrollo sostenible (ODS), un desafío que atraviesa distintos ámbitos de las políticas públicas, como
se evidencia en la meta 4.7, que asocia educación inclusiva y equitativa. por la calidad del acceso a los
bienes culturales. En ese contexto, surge el proyecto "Caminos Culturales", realizado por el Decano de
Políticas Estudiantiles (PR7) de la Universidad Federal de Río de Janeiro (UFRJ). Este proyecto ofrece
visitas guiadas a espacios culturales para estudiantes de pregrado y posgrado, muchos de los cuales
se encuentran en situación de vulnerabilidad socioeconómica. La atención se centra en el análisis
1
Jessica Suzano Luzes. Doutora em História Política e Bens Culturais pelo CPDOC/Fundação
Getúlio Vargas. Técnica em gestão e produção cultural na Pró-Reitoria de Políticas Estudantis,
Universidade Federal do Rio de Janeiro/UFRJ, Brasil. E-mail: jessicaluzesgestaocultural@gmail.com
Recebido em 01/05/2024 e aceito para publicação em 16/09/2024.
LUZES, Jessica Suzano. Desafios na implementação da educação
Patrimonial na Assistência Estudantil: uma avaliação do projeto
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PragMATIZES - Revista Latino-Americana de Estudos em Cultura,
Niterói/RJ, Ano 14, n. 27, p. 157-181, set. 2024.
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histórico de este proyecto, realizado entre 2018 y 2023, coordinado por el equipo multidisciplinario de
la División de Deportes, Cultura y Ocio (DECULT) PR7/UFRJ. Se parte de un análisis ex ante que
considera el contexto de las políticas en el ámbito de la atención estudiantil, el desarrollo de un proyecto
experimental en el ámbito de la cultura, el "Autobús Cultural". El análisis ex-post se presenta en
resultados y discusiones, que posibilitan resultados e impactos concretos, teniendo como referencia las
directrices de la educación patrimonial en Brasil, según la ordenanza 137, de 28 de abril de 2016.
Ambas formas de evaluación (previa). y posteriormente) implican un análisis exploratorio de variables
cualitativas registradas en los formularios de registro de los participantes, todas analizadas mediante
técnicas de Data Science Analytics. Como consideraciones finales, se destaca la retroalimentación de
los participantes en estas acciones.
Palabras clave: Gestión cultural; Producción cultural; Evaluación ex post; Evaluación ex ante; Análisis
de ciencia de datos.
Challenges in Implementing Heritage Education in Student Assistance: an evaluation of the
project Cultural Routes at the Federal University of Rio de Janeiro.
Abstract: How do universities contribute to heritage education in a country? They are social institutions
that train professionals in the areas of history, conservation, restoration, among others, but in addition
to the commitment to the specificities of these varied areas of knowledge, the aim is to focus on the
student's integral development. This focus is based on the broad debate on the inclusion of culture and
its diversity as one of the objectives of sustainable development (SDG), a challenge that crosses
different areas of public policies, as evidenced in target 4.7, which associates inclusive and equitable
education for quality of access to cultural goods. In this context, the "Cultural Paths" project arises,
carried out by the Dean of Student Policies (PR7) of the Federal University of Rio de Janeiro (UFRJ).
This project offers guided visits to cultural spaces for undergraduate and postgraduate students, many
of whom are in situations of socioeconomic vulnerability. The focus is on the historical analysis of this
project, carried out between 2018 and 2023, coordinated by the multidisciplinary team of the Sports,
Culture and Leisure Division (DECULT) PR7/UFRJ. It starts with an ex-ante analysis that considers the
context of policies in the field of student assistance, the development of an experimental project in the
field of culture, the "Cultural Bus". The ex-post analysis is presented in results and discussions, which
enable concrete results and impacts, having as a reference the guidelines of heritage education in Brazil,
according to ordinance no. 137, of April 28, 2016. Both forms of evaluation (prior and later) involve an
exploratory analysis of qualitative variables recorded in the participants' registration forms, all analyzed
using Data Science Analytics techniques. As final considerations, feedback from participants in these
actions is highlighted.
Keywords: Cultural management; Cultural production; Ex-post evaluation; Ex-ante evaluation; Data
Science Analytics.
Desafios na Implementação da Educação Patrimonial na Assistência Estudantil: uma
avaliação do projeto Trajetos Culturais na Universidade Federal do Rio de Janeiro.
Introdução
Os estudos no campo da política
e gestão cultural têm ressaltado cada
vez mais a importância de avaliar os
projetos e programas implementados
pelo Estado (Barros; Oliveira Junior,
2011; Dellagnelo, 2015). Em um
cenário de recursos limitados e
demandas crescentes, é fundamental
garantir que os investimentos públicos
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Patrimonial na Assistência Estudantil: uma avaliação do projeto
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sejam direcionados de maneira eficaz e
eficiente, alcançando os resultados
desejados e maximizando o impacto na
sociedade.
As estratégias sugeridas para
atender a essa demanda são a
avaliação ex ante (precede a
implementação) e uma avaliação ex
post (que ocorre após a implementação
do projeto). A primeira tem o objetivo de
"prevenir" e "antecipar possíveis
problemas" que possam surgir por
acaso. É recomendável examinar uma
série de influências prováveis, tanto
diretas quanto indiretas, que podem ser
favoráveis ou desfavoráveis ao projeto.
Isso nos leva a questionar se o projeto
deve ou não prosseguir, pois
estimamos os custos e os impactos (ou
benefícios) esperados. Isto foi possível
a partir do projeto-piloto denominado
"Ônibus cultural".
De forma mais clara, a
sistematização cuidadosa das
informações desse projeto
experimental foram cruciais para
2
O Conselho Nacional de Educação Superior
(Consuni) no Brasil é uma instância colegiada
do governo federal, ligada ao Ministério da
educação (MEC), cujo propósito é estabelecer
e coordenar as diretrizes da política de ensino
superior no País (Brasil, 1996, art. 43)
3
A Pró-Reitoria de Políticas Estudantis da
UFRJ foi aprovada no Conselho Universitário
embasar as conversas sobre a
importância das atividades culturais,
influenciando as deliberações do
Conselho Nacional de Educação
Superior (Consuni)
2
para estabelecer
uma Pró-Reitoria dedicada a esse fim.
Assim, garantiu-se a continuidade
dessa ação, que foi renomeada como
"Trajetos Culturais". Ela se tornou um
dos pilares do Programa de Incentivo à
Cultura, estabelecido pela Portaria
6297, de 27 de junho de 2019
3
.
Outra estratégia de análise é o
exame avaliação ex post, realizado
durante ou após a conclusão do
projeto, é essencial para identificar e
medir os efeitos resultantes do projeto.
Ela pode ter dois objetivos principais:
avaliar os resultados em termos de
eficiência, produtos, efeitos e impacto,
e também adquirir conhecimento e
experiência para orientar futuros
programas ou projetos.
em 08 de março de 2018, e sua
regulamentação em 2019, na resolução no
02/2019, disponível online em: 2018 em:
https://politicasestudantis.ufrj.br/images/DOCU
MENTOS/RESOLU%C3%87%C3%95ES_CE
G_-
_CONSUNI/Resolucao_n_02_de_2019.pdf.
Acesso em: 25 fev. 2024.
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Patrimonial na Assistência Estudantil: uma avaliação do projeto
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A. A antessala do Projeto "Trajetos
Culturais"
Na análise ex-ante importa o
contexto de implantação de um
determinado projeto, e por isso importa
uma breve digressão sobre
democratização do acesso ao ensino
superior. À título de ilustração, cabe
dizer que este tema é debatido em
vários países. Na França, em 1989,
segundo Simone Costa (2010), foi
estabelecido o Observatoire National
de la vie Estudante, no Ministério da
Educação, com o objetivo de coletar
informações sobre a vida dos
estudantes de todos os níveis de
ensino e suas relações com o estudo.
Foram feitos estudos periódicos para
auxiliar o governo na formulação de
políticas direcionadas aos estudantes.
Isso representou uma abordagem
abrangente da vida acadêmica dos
estudantes universitários,
considerando aspectos como
alimentação, transporte, saúde,
financiamento dos estudos, aspectos
psicológicos, interações no ambiente
acadêmico, cultura e esporte.
Na Université Paris Sorbonne,
Costa explica que havia diversos tipos
de suporte aos estudantes, incluindo
um departamento de informações
gerais sobre organizações, instalações,
moradia, trabalho, atividades de lazer,
taxas, subsídios, empréstimos;
aconselhamento sobre questões
pessoais e familiares; serviços
relacionados a bolsas de estudo, saúde
preventiva, apoio psicológico,
planejamento familiar, atendimento
médico e serviços sociais (Costa, 2010,
p. 18).
Nesse mesmo período histórico,
o Brasil vivia o momento da
redemocratização, em que se
intensificaram discussões sobre
educação como um direito de todos e
um dever do Estado em todo o território,
impulsionadas pela formação da
Assembleia Nacional Constituinte; e
pelas propostas para a Lei de Diretrizes
e Bases da Educação entre 1988 e
1996. Diferentes movimentos sociais se
engajaram nesse processo, como o
Fórum Nacional de Pró-Reitores de
Assuntos Comunitários e Estudantis -
FONAPRACE, que fundamentava e
defendia a consolidação de políticas de
assistência estudantil nas
universidades. Após duas décadas da
promulgação da Constituição Federal,
nos anos 2000, o referido fórum
permaneceu no debate político, e assim
tem contribuído para a elaboração de
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diretrizes para o ensino superior
alinhadas às ações afirmativas
4
.
O desafio principal era - e ainda
é - a democratização real das
universidades, e a mera ampliação do
número de vagas não garantia
permanência nos estudos. Na
sequência cronológica dos debates, a
ênfase era para o aumento do
contingente de alunos beneficiários de
políticas afirmativas, especialmente,
aqueles oriundos de escolas públicas e
com renda per capita equivalente a um
salário mínimo nacional (Silveira,
2012). Visando atender essa demanda,
o Ministério da Educação aprovou a
Portaria Normativa 39, de 12 de
dezembro de 2007, estabelecendo o
Programa Nacional de Assistência
Estudantil (PNAES) para as
universidades federais, reforçado pelo
Decreto 7234, de 10 de julho de
2010.
Destaca-se que, historicamente,
as políticas de assistência estudantil se
concentravam em restaurantes
universitários, moradias estudantis e
4
A Universidade de Brasília (UnB)
desempenhou um papel fundamental no
debate sobre as cotas raciais nas
universidades públicas federais do Brasil. Em
2012, o Supremo Tribunal Federal (STF)
afirmou por unanimidade a constitucionalidade
auxílios financeiros. No entanto, o
referido Decreto-lei ampliou o escopo
dessas políticas, incluindo áreas como
cultura, educação e saúde nas
estratégias para permanência dos
alunos.
Em resposta ao PNAES, a UFRJ
criou em 2011 a Superintendência
Geral de Políticas Estudantis
(SuperEst), com o objetivo de
coordenar e avaliar programas e ações
de assistência estudantil. Em 2012, a
SuperEst contava com a Divisão de
Esporte, Cultura e Lazer (DECULT),
que foi integrada à Pró-Reitoria de
Políticas Estudantis da UFRJ, em 2018.
dentre as variadas iniciativas no campo
da cultura e do esporte, assinalamos no
próximo tópico, a origem da iniciativa
"Trajetos Culturais".
1. Metodologias E Processos: A
Importância Do Projeto-Piloto
A iniciativa "Trajetos Culturais"
surgiu a partir da experiência adquirida
no projeto-piloto denominado "Ônibus
cultural". A sistematização cuidadosa
da política de cotas da UnB por meio da
decisão da Arguição de Descumprimento de
Preceito Fundamental (ADPF), estabelecendo
um precedente para iniciativas semelhantes
em todo o país.
LUZES, Jessica Suzano. Desafios na implementação da educação
Patrimonial na Assistência Estudantil: uma avaliação do projeto
“Trajetos Culturais” na Universidade Federal do Rio de Janeiro.
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(Dossiê "Educação Patrimonial na América Latina: temas,
metodologías e enfoques pedagógicos")
das informações desse projeto
experimental foram cruciais para
embasar as conversas sobre a
importância das atividades culturais,
influenciando as deliberações do
Consuni para estabelecer uma Pró-
Reitoria dedicada a esse fim. Assim,
garantiu-se a continuidade dessa ação,
que foi renomeada como "Trajetos
Culturais". Ela se tornou um dos pilares
do Programa de Incentivo à Cultura,
estabelecido pela Portaria 6297, de
27 de junho de 2019
5
.
O Ônibus Cultural foi uma
demanda pensada a partir de tratativas
entre a gestão da antiga Superest
6
e o
reitor da época
7
, o biólogo Roberto
Leher. A idéia era criar uma ação no
período "semana de recepção aos
calouros" da UFRJ, visando promover
uma recepção acolhedora, e não
5
A Pró-reitoria de Políticas Estudantis da
UFRJ foi aprovada no Conselho Universitário
em 08 de março de 2018, e sua
regulamentação em 2019, na resolução no
02/2019, disponível online em:
2018.https://politicasestudantis.ufrj.br/images/
DOCUMENTOS/RESOLU%C3%87%C3%95E
S_CEG_-
_CONSUNI/Resolucao_n_02_de_2019.pdf,
visistado em 25/02/2024.
6
Luiz Felipe Cavalcanti foi o quarto
superintendente da Superest, e o primeiro Pró-
reitor de políticas estudantis da UFRJ. Atuou
entre 2018 e 2020.
7
O reitorado de Roberto Leher foi de 2015 a
2019.
violenta, em contrapartida à prática de
"trote", que infelizmente se tornou
comum em algumas universidades
públicas
8
.
Esse projeto experimental foi
realizado em 16 de março de 2018,
uma sexta-feira, e buscava apresentar
a área geográfica da Cidade
Universitária da UFRJ, com o objetivo
de mostrar aos alunos não apenas os
espaços culturais, mas também as
sedes dos principais centros de
estudos e os setores administrativos.
No dia da execução da atividade, em
meio as faltas de alguns inscritos,
permitiu-se a inclusão de alunos de
outros campi que não estavam
familiarizados com a vasta extensão
territorial da UFRJ na Ilha do
Governador. Para ilustrar, a imagem 1
apresenta a distribuição geográfica dos
8
A conscientização sobre as práticas de trote
no ambiente universitário é uma preocupação
de longa data, embora tenha sido oficialmente
institucionalizada na UFRJ apenas em 2022.
Conforme detalhado na matéria "Trote
estudantil é proibido na UFRJ", a instituição
promove o acolhimento dos calouros, desde
que as atividades realizadas tenham um
propósito pedagógico e visam incentivar a
socialização dos estudantes. Para obter mais
informações, consulte o artigo disponível em:
https://ufrj.br/2022/04/trote-estudantil-e-
proibido-na-ufrj/](https://ufrj.br/2022/04/trote-
estudantil-e-proibido-na-ufrj/. Acesso em: 7
abr. 2024.
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campi de ensino da UFRJ no estado do
Rio de Janeiro.
Imagem 1: Distribuição dos campi da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ)
Fonte: Disponível online em: http://www.rio-turismo.com/mapas/regioes.htm, visitado em 25/12/2024.
A Universidade Federal do Rio
de Janeiro (UFRJ) abrange diversas
localidades, como a Praia Vermelha,
Duque de Caxias, Macaé e o Centro,
espalhadas pela cidade do Rio de
Janeiro. Esses locais estão
geograficamente distantes, sendo que
a sede da universidade está na Cidade
Universitária, próxima à região do
complexo da Maré, caracterizada por
índices reduzidos de escolaridade e
renda per capita. Acreditamos que
tanto os residentes locais quanto os
próprios alunos, embora próximos ou
frequentadores regulares da UFRJ,
podem não conhecer totalmente sua
estrutura e seus espaços culturais.
Desde o planejamento inicial, o
projeto tem como base o princípio da
democratização da cultura,
reconhecendo a importância de os
alunos conhecerem e usufruírem dos
recursos culturais da universidade.
Segundo o IBGE (2014), o conceito de
recursos culturais abrange diversos
espaços, como museus, cinemas,
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teatros, centros culturais, entre outros,
todos presentes na UFRJ em seus
diferentes campi.
Para sermos mais específicos, a
equipe DECULT mapeou em 2018
onze recursos culturais na UFRJ, como
o Laboratório Didático do Instituto de
Física (LADIF), Museu de Química
Professor Athos da Silveira Ramos,
Museu da Escola Politécnica, Espaço
COPPE, Museu Dom João VI, Museu
da Geodiversidade, Espaço
Ciência/NUPEM-UFRJ, Observatório
do Valongo, Museu Nacional, rum de
Ciência e Cultura e Casa da Ciência.
Com base nesse mapeamento,
iniciamos o contato com estes
equipamentos culturais para confirmar
a disponibilidade do Museu da
Geodiversidade e do Santuário do Bom
Jesus da Coluna. Durante esse
contato, fomos informados das
características físicas desses espaços,
seus acervos e as pesquisas
associadas a eles. Essas informações
foram cruciais para estruturarmos o
circuito da visita, incluindo o cálculo do
tempo e a definição do tamanho do
grupo de estudantes que poderiam
participar. Em seguida, a equipe
DECULT estabeleceu o público-alvo -
alunos de graduação e pós-graduação
maiores de 18 anos -, desenvolveu
materiais de divulgação e criou um
formulário de inscrição. Este
questionário subsidiou as informações
organizadas no próximo subtópico.
A. Primeiro perfil dos participantes
A atividade foi conduzida em um ônibus de viagem com capacidade para 46
lugares, porém o número de inscritos superou as vagas disponíveis, totalizando 159
respostas nas inscrições online. Após a depuração da base de dados, na qual foram
eliminadas inscrições de teste, duplicadas e incorretas, restaram 145 respostas
válidas. Destaca-se que a análise dos diversos dados foi facilitada e aprimorada pelo
uso do RStudio, incluindo bibliotecas especializadas em gráficos, grafos e mineração
de texto, com orientação em técnicas de Data Science Analytics.
O RStudio é conhecido por sua expertise em programação estatística,
destacando-se sua capacidade de oferecer acessibilidade cromática, garantindo
uma apresentação gráfica diversificada e compreensível também para pessoas com
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daltonismo. Embora a tese não se aprofunde nas contribuições computacionais para
o tratamento de dados, devido à sua constante evolução, o uso desse programa é
mencionado para incentivar futuras pesquisas nessa área.
No questionário utilizado, todas as perguntas são voltadas para variáveis
qualitativas. A análise foi iniciada com foco nas categorias "cor declarada" e
"gênero", buscando compreender o perfil dos estudantes interessados nas
atividades do ônibus cultural.
Gráfico 1: Relação cor declarada e gênero
Fonte: Acervo DECULT/PR7/UFRJ
O Gráfico 1 revela que apenas uma pessoa não se identificou com os sexos
mencionados, sugerindo uma baixa diversidade de gênero na atividade em análise.
Uma análise superficial poderia sugerir que a maioria dos respondentes é composta
por mulheres, principalmente de origem étnico-racial branca. No entanto, conforme
a classificação do IBGE, pessoas pretas e pardas são categorizadas como negras,
o que indica uma predominância de participantes não brancos na iniciativa "Ônibus
Cultural". Nesse grupo, incluímos 3 indígenas e 2 de origem asiática, embora em
um número bastante reduzido, totalizando 80 pessoas, em comparação com 65
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brancos. Essa distribuição pode refletir a política de inclusão social, especialmente
as políticas de cotas no ensino superior, que visam promover a diversidade étnico-
racial nas universidades públicas.
Outro aspecto que pode ser examinado por meio do questionário são os
interesses culturais dos alunos. Para essa análise, focamos nas respostas
relacionadas à pergunta "QUAIS EQUIPAMENTOS CULTURAIS VOCÊ
CONHECE_?". Com o objetivo de esclarecer o significado desses equipamentos
para os alunos que não estão familiarizados com o conceito do IBGE, fornecemos
exemplos como Museu, Quadra poliesportiva, Biblioteca, Centros culturais e Livraria
ao lado dessa pergunta.
Na imagem 3, destacamos as palavras mais mencionadas pelos estudantes.
As palavras em verde escuro, verde claro e amarelo foram as mais frequentemente
citadas, com a maior incidência para a palavra biblioteca, mencionada 81 vezes;
seguida por museu, com 67 menções; e livraria, com 56 menções.
Imagem 3: Nuvem de palavras com os espaços culturais mencionados nas respostas
Fonte: Acervo DECULT/PR7/UFRJ
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Esta sistematização das informações são de extrema relevância, visto que
possibilitou o contraste de evidências do projeto-piloto com os princípios e diretrizes
da educação patrimonial do Brasil, Portaria Iphan 137, de 28 de Abril de 20169.
Trata-se de um exame estratégico que auxiliou na construção do Projeto Trajetos
Culturais.
Dentre as conclusões possíveis desta ação experimental, salientamos a
importância da intersetorialidade mencionada na alínea VI do artigo terceiro da
portaria nº 137 em questão. Trata-se da conexão das políticas de preservação não
apenas com o setor cultural, mas também com turismo, meio ambiente, educação,
saúde e desenvolvimento urbano. Essa interligação não foi completamente
explorada no projeto piloto, tornando-se um ponto de atenção para ampliar
horizontes em futuras edições.
2. Resultados e discussões: Desenvolvimento do Projeto "Trajetos
Culturais".
A análise ex-ante do projeto "Ônibus cultural" permite fazer comparativos ao
longo do desenvolvimento do Projeto "Trajetos culturais", oficializado em 2019.
Trata-se de evidenciar indicadores concretos sobre o desempenho deste ao longo
dos anos, conforme se verifica na tabela 1 a seguir:
Tabela 1: Relação do quantitativo de inscritos nos Trajetos Culturais
nos anos de 2018, 2019 e 2023
Evento
Contagem
2018 - Ônibus Cultural
145
2019 - Primeiro Trajetos Culturais
57
2019 - Primeiro Trajetos Culturais - Xerém
38
2023 - Bienal - Praia Vermelha
117
2023 - Bienal - Duque de Caxias
58
2023 - Bienal - Fundão
392
2023 - Macaé - Sítio Arqueológico Sambaqui da Tarioba
52
2023 - Macaé - Solar dos Mellos - Museu da Cidade
13
2023 - Museu Nacional
566
2023 - Pequena África
468
9
Disponível em:
http://portal.iphan.gov.br/uploads/ckfinder/arquivos/Portaria_n_137_de_28_de_abril_de_2016.pdf.
Acesso em: 27 fev. 2024.
LUZES, Jessica Suzano. Desafios na implementação da educação
Patrimonial na Assistência Estudantil: uma avaliação do projeto
“Trajetos Culturais” na Universidade Federal do Rio de Janeiro.
PragMATIZES - Revista Latino-Americana de Estudos em Cultura,
Niterói/RJ, Ano 14, n. 27, p. 157-181, set. 2024.
www.periodicos.uff.br/pragmatizes - ISSN 2237-1508
(Dossiê "Educação Patrimonial na América Latina: temas,
metodologías e enfoques pedagógicos")
2023 - UFRJ e suas edificações históricas!
173
Total geral
2079
Fonte: Acervo DECULT/PR7/UFRJ
O projeto "Trajetos Culturais" na UFRJ teve uma atuação significativa ao
longo dos anos, com atividades diversificadas e significativas para a comunidade
acadêmica. Nota-se que dentre as visitas que privilegiaram os equipamentos
culturais da UFRJ, assinala-se o maior número de inscritos para a edição Museu
Nacional, realizada em Novembro de 2023.
No ano de 2019, as visitas foram organizadas em dois dias distintos para
atender aos estudantes de diferentes campi da UFRJ. No primeiro dia, em
14/08/2019, ocorreu o percurso de Duque de Caxias ao Parque Tecnológico, em
uma lógica de divulgação científica. A equipe DECULT obteve um micro-ônibus com
capacidade para 29 pessoas da Direção do campus Duque de Caxias/UFRJ. Foram
disponibilizadas 28 vagas, e houve 38 inscrições por meio de um formulário online.
No segundo dia, em 15/08/2019, novamente realizou-se o trajeto da Cidade
Universitária ao Museu de Geodiversidade e à Igreja do Bom Jesus da Coluna, com
a participação da historiadora Andreia Cristina de Barros Queiroz. Esses dois
momentos indicam duas abordagens nos "Trajetos culturais": divulgação científica
e educação patrimonial, e serão objeto de atenção nos subtópicos a seguir.
A. Divulgação científica
A visita ao parque tecnológico da UFRJ corrobora com o desafio do
planejamento de ações transversais no âmbito da cultura e da educação, foi
organizada uma expedição aos laboratórios do Instituto Alberto Luiz Coimbra de
Pós-Graduação e Pesquisa de Engenharia (COPPE) da UFRJ. Um desses é
intitulado LabOceano, e abriga o maior tanque oceânico do mundo, capaz de
replicar as principais características do ambiente marinho e simular fenômenos
encontrados em profundidades superiores a 2 mil metros. O LabOceano é
estrategicamente importante para o Brasil, especialmente devido à concentração de
mais de 90% das reservas de petróleo do país no mar, atendendo às necessidades
das indústrias petrolífera e naval.
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Patrimonial na Assistência Estudantil: uma avaliação do projeto
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Imagem 4: Trajeto Duque de Caxias - Parque tecnológico - 14/08/2019. Visita ao LabOceano
Fonte: Acervo DECULT/PR7/UFRJ
Essa primeira ação interdisciplinar nos acarretou uma dúvida sobre o perfil
dos possíveis interessados: será que os alunos que estão matriculados nas áreas
mais tradicionais do grande campo da cultura como belas artes, música, teatro,
letras e arquitetura se interessaram pela atividade? Ou haveria interesse maior por
parte dos alunos dos campos STEM (Ciência, Tecnologia, Engenharia e
Matemática), uma designação utilizada para campos interdisciplinares
concentrados nessas áreas e suas aplicações? A verificação dessa suposição foi
observada por meio do exame dos grafos das variáveis qualitativas da base de
dados das atividades de 2018 e 2019.
A análise do grafo 1 se concentra nos cursos que são recorrentes nas
inscrições ou não. Nota-se que os cursos com apenas uma conexão são aqueles
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que não têm interação com outros cursos, representando um registro único de uma
pessoa em um curso específico. Isso é exemplificado pelo curso de design em 2019,
bem como outros cursos como geografia, geologia, planejamento urbano, mestrado
em alimentos, terapia ocupacional, comunicação social, gastronomia, engenharia
de petróleo e relações internacionais, todos localizados nas extremidades do grafo.
Grafo 1: Cursos distribuídos pelos anos das ações (2018-2019)
Fonte: Decult10
Observa-se que cursos que se agrupam no centro da representação,
assemelhando-se a uma flor. Entre eles destacam-se ciências biológicas e letras,
cujas conexões são mais densas e menos distintas, indicando um maior interesse
10
As siglas significam: Bacharelado em Ciências Matemáticas e da Terra (BCMT) e Bacharel em
Gestão Pública para o Desenvolvimento Econômico e Social (GPDES).
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dessas áreas nas atividades propostas. Em segundo plano, aparecem educação
física, com apenas um aluno inscrito em 2019, e BMCT, que apresentam conexões
apenas em 2018. Isso sugere que, apesar de o Primeiro Trajeto Cultural de 2019
ter registrado menos inscritos em comparação ao projeto-piloto, novos cursos como
enfermagem, design, conservação e restauração aderiram à iniciativa.
Um aspecto relevante é que, apesar da predominância dos cursos de
ciências biológicas e letras, percebe-se uma maior participação de alunos de cursos
tradicionalmente ligados às artes e humanidades, como belas artes, música, teatro,
letras e arquitetura. Essa tendência indica que estudantes dessas áreas têm sido
os principais beneficiários das atividades culturais oferecidas pela UFRJ. Esse
levantamento inicial reforça o desafio da democracia cultural, pois o interesse por
questões culturais deveria ir além da área de formação.
B. Educação patrimonial
A UFRJ é um espaço cultural importante no Rio de Janeiro, visto que para
além dos 11 equipamentos culturais sob sua responsabilidade, também é
constituída por prédios históricos, alguns tombados por órgãos públicos
especializados no patrimônio como se observa na tabela 2 abaixo.
Parte-se do pressuposto que muitos estudantes transitam pelos diversos
espaços da universidade, mas desconhecem sua importância simbólica e histórica,
e por isso, a mera existência destes lugares de memória não garante a
democratização dos bens e dos serviços culturais, sendo necessário ações
educacionais que possam consolidar a relação dos alunos com o espaço ou com o
patrimônio cultural. Nesse sentido, o Projeto "Trajetos culturais" contribui de forma
incisiva, ao planejar visitas guiadas que visam aproximar discentes da UFRJ destes
equipamentos e lugares de memória. Corrobora, assim, com a segunda cláusula do
terceiro artigo da portaria nº 137 da educação patrimonial do IPHAN, que considera
a integração de "práticas educacionais ao cotidiano, conectando bens culturais aos
ambientes de vida das pessoas".
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Tabela 2: Edificações tombadas sob responsabilidade da UFRJ
FONTE: https://memoria.sibi.ufrj.br/index.php/edificacoes-tombadas
À título de exemplo, assinala-se o Trajeto Viagem no tempo: UFRJ e suas
edificações históricas!, realizado no dia 19/10 (quinta-feira), às 10:00. Destaca-se
que esta atividade não teve ônibus institucional, e os alunos interessados tiveram
de ir por conta própria. O ponto de encontro foi em frente a Escola de Serviço Social
- PV (Endereço: Av. Pasteur, 250 - Urca, Rio de Janeiro). Este teve 173 inscritos.
O objetivo era apresentar aos alunos da UFRJ a história da instituição a partir
de edificações tombadas por serem representativas da história nacional. O roteiro
foi pensado considerando a edificação da Praia Vermelha (PV) que foi instituída no
século XIX. Esta era uma unidade denominada de hospício que recebia pessoas
em sofrimento mental, denominadas à época de lunáticos. Essa instituição
permaneceu no período republicano e, no início do século XX, tornou-se um espaço
de responsabilidade do Governo Federal. Hoje é uma das unidades da UFRJ
voltadas para o ensino de diversas graduações como Psicologia, Serviço Social,
Educação, entre outras. O circuito foi planejado percorrendo física e historicamente
os espaços da Praia Vermelha, no período de 2 horas, em que se destacam a
Biblioteca Pedro Calmon, que foi a primeira da UFRJ. Incluímos na visita o Fórum
de Ciência e Cultura (FCC) que trata das políticas culturais da UFRJ. De forma
ampla, buscou-se compartilhar informações históricas e também atualizar como
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esse patrimônio material integra a política cultural da UFRJ. A atividade foi
conduzida pela historiadora Andréa Queiroz, e pelo servidor André, lotado no Fórum
de Ciência e Cultura (FCC).
Imagem 5: Praia Vermelha - 19/10/2023
Fonte: Acervo DECULT/PR7/UFRJ
Além deste, podemos mencionar o último Trajeto do ano de 2023, intitulado
"Um Museu de Descobertas", realizado em 09/11/2023. Também não foi possível
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contarmos com um transporte da Universidade, e por ir marcamos um ponto de
encontro no complexo espaço do Museu Nacional, o Horto Botânico, às 9:00.
O trajeto foi mediado pela Coordenadora dos projetos de extensão do Museu
Nacional, Fernanda de Lima Souza, que enfocou o processo de reconstrução do
Museu Nacional, em que se inclui o novo espaço denominado de Centro de
Exposição. Nele se apresentam as linhas de pesquisa do Museu, que é uma
instituição que se relaciona deste à origem à grupos de pesquisa, e onde se
localizam diferentes cursos de pós-graduação, assim como acervo de variadas
naturezas. A visita esclareceu sobre a formação de novos cientistas e sobre a
conscientização sobre a importância da preservação da biodiversidade.”
Imagem 6: Museu Nacional - 9/11/2023
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Fonte: Acervo DECULT/PR7/UFRJ
3. Para além dos equipamentos culturais da universidade
No espaço geográfico da Cidade Universitária, mas sob responsabilidade das
forças armadas, encontra-se o Santuário da Igreja do Bom Jesus, que foi visitado
tanto no projeto "Ônibus cultural" quanto no "Trajeto cultural". Contudo, de forma
mais organizada, no ano de 2019, o Projeto foi pensado junto com a Divisão de
Memória Institucional do SIBI/UFRJ. Este é o Sistema de Bibliotecas e Informação
(SiBI) é uma entidade vinculada ao Fórum de Ciência e Cultura (FCC) da UFRJ,
responsável pela gestão de 43 bibliotecas da universidade. Seu objetivo principal é
integrar as bibliotecas à política educacional e administrativa da instituição,
apoiando programas de ensino, pesquisa e extensão.
Uma novidade desse trajeto foi a apresentação da memória institucional do
campus Cidade Universitária pela historiadora Andrea Cristina de Barros Queiroz,
servidora da Divisão de Memória Institucional do SIBI/UFRJ. A pesquisadora
explicou sobre a localização geográfica da Cidade Universitária, também intitulada
de Ilha do Fundão, constatamos que até meados do século XX, existiam na região,
várias pequenas ilhas, dentre elas a Ilha do Bom Jesus da Coluna11, conforme a
11
A Ilha do Bom Jesus, situada na Baía de Guanabara, ostentava outros nomes no passado:
Caqueirada e Ilha dos Frades. Em 1704, foi doada à Congregação dos Frades Franciscanos, que
ergueram a Igreja do Bom Jesus da Coluna em seu solo. Em 1945, surgiu a concepção da criação de
uma Cidade Universitária no Rio de Janeiro. De 1949 a 1952, a Ilha do Bom Jesus, juntamente com
outras ilhas de um arquipélago na Baía de Guanabara, foi aterrada para servir como local. Um
conjunto de cinco pequenas ilhas (Baiacu, Cabras, Catalão, Pindaí do França, Pindaí do Ferreira) e
três ilhas maiores (Sapucaia, Bom Jesus e Fundão) formaram a vasta área que passou a ser
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imagem 5 abaixo. Atualmente, não pode mais ser considerada ilha, devido aos
aterros realizados ao longo do referido século, contudo a denominação permanece.
Ela está integrada ao terreno da UFRJ, e está sob a responsabilidade do exército
brasileiro.
Imagem 5: Mapa antigo da UFRJ com as Ilhas antes do aterro
Fonte: Disponível em:
https://www.facebook.com/mapasantigosdorio/photos/a.1625553801020276/1638317793077210/?t
ype=3&locale=pt_BR&paipv=0&eav=AfaWOU9e65SKV4GlOkghbOt20NkwQ1yY5JCnKjB7zMi6YD
DV-eGgJIcDFOQRjhWsbmY&_rdr. Acesso em: 10 abr. 2024.
Este conteúdo histórico foi apresentado aos alunos. Trata-se da
apresentação de uma história de longa duração, tendo como início da narrativa a
fundação do Santuário do Bom Jesus da Coluna, construído nos primeiros anos do
século XVIII pelos franciscanos. Este é uma edificação exemplar do período artístico
e cultural conhecido como Barroco, originado na Europa no final do século XVI e
atingindo seu apogeu nos séculos XVII e XVIII. Suas características incluem uma
conhecida como Ilha do Fundão, onde a Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) es
localizada. Disponível em : https://ilhaviva.eba.ufrj.br/en/a-ilha, visitado em 10/04/2024.
LUZES, Jessica Suzano. Desafios na implementação da educação
Patrimonial na Assistência Estudantil: uma avaliação do projeto
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estética exuberante, dramática e ornamental, refletindo-se na arquitetura, escultura,
pintura, literatura, música e outras formas de expressão artística.
No Brasil República, o Santuário passou por transformações geográficas, e
resistiu às transformações geográficas com a incorporação de seus territórios à
UFRJ, e foi registrado pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional
(IPHAN) em 1964.
A última reforma conhecida desta edificação histórica, ocorreu no Brasil em
2008, quando o santuário encontrava-se em estado de deterioração, e a Escola de
Belas Artes (EBA) da UFRJ, em colaboração com a Fundação Cultural do Exército
(Funceb), empreendeu esforços para restaurar o edifício e suas obras religiosas.
Queremos ressaltar que aos alunos foi explicado que a apresentação
histórica deste Santuário foi possível devido às produções científicas
interdisciplinares nas áreas de humanas, com destaque para as áreas de história e
sociologia. Por meio de diferentes métodos, esses campos de conhecimento geram
informações a partir de diversas fontes, incluindo documentos, relatos orais e
materiais. Permitem, assim, reflexões não apenas sobre as características dos
objetos de valor histórico, mas também sobre o contexto sócio-político em que
esses foram/são preservados.
O alerta é que as políticas de preservação variam ao longo do tempo, visto
que na década de 1960, as construções como este Santuário eram privilegiadas
pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN)12 por
representarem um período específico do Brasil colonial, ao passo que nos dias
atuais, competem por atenção do Estado com outras representações de valor
simbólico, como o patrimônio imaterial.
.
12
Em 1936, o panorama cultural brasileiro vivenciou um marco significativo com a criação do Serviço
do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (SPHAN). Essa agência federal representou um passo
crucial na proteção do patrimônio nacional, coincidindo com um período de transformação na qual a
Educação e Cultura se consolidaram como responsabilidades do governo federal.
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Imagem 4: Ônibus cultural - Cidade Universitária - Igreja do Bom Jesus - 2018
Fonte: Acervo DECULT/PR7/UFRJ
A Igreja do Bom Jesus
exemplifica o lugar das edificações
religiosas nas políticas culturais
brasileiras. E como estrutura de pedra
e cal tombada nos permite falar sobre a
história da preservação dos bens
culturais no Brasil. Destaca-se que um
dos recursos para o resguardo deste
tipo de prédio é o instituto do
tombamento, que segundo Márcia
Chuva (2009, p.147) é “um ato
administrativo que deu origem à tutela
do Estado sobre o patrimônio histórico
e artístico nacional.” no Serviço do
Patrimônio Histórico e Artístico
Nacional (SPHAN), na década de 1930.
Serviço, Departamento ou Instituto são
diferentes nomenclaturas das formas
administrativas da área que é
reconhecida como a experiência
institucional pública mais longeva no
setor cultural. Este teria se iniciado com
a gestão do bacharel em direito Rodrigo
Melo Franco de Andrade, que liderou
esse serviço de 1937 a 1966 (Fonseca,
2005, p. 107).
Durante a administração de
Rodrigo, Maria Cecília Londres
Fonseca (2005, p. 107) destacou uma
preferência por artefatos e construções
associados ao período colonial
brasileiro, especialmente, os de
influência portuguesa. Esta tendência
sugeria uma supervalorização das
culturas de nações como França,
Inglaterra e, mais recentemente,
Estados Unidos. Fundamentava-se
numa concepção elitista de que o Brasil
poderia alcançar um status de nação
civilizada caso restasse os elementos
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relacionados aos países desenvolvidos
(Fonseca, 2005, p. 107).
Este tipo de edificação religiosa
barroca foi objeto de grande interesse
das políticas públicas de preservação
do patrimônio até a década de 1970:
No âmbito das excepcionalidades,
destaque para o Serviço do
Patrimônio Histórico e Artístico
Nacional, entidade emblemática
das políticas culturais nacionais.
Criado em 1937, ele acolheu os
modernistas, a começar pelo seu
quase eterno dirigente: Rodrigo
Melo Franco de Andrade (1937-
1967). O Serviço, depois Instituto
(Iphan) ou Secretaria, até a década
de 1970, optou pela preservação de
monumentos de pedra e cal, de
cultura branca e estética barroca,
em geral: igrejas católicas, fortes e
palácios do período colonial
(Rubim, 2017, p.60)
É interessante destacar que para
além das características intrínsecas, os
elementos representativos da cultura
nacional são resultado de operações
lógicas nas políticas públicas, que inclui
também atribuição simbólica. Ou seja,
em um momento da história, a
edificação barroca era privilegiada,
visto que corroborava com uma
concepção de cultura restrita à idéia de
civilização, que era defendida por
alguns profissionais da cultura e
artistas. Essa valorização se alterou ao
longo dos anos, e hoje, as políticas
públicas de cultura no Brasil, se
fundamentam numa concepção mais
ampla, que permite incluir não apenas
o simbolismo das culturas dos países
do hemisfério norte, mas também
expressões artísticas de não-brancos,
muito das vezes imateriais.
No último tópico, aborda-se
como considerações finais o feedback
dos alunos que participaram da
atividade cultural.
Considerações finais:
A análise ex-post no âmbito da
gestão cultural não se restringe a uma
única abordagem e, portanto, é crucial
considerar as avaliações do público-
alvo, pois estas podem abrir novas
perspectivas, indicando uma variedade
de possibilidades de intervenção na
realidade. Nesse sentido, optou-se por
destacar as respostas dos
questionários de avaliação
disponibilizados ao longo dos anos de
2018, 2019 e 2023.
É importante ressaltar que esse
feedback não era obrigatório, e os
alunos o precisavam se identificar.
Durante esse período, foram recebidos
67 feedbacks, dos quais 26 forneceram
observações críticas que foram
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analisadas de forma sistemática,
enquanto os demais elogiaram ou não
mencionaram nada.
Em resumo, os temas
abordados foram os seguintes:
ampliação do número de vagas;
aumento do tempo de visitação; oferta
de brindes durante o passeio, como
água, biscoitos e lanches; dinâmicas
interativas entre os alunos; estratégias
de divulgação; aprimoramento do
sistema de confirmação; maior
frequência das atividades; mais clareza
nas explicações; aumento dos horários
disponíveis, visando atender os
estudantes que trabalham; melhorias
no ponto de encontro e no transporte.
As demandas mais recorrentes
foram a ampliação do número de vagas
e a maior frequência das atividades,
ambas mencionadas em cinco
comentários cada. Por exemplo, um
participante expressou: crucial
aumentar o número de eventos.
Realizar apenas duas vezes por ano é
insuficiente diante da demanda
evidente, com mais de 500 inscrições."
Outro comentário ressaltou a
importância do tempo: "A gestão do
tempo é fundamental, especialmente
ao visitar o Instituto dos Pretos Novos,
onde tivemos pouco tempo para um
lanche ou para explorar as exposições.
Seria benéfico ter paradas durante o
trajeto para permitir esses momentos."
A análise dessas demandas
reflete o interesse dos alunos na
iniciativa e mostra sugestões para
aprimorar a experiência, visando o
sucesso contínuo do projeto.
Referências:
BARROS, J. M.; OLIVEIRA JUNIOR, J.
Pensar e Agir com a cultura: desafios
da gestão cultural. Belo Horizonte:
Observatório da Diversidade Cultural,
2011.
BASTOS, J. F.; CORRADI, R. A.
Apostila de Gestão Financeira de
projetos culturais. Pós-graduação em
Gestão Cultural, Senac EAD, São
Paulo, 2017.
BOURDIEU, P.; DARBEL, A. O amor
pela arte. Os museus de arte na Europa
e seu público. São Paulo: EDUSP ; Ed.
Zouk, 2003.
CHAUI, M. A universidade pública sob
nova perspectiva. Rev. Bras. Educ.,
n.24, p.5-15, 2003.
CHUVA, Márcia R. R. Os arquitetos da
memória: sociogênese das práticas de
preservação do patrimônio cultural no
Brasil (anos 1930-1940). Rio de
Janeiro: Ed. da UFRJ, 2009.
COSTA, S. G. A equidade na Educação
Superior: uma análise das Políticas de
Assistência Estudantil. Dissertação
LUZES, Jessica Suzano. Desafios na implementação da educação
Patrimonial na Assistência Estudantil: uma avaliação do projeto
“Trajetos Culturais” na Universidade Federal do Rio de Janeiro.
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Niterói/RJ, Ano 14, n. 27, p. 157-181, set. 2024.
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(Dossiê "Educação Patrimonial na América Latina: temas,
metodologías e enfoques pedagógicos")
(Mestrado em Sociologia) -
Universidade Federal do Rio Grande do
Sul, Porto Alegre, 2010.
DELLAGNELO, E. H. L. Apostila do
curso de extensão em Administração
Pública da Cultura. Módulo 6.
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