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DIAS NETO, Fernando Souto; SOARES, André Luis Ramos. O olhar
quantificado: educação patrimonial a partir de visitações ao Museu
Gama d’Eça. PragMATIZES - Revista Latino-Americana de Estudos em
Cultura, Niterói/RJ, Ano 14, n. 27, p. 140-156, set. 2024.
www.periodicos.uff.br/pragmatizes - ISSN 2237-1508
(Dossiê "Educação Patrimonial na América Latina: temas,
metodologías e enfoques pedagógicos")
O olhar quantificado: educação patrimonial a partir de visitações ao Museu
Gama d’Eça
Fernando Souto Dias Neto
1
André Luis Ramos Soares
2
DOI: https://doi.org/10.22409/pragmatizes.v14i27.63156
Resumo: O presente ensaio visa discutir questões relacionadas à Educação Patrimonial através dos
movimentos estabelecidos pela experimentação do espaço museal. Assim sendo, os escritos apoiam-
se em dados quantitativos, sendo tabulados em gráficos, trata-se de resultados obtidos por
questionários aplicados no ano de 2023 no Museu Gama d’Eça, no município de Santa Maria (RS).
Ancorado na bibliografia recente, o estudo o se detém apenas ao relato da experiência, mas também
à forma de potência da Educação Patrimonial enquanto produtora de saberes. O trabalho parte de uma
pesquisa maior a nível de doutorado, vinculada ao Programa de Pós-Graduação em História da
Universidade Federal de Santa Maria, circunscrito na linha de pesquisa Memória e Patrimônio.
Palavras-chave: Educação Patrimonial; Memória; Patrimônio.
La mirada cuantificada: educación patrimonial a través de visitas al Museo Gama d’Eça
Resumen: Este ensayo tiene como objetivo discutir cuestiones relacionadas con la Educación
Patrimonial a través de los movimentos establecidos por la experimentación del espacio museal. Por lo
tanto, los escritos se basan en datos cuantitativos, que se tabulan en gráficos; estos son resultados
obtenidos a través de cuestionarios aplicados en el año 2023 en el Museo Gama d’Eça, en el municipio
de Santa María (RS). Basado en la bibliografia reciente, el estudio no solo se centra en el relato de la
experiencia, si no también en el potencial de la Educación Patrimonial como productora de
conocimiento. El trabajo forma parte de una investigación más amplia a nivel de doctorado, vinculada
al Programa de Posgrado en Historia de la Universidad Federal de Santa María, dentro de la línea de
investigación de Memoria y Patrimonio.
Palabras clave: Educación patrimonial; Memoria; Patrimonio.
The quantified gaze: heritage education through visits to the Gama d’Eça Museum
Abstract: This essay aims to discuss issues related to Heritage Education through the movements
established by the experimentation of the museum’s space. Therefore, the writings are based on
quantitative data, tabulated in graphs; these are results obtained from questionnaires applied in 2023 at
1
Fernando Souto Dias Neto. Doutorando em História na Universidade Federal de Santa Maria /
UFSM, Brasil. E-mail: fernando.neto@acad.ufsm.br - https://orcid.org/0000-0002-6552-0854
2
André Luis Ramos Soares. Professor titular do Departamento de História, coordenador do LASCA,
Coordenador da Cátedra UNESCO unitwin em Fronteiras e Migrações UFSM, Rio Grande do Sul,
Brasil. E-mail: andre.soares@ufsm.br - https://orcid.org/0000-0002-5475-1016
Recebido em 30/05/2024 e aceito para publicação em 18/09/2024.
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DIAS NETO, Fernando Souto; SOARES, André Luis Ramos. O olhar
quantificado: educação patrimonial a partir de visitações ao Museu
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Cultura, Niterói/RJ, Ano 14, n. 27, p. 140-156, set. 2024.
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metodologías e enfoques pedagógicos")
the Gama d'Eça Museum, in the municipality of Santa Maria (RS). Anchored in recente bibliography,
the study not only focuses on the account of the experience but also on the potential of Heritage
Education as a producer of knowledge. The work is part of a larger research at the doctoral level, linked
to the Graduate Program in History of the Federal University of Santa Maria, within the research line of
Memory and Heritage.
Keywords: Heritage Education; Memory, Heritage.
O olhar quantificado: educação patrimonial a partir de visitações ao Museu
Gama d’Eça
Introdução
O presente artigo contempla
uma discussão maior, que faz parte de
uma pesquisa de doutoramento que
está em andamento no Programa de
Pós-Graduação em História, da
Universidade Federal de Santa Maria,
onde, inserida na linha de pesquisa
Memória e Patrimônio financiada pela
CAPES busca compreender a visão
da população sobre o patrimônio
histórico e cultural.
A utilização de elementos de
valor qualitativo e quantitativo nos
espaços museais remonta muitas
vezes à ideia dos papéis dos sujeitos.
Também, aponta a atuação e papel da
macroestrutura do poder público, no
que diz respeito à preservação e
manutenção do patrimônio na cidade.
Com essa premissa metodológica, há a
instalação dos autores deste texto no
Museu Educativo Gama d’Eça, que se
encontra sob gestão da Universidade
Federal de Santa Maria.
Vale lembrar que o acervo é
constituído da Coleção Victor Bersani,
conhecida também como Coleção da
SUCV (Sociedade União dos Caixeiros
Viajantes) em fusão com o acervo
Gama d’Eça, ou seja, ambos com sua
importância e reverberando artefatos
que são caros à sociedade local. A
partir de então, questões que podem
ser apreciadas e basilares para
pesquisas, compreendendo o período
da história do município de Santa Maria
(RS), a partir do acervo institucional da
UFSM, Numismática, Arqueologia,
Paleontologia, Taxidermia, além de
elementos locais, regionais e
nacionais.
Nesse cenário, busca-se pensar
o olhar daqueles que por ali passam
através de questionários, tendo o
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cuidado de ser objetivo e promover um
espaço de fala do visitante.
Vale lembrar que este artigo
trata de resultados parciais da pesquisa
citada, a qual ocorre um ano,
desde a inserção na instituição,
interação com o público e contato com
fontes necessárias para a lapidação do
presente escrito.
A questão metodológica alia o
questionário enquanto técnica,
acreditando na sua possibilidade de
captura da fala, reflexões e memórias
sobre o patrimônio. Portanto, é possível
aferir que o espaço museológico
reverbera um campo do saber, que é
preenchido pelas memórias
conjugadas pelos sujeitos em suas
trajetórias ao longo da vida.
Possíveis leituras sobre o
patrimônio
Com o intuito de compreender a
interpretação de um grupo de sujeitos
elencados a partir da visitação ao
espaço museal , o resultado proposto
visa pensar a emergência de um olhar
sobre o patrimônio na cidade de Santa
Maria (RS).
A abordagem de Christian Laville
e Jean Dionne (1999) consiste na
análise da amostra, supracitada, a qual
é forjada e desmembrada,
possibilitando uma série de hipóteses,
perguntas, bem como
problematizações acerca do patrimônio
através da fala dos visitantes do Museu
Gama d’Eça. Conforme os autores, o
questionário possibilita uma melhor
delimitação das questões, evitando
determinados requintes e
enquadramentos ao atender o que é
proposto, além de ser um suporte mais
sólido quanto à formação de um
aparato de amostragem.
A partir do que propomos, a ideia
mais liberdade aos participantes
tanto para acatar ao preenchimento dos
questionários quanto para a utilização
de dados em pesquisa. Por meio desse
material é possível observar a
diversidade de vozes que emanam e as
diversas experiências a partir da
visitação, perspectivas que reverberam
o arcabouço que os sujeitos carregam
consigo.
Como dito anteriormente, a
pesquisa mescla elementos
quantitativos, no que diz respeito à
classificação e categorização do que os
questionários propõem; ao mesmo
tempo, o material assinala narrativas e
experiências pessoais, logo
caracterizando esses elementos como
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também qualitativos. Assim, a
possibilidade de mensurar tais
elementos é muito cara à discussão
que busca pensar a emergência de
uma visão sobre o patrimônio no
município de Santa Maria (RS).
Pesquisas desse caráter se
debruçam em elementos
qualitativos/quantitativos, com efeito,
na mescla dessas duas abordagens,
logo é possível observar trabalhos
como de Almeida (2019), no qual aplica
os questionários aos alunos e
docentes, para construir uma matriz de
olhar sobre a valorização do patrimônio
local, através da sua experiência em
práticas educacionais. Na perspectiva
de Dias (2019), por ora são explorados
em suma os elementos quantitativos,
com a divisão por regiões em grupos
étnicos, com os quais esses dados são
mensurados a fim de reconhecer o
patrimônio e a respectiva pertença e
salvaguarda.
Nosso papel enquanto
pesquisadores que colocam a questão
do patrimônio no centro de nossas
preocupações, pensa práticas sociais.
Para isso, entendemos a necessidade
de educar os sujeitos, sejam eles o
grupo social local ou aqueles que
transitam, afinal, suas experiências
diante do patrimônio reverberam certos
olhares e saberes sobre as memórias
locais da população. Conforme Soares,
Minuzzi e Maciel (2010, p. 132),
Estamos a par que a memória,
entendida como um fenômeno
coletivo, construída coletivamente
e submetida a flutuações e
transformações, mudanças
constantes, muitas vezes está
repleta de uma carga emocional
em cuja origem está implicada a
cultura, pois na base da formação
da memória encontra-se a
negociação entre as lembranças
do sujeito e as lembranças e
valores culturais do grupo a qual
pertence. Por isso, devemos
lembrar que a memória também
se mantém em bens tangíveis que
um grupo constituiu e desse modo
cria-se um nculo de
pertencimento entre a sociedade e
a cultura material.
Tal movimento de
enquadramento até mesmo certa
valoração que possa remeter à
subjetividade de determinados grupos
, pode ser compreendido e valorizado,
no entanto, desde que haja diálogo com
a comunidade local e a sociedade.
Diante disso, trazemos o papel da
Educação Patrimonial como um campo
do saber com o potencial de mostrar um
dos muitos caminhos de diálogo.
O trabalho de Maria de Lourdes
Pereira Horta, Evelina Grunberg e
Adriane Queiroz Monteiro (1999)
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quantificado: educação patrimonial a partir de visitações ao Museu
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revela-nos, passo a passo, de forma
sistêmica, como trabalhar com o
patrimônio. Desde formas que venham
a se re/significar e amesmo emergir
novos conceitos. Mário Chagas (2013)
enuncia que a Educação Patrimonial
seria uma nova roupagem, de certa
forma vindo a reverberar modelos
europeus, como uma bricolagem a ser
adaptada em solo brasileiro, e até
mesmo na epistemologia patrimonial
que vem a se configurar.
Para Simone Scifoni (2012, p.
34), o patrimônio não é um objeto, mas
um elemento que possui a capacidade
de produzir valores, ou seja, é
historicizável e historicizante, pode vir a
representar formas de
poderdominantes. Quando, não raro,
serve como elemento de reprodução de
desigualdade, apontando relações de
poder.
O grupo de autores quando a EP
vem a ser desenvolvida, e até mesmo
inserida nas práticas e políticas de ação
em território brasileiro realizam uma
densa crítica, na qual justamente os
modelos abordados não fossem cair
em uma aplicabilidade análoga a
modelos que não contemplassem a
realidade aqui presente.
Conforme Florêncio, Clerot,
Bezerra e Ramassote (2014) se abre
um espaço para pensar como um
ambiente educativo, de forma que não
se aborde uma metodologia única e
engessada, o que necessita se fazer
ver diferentes contextos culturais do
país. Portanto de início, não raro, se faz
a necessidade de um mapeamento,
desde as referências e até mesmo
potencialidades culturais e
pedagógicas dessa realidade.
O papel da memória enquanto
um elemento que é acionado, não
apenas nos espaços museológicos,
casas de memórias, salas de aula,
também se faz presente em espaços
não formais de educação, como
comunidades, centros universitários,
espaços públicos, ou seja, lugares que
tenham uma atmosfera compartilhada e
que possuam uma forma de troca. A
atuação da Educação Patrimonial,
portanto, relaciona-se diretamente com
a cultura, através dessas formas de
inserção e trânsito por múltiplos e
plurais espaços. Logo,
A metodologia da Educação
Patrimonial, é uma proposta
educacional, centrada no
patrimônio cultural como fonte
primária de conhecimento, que
pretende levar o indivíduo a uma
alfabetização cultural, para um
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quantificado: educação patrimonial a partir de visitações ao Museu
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maior entendimento da cultura a
qual está inserido, podendo ser
aplicada a qualquer tipo de
evidência material, ou bem
cultural, ou seja, qualquer
expressão que resulte da relação
entre as comunidades e seu meio
ambiente (Oliveira; Soares, 2009,
p. 117).
Compreendendo a instalação do
pesquisador no Museu Educativo
Gama d’Eça, foi feito todo um trabalho
até sua reabertura: estudo de acervo,
reserva técnica, elaboração de
exposição, enfim, aquilo que exige um
preparo da casa de memória para
recepcionar a população local e de fora
do município de Santa Maria (RS).
Entendemos que o papel do
museu enquanto casa de memórias é o
de enunciar parte da história local, a
parte em que esinserido, bem como
questões regionais e além.
Neste caso, o papel dos locais de
memória, sejam arquivos, museus
ou outros, é buscar dar a
visibilidade (ou não) aos
marginalizados, esquecidos,
periféricos ou simplesmente
carentes, e isso não representa
uma abordagem econômica
(Soares, 2007, p. 290).
Antes de abrir a vereda do
diálogo com o público, afim de trazer
matrizes que merecem a salvaguarda
enquanto patrimônio, pretendemos
saber o que os visitantes enxergam
enquanto patrimônio. A amostra se
baseia em 111 questionários semi-
estruturados aplicados aos visitantes
do referido museu. Vale lembrar que
lhes é dada a liberdade de atender às
questões com as quais se sentem
dispostos a responder, além de inserir
memórias e experiências em espaços
museais e não formais de educação
patrimonial:
Gráfico 1 Visão dos visitantes sobre o formato do que é patrimônio
Fonte: Questionários dos autores (2024).
98
48 67 64 46 66 92 64 66 75
0
50
100
150
A visão de patrimônio dos visitantes:
Apontamentos
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É possível observar a partir do
gráfico acima que se trata de uma
questão acerca do patrimônio, em
relação ao fato de ele ainda estar
fortemente ligado à compreensão
daquilo que é tangível, visível, pois,
ainda, para a maioria dos visitantes,
parece distante a compreensão de que
o patrimônio também pode ocorrer
através do intangível e da
“imaterialidade”. A partir desses
pressupostos, trazemos as palavras
dos autores sobre as seguintes
questões:
A cultura e a memória de um
grupo não se mantêm apenas no
plano intangível da memória. Mas
também, em tudo o que esse
grupo constitui em bens tangíveis
ao longo do tempo. Através da
memória cria-se um vínculo de
pertencimento entre a sociedade e
a cultura material. A memória
acaba açambarcando para si os
bens materiais que a compõem,
ao menos no imaginário dos
integrantes de tal sociedade, o
que faz com que ela reconheça
esses bens como seu patrimônio
(Soares; Souza; Cardôzo;
Albarello, 2007, p. 111).
Ainda em relação ao patrimônio
no município de Santa Maria (RS),
através do olhar dos visitantes,
questionamos se costumam ir a
museus. O resultado foi o seguinte:
Gráfico 2 Questão "Costuma ir a museus?"
Fonte: Questionários dos autores (2024)
Outras questões acabaram se
desdobrando com os questionários
elaborados e aplicados aos visitantes,
como a questão dos cuidados com o
patrimônio, seja por parte da população
(Gráfico 3) ou do poder público (Gráfico
4). É interessante entender a visão dos
sujeitos sobre esses quesitos, pois
acabam por reverberar certos sentidos,
bem como memórias preservadas.
Mario Chagas (2011) realiza sua
reflexão como forma de analogia, em
quea habilidade de leitura e escrita,
seja de um passado ou de uma
narrativa construída em espaços
museais, não se torna suficiente. O
aprendizado de uma competência não
se torna a resposta para as questões
48, 43%
2%
55%
COSTUMA IR A MUSEUS?
NÃO S/ RESPOSTA SIM
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metodologías e enfoques pedagógicos")
que o postas em um espaço
museológico, o que estaria mais ligado
ao veículo que comunica aos sujeitos.
Porém, como o próprio autor coloca, há
uma preocupação que é central nas
casas de memórias e demais espaços
de patrimônio, que responde ao
movimento na tentativa de
democratizar os espaços. Dessa forma
se colocando a serviço da sociedade.
As transformações que se
processaram no discurso
museológico desde os anos 1970
parecem indicar uma forte
tendência no sentido de valorizar
a dimensão abstrata dos objetos,
sua capacidade de representar
valores e ideais de diferentes
grupos e categorias sociais.
(Gonçalves, 2009, p. 183).
As manifestações desses
elementos, pela arquitetura,
monumentos, o espaço dos museus em
si, ou seja, a parte edificada, também
merece uma atenção, sobretudo diante
dos inúmeros ataques que sofrem, seja
pela falta de incentivo para mantê-los, a
realização da respectiva manutenção,
ou pelo descaso da população com seu
cuidado e preservação. Diante disso, é
necessário compreender o suporte que
é dado, o acesso que a população tem
a esses espaços, desde sua vida
escolar até as visitações e eventual
frequência com que interagem com os
espaços museológicos e lugares de
memória.
Gráfico 3 Sobre o cuidado do patrimônio por
parte da população
Fonte: Questionários dos autores (2024).
Gráfico 4 Sobre o cuidado do patrimônio por
pelo poder público
Fonte: Questionários dos autores (2024).
6, 5%
9, 8%
46, 42%
50, 45%
CUIDADO DO PATRIMÔNIO
PELA POPULAÇÃO
MUITO BOM BOM RAZOÁVEL RUIM
6% 7%
51%
36%
CUIDADO DO PATRIMÔNIO
PELO PODER PÚBLICO
MUITO BOM BOM RAZOÁVEL RUIM
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Com esses dados, a partir dos
quais podemos observar que os
cuidados para com o patrimônio estão
longe de ser ideais, abre-se um terreno
fértil para a ação da educação
patrimonial como um elemento que
possa estar presente nos currículos
escolares ou fora da instituição,
servindo de suporte para sujeitos
educandos independente de faixa
etária. Para Soares (2007, p. 9),
A Educação Patrimonial é uma
metodologia que propõem às
comunidades e seus cidadãos que
estabeleçam elos com seu
passado com sua história e sua
memória social. É um caminho
que propõem às comunidades que
resgatem suas raízes culturais:
seu modo de viver, de falar, sua
culinária, suas crenças, danças,
enfim tudo aquilo que a diferencia
das demais comunidades.
As questões aferidas apontam
que a experiência do público na
atmosfera museológica, em sua
maioria, por ora tem esse costume. Os
demais, seja por mero acaso ou por
questões de curiosidade, acabam
acessando o espaço museológico, o
que também gera um movimento
educativo. Por isso, os autores
atentam:
Por esta vereda, compreende-se
que os museus são, em
simultâneo, lugares de memória
(herança materna - matrimônio) e
lugares de poder (herança paterna
- patrimônio), mas onde
memória, esquecimento e onde
poder, resistência.
Acrescente-se ainda que eles
também são lugares de
criatividade, sororidade,
cumplicidade, solidariedade
(herança fraterna - fratrimônio) e
espaços de disputa, conflito e
litígio (Silva; Álvares; Chagas,
2021, p. 41).
Outras questões quanto à fala
dos sujeitos visitantes é a disparidade
quanto ao cuidado com o patrimônio da
cidade. Se existem elementos que
contam a história, seria necessário um
maior cuidado, tanto dos órgãos
públicos quanto da população que
habita e transita por esses espaços.
Com esse breve panorama,
entendemos que a Educação
Patrimonial cumpre um papel
importante, da visitação à inserção nos
currículos escolares.
Proporcionar essas experiências
para alunos(as) na educação básica,
até mesmo do ensino superior, no
entanto se faz atividade necessária, a
fim de cumprir um papel de
reconhecimento, e até mesmo
estabelecer elos da história com as
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populações que visitam as casas de
memórias.
Educando através da imersão no
espaço museal
Adiante, considerando o
panorama apresentado, conjugamos
elementos a partir das visitações e
impressões, o olhar dos visitantes a
partir dos acervos e exposições. Para
tal, observamos o papel do museu
partindo da reflexão acerca dos
elementos culturais, afim de
desenvolver uma ação que possa vir a
difundir narrativas históricas, conforme
posto por Ricardo Pacheco (2017).
Segundo o autor, realiza-se um
movimento, através da instituição, que
vem a refletir com a comunidade
formas de reconhecer e legitimar
diferentes suportes da cultura material
e imaterial. Isso ocorre considerando as
formações discursivas de diferentes
sujeitos.
O museu clássico do século XIX,
na Europa, é o símbolo de uma
nação ou de uma coletividade.
Todos os seus objetos são outros
tantos elementos característicos
ou representativos de uma obra,
de uma cultura, de um homem
ilustre, em suma, de uma parte da
comunidade imaginária em
questão. Eles satisfazem estritas
exigências de autenticidade,
qualidade e propriedade pública,
além de se organizarem com o
objetivo de uma regeneração da
memória cultural para as tarefas
que se impõem na época (Poulot,
2013, p. 63).
Através desse movimento
institucional realizado pelo espaço
museológico, vemos que o papel que
cumpre estabelece elos com a
comunidade em que está inserido.
Segundo Possamai (2013), um
movimento pela busca de sentido ao se
forjar identidades, individuais ou
coletivas.
Figura 1 Corredores do Museu que
conectam seções como arqueologia,
numismática e demais artefatos do acervo
Fonte: Fernando Neto (2024).
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Por esse viés, muitos elementos
nacionais, regionais e locais foram
apropriados e configuraram-se
enquanto manifestações, símbolos e
elementos identitários. Movimentos
que, segundo Varine (2013, p. 174),
são reforçados nos espaços formais ou
não de ensino, com o intuito de
condensar as diferenças das mais
diversas, ou seja,
[...] o museu local, como suas
atividades, pertence, antes de
tudo, à comunidade que vive
nesse território e sua
responsabilidade deve contar com
essa comunidade, em nome do
princípio da subsidiaridade. O que
significa que essa comunidade e
seus representantes têm um
direito de controle sobre o museu
e sobre o que vai ser feito nele,
sobre a interpretação das
coleções, sobre sua relação com o
desenvolvimento local.
Françoise Choay (2017, p. 240)
aponta equívocos que podem ocorrer
quanto ao consumo das culturas, por
um excesso de heterogeneização.
Ademais, esses elementos trariam uma
maior demanda por identidades, o que,
por sua vez, geraria uma espécie de
“narcisismo”, ou, até mesmo,
“patrimonialismo”, de personagens,
elementos, símbolos e expressões
culturais. Endossando essa viela,
alguns dos movimentos realizados pela
memória, acabam por ter como efeito a
manutenção de uma hegemonia,
perpetuando uma história
“emoldurada”. Conforme Gondar
(2016, p. 16),
A memória concebida enquanto
produção de poder, destinada à
manutenção dos valores de um
grupo, não é equivalente à
memória pensada enquanto
componente ativo dos processos
de transformação social e de
produção de um futuro (Gondar,
2016, p. 19).
Vale destacar que, por certo
tempo, o patrimônio esteve ligado à
materialidade, por consequência, à
monumentalização, estando vinculado
à ancestralidade. Outra questão é o elo
estabelecido com a cultura,
comunidade e demais grupos sociais
que estão inseridos nesses espaços,
devendo ser contemplados. O trabalho
realizado pela memória cumpre um
papel importante, isso quando
preservada e mantida, além de
possibilitar a materialização de eventos
no tempo recente. O entendimento dos
sujeitos sobre as formas de se
relacionar com a memória passa,
portanto, por diversas formas de se ver
e lidar com esses eventos.
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Cultura, Niterói/RJ, Ano 14, n. 27, p. 140-156, set. 2024.
www.periodicos.uff.br/pragmatizes - ISSN 2237-1508
(Dossiê "Educação Patrimonial na América Latina: temas,
metodologías e enfoques pedagógicos")
Se as sociedades modernas
demonstram tendência a
privilegiar os aspectos técnicos da
transmissão, não é seguro que
apenas o domínio de receitas, de
doutrinas pedagógicas e um
didatismo genuíno sejam
suficientes tradicionais, da
transmissão de saberes tomando
outros caminhos, tais como os
ritos de iniciação, as visões, a
aprendizagem por impregnação,
imitação etc. [...]Transmitir uma
memória e fazer viver, assim uma
identidade não consiste, portanto,
em apenas legar algo, e sim uma
maneira de estar no mundo.
(Candau, 2021, p. 118)
Parece que o papel do
patrimônio enquanto memória e da
memória para estabelecer elos com o
tempo , não ocorre sozinho. Para
tanto, há a necessidade de estabelecer
essas conexões desde a educação
formal, com as práticas curriculares
alinhadas às necessidades e vocações
da sociedade, além dos espaços não
formais, as casas de memórias, centros
culturais e espaços museológicos.
Borin (2019, p. 3) destaca a
necessidade de trabalhar a Educação
Patrimonial, justificando a imersão dos
sujeitos nessa prática.
Desse modo, trabalhar com a
Educação Patrimonial na
Educação Básica amplia as
possibilidades de integração
cultural e social ao mesmo tempo
em que promove o conhecimento,
valorização e preservação dos
bens patrimoniais que os
rodeiam.
Muito além de uma prática
formal que ainda não está presente
em ampla aplicação , a Educação
Patrimonial, seja ela através dos
museus ou lugares de memória,
compreende o reconhecimento da
diversidade cultural, a questão da
origem, o que leva a transformações e
transições. Elemento que se torna caro
e um dos destaques da Educação
Patrimonial é o patrimônio e sua
salvaguarda, mas a forma com que se
mantenha, se sustente, e produza uma
série de questões referentes aos
espaços visitados, que levam à sua
materialidade de memórias através do
patrimônio. Portanto, entende-se que
[...] a educação patrimonial é
componente importante nos
processos de identificação,
reconhecimento e preservação do
patrimônio cultural, constituindo-
se em um trabalho transversal nas
atividades do órgão. É de síntese,
o caminho para a escuta das
comunidades, evidenciando que,
além da visão do historiador, do
arquiteto, do sociólogo, do
geógrafo, é de igual importância, a
visão dos moradores e/ou
usuários dos bens. Desse modo,
ao que tudo indica, deixa-se a
configuração inicial de pensar a
educação apenas como tarefa a
ser cumprida a posteriori da
preservação dos bens culturais,
decidida e implementada por um
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metodologías e enfoques pedagógicos")
campo especializado, abrindo
possibilidades de intervenção de
outros agentes envolvidos (Gil;
Possamai, 2014, p. 20).
Portanto, a Educação
Patrimonial se torna um meio de propor
experiências, com as quais se promove
uma prática cidadã, ou seja, que
transforma novas formas de os sujeitos
enquanto agentes do processo
histórico se inserirem na sociedade.
Salientamos que a Educação
Patrimonial não tem um fim ou um
objetivo a ser alcançado, mas uma
forma de se trabalhar com alunos,
educandos, sujeitos imersos nesses
espaços de memória, relacionando
diferentes áreas do saber. Alfonso,
Listán e Corredera (2020, p. 58) tecem
as seguintes reflexões:
De la misma manera, conciben el
patrimonio desde una perspectiva
academicista, alejada de la
concepción de la ciudadanía
activa. Como consecuencia, la
utilización didáctica del patrimonio
se hace desde un enfoque
ilustrado basado em el
conocimiento teórico de los bienes
patrimoniales a través de
actividades de sentido la
educación patrimonial no se
concibe como un recurso para la
formación ciudadana.
Com efeito, refletimos: uma
série de elementos de memória que se
materializam através do patrimônio,
mas, em poucos e escassos momentos
são trabalhados, quando ocorre a
reflexão sobre eles, facilmente se cai
em algumas armadilhas epistêmicas ou
pedagógicas. Muitas vezes faltam
leituras ajustadas acerca desses
elementos para que haja de fato uma
inserção nesses lugares de memória e
se possa compreender o que está
posto ali.
Segundo as contribuições de
Mario Chagas (2009, p. 33), a questão
do patrimônio, enquanto categoria de
análise, é desdobrada em uma série de
significados, os quais extrapolam os
conceitos anteriores, quanto à
propriedade e herança. Em
contrapartida, vai em direção a uma
totalidade que se torna elemento de
pertença e salvaguarda de um coletivo,
determinado grupo social demarcado.
“Em alguns meios museológicos,
também podem ser encontradas as
expressões ‘patrimônio total’ ou
‘patrimônio integral’” (Chagas, 2009, p.
33). Essa vereda aberta pelo autor
demonstra, em não poucos casos, a
dificuldade de um trabalho constante,
portanto, custoso, com a missão de
enunciar os bens culturais nos espaços
não museológicos de formas de
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experimentação, por fim, de uma
maneira harmoniosa.
Conforme trazem os autores
citados anteriormente, pensamos
também sobre o distanciamento que
muitas vezes entre a academia
(ensino superior) e a escola (educação
básica). São através dessas ações,
educando os sujeitos nos mais diversos
níveis de ensino que se pode trabalhar
também através da extensão ,
conectar os saberes acadêmicos
juntamente à comunidade local e os
demais visitantes.
Considerações finais
Os resultados alcançados até
agora demonstram que a presença da
Educação Patrimonial veio a
desenvolver uma forma de prática
social. Tal movimento está ligado a
formas de cidadania, onde o sujeito
passa a ver e ser visto, desde a
narrativa de sua história,
estabelecendo elos entre passado e
tempo vivido. Por recorrência, o sujeito
acaba deixando marcas, vestígios,
além de produzir cultura, o que passa a
ser reproduzido pelos tempos, seja em
gerações, ou até mesmo pela
reprodutibilidade de saberes.
Em ciências humanas e sociais,
principalmente em nossa trajetória, é
rara a ocasião de uma pesquisa de teor
quantitativo. Nosso objetivo enquanto
estudantes, pesquisadores,
professores e, acima de tudo, cidadãos
comprometidos com a inserção social,
abarca inúmeras abordagens, de forma
a incluir principalmente as expressões
culturais e identitárias, além de
abordagens metodológicas e
epistêmicas.
Ao indagar sujeitos visitantes,
podemos ver as variantes nas suas
falas, estabelecendo um parâmetro
ainda que inicial da pesquisa , a partir
do qual refletimos sobre os espaços de
memória. O Museu Educativo Gama
d’Eça propõe esse caráter
comunicativo, educativo e informativo
para a população, comunidade e
visitantes em geral. Esse é o
movimento da extensão, o qual alia o
saber superior ao básico e que
converte o espaço museal não apenas
em um colecionismo, mas um espaço
não formal de educação.
Parece-nos que o papel que a
instituição cumpre é ímpar, ao mesmo
tempo, conta com um acervo rico e
diverso, e que de forma legítima
cumpre os processos museológicos,
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das questões de exposições à
disseminação do saber à sociedade.
Entende-se que o estudo do público
pela visão dos pesquisadores
corrobora com o papel educativo que
se exerce da instituição com seus
visitantes.
São passos iniciais da elaboração
da tese, que servem de aporte para
novos resultados, quando se utiliza de
uma amostra significativa que
consegue capturar a reflexão, fala e
experiência do visitante enquanto
sujeito imerso nas memórias. Através
desse exercício, que captura a fala pelo
questionário, é possível compreender o
impacto da Educação Patrimonial na
inserção no meio.
Assim seguimos abrindo
veredas, para que possamos buscar
sentido nas manifestações do
patrimônio histórico e cultural,
entendendo que ele coexiste em um
campo de disputa, principalmente em
nosso território, onde uma imensa
diversidade. Acreditamos que as
memórias e o papel da educação
patrimonial cumprem um movimento
importante nesse processo, revisitando
os fatos e propondo discussões que
não se conseguem abarcar na escrita
da história.
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