Os sentidos do trabalho no serviço público: uma perspectiva geracional

Autores

  • Talita Almeida de Campos Nascimento Thompson Coelho Escola Nacional de Saúde Pública/FIOCRUZ https://orcid.org/0000-0003-3382-0534
  • Sidinei Rocha de Oliveira Universidade Federal do Rio Grande do Sul

DOI:

https://doi.org/10.22409/eas.v3i2.43249

Resumo

O setor público, afetado pelas transições do mundo do trabalho e dos modelos de sociedade, também passou por transformações. No caso brasileiro, observa-se uma série de reformas para modernizar a administração pública a partir da década de 1990. Os processos de subjetivação dos trabalhadores também foram impactados e, a partir do contexto em que é desempenhado, podem-se identificar diversos sentidos atribuídos ao trabalho. Por isso, o presente estudo tem por objetivo analisar os sentidos do trabalho para servidores públicos de diferentes gerações de técnico-administrativos da Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (UNIRIO). Para isso, foram realizadas 25 entrevistas com servidores técnico-administrativos das duas gerações identificadas na pesquisa, que foram analisadas através da técnica de análise de conteúdo. A pesquisa identifica que os sentidos atribuídos ao trabalho pelos servidores das diferentes gerações apresentam similaridades e diferenças. Para ambas o trabalho é definido como execução de tarefas com finalidade e recompensa e com importantes funções para o bem-estar dos indivíduos. No entanto, os servidores da Geração 1 atribuem uma centralidade maior ao trabalho, dotando-o de uma forte dimensão subjetiva e de um conteúdo vital para sua construção identitária, enquanto que a Geração 2 atribui uma menor centralidade ao trabalho, com preponderância das dimensões objetiva e material e menor engajamento subjetivo. A tensão entre as duas gerações de pesquisa prejudica o processo de sucessão geracional e ressalta a importância da análise dos sentidos do trabalho nessa perspectiva.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Biografia do Autor

Talita Almeida de Campos Nascimento Thompson Coelho, Escola Nacional de Saúde Pública/FIOCRUZ

Doutoranda pelo Programa de Pós-Graduação em Saúde Pública da Escola Nacional de Saúde Público Sergio Arouca. Mestre pelo Programa de Pós-graduação em Administração da Universidade Federal Fluminense. Especialista em Gestão de Pessoas pela Universidade Federal Fluminense e em Gestão de Organizações de C&T em Saúde pela Escola Nacional de Saúde Pública Sergio Arouca. Graduada em Administração de Empresas pela Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (2010). Atualmente é Analista de Gestão em Saúde da Fundação Oswaldo Cruz (FIOCRUZ) e Professor I na FAETEC. Tem experiência na área de Administração, com ênfase em Organizações Públicas.

Sidinei Rocha de Oliveira, Universidade Federal do Rio Grande do Sul

Graduação (2002) e Mestrado (2004) em Administração pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Doutorado em Administração pela Université Pierre Mendès-France - Grenoble 2 em cotutela com a Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Professor Associado no curso de Administração da Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Coordenador do Programa de Pós-Graduação em Administração (2019 e 2021). Membro do Comitê Científico da área de Gestão de Pessoas e Relações de Trabalho entre (2018-2020). Editor Científico da Revista de Administração de Empresas (RAE) entre 2018 e 2020. Editor Associado BAR - Brazilian Administration Review. Tem interesse de pesquisa nas áreas de Mercado de trabalho,inserção profissional e o processo de mobilidade social e as interseccionalidades de classe, gênero e raça na construção das carreiras contemporâneas.

Referências

Aguiar, W. M. J. (2006). A pesquisa junto a professores: fundamentos teóricos e metodológicos. In AGUIAR, W. M. J. (Org.). Sentidos e significados do professor na perspectiva sócio-histórica: relatos de pesquisa. pp.11-22. São Paulo: Casa do Psicólogo.

André, S. & Dronkers, J. (2017). Perceived in-group discrimination by first and second generation immigrants from different countries of origin in 27 EU member-states. International Sociology, 32 (1), pp. 105 – 129. doi: 10.1177/0268580916676915

Bardin, L. (2011). Análise de Conteúdo. São Paulo: Edições 70.

Bendassolli, P. F. & Borges-Andrade, J. E. (2015). Meaning, meaningfulness, and tensions in artistic work. Revista Psicologia: Organizações e Trabalho, 15(1), 71–81.

Bendassolli, P. F. & Tateo, L. (2017). The meaning of work and cultural psychology: Ideas for new directions. Culture & Psychology. doi:10.1177/1354067X17729363.

Costa, F. L. (2010) Reforma do estado e contexto brasileiro. Rio de Janeiro: FGV.

Da Rosa, S., Chalfin, M., Baasch, D. & Soares, J. (2011). Sentidos y significados del trabajo: un análisis con base en diferentes perspectivas teórico-epistemológicas en Psicología. Universitas Psychologica. v. 10, n. 1, p. 175-188, jan./abr. Bogotá, Colômbia,

Dejours, C. (1992). A loucura do trabalho. São Paulo, SP: Oboré.

Dejours, C. (2005). O fator humano. Rio de Janeiro: Editora FGV.

Enriquez, E. (1999). Perda do Trabalho, Perda da Identidade. In: Carvalho Neto, A. (org.). Relações de Trabalho Contemporâneas. B. Horizonte: PUC/MG, p. 69-83.

Gurgel, C. (2010). Graduação em Administração Pública – pode-se formar um servidor público? Temas de Administração Pública. ed. especial, v. 1, n. 6. Araraquara.

Harpaz, I. & Fu, X. (2002). The Structure of the Meaning of Work: A Relative Stability Amidst Change. Human Relations - HUM RELAT. 55. pp. 639-667. doi:10.1177/0018726702556002.

Harpaz, I. & Meshoulam, I, (2009). The meaning of work, employment relations, and strategic human resources management in Israel. Human Resource Management Review, 20(3), pp. 212-223.

Kovács, I. (2002). As metamorfoses do emprego. Oeiras: Celta Editora.

Lips-Wiersma, M., & Morris, L. (2009). Discriminating between ‘meaningful work’ and the ‘man¬agement of meaning’. Journal of Business Ethics, 88, pp. 491–511.

Mannheim, K. (1993). El problema de las generaciones. Revista Española de Investigaciones Sociológicas (REIS), 62, pp. 145-168.

Marx, K. (2012). O capital. Livro I. 30 ed. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira.

Morin, Estelle M. (2001). Os sentidos do trabalho. Revista de Administração de Empresas, 41(3), pp. 08-19. Recuperado em: https://dx.doi.org/10.1590/S0034-75902001000300002

MOW Intern. Research Team. (1987) The meaning of working. New York: Academic Press.

Nardi, H. C. (2006) Ética, Trabalho e Subjetividade: trajetórias de vida no contexto das transformações do capitalismo contemporâneo. Porto Alegre: Ed. UFRGS.

Nascimento, T., Costa, F. L.. (2012). Flexibilidade e governança na universidade necessária. XII Colóquio Internacional sobre Gestão Universitária nas Américas, México.

Rocha-de-oliveira, S., Piccinini, V. C. (2011). A constituição do trabalho na sociedade contemporânea. In Piccinini, V. C., Almeida, M. L., Oliveira, S. R. (orgs) Sociologia e Administração: relações sociais nas organizações. Rio de Janeiro: Elsevier.

Rosso, B. D., Dekas, K. H., & Wrzesniewski, A. (2010). On the meaning of work. Research in Organizational Behavior, 30, pp. 91–127.

Sá, C. P. de. (2004). Representações sociais: o conceito e o estado atual da teoria. In: SPINK, M. J. O conhecimento no cotidiano São Paulo: Brasiliense.

Silva, J. R., Balassiano, M. & Silva, A. R. L. (2014). Burocrata proteano: articulações de carreira em torno e além do setor público. Revista de Administração Contemporânea, 18(1), pp. 01-19. Recuperado em: https://dx.doi.org/10.1590/S1415-65552014000100002

Spink, M. J. (2004a). Práticas discursivas e produção de sentidos no cotidiano: aproximações teóricas e metodológicas. São Paulo: Cortez.

Spink, M. J. (2004b). O estudo empírico das representações sociais. In: Spink, M. J. O conhecimento no cotidiano. São Paulo: Brasiliense.

Thomsen, J-P. (2016). Test-Based Admission to Selective Universities: A Lever for First-Generation Students or a Safety Net for the Professional Classes? Sociology. 52(2), pp. 333-350, doi: 10.1177/0038038516653097

Tolfo, S., da Rosa, & Piccinini, V. (2007). Sentidos e significados do trabalho: explorando conceitos, variáveis e estudos empíricos brasileiros. Psicologia & Sociedade, 19(spe), pp. 38-46. Recuperado em: https://dx.doi.org/10.1590/S0102-71822007000400007

Tomizaki, K. (2010). Transmitir e herdar: o estudo dos fenômenos educativos em uma perspectiva intergeracional. Educação e sociedade, 31( 111). pp. 327-346.

Wachelder, J. (2016). Regeneration: Generations remediated. Time and Society, December, pp. 1-21. doi: 10.1177/0961463X16678253

Westwood, R. & Lok, P. (2003). The Meaning of Work in Chinese Contexts: A Comparative Study. International Journal of Cross Cultural Management, 3(2): pp. 139–165. Recuperado em: https://doi.org/10.1177/14705958030032001

Wray-Lake, L., Syvertsen, A., Briddell, L., Osgood, D. & Flanagan, C. (2011) (2011). Exploring the changing meaning of work for American high school seniors from 1976 to 2005'. Youth and Society, August 8, doi: 10.1177/0044118X10381367

Downloads

Publicado

2021-01-04