PragMATIZES - Revista Latino-Americana de Estudos em Cultura
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<p>REVISTA SEMESTRAL - MARÇO / SETEMBRO - ISSN 2237-1508</p> <p><em>PRAGMATIZES </em> - publicação do Programa de Pós-Graduação em Cultura e Territorialidades (PPCULT), em parceria com o Laboratório de Ações Culturais (LABAC), ambos vinculados ao Instituto de Arte e Comunicação Social (IACS). Destina-se à reflexão crítica no vasto campo dos estudos em cultura. Recebe artigos em fluxo contínuo e para dossiês temáticos.</p>pt-BR<span>Autores que publicam nesta revista concordam com os seguintes termos:</span><br /><br /><ol type="a"><li>Autores mantém os direitos autorais e concedem à revista o direito de propriedade, com o trabalho simultaneamente licenciado sob a <a href="http://creativecommons.org/licenses/by/3.0/" target="_new">Licença Creative Commons Attribution</a> que permite o compartilhamento do trabalho com reconhecimento da autoria e publicação inicial nesta revista.</li><li>A revista se reserva o direito de efetuar, nos originais, alterações de ordem normativa, ortográfica e gramatical.</li><li>As provas finais não serão submetidas aos autores.</li><li>As opiniçoes emitidas pelos autores são de sua exclusiva responsabilidade.</li></ol>joaodomingues@id.uff.br (João Domingues)luizaugustorodrigues@id.uff.br (Luiz Augusto F. Rodrigues)Thu, 12 Jun 2025 00:00:00 +0000OJS 3.2.1.0http://blogs.law.harvard.edu/tech/rss60Sobre continuidades e descontinuidades na cultura Hip-Hop
https://periodicos.uff.br/pragmatizes/article/view/67367
<p>O texto expõe uma entrevista remota, transcrita e editada, com Simba Sitói (artista de Hip-Hop em Moçambique), realizada em 20 de junho de 2024. Trata-se de um dos artistas mais influentes de Moçambique, atuante na cultura Hip-Hop, como rapper e produtor cultural. É idealizador de importantes eventos ligados ao tema, o que inclui o protagonismo do jovem artista no Festival de Hip-Hop “Amor A Camisola”. Neste trabalho, Simba explicita elementos e questões pertinentes para o estudo na área, os quais apontam para o curso de continuidades e de descontinuidades de uma cultura globalizada, negociada e ressignificada localmente. Ajuda-nos, portanto, o que justifica a inclusão da entrevista neste dossiê, a reforçar o nosso argumento em torno do processo complexo e dinâmico da referida cultura.</p>William de Goes Ribeiro, Laís Volpe Martins
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https://periodicos.uff.br/pragmatizes/article/view/67367Edição 28 - Capa, sumário e editorial
https://periodicos.uff.br/pragmatizes/article/view/67995
Luiz Augusto F. Rodrigues
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https://periodicos.uff.br/pragmatizes/article/view/67995Thu, 12 Jun 2025 00:00:00 +0000Hip-Hop no Brasil
https://periodicos.uff.br/pragmatizes/article/view/67366
<p>O objetivo principal deste dossiê temático é estabelecer uma aliança com o movimento global de comemoração dos 50 anos do Hip-Hop, o que entendemos como um marco histórico alcançado em 2023. Assim, espera evidenciar um tributo a essa manifestação que há mais de meio século tem transformado a experiência dos jovens e demais sujeitos, de diferentes gerações e identificações (étnico-raciais, gênero, sexualidade e outras), em distintas regiões do país, incluindo cidades, aldeias e comunidades “periféricas”, oportunizando uma produção de sentidos significativa para seus adeptos. No entanto, muito mais do que organizar um dossiê, trata-se de reunir textos potentes que gravitam ao redor das diferentes expressões da cultura Hip-Hop em território nacional, apresentando distintas leituras, mas também aberturas e possibilidades para o pensamento social contemporâneo, sem esperar encerrar o debate ou produzir qualquer pretensão de totalidade no âmbito da cultura.</p>William de Goes Ribeiro, Rosenverck Estrela Santos, Flávio Soares Alves
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https://periodicos.uff.br/pragmatizes/article/view/67366A experiência delas no Hip Hop
https://periodicos.uff.br/pragmatizes/article/view/65548
<p>Tendo em vista que a cultura Hip Hop é uma ferramenta de comunicação e resistência contra as diversas opressões sociais, este trabalho tem como objetivo identificar a presença e a participação das mulheres na Batalha do Som do Santa Bárbara - Batalha de rima localizada na cidade de Sorocaba - SP e os discursos que especificam as experiências das mulheres no movimento. Para tanto, faz uso da teoria da Folkcomunicação para compreender a cultura popular urbana como mecanismo de comunicação e da etnografia da cidade como metodologia para a coleta e interpretação dos dados levantados em pesquisa de campo. Como resultados, o trabalho apresenta que a participação das mulheres ainda é restrita na Batalha do Som. Apesar de se apresentar como um evento respeitoso no que se refere a participação das mulheres, os dados demonstram que, de modo geral, o formato das batalhas inibem a participação feminina por serem, em essência, ambientes hostis. Ainda, as informações coletadas revelam que há pouco envolvimento dos homens quando os assuntos envolvem conteúdos mais profundos, especialmente no que se refere às experiências das mulheres em sociedade. Por outro lado, ainda que pouca, a participação feminina fortalece a entrada de outras mulheres que se reconhecem também como sujeitas da resistência.</p>Thífani Postali, Giovanna Hellen Meira Silva
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https://periodicos.uff.br/pragmatizes/article/view/65548As Batalhas de Rimas como ferramenta na Gestão Participativa Urbana
https://periodicos.uff.br/pragmatizes/article/view/65553
<p><span style="font-weight: 400;">O </span><em><span style="font-weight: 400;">hip-hop</span></em><span style="font-weight: 400;">, especificamente as batalhas de rimas, pode ser visto como um movimento cultural e social de resistência e reivindicação de direitos por uma parte menos favorecida da sociedade. No entanto, a cultura urbana frequentemente recebe pouco apoio do Estado e em 2020, com a pandemia da COVID-19, os desafios enfrentados por esses atores foram ainda mais intensificados. Este artigo teve como objetivo compreender, por meio de um estudo de caso, a atuação do coletivo Manifestação Cultural de Rimas (MCR), no período de 2020 a 2021, no contexto da gestão participativa urbana, destacando a importância da preservação dessa manifestação cultural e do espaço que ocupa na cidade. A metodologia adotada incluiu: revisão bibliográfica e documental; estudo de caso; e pesquisas de campo. Ao longo da análise, procurou-se demonstrar como a cultura local e a mobilização de seus agentes podem ser utilizadas para que esses grupos se manifestem e sejam incluídos no processo de gestão participativa urbana, contribuindo para a cidade, seja por meio da apropriação de espaços subutilizados, da arte urbana, entre outros aspectos.</span></p>Carla Aparecida da Silva Ribeiro, Aline Couto da Costa, Simonne Teixeira
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https://periodicos.uff.br/pragmatizes/article/view/65553As batalhas de rimas improvisadas do movimento hip-hop no Parque Cimba, em Araguaína-TO
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<p>Neste artigo analisamos como as batalhas de rimas improvisadas do movimento <em>hip-hop</em> realizadas semanalmente no Parque Cimba, em Araguaína-Tocantins, se constituem como práticas de letramento de reexistência em que jovens <em>Mc’s </em>engendram suas rimas a partir de temáticas socioculturais que perpassam suas vivências nas regiões periféricas em que vivem. Analisamos ainda como essas batalhas de rimas são incorporadas aos ambientes escolares como objeto de ensino na perspectiva de contribuir na formação dos alunos como leitores literários. As discussões apresentadas estão fundamentadas nas contribuições teóricas de Hall (2006), Souza (2011), Patrocínio (2013), Hill (2014), dentre outros. Este estudo é um recorte da tese de doutorado “<em>Hip-hop</em> e literatura marginal-periférica: contribuições para a formação leitora na escola”, de Leomar Alves de Sousa (2024), defendida no Programa de Pós-graduação de Linguística e Literatura da Universidade Federal do Norte do Tocantins – UFNT. O artigo consiste em uma pesquisa participante com análise qualitativa, em que apontamos que por meio das batalhas de rimas improvisadas os <em>Mc’s</em> expressam suas vivências de jovens periféricos que fazem a leitura crítico-social de seus contextos de vida em perspectivas de reexistência frente a essas realidades.</p> <p> </p> <p><strong>Palavras-chave:</strong> <em>Hip-hop</em>. Batalhas de rimas. Letramento de reexistência.</p> <p> </p>Leomar Alves de Sousa, Eliane Cristina Testa
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https://periodicos.uff.br/pragmatizes/article/view/65565Slam Xamego
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<p><span style="font-weight: 400;">O </span><em><span style="font-weight: 400;">Slam</span></em><span style="font-weight: 400;"> é uma arte periférica de protesto. Na região da Grande Vitória no Espírito Santo, existem vários </span><em><span style="font-weight: 400;">slams</span></em><span style="font-weight: 400;">, dentre eles o Slam Xamego que é até então o primeiro e único </span><em><span style="font-weight: 400;">Slam</span></em><span style="font-weight: 400;"> afetivo da região, ou seja, um </span><em><span style="font-weight: 400;">Slam</span></em><span style="font-weight: 400;"> que traz em primeiro plano os afetos, em especial, o amor. Nesse sentido, a aposta ético-estético-política desses jovens na afirmação dos afetos como resistência gera fissura na lógica hegemônica da sociedade. É válido entender, portanto, como essa aposta subversiva pode ser um meio de resistência às violências diárias e criação de outros sentidos e modos de existências. Os objetivos foram compreender a afirmação do amor como dispositivo de resistência e produção de vida para jovens negros e periféricos participantes do Slam Xamego, bem como, o contexto e motivo de sua criação, alem de acessar a função da poesia sobre amor para os </span><em><span style="font-weight: 400;">slammer</span></em><span style="font-weight: 400;"> e sua localização como enunciado político. Este trabalho foi feito por meio de entrevistas semi-estruturadas e analisadas pela produção de sentido. Como resultado entendemos os caminhos desses jovens negros e periféricos para uma aposta ético-estético-política no amor como forma de resistência e de criação de outros modos de existir na cidade.</span></p>João Otávio Vieira Carvalho Almeida, Lara Brum de Calais
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https://periodicos.uff.br/pragmatizes/article/view/65114O Hip-Hop na linha do tiro
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<p>O presente artigo argumenta que o rap dos anos 1990, enquanto forma estética constantemente reelaborada, realizou a denúncia da necropolítica no Brasil, abrindo caminho para uma formação intersubjetiva libertadora para a periferia. O artigo sustenta este argumento a partir de uma revisão bibliográfica e dos conteúdos históricos, assim como pela análise de discurso de matriz foucaultiana das letras produzidas no período, uma vez que, para Foucault, os discursos só podem ser compreendidos no interior de formações discursivas que também são sociais. A conclusão é a de que, para além da denúncia, o rap possibilita a produção de uma consciência crítica calcada na noção de periferia, que anuncia uma relação mais diversa com raça, classe, gênero e território.</p>Róbson Peres da Rocha, Enio Passiani
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https://periodicos.uff.br/pragmatizes/article/view/65176Racionais Mc’s e a liberdade de expressão
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<p>A década de 90 no Brasil é marcada por ser um período de constante violência nas regiões periféricas, com ênfase na população negra, além de se destacar como um momento de ampliação da desigualdade social a partir do avanço de políticas neoliberais que não contemplavam as camadas populares do país. É nesse contexto que o grupo Racionais Mc’s alcança relevância nacional ao lançar o álbum Raio X do Brasil. Esse artigo resulta de uma pesquisa exploratória de monografia com foco no álbum Raio X do Brasil do grupo Racionais Mc’s a partir da análise das letras das músicas “Introdução”, “Fim de Semana no Parque”, “Mano na Porta do Bar”, “Homem na Estrada” e “Júri Racional”. Busca investigar a relação que há entre o contexto ao qual o grupo está inserido, sua representação a partir das músicas, bem como as relações entre as denúncias presentes nas faixas analisadas frente às observâncias críticas trazidas pelo pensamento Decolonial. Conclui-se que o álbum Raio X do Brasil consegue representar fraturas expostas de um país que possui ainda efeitos da colonialidade em atuação como força dominante a partir da manutenção do capitalismo e do racismo como ferramenta de opressão. Além disso, nota-se que apesar de o grupo anunciar a existência do direito da liberdade de expressão na faixa “Introdução”, esse direito não se manifesta de forma plena, pois o grupo Racionais Mc’s foi constantemente perseguido devido aos seus posicionamentos contra-hegemônicos.</p>Lucas Dos Anjos, José Roberto da Silva Rodrigues
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https://periodicos.uff.br/pragmatizes/article/view/65563(Re)construção do ethos e da identidade negra em duas canções do álbum Ladrão, de Djonga
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<p>Conforme a língua portuguesa, “ladrão” é aquela pessoa que pratica o ato de roubar ou furtar, além de ser corresponder, também, a uma pessoa desonesta. Frequentemente, jovens negros são vistos e/ou julgados como ladrões devido à cor da pele. É a partir dessa perspectiva que o <em>rapper</em> mineiro, Djonga, lançou o álbum intitulado Ladrão, em 2019. No álbum, o músico tenta desconstruir essa imagem prévia (<em>ethos</em>) que é formada em volta da população negra. É por meio da arte e do discurso que o <em>rapper</em> busca empoderar o sujeito negro, ao mesmo tempo em que reforça a reinvindicação de espaços e direitos. Desse modo, o presente artigo busca investigar a maneira como o músico, a partir de suas músicas, utiliza técnicas argumentativas para descontruir e, efetivamente, construir uma nova imagem acerca da população negra.</p>Leandro Moura, Benedicto Roberto Alves Carlos
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https://periodicos.uff.br/pragmatizes/article/view/65326Rimas de resistência
https://periodicos.uff.br/pragmatizes/article/view/65561
<p>O artigo explora o Rap como elemento cultural e político do Hip Hop, destacando-o como veículo de resistência e expressão das juventudes negras e periféricas. Com foco em São Luís do Maranhão, a análise se concentra no EP “Rainhas Rebeladas” (2016) da rapper Preta Lu, cujas letras articulam críticas ao racismo, machismo e desigualdades socioeconômicas. Compreendemos o Rap como expressão da diáspora africana, influenciado por tradições afro-americanas e caribenhas, situando-o como uma forma de intelectualidade subalterna, alinhada a Edward Thompson (1981) e sua concepção de "experiência". Apresentamos uma possibilidade do uso das letras de Rap como fonte histórica, com base em Reinhart Koselleck (2006) e sua teoria dos "espaços de experiência" e "horizontes de expectativa", além da dialética histórica de Karel Kosik (1995). A a trajetória de Preta Lu enfatiza seu engajamento no Movimento Quilombo Urbano e o Núcleo de Mulheres Preta Anastácia, situando sua militância como base para suas composições, ancorada em Ângela Davis (2016) e Sueli Carneiro (2011), que discutem a interseccionalidade de raça, classe e gênero. O EP “Rainhas Rebeladas” é analisado em suas quatro faixas, destacando temas como empoderamento feminino, crítica ao racismo estrutural, desigualdades sociais e resistência periférica. A obra de Preta Lu é interpretada como uma práxis de resistência, que integra arte e ativismo, propondo transformações sociais por meio de narrativas que resgatam experiências históricas e culturais marginalizadas. Concluímos afirmando a importância de ampliar a história do Rap feminino em São Luís, superando lacunas e reconhecendo as contribuições de mulheres como Preta Lu para a historiografia e a mobilização política.</p>Antônio Ailton Penha Ribeiro, Victor de Oliveira Pinto Coelho
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https://periodicos.uff.br/pragmatizes/article/view/65561"O nordeste que você não viu"
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<p><span style="font-weight: 400;">Este artigo tem como objetivo refletir sobre quais foram as implicações da consolidação do axé-music enquanto cultura juvenil e música baiana hegemônica em relação ao Hip Hop. Tendo em vista que o axé e o Hip Hop emergem na cidade de Salvador no mesmo período, investigamos, por meio de trabalho de campo com observação participante e entrevistas semi-estruturadas, as implicações e imbricamentos dos dois movimentos na construção de identidades negras na juventude nos anos 1990. Apesar da primeira geração Hip Hopper ter buscado se afastar de referências locais como religião de matriz africana, indumentárias e música percussiva, que caracterizavam também o axé, após a primeira década dos anos 2000 os rappers adotaram outro posicionamento, trazendo para o centro de seus trabalhos o cotidiano soteropolitano.</span></p>Gabriela Costa, Gustavo Rossi
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https://periodicos.uff.br/pragmatizes/article/view/65546“A gente não quer só dinheiro, a gente quer dinheiro, diversão e arte”
https://periodicos.uff.br/pragmatizes/article/view/65571
<p>Nos últimos anos, a economia criativa tem se destacado como uma alternativa para o reposicionamento econômico de países em um cenário de desindustrialização. Esse conceito valoriza a integração de elementos culturais e simbólicos na produção de bens e serviços, com foco na geração de empregos, inovação e crescimento. No entanto, a economia criativa também revela uma arena complexa e heterogênea, onde interesses diversos buscam definir quais práticas culturais fazem parte desse modelo, frequentemente excluindo manifestações que não se alinham à lógica do mercado. Especificamente no contexto da cidade de Florianópolis, tem se fortalecido um discurso em torno da economia criativa no qual a perspectiva de cultura está fortemente orientada para uma ideia de mercado, sendo valorizada a partir de seu potencial em gerar resultados econômicos e agregar valor ao desenvolvimento e crescimento da cidade, o qual tende a excluir e marginalizar setores criativos, incluindo o setor cultural, que não possuem um alinhamento à essa lógica. Neste contexto, o movimento hip-hop em Florianópolis surge como um exemplo de expressão cultural que desafia as normas estabelecidas pela economia criativa dominante. Tendo em vista essas considerações e inspirado na perspectiva real ou substantiva de economia proposta por Polanyi (1976) este artigo busca analisar as práticas artísticas e organizativas do movimento hip-hop em Florianópolis e refletir sobre como essas práticas podem contribuir para a construção de uma economia criativa alternativa na cidade. Para isso, foi conduzido um estudo qualitativo a partir da realização de um estudo de caso sobre o movimento hip-hop em Florianópolis, com a coleta de dados por meio de observação participante, 24 entrevistas semi-estruturadas e análise de documentos. A partir da análise feita acerca das práticas artísticas e organizativas do movimento hip-hop em Florianópolis foi possível identificar elementos que apontam para uma outra forma de economia, que pode ser vista como uma perspectiva alternativa de economia criativa, distinta da perspectiva dominante atualmente promovida na cidade. As práticas do hip-hop, por outro lado, oferecem uma visão distinta sobretudo por se aproximarem da noção substantiva de economia, destacando aspectos como a importância da solidariedade, da coletividade, do apoio mútuo, da confiança e da possibilidade de autossustentação.</p> <p> </p>Alice Hübner Franz, Eloise Livramento Dellagnelo
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https://periodicos.uff.br/pragmatizes/article/view/65571Gritos na margem
https://periodicos.uff.br/pragmatizes/article/view/65562
<p><span style="font-weight: 400;">O presente trabalho propõe uma análise dos enunciados emergentes e insurgentes do movimento Hip-Hop na cidade de Dourados, Mato Grosso do Sul, em contraponto aos ideais neoliberais de compartimentalização social e individualização de experiências outrora coletivas. Tendo como referência a produção de um documentário sobre o tema, realizado no mesmo período em que esta pesquisa foi desenvolvida, o foco da análise recai sobre os enunciados de MCs em suas entrevistas, com o objetivo de compreender a prática da imaginação política na estruturação de discursos de resistência às normas de vida neoliberais. A análise em questão foi conduzida paralelamente ao acompanhamento da produção do documentário e à transcrição das entrevistas. O referencial teórico está ancorado na teoria foucaultiana, enquanto o método utilizado é a Análise do Discurso. A materialidade linguística dos enunciados, em relação à marginalização e à resistência ativa às normas sociais e discursivas vigentes, constitui o principal objeto de análise. A partir disso, obteve-se que a Imaginação Política se encontra efetivamente presente nos discursos analisados, funcionando não apenas como uma forma de imaginar um mundo mais equitativo, mas também como um chamado à ação; atuando como um farol que guia os sujeitos marginalizados à resistência, valendo-se da música e da cultura como ferramentas de subversão e transformação social. A Imaginação Política expressa nos discursos das pessoas entrevistadas não é vista apenas como um ideal utópico, mas como uma realidade concreta, moldada pelas ações cotidianas de artistas e ativistas que compõem o movimento em Dourados. </span></p>Renan da Silva Palácios, Jenniffer Simpson dos Santos
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https://periodicos.uff.br/pragmatizes/article/view/65562Entre o biográfico e o coletivo
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<p>Este artigo constitui um exercício investigativo sobre a articulação do biográfico ao coletivo em narrativas em torno do RAP. Para isso, analisamos o movimento poético-performático construído no documentário-concerto “AmarElo: é tudo para ontem” (2020).Quer-se entender como esse filme faz emergir sentidos que dialoguem aspectos coletivos e individuais na busca pela inscrição de uma determinada perspectiva nos debates sobre a cultura hip hop e sobre as matrizes culturais negras do Brasil. A hipótese apresentada foi que as experiências individuais podem servir de esquemas para a reorganização da memória coletiva e promover articulações temporais e tensionar as convenções no campo simbólico do hip hop brasileiro. Como perspectiva teórico-metodológica foi adotada uma articulação entre as proposições de Paul Ricoeur (2016), sobre tempo e narrativa, associado à discussão sobre o conceito de performance, apresentado por André Brasil (2011) e Diana Taylor (2013), e ao conceito de tradição seletiva, de Raymond Willians (1997). Foi possível concluir quea fabulação realizada através da seleção e organização discursiva de acontecimentos históricos, sonoridades, sujeitos e performances durante o documentário-concerto é fundamental para reorganizar o campo simbólico do hip hop no Brasil produzindo novos sentidos e convenções.</p>Caio Barbosa , Rosane Sampaio
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