www.periodicos.u.br/pragmazes - ISSN 2237-1508
(Dossiê "Educação Patrimonial na América Lana: temas,
metodologías e enfoques pedagógicos")
PEGUIN, Renata Cordeiro; SILVA, João Henrique Alves da; BASSINELLO,
Patrícia Zaczuk. Prácas pedagógicas na educação patrimonial: um
estudo bibliométrico. PragMATIZES - Revista Lano-Americana de
Estudos em Cultura, Niterói/RJ, Ano 14, n. 27, p. 30-55, set. 2024.
Práticas pedagógigas na educação patrimonial: um estudo bibliométrico
Renata Cordeiro Peguin1
João Henrique Alves da Silva2
Patrícia Zaczuk Bassinello3
DOI: https://doi.org/10.22409/pragmatizes.v14i27.63215
Resumo: O objetivo desta pesquisa foi avaliar as abordagens pedagógicas
utilizadas no processo de ensino-aprendizagem relacionadas a Educação
Patrimonial. Realizou-se um estudo bibliométrico por meio do indexador de
pesquisas Google Acadêmico. Buscou-se pesquisas que abordassem de alguma
forma, a Educação Patrimonial. As palavras-chave utilizadas foram: (1) “práticas
pedagógicas” e (2) “educação patrimonial” e (3) “estratégia de ensino” entre os anos
de 2010 a 2022. Ao todo, foram selecionadas 28 pesquisas. Para o estudo
bibliométrico foi identificado: nome dos autores; ano de publicação; tipo de pesquisa;
área de conhecimento; instituição e práticas pedagógicas que foram adotadas. A
priori, destaca-se o baixo fluxo de pesquisas que apresentam as práticas
pedagógicas, no entanto, as utilizadas favoreceram no processo de ensino e
aprendizagem, tornando-o mais eficaz e satisfatório tanto para os professores,
quanto para os alunos. A área de história foi a mais representativa. Entre os tipos de
pesquisas, as dissertações se destacaram em quantidade. Em grande parte dos
estudos foi possível constatar que o patrimônio foi visto como meio, e os principais
agentes do processo foram os sujeitos e suas experiências, contribuindo com o
ambiente escolar e para além da escola na ressignificação do patrimônio cultural.
Palavras-chave: Educação Cultural; Abordagens Pedagógicas; Estratégia de
Ensino; Patrimônio Cultural.
1 Renata Cordeiro Peguin. Mestra em Estudos Culturais pela Universidade Federal de Mato Grosso
do Sul. Docente no Instituto Federal de Mato Grosso do Sul, Brasil. E-mail:
arq.renatacordeiro@gmail.com - https://orcid.org/0000-0002-3850-6563
2 João Henrique Alves da Silva. Doutorando em Arquitetura e Urbanismo pela UFSC. Docente no
Instituto Federal de Mato Grosso do Sul, Brasil. E-mail: joaohenrique.arq@gmail.com -
https://orcid.org/0000-0003-4540-8184
3 Patrícia Zaczuk Bassinello. Doutora em Ciência, Tecnologia e Sociedade pela UFSCar. Professora
Associada da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul, Brasil. E-mail: patricia.zaczuk@ufms.br -
https://orcid.org/0000-0003-4983-9221
Recebido em 05/06/2024 e aceito para publicação em 02/09/2024.
1
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(Dossiê "Educação Patrimonial na América Lana: temas,
metodologías e enfoques pedagógicos")
PEGUIN, Renata Cordeiro; SILVA, João Henrique Alves da; BASSINELLO,
Patrícia Zaczuk. Prácas pedagógicas na educação patrimonial: um
estudo bibliométrico. PragMATIZES - Revista Lano-Americana de
Estudos em Cultura, Niterói/RJ, Ano 14, n. 27, p. 30-55, set. 2024.
Prácticas pedagógicas en la educación patrimonial: un estudio bibliométrico
Resumen: El objetivo de esta investigación fue evaluar los enfoques pedagógicos
utilizados en el proceso de enseñanza-aprendizaje relacionados con la Educación
Patrimonial. Se realizó un estudio bibliométrico a través del indexador de
investigaciones Google Académico. Se buscaron investigaciones que abordaran de
alguna manera la Educación Patrimonial. Las palabras clave utilizadas fueron: (1)
‘prácticas pedagógicas’, (2) ‘educación patrimonial’ y (3) ‘estrategia de enseñanza’
entre los años 2010 y 2022. En total, se seleccionaron 28 investigaciones. Para el
estudio bibliométrico se identificaron: nombre de los autores; año de publicación; tipo
de investigación; área de conocimiento; institución y prácticas pedagógicas que
fueron adoptadas. A priori, se destaca el bajo flujo de investigaciones que presentan
las prácticas pedagógicas, sin embargo, las utilizadas favorecieron el proceso de
enseñanza y aprendizaje, haciéndolo más eficaz y satisfactorio tanto para los
profesores como para los alumnos. El área de historia fue la más representativa.
Entre los tipos de investigaciones, las disertaciones destacaron en cantidad. En gran
parte de los estudios se pudo constatar que el patrimonio fue visto como un medio, y
los principales agentes del proceso fueron los sujetos y sus experiencias,
contribuyendo con el entorno escolar y más allá de la escuela en la resignificación
del patrimonio cultural.
Palabras clave: Educación Cultural; Enfoques Pedagógicos; Estrategia de
Enseñanza; Patrimonio Cultural.
Pedagogical practices in heritage education: a bibliometric study
Abstract: The objective of this research was to evaluate the pedagogical approaches
used in the teaching-learning process related to Heritage Education. A bibliometric
study was conducted using the Google Scholar search index. Research addressing
Heritage Education in some capacity was sought. The keywords used were: (1)
“pedagogical practices,” (2) “heritage education,” and (3) “teaching strategy,”
covering the years 2010 to 2022. In total, 28 studies were selected. For the
bibliometric study, the following were identified: authors’ names; publication year;
research type; field of knowledge; institution; and the pedagogical practices adopted.
Initially, it is noteworthy that there is a low volume of research presenting pedagogical
practices. However, the practices that were utilized contributed to making the
teaching and learning process more effective and satisfactory for both teachers and
students. The field of history was the most represented. Among the types of
research, dissertations were the most numerous. In many of the studies, it was
evident that heritage was viewed as a means, with the main agents of the process
being the subjects and their experiences, contributing to the school environment and
beyond in the reinterpretation of cultural heritage.
Keywords: Cultural Education; Pedagogical Approaches; Teaching Strategy;
Cultural Heritage.
2
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metodologías e enfoques pedagógicos")
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Patrícia Zaczuk. Prácas pedagógicas na educação patrimonial: um
estudo bibliométrico. PragMATIZES - Revista Lano-Americana de
Estudos em Cultura, Niterói/RJ, Ano 14, n. 27, p. 30-55, set. 2024.
Práticas pedagógigas na educação patrimonial: um estudo bibliométrico
Introdução
A Educação Patrimonial (EP) foi
introduzida no Brasil em 1983 durante
o Seminário sobre o Uso Educacional
de Museus e Monumentos, em
Petrópolis-RJ. Desde então, o Instituto
do Patrimônio Histórico e Artístico
Nacional (IPHAN) buscou incorporar a
metodologia em suas estratégias
educacionais. Em 1999, lançou o
primeiro Guia Básico de EP, que se
tornou uma referência para
educadores desde o Ensino Básico
até áreas específicas do patrimônio
cultural (Florêncio et al., 2014).
No entanto, o modelo proposto
no guia manteve uma perspectiva
eurocêntrica4 no campo patrimonial,
apresentando abordagens que apenas
levavam as pessoas a conhecerem o
patrimônio. Por décadas, o campo
patrimonial apropriou-se do jargão
“conhecer para preservar” para
fundamentar a relevância de ações
educativas relacionadas ao patrimônio
cultural. Entretanto, pesquisas, como
as de Oliveira (2011), Siviero (2015) e
4 A quem interessar, sugere-se a leitura:
BALLESTRIN, Luciana. América Latina e o
giro decolonial. Revista brasileira de ciência
política, n. 11, p. 89-117, 2013.
Scifoni (2019), justificam que apenas
conhecer não garante a efetividade,
sendo, portanto, uma expressão
desatualizada que reproduz ideias
fora do lugar.5
Após a reedição do guia em
20066, entende-se que a EP busca
atuar como um instrumento de
“alfabetização cultural”,
proporcionando aos indivíduos uma
interpretação do mundo em que estão
inseridos, considerando seu processo
histórico e sociocultural de forma
dialógica (Horta; Grunberg; Monteiro,
1999).
Neste contexto, assume-se o
primeiro princípio da educação
patrimonial atual: a autonomia dos
sujeitos, um pilar para superar a
hierarquia entre o ensinar e o
aprender. Paulo Freire (1998)
esclarece que é necessário conceber
uma experiência total, onde se ensina
e aprende ao mesmo tempo, de forma
5 Schwarz (2009) descreve que “ao longo de
sua reprodução social, incansavelmente o
Brasil põe e repõe ideias europeias, sempre
em sentindo impróprio”. Caracterizado por
“ideias fora do lugar”.
6DEMARCHI, João Lorandi. O que é, afinal, a
educação patrimonial? uma análise do Guia
Básico de Educação Patrimonial. Revista
CPC, v. 13, n. 25, p. 140-162, 2018.
3
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metodologías e enfoques pedagógicos")
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estudo bibliométrico. PragMATIZES - Revista Lano-Americana de
Estudos em Cultura, Niterói/RJ, Ano 14, n. 27, p. 30-55, set. 2024.
pedagógica, ética, estética e política.
A autonomia se opõe à educação
bancária, que deposita os conteúdos
nos discentes como se fossem
dinheiro em um banco.
A produção de conhecimento é
vista como um processo de re-
conhecimento do sujeito na cultura, na
memória e no patrimônio, ou como
“[...] ser social e histórico, como ser
pensante, comunicante,
transformador, criador, realizador de
sonhos, capaz de ter raiva porque é
capaz de amar” (Freire, 1998, p. 47).
Em outras palavras, a EP no
processo de aprendizagem pode ser
expandida para muito além do
ambiente escolar, envolvendo toda a
comunidade de forma dinâmica, e
assim, tornando a educação um
instrumento de consciência crítica e
de responsabilidade em toda sua
extensão, especialmente no que tange
à preservação do patrimônio em
relação às identidades pessoais e
culturais (Queiroz, 2010).
No Brasil, a educação pública e
privada é regulamentada pela Lei de
Diretrizes e Bases da Educação
Nacional (LDB), Lei nº 9.394/96,
atualizada em 2017 e 2018. Para
garantir que todos tenham acesso às
aprendizagens consideradas
essenciais pela União, desenvolveu-
se a Base Nacional Comum Curricular
(BNCC). Este documento propõe uma
estrutura formativa para todos os anos
escolares, contribuindo, inclusive,
para a incorporação do campo cultural
no âmbito escolar, por meio da criação
de espaços críticos e criativos,
baseados nas singularidades de cada
grupo e comunidade que constitui a
sociedade brasileira (Brasil, 2018).
O conceito de EP está integrado
como recurso metodológico em todas
as áreas do conhecimento que
abordam o patrimônio local e mundial,
sobretudo aquelas que contribuíram
para a construção da cultura
brasileira. Na área de Linguagens,
que inclui os componentes
curriculares de ngua Portuguesa,
Artes, Língua Inglesa e Educação
Física, recomenda-se essencialmente
“reconhecer as linguagens como parte
do patrimônio cultural material e
imaterial de uma determinada
coletividade e da humanidade” (Brasil,
2017, p. 62).
No eixo curricular de Artes, o
patrimônio é visto como uma unidade
de conhecimento integrado,
incentivando os alunos a reconhecer e
4
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metodologías e enfoques pedagógicos")
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Patrícia Zaczuk. Prácas pedagógicas na educação patrimonial: um
estudo bibliométrico. PragMATIZES - Revista Lano-Americana de
Estudos em Cultura, Niterói/RJ, Ano 14, n. 27, p. 30-55, set. 2024.
valorizar o patrimônio cultural de
diversas culturas, especialmente a
brasileira e suas matrizes indígenas,
africanas e europeias (Brasil, 2017).
Nas Ciências da Natureza, o
patrimônio é associado à preservação
da biodiversidade, destacando a
importância das unidades de
conservação (parques, reservas,
florestas) e suas relações com
populações e atividades (Brasil,
2017).
A BNCC incorporou os Temas
Contemporâneos Transversais dos
Parâmetros Curriculares, visando
reforçar ciência, tecnologia, meio
ambiente, economia, saúde,
multiculturalismo, cidadania e civismo
(Brasil, 2019). Esses eixos buscam
superar conteúdos fixos e o
isolamento de grupos, permitindo a
escolha de temas por professores e
alunos. A Resolução do Conselho
Nacional de Educação 15/98
defende a interdisciplinaridade,
afirmando que o conhecimento
dialoga com outros conhecimentos e
que o ensino deve capacitar os
estudantes a analisar, explicar, prever
e intervir, com disciplinas contribuindo
com suas especificidades (Brasil,
1998).
No entanto, apesar das
contribuições e indicações nas
legislações brasileiras acerca da
Educação Patrimonial, pesquisas
apontam que ainda muito a ser
verificado. Jablonski (2018), por
exemplo, afirma que uma parte da
sociedade não sabe sequer o que é
patrimônio cultural, e uma
porcentagem relaciona o termo
apenas aos bens móveis, no sentido
material.
Essa consideração emerge da
própria trajetória da educação, que
historicamente esteve ligada ao
cenário preservacionista do IPHAN,
com abordagens e concepções
excludentes e eurocêntricas (Biondo,
2015). Sendo assim, “a concepção da
cultura e da Educação Patrimonial
deve ser uma prática que permita a
análise crítica do patrimônio, mas é
preciso pô-la em prática” (Demarchi,
2018), principalmente quando esse
patrimônio está envolvido com
comunidades que buscam se
reconstituir perante a sociedade
(Tolentino, 2019).
Diante do exposto, a EP,
quando utilizada “longe do
diletantismo mórbido de elites que
desconhecem os rostos múltiplos e
5
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metodologías e enfoques pedagógicos")
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Patrícia Zaczuk. Prácas pedagógicas na educação patrimonial: um
estudo bibliométrico. PragMATIZES - Revista Lano-Americana de
Estudos em Cultura, Niterói/RJ, Ano 14, n. 27, p. 30-55, set. 2024.
diferenciados do país” (Santos, 1986,
p. 136), pode ser um importante
recurso para trabalhar não apenas o
patrimônio, mas também a cidadania
(Fernandes, 1993; Queiroz, 2010);
ciência e tecnologia (Pelegrini, 2008);
turismo cultural (Melo e Cardozo,
2015); territórios e cidades (Beltrão,
2012), entre outros temas possíveis.
Considerando sua relevância e
possibilidades de utilização, busca-se
neste estudo identificar como a EP é
abordada no processo de ensino dos
cidadãos em suas formações
acadêmicas.
O objetivo desta pesquisa foi
avaliar as abordagens pedagógicas
utilizadas no processo de ensino-
aprendizagem relacionadas à
Educação Patrimonial.
Metodologia
Esta pesquisa é classificada
como quali-quanti, uma metodologia
significativa para compreender fatos e
processos que exige análise
detalhada por parte do pesquisador,
atentando-se aos resultados obtidos e
correlacionando-os com a teoria
(Kahhale, 2019).
Silva e Knechtel (2014, p. 106)
definem essa abordagem como
aquela que interpreta as informações
quantitativas por meio de símbolos
numéricos e os dados qualitativos por
meio de observação, interação
participativa e interpretação do
discurso dos sujeitos (semântica).
Este estudo se baseou em
pesquisas científicas sobre práticas
pedagógicas em Educação
Patrimonial, realizadas entre 2010 e
2022, utilizando a base de dados do
Google Acadêmico. As palavras-chave
empregadas, todas em língua
portuguesa e entre aspas, incluíram
"práticas pedagógicas", "educação
patrimonial" e "estratégia de ensino". A
seleção das pesquisas foi feita
excluindo-se os artigos que não
estavam relacionados ao objetivo da
pesquisa, primeiramente pela leitura
dos títulos e, em seguida, pela leitura
dos resumos.
Utilizou-se a análise do discurso
e conteúdo de Bardin como aporte
teórico-metodológico. Esta análise
permite obter indicadores objetivos
sobre as condições de produção e
recepção das mensagens.
um conjunto de técnicas de
análise das comunicações
visando obter, por procedimentos
sistemáticos e objetivos de
descrição do conteúdo das
mensagens, indicadores
6
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Patrícia Zaczuk. Prácas pedagógicas na educação patrimonial: um
estudo bibliométrico. PragMATIZES - Revista Lano-Americana de
Estudos em Cultura, Niterói/RJ, Ano 14, n. 27, p. 30-55, set. 2024.
(quantitativos ou não) que
permitam a inferência de
conhecimentos relativos às
condições de produção/recepção
(Brandin, 1991, p.42).
Para ilustrar o processo de
exclusão dos artigos, foi utilizado o
fluxograma apresentado na Figura 1,
que demonstra a escolha dos artigos
e o procedimento de análise
bibliométrica.
Figura 01- Fluxograma do processo para escolha dos artigos.
Fonte: elaborado pelos autores, 2022.
Diante da exclusão significativa,
restaram para análise 28 pesquisas
condizentes com práticas
pedagógicas utilizando a Educação
Patrimonial como recurso. Foram
selecionados artigos, monografias e
dissertações a fim de contribuir para a
aplicação de práticas pedagógicas a
partir da Educação Patrimonial.
Alguns fatores foram considerados
para a análise bibliométrica, como: a)
títulos; b) nome dos autores; c) ano da
pesquisa; d) tipo de pesquisa; e) área
de conhecimento; f) instituição; e g)
práticas pedagógicas adotadas.
As análises foram pautadas em
uma perspectiva crítica da Educação
Patrimonial, buscando principalmente
práticas pedagógicas que
relacionassem a comunidade e o
patrimônio cultural, aproximando o
aluno de forma horizontalizada e
dando-lhe a oportunidade de ser um
sujeito ativo durante o processo de
7
Pesquisas encontradas por meio da
similaridade entre as palavras-chaves
(1,2 e 3): Total = 128
Pesquisas encontradas por meio da
similaridade entre as palavras-chaves
(1,2 e 3):
Total = 128
Excluídos após a leitura do
#tulo:
Total = 57
Excluídos após a leitura
do #tulo: Total = 57
Pesquisas man$das para a próxima
análise:
Pesquisas selecionadas para a análise
bibliométrica: Total = 28
Pesquisas selecionadas para a análise:
Total = 28
Excluídos após a
leitura do resumo:
Total = 43
Excluídos após a leitura
Total = 43
Pesquisas mantidas para a próxima
análise: Total = 71
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estudo bibliométrico. PragMATIZES - Revista Lano-Americana de
Estudos em Cultura, Niterói/RJ, Ano 14, n. 27, p. 30-55, set. 2024.
aprendizagem.
Para identificar os principais
pontos descritos nos resumos, como
contexto, objetivos, metodologias e
principais resultados, elaborou-se uma
nuvem de palavras. Esta proposta
sintetiza a repetição das palavras
utilizadas pelos autores, indicando,
por meio do tamanho da fonte,
aquelas mais frequentes. Foram
incluídas apenas palavras repetidas
mais de 6 vezes; as demais foram
excluídas para melhor visualização.
O propósito da nuvem é
diagnosticar termos e conceitos
fundamentais no campo patrimonial,
destacando aqueles que poderiam ser
mais valorizados enquanto
instrumentos de aprendizagem.
Resultados e discussões
A Figura 2 apresenta o
quantitativo de pesquisas realizadas
entre 2010 e 2022. Percebe-se que, a
partir de 2016, houve um salto
exponencial no número de relatos. O
ápice das pesquisas que colaboraram
com práticas pedagógicas ocorreu no
ano de 2018. Isso provavelmente está
relacionado com a última atualização
da BNCC, no ano de 2017, que
oficializou as competências
socioemocionais na grade curricular
do ensino fundamental. Além disso,
nesse mesmo ano ocorreram as
eleições presidenciais e a Copa do
Mundo, eventos que podem ter
aumentado o interesse em temas
relacionados à própria cultura.
Figura 02 – Quantitativo de pesquisas realizadas de 2010 a 2022.
2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016 2017 2018 2019 2020 2021 2022
2
532
7
4
14
9
27
8
16 18
12
ANO
QUANTIDADE
Fonte: elaborado pelos autores, 2022.
8
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estudo bibliométrico. PragMATIZES - Revista Lano-Americana de
Estudos em Cultura, Niterói/RJ, Ano 14, n. 27, p. 30-55, set. 2024.
Cabe ressaltar que, no último
ano, os números podem ter sido
reduzidos devido ao fato de que as
pesquisas ainda estão em processo
de avaliação, correção e publicação
nos indexadores.
Em sequência, elaborou-se um
quadro demonstrativo (Quadro 01),
contendo o título das obras, nome dos
autores, tipo de pesquisa, área de
conhecimento, nível de ensino em que
as práticas foram aplicadas, se
remetem aos patrimônios materiais
e/ou imateriais, assim como a
instituição onde o trabalho foi
desenvolvido e o ano de produção.
Por meio dele, foi possível examinar
os principais autores no campo da
Educação Patrimonial e identificar as
instituições de maior relevância no
assunto.
Quadro 01 – Relação de pesquisas que compôs o estudo.
TÍTULO
AUTOR
TIPO
ÁREA
NÍVEL DE
ENSINO
CLASSE
INSTITUIÇÃO
ANO
1
O TURISMO A SERVIÇO
DA EDUCAÇÃO: As
aulas-passeio promovidas
por escola particular em
Parnaíba (PI).
SOUZA, Rita de
Cássia Alves;
MELO, Karol
Monteiro Mota;
PERINOTTO,
André Riani
Costa.
Artigo Turismo Ensino
médio
material
e
imaterial
Revista
Rosa dos
Ventos
2011
2
O conhecimento na ação:
investigação empírica
sobre arte, aprendizagem
cultural e Educação
Artística baseada na
prática
MOURA,
Anabela. Artigo Artes
1º e 2º
Ciclo
(Portugal)
material
e
imaterial
Revista
Profissão
Docente
2011
3
Os objectos museológicos
e a construção da
memória local: um estudo
com alunos da 8ª classe
da Escola Secundária de
Nampula, Moçambique
KOK, Mingas
Eduardo.
Disserta
ção História
8º classe
secundári
a
material
e
imaterial
Universida
de do
Minho
2012
4
Da multiculturalidade na
sala de aula à ópera como
instrumento pedagógico
Martins, Diogo
José Gonçalves
Disserta
ção Artes
1º, 2º e 3º
do Ensino
básico.
material
e
imaterial
Instituto
Politécnic
o de
Coimbra
2014
9
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metodologías e enfoques pedagógicos")
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estudo bibliométrico. PragMATIZES - Revista Lano-Americana de
Estudos em Cultura, Niterói/RJ, Ano 14, n. 27, p. 30-55, set. 2024.
5
A Percepção e a
importância que Jovens e
mais Velhos atribuem ao
Patrimônio Histórico-
cultural de Cabinda: Uma
Exploração do Tema a
partir do Local de
Concentração de
Escravos do Chinfuca
BEMBE, Julio
Horacio
Chivuanga.
Disserta
ção História Ensino
médio
material
e
imaterial
UF de
Minas
Gerais
2014
6
Procedimento invertido: o
ensino de história a partir
das inquietações de
jovens estudantes sobre
morte na aula-visita ao
cemitério
PASTORE, Maria
Cristina.
Disserta
ção História
Ensino
Fundame
ntal e
Médio
material
e
imaterial
UF do Rio
Grande 2016
7
Patrimônios de Duque de
Caxias: história e
memória no Museu Vivo
do São Bento
GOMES, Marta
Taets et al.
Disserta
ção História
Ensino
Fundame
ntal
material
e
imaterial
Universida
de
Estadual
do Rio de
Janeiro
2016
8Patrimônio: azulejo como
recurso didático
MARTINS, Ana
Catarina Ribeiro.
Disserta
ção
Interdiscip
linar
1º e 2º
Ensino
básico
material
e
imaterial
Instituto
Politécnic
o de
Coimbra
2017
9
As novas tecnologias no
ensino/aprendizagem da
história: uso do Google
maps e Geocaching por
alunos do 1. º e 2. º Ciclo
do Ensino Básico
CUNHA, Carlos
Alexandre
Fernandes da.
Disserta
ção
História /
Geografia
2º e 6º
ano de
escolarida
de
material
e
imaterial
Universida
de do
Minho
2017
1
0
Em cena a história ensina:
a produção de narrativas
visuais na perspectiva da
educação histórica
PRADO, Alethéia
Paula Lapas et
al.
Disserta
ção História
Ensino
Fundame
ntal
material
e
imaterial
Universida
de de
Mato
Grosso
2018
1
1
Pesquisa e ensino na
história escolar: o
contexto urbano da
Escola Terezinha Paulino
em Natal-RN
FERNANDES,
Cícera Tamara
Graciano Leal da
Silva
Disserta
ção História
Ensino
Fundame
ntal
material
UF do Rio
Grande do
Norte
2018
1
2
História de pescadores e
pescadoras da Pedra
Negra: uma proposta
de educação
patrimonial aplicada no
ensino de História
LUCENA,
Josirene Souza
Inocêncio de.
Disserta
ção História
Ensino
Fundame
ntal
imaterial
UF de
Pernambu
co
2018
1
3
Educação musical e ação
cultural na escola
ARAÚJO, Caio
Higor Morais.
Disserta
ção Artes
comunida
de geral
da escola
material
e
imaterial
UF do Rio
Grande do
Norte
2018
1
4
Educação patrimonial no
ensino de História: a feira
livre como espaço de
aprendizagem histórica
em Colinas do Tocantins
SILVA, Aletícia
Rocha da.
Disserta
ção História
Ensino
Fundame
ntal
material
e
imaterial
UF do
Tocantins 2018
10
www.periodicos.u.br/pragmazes - ISSN 2237-1508
(Dossiê "Educação Patrimonial na América Lana: temas,
metodologías e enfoques pedagógicos")
PEGUIN, Renata Cordeiro; SILVA, João Henrique Alves da; BASSINELLO,
Patrícia Zaczuk. Prácas pedagógicas na educação patrimonial: um
estudo bibliométrico. PragMATIZES - Revista Lano-Americana de
Estudos em Cultura, Niterói/RJ, Ano 14, n. 27, p. 30-55, set. 2024.
1
5
Educação ambiental
e educação
patrimonial como prática
pedagógica
interdisciplinar para o
ensino de ciências
TAHA, Marli
Spat.
Disserta
ção
Ciências
Naturais
Ensino
Fundame
ntal
material
e
imaterial
UF do
Pampa 2018
1
6
As Marias da Conceição:
por um ensino de história
situado, decolonial e
interseccional
MOURA, Carla
de
Disserta
ção História
Ensino
Fundame
ntal
material
e
imaterial
UF do Rio
Grande do
Sul
2018
1
7
Construindo visibilidades
na cidade de
São/José/SC: uma
proposta de ensino de
história e patrimônio
cultural dos povos
africanos e
afrodescendentes
VISANI,
MYLENE SILVA
DE PONTES
Disserta
ção História
Ensino
Fundame
ntal
material
e
imaterial
UF de
Santa
Catarina
2018
1
8
Passeios pedagógicos:
uma análise das
potencialidades
educativas das visitas a
museus na compreensão
dos alunos do ensino
fundamental II
SILVA, Caio
Henrique Silveira
da
Disserta
ção História
Ensino
Fundame
ntal
material
UF DE
SÃO
CARLOS
2019
1
9
" No tempo do pega":
lugares e memórias da
Balaiada no ensino de
História em São
Bernardo-MA
SOUSA,
Ronilson de
Oliveira et al
Disserta
ção História Ensino
médio imaterial UF do
Pará 2020
2
0
Aprender História para a
vida: novos olhares para o
bairro em proposta de
aula-oficina
SOUZA, Victor
Batista de
Disserta
ção História Ensino
médio material
UF de
Pernambu
co
2020
2
1
Ensino de ciências e
interdisciplinaridade:
relato de experiência no
Canyon Guartelá
MIZERSKI,
Hellen Jaqueline
Cordeiro
Monogra
fia
Ciências
Naturais
Ensino
Fundame
ntal
imaterial
Universida
de
Tecnológi
ca Federal
do Paraná
2020
2
2
Por uma educação dos
sentidos para dar
significado ao ensino de
História: uma proposta a
partir da Educação
Patrimonial
SALDANHA,
Letícia Lopes.
Disserta
ção História Ensino
médio
Material
e
imaterial
UF do Rio
Grande do
Norte
2020
2
3
"Pedagogia da memória"
no século digital:
tecnologias digitais para
estudar História Local
MONIZ, Ana
Beatriz Senra
Disserta
ção História
Ensino
Fundame
ntal
material
e
imaterial
Universida
de de
Coimbra
2020
2
4
Patrimônio Cultural e
Educação Patrimonial: o
ensino de história no
curso técnico em
MARTINS,
Cleverson da
silva
Disserta
ção História Ensino
médio material UF de
Tocantis 2020
11
www.periodicos.u.br/pragmazes - ISSN 2237-1508
(Dossiê "Educação Patrimonial na América Lana: temas,
metodologías e enfoques pedagógicos")
PEGUIN, Renata Cordeiro; SILVA, João Henrique Alves da; BASSINELLO,
Patrícia Zaczuk. Prácas pedagógicas na educação patrimonial: um
estudo bibliométrico. PragMATIZES - Revista Lano-Americana de
Estudos em Cultura, Niterói/RJ, Ano 14, n. 27, p. 30-55, set. 2024.
edificações do Instituto
Federal do Tocantis do
campus Gurupi-TO.
2
5
A educação
patrimonial como estratégi
a de ensino de História no
Centro de Ensino Arlindo
Ferreira de Lucena, em
Barra do Corda-Maranhão
SILVA, Luiz
Carlos Rodrigues
da
Disserta
ção História Ensino
médio
material
e
imaterial
UF do
Tocantins 2021
2
6
Aprender Guimarães. A
Visita De Estudo na
Didática da História e
como estratégia
promotora da Cidade
Educadora
FERREIRA,
Paula Alexandra
Marques.
Disserta
ção História
Ensino
Fundame
ntal
material
Universida
de do
Porto
2021
2
7
O ensino de História nas
séries finais do ensino
fundamental: história local
e memória
LEAL, Leonardo
Rodrigues et al
Disserta
ção História
Ensino
Fundame
ntal
material
e
imaterial
UF de
Santa
Maria
Centro de
Educação
2021
2
8
O patrimônio local como
potenciador de uma
aprendizagem
interdisciplinar no 1º ciclo
do ensino básico
PEIXOTO, Inês
Teixeira
Disserta
ção História
Ensino
Fundame
ntal
material
e
imaterial
Instituto
Politécnic
o de
Setúbal
2022
Fonte: elaborado pelos autores, 2023.
Conforme verificado, não houve
a participação dos mesmos autores
em diferentes trabalhos produzidos.
Em contrapartida, a maioria das
produções advém de universidades e
institutos federais, demonstrando a
relevância desses espaços de ensino
público e gratuito.
A UF do Rio Grande do Norte
teve maior destaque no que diz
respeito ao quantitativo de pesquisas
na área. De forma geral, as pesquisas
estiveram atreladas ao Programa de
Pós-Graduação em Mestrado
Profissional em Ensino de História
(ProfHistória), bem como ao Programa
de Pós-Graduação em Artes.
Outro dado importante
observado é que a maioria das
pesquisas selecionadas foi produzida
pelas regiões Norte e Nordeste do
Brasil, justamente regiões em que
comumente existem apropriações em
torno de bens patrimoniais, como, por
exemplo, o frevo, artesanatos,
capoeira, entre outros. Além disso,
nota-se que, em relação aos
programas de mestrado, a minoria
não está vinculada à área da
educação em especial. Para tanto, foi
necessário analisar quais tipos de
estudos foram desenvolvidos.
12
www.periodicos.u.br/pragmazes - ISSN 2237-1508
(Dossiê "Educação Patrimonial na América Lana: temas,
metodologías e enfoques pedagógicos")
PEGUIN, Renata Cordeiro; SILVA, João Henrique Alves da; BASSINELLO,
Patrícia Zaczuk. Prácas pedagógicas na educação patrimonial: um
estudo bibliométrico. PragMATIZES - Revista Lano-Americana de
Estudos em Cultura, Niterói/RJ, Ano 14, n. 27, p. 30-55, set. 2024.
Figura 03 – Tipos de pesquisa.
Monogra.a Ar$go Dissertação
12
25
Tipos de pesquisa
QUANTIDADE DE PESQUISAS
Fonte: elaborado pelos autores, 2022.
A partir dessas informações,
verificou-se que não uma
proporção adequada de produção
entre os tipos de pesquisa. Enquanto
a monografia e os artigos totalizaram
apenas 03 obras, a produção de
práticas pedagógicas em dissertações
ocorreu em 24 das pesquisas
analisadas. No que tange ao
desenvolvimento de tese, não foi
localizada nenhuma produção nos
indexadores utilizados.
Portanto, questiona-se: faltam
eventos e periódicos na área ou
faltam pesquisadores dispostos a
aplicar na prática a teoria acerca da
Educação Patrimonial? Os
profissionais da educação conhecem
a metodologia da Educação
Patrimonial?
É relevante destacar que várias
pesquisas relataram dificuldades na
prática, principalmente relacionadas à
falta de conhecimentos/processos e
ao apoio da própria comunidade
escolar, como gestores e alunos. Isso
pode ser um indicador da baixa
produção de teses na área.
Conforme citado anteriormente,
a Educação Patrimonial pode ser
utilizada de forma inter e
multidisciplinar, tanto dentro quanto
fora dos espaços escolares. Diante
disso, verifica-se, conforme consta na
Figura 04, quais áreas de
conhecimento têm utilizado mais as
práticas nos processos de ensino e
aprendizagem.
Figura 04 – Quantitativo de aplicação em cada área de conhecimento.
13
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(Dossiê "Educação Patrimonial na América Lana: temas,
metodologías e enfoques pedagógicos")
PEGUIN, Renata Cordeiro; SILVA, João Henrique Alves da; BASSINELLO,
Patrícia Zaczuk. Prácas pedagógicas na educação patrimonial: um
estudo bibliométrico. PragMATIZES - Revista Lano-Americana de
Estudos em Cultura, Niterói/RJ, Ano 14, n. 27, p. 30-55, set. 2024.
Artes
Ciências Naturais
Geogra.a
História
Interdisciplinar
Linguagens
Turismo
0 2 4 6 8 10 12 14 16 18 20
UTILIZAÇÃO
UNIDADE
Fonte: elaborado pelos autores, 2022.
A História foi a principal matéria
utilizada nas práticas e abordagens
relacionadas à Educação Patrimonial
no processo de ensino. Este fato
deve-se ao fato de que a ciência
estuda a relação entre o passado e o
presente e, consequentemente, a
evolução dos povos, suas culturas e
saberes. A pesquisa 01 ilustra bem
esse tipo de abordagem ao utilizar o
Mercado Público José Vieira
Nepomuceno de Barra do Corda/MA
para trabalhar o ensino de História e
os saberes e práticas locais.
Em seguida, as Artes
demonstraram uma aplicação
relevante, uma vez que o patrimônio
cultural pode ser trabalhado de
diversas formas artísticas. A pesquisa
20, por exemplo, utilizou as Artes para
discutir pensamentos ultrapassados
sobre culturas “superiores” ou
“inferiores” e afirmou que “a educação
deve criar mecanismos que deem a
todos iguais condições para uma
atuação social mais crítica e
responsável.”
Observou-se de forma positiva
que alguns estudos, compreendidos
pelas pesquisas 09 e 28, realizaram
intervenções e propostas
interdisciplinares com a atuação de
diferentes áreas, demonstrando a
viabilidade da interdisciplinaridade no
campo patrimonial.
De forma geral, a Educação
Patrimonial foi introduzida por práticas
nas unidades de Ciências Humanas,
Ciências da Natureza e Linguagens.
Entretanto, quando analisada sua
14
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(Dossiê "Educação Patrimonial na América Lana: temas,
metodologías e enfoques pedagógicos")
PEGUIN, Renata Cordeiro; SILVA, João Henrique Alves da; BASSINELLO,
Patrícia Zaczuk. Prácas pedagógicas na educação patrimonial: um
estudo bibliométrico. PragMATIZES - Revista Lano-Americana de
Estudos em Cultura, Niterói/RJ, Ano 14, n. 27, p. 30-55, set. 2024.
aplicação na área da Matemática e
suas Tecnologias, poucos relatos
de experiências.
No que tange aos níveis de
ensino que mais se propuseram às
práticas, o Ensino Fundamental
esteve em primeiro lugar. De fato, é
um período que trabalha com
diferentes faixas etárias por um longo
tempo e, portanto, tem maiores
chances de implementar tais práticas.
Também ocorreram práticas
satisfatórias com turmas do Ensino
Médio. No entanto, não foram
encontrados exemplos de aplicação
em turmas de graduação, o que
provavelmente está relacionado à falta
de práticas nos ambientes
acadêmicos, que muitas vezes
evidenciam mais a teoria.
A diversidade de possibilidades
e resultados alcançados é nítida
quando se observa os objetivos e
resultados obtidos a partir das
diferentes práticas pedagógicas que
compõem a Educação Patrimonial. À
vista disso, descreveu-se brevemente
os principais pontos de cada estudo
listado anteriormente.
Quadro 02 – Análise do conteúdo das pesquisas selecionadas.
A pesquisa 01 analisou os impactos positivos das atividades de campo na aprendizagem dos alunos.
Investigou-se os locais já visitados em aulas passeio e as percepções dos professores. Foram observados
pontos relevantes, como maior contato com a realidade, aproximação entre teoria e prática, transformação
dos ambientes de aprendizagem e fortalecimento das relações sociais.
A pesquisa 02 explorou estratégias de ensino de artes em cursos desenvolvidos a partir de projetos de
extensão. Os resultados mostraram que metodologias ativas favorecem o aprendizado teórico e promovem
debates sobre cidadania, igualdade e direitos humanos, contribuindo para um conhecimento científico e
desenvolvimento sustentado.
A pesquisa 03 buscou compreender as concepções históricas que os alunos constroem a partir de objetos
museológicos. As visitas guiadas permitiram questionamentos e conscientização sobre identidades locais,
levando ao desenvolvimento do pensamento histórico crítico, entendido como uma consciência histórica que
conecta o passado ao presente.
A pesquisa 04 propõe refletir sobre o ensino supervisionado, elaborando situações de aprendizagem e
investigação-ação. Observou-se que essa prática permite o desenvolvimento de habilidades, como
criatividade, e a correlação entre conceitos teóricos e práticos, constituindo um "saber fazer".
A pesquisa 05 descreveu a relação entre jovens e adultos com o Local de Concentração de Escravos de
Chinfuca. Optou-se por visitas técnicas, diálogos abertos e gravações audiovisuais, resultando em uma troca
profunda de saberes sobre patrimônio e a necessidade de promover esse contato para as gerações futuras.
A pesquisa 06 buscou criar metodologias que provocassem reflexões sobre o papel dos alunos como
cidadãos. A sala de aula invertida, com diálogos sobre história, morte e visitas a cemitérios, aumentou o
interesse e a curiosidade dos alunos sobre esses espaços.
A pesquisa 07, ao evidenciar articulações entre desafios historiográficos e interesses educacionais com
oficinas formativas, resultou em uma maior compreensão sobre diversidade cultural, temporalidades e
impactos na cultura contemporânea.
15
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(Dossiê "Educação Patrimonial na América Lana: temas,
metodologías e enfoques pedagógicos")
PEGUIN, Renata Cordeiro; SILVA, João Henrique Alves da; BASSINELLO,
Patrícia Zaczuk. Prácas pedagógicas na educação patrimonial: um
estudo bibliométrico. PragMATIZES - Revista Lano-Americana de
Estudos em Cultura, Niterói/RJ, Ano 14, n. 27, p. 30-55, set. 2024.
A pesquisa 08 utilizou rodas de conversa e visitas técnicas para instigar a observação e reflexão sobre o
patrimônio. Os resultados reforçam a importância de interligar a escola e o meio, mostrando que experiências
fora da sala de aula promovem conhecimentos sociais
A pesquisa 09, com o uso do Google Maps e Geocaching, traçou estratégias que envolveram a cognição
histórica dos alunos de forma individual e cooperativa. Além de uma nova aventura e descoberta de locais, os
alunos assimilaram melhor os conteúdos teóricos com a ajuda das tecnologias.
Pesquisa nº 10 utilizou dramatização de narrativas históricas – peças teatrais – para desenvolver a
consciência histórica e estimular o diálogo entre imaginação e ciência. Com isso, o docente identificou
conteúdos que precisavam ser retomados e aqueles compreendidos pelos alunos. Além disso, os discentes
passaram a entender as mudanças no processo histórico da sociedade.
Ao relacionar a realidade do entorno escolar à construção de conhecimentos históricos e narrativas locais, a
Pesquisa nº 11 introduziu os alunos como protagonistas no processo de construção do saber, abordando o
senso de materialidade e as potencialidades dos estudos históricos. A prática incluiu análise de fontes
escritas e visuais, entrevistas com a comunidade e criação de um caderno de campo.
A Pesquisa nº 12 problematizou a cultura da pesca como patrimônio cultural. Como resultado, os alunos
criaram um material em estilo de inventário participativo e participaram ativamente na constituição de
conhecimentos. O estudo focado na comunidade atendeu à proposta de Educação Patrimonial, trazendo
diferentes perspectivas e saberes.
A Pesquisa nº 13 destacou o atendimento à comunidade por meio de observação participante, entrevistas,
registros e pesquisas documental e bibliográfica. Ao final, observou-se uma maior apreciação musical e
audiovisual, com contato com patrimônios materiais e imateriais da cidade e apropriação de danças,
expressões artísticas e linguagem de sinais. Reforçou-se a educação patrimonial como instrumento de
cidadania.
A feira livre é um local que reflete as transformações da sociedade. A Pesquisa nº 14 utilizou práticas em que
os sujeitos vivos foram fontes de história e memória para compreender o local, seus povos e curiosidades. O
patrimônio revelou-se um espaço de usufruto coletivo, enriquecendo as experiências e saberes de diferentes
povos.
Transformações socioambientais podem surgir do sentimento de pertencimento promovido por conhecimentos
correlatos. A Pesquisa nº 15 utilizou situações de aprendizagem para estreitar o diálogo sobre o tema.
Observou-se uma mudança de postura dos acadêmicos ao compreenderem o papel do ser humano na
preservação do meio ambiente e seu impacto na qualidade de vida.
A Pesquisa nº 16 articula fontes históricas ligadas ao patrimônio comunitário de forma investigativa. A análise
interseccional dessa documentação desenvolve narrativas históricas situadas, evidenciando o manejo de
conhecimentos históricos e comunitários com ferramentas do Pensamento Feminista Negro. Pensar em
educação patrimonial é oportunizar vozes e culturas anteriormente subalternizadas.
A Pesquisa nº 17 criou um roteiro histórico dos marcos urbanos para problematizar desafios dos povos
africanos e afro-brasileiros, questionando estruturas políticas que sustentaram as narrativas oficiais. Isso
trouxe visibilidade à dimensão cultural e política, aproximando povos e saberes, e refletindo sobre o futuro.
A Pesquisa nº 18 propôs visitas guiadas com questionários de avaliação para entender as potencialidades
educativas desses espaços. Os resultados mostraram maior variedade de saberes e aprendizados, ampliando
o capital cultural e valorizando a cultura museológica.
A Pesquisa nº 19 usou pesquisa-ação, oficinas e história oral para que os discentes compreendessem a
representação da Balaiada e seus aspectos de historicidade local, principalmente como resistência negra. A
análise crítica reforçou a importância dos lugares de memória para reinterpretar versões oficiais que
silenciaram grupos e classes sociais.
Os patrimônios culturais estão no cotidiano de todos, mas muitas vezes não são percebidos. A Pesquisa nº 20
buscou proporcionar aos alunos um papel ativo, instigando-os a refletir criticamente sobre o passado e suas
fontes históricas, trazendo novos olhares sobre o bairro e sua concepção cultural.
As lendas urbanas, patrimônios imateriais brasileiros transmitidos oralmente, foram avaliadas na Pesquisa nº
21 quanto às suas potencialidades na conservação da natureza. Utilizando práticas dialógicas e participativas,
os alunos desenvolveram um senso crítico sobre o ambiente natural visitado, além de aguçar a criatividade e
curiosidade.
Devido à pandemia entre 2020 e 2022, as Pesquisas 22 e 27 não foram realizadas. A Pesquisa 22 visava
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metodologías e enfoques pedagógicos")
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Patrícia Zaczuk. Prácas pedagógicas na educação patrimonial: um
estudo bibliométrico. PragMATIZES - Revista Lano-Americana de
Estudos em Cultura, Niterói/RJ, Ano 14, n. 27, p. 30-55, set. 2024.
ações educativas relacionadas à história e ao patrimônio local. A Pesquisa 27 tinha como objetivo criar um
produto educacional sobre a rede de alimentos como patrimônio, mas não houve resultados disponíveis.
A Pesquisa nº 23 baseou-se no patrimônio e nas histórias locais para a produção de conteúdo com
metodologias ativas. Os resultados mostraram que, em um contexto de ensino digital, é possível desenvolver
trabalhos e atividades distintas na construção do saber histórico, demonstrando ser um instrumento eficaz na
promoção da transversalidade educacional.
O estudo do patrimônio histórico e artístico-cultural, bem como da memória das comunidades locais, é eficaz
no ensino da história, como evidenciado na Pesquisa nº 24. Utilizando práticas pedagógicas baseadas em
inventários participativos, os alunos demonstraram maior comprometimento no processo de apropriação dos
conteúdos e reconheceram a importância das experiências vivenciadas para a formação de atitudes
responsáveis e tomadas de decisão.
A Educação Patrimonial, como estratégia de ensino, pode oferecer um processo de aprendizagem teórico e
prático efetivo para os participantes. Na Pesquisa nº 25, ao implementar a metodologia em aulas, os alunos
passaram a articular aspectos críticos sobre os espaços públicos. Os estudos visam conscientizar a
sociedade sobre interpretações do passado e promover a articulação entre educação, escola, patrimônio e
cidadania.
O processo de apropriação pode ocorrer de diferentes formas. Na Pesquisa nº 26, buscou-se possibilitar esse
contato por meio de visitas guiadas e fichas avaliativas, com a participação efetiva de diversas unidades
curriculares comprometidas em detalhar informações e promover entendimentos concretos sobre o tema.
O patrimônio cultural, como instrumento eficaz, deve representar grupos e comunidades e também pode gerar
aprendizagens significativas. Na Pesquisa nº 28, utilizou-se essa abordagem de forma interdisciplinar. A
prática envolveu investigação, registro e exploração, observadas em oficinas e entrevistas. No que tange ao
patrimônio local, os alunos puderam se inserir no meio, assimilando características do cotidiano aos pontos
teóricos abordados em aula.
Fonte: elaborado pelos autores, 2023.
Em suma, todas as pesquisas
selecionadas realizaram um trabalho
educacional utilizando, em suas
práticas, ao menos dois dos
processos previstos no Guia Básico
da Educação Patrimonial. Portanto,
temos trabalhos que abordaram o
conhecimento seguido pela
apropriação, como, por exemplo, as
visitas guiadas e avaliações
diagnósticas. Outros conseguiram
ativar o campo do conhecimento, da
apropriação e da valorização cultural,
relacionando a comunidade por meio
do diálogo.
É relevante destacar que a
pedagogia proposta pela Educação
Patrimonial, na atualidade, assume a
ideia de descentralização do
patrimônio e realoca seu sentido e
significado como transmissor de
valores e mobilizador de memórias e
identidade. Menezes (2012) afirma
que o patrimônio cultural é um guia,
parte da identidade e da memória;
entretanto, seu valor está atribuído à
sua relação com as pessoas e o grupo
social ao qual está interligado, e não
às coisas materiais.
Assim, dentro dessa
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(Dossiê "Educação Patrimonial na América Lana: temas,
metodologías e enfoques pedagógicos")
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Patrícia Zaczuk. Prácas pedagógicas na educação patrimonial: um
estudo bibliométrico. PragMATIZES - Revista Lano-Americana de
Estudos em Cultura, Niterói/RJ, Ano 14, n. 27, p. 30-55, set. 2024.
perspectiva, assume-se o primeiro
princípio da educação patrimonial
atual: a autonomia dos sujeitos, um
pilar para a superação hierárquica
entre ensinar e aprender. Paulo Freire
(2017) esclarece que é necessário
conceber uma experiência total, na
qual se ensina e aprende ao mesmo
tempo, de forma pedagógica, ética,
estética e política. A autonomia se
opõe à educação bancária, que
deposita os conteúdos nos discentes,
como se deposita dinheiro nos
bancos.
A produção de conhecimento é
vista como um processo de
reconhecimento do sujeito na cultura,
na memória e no patrimônio, ou como
“[...] ser social e histórico, ser
pensante, comunicante,
transformador, criador, realizador de
sonhos, capaz de sentir raiva porque
é capaz de amar” (Freire, 2017, p. 47).
A título de exemplificação, os
inventários participativos são um
recurso esclarecedor acerca da
autonomia dos sujeitos, uma vez que
são documentos formulados pela
visão e perspectivas da própria
comunidade na qual estão inseridos.
O segundo princípio, a
dialogicidade, é uma prática que
coloca o diálogo em destaque no
processo de valorização do outro. “O
sujeito que se abre ao mundo e aos
outros inaugura com seu gesto a
relação dialógica em que se confirma
como inquietação e curiosidade, como
inconclusão em permanente
movimento na história” (Freire, 2017,
p. 133).
Segundo Scifoni (2022), o
diálogo é o maior desafio da tríade
dessa pedagogia, pois o discurso
autorizado sobre o patrimônio impede-
o de acontecer. Ainda hoje, a relação
entre o saber técnico e os saberes
populares e empíricos é vista como
superior, inviabilizando o diálogo
racional proposto por Freire.
O último princípio é o da
participação social. Entende-se que,
para incorporar a participação dos
sujeitos, os princípios anteriores
devem estar funcionando por meio de
políticas públicas, pois, na prática, a
participação ocorre quando os
grupos possuem autonomia e diálogo
acerca dos patrimônios. Portanto,
“participação social não deve ser um
discurso vazio” ou ainda:
[...] discurso cooptado pela
política pública para confirmar e
legitimar decisões tomadas em
gabinete. Nem pode ser
18