ENSINO A DISTÂNCIA DE LIBRAS: UMA EXPERIÊNCIA DO CURSO DE
PEDAGOGIA DO INES
DISTANCE TEACHING IN LIBRAS: AN EXPERIENCE FROM THE INES PEDAGOGY
COURSE
Luciane Cruz Silveira12
Resumo
O objetivo deste artigo é apresentar a organização, a metodologia e as ferramentas utilizadas
no Ambiente Virtual de Aprendizado (AVA) do Curso de Pedagogia, na modalidade online, do
Instituto Nacional de Educação de Surdos (INES), no contexto da disciplina de Libras. Tal
disciplina curricular se tornou obrigatória nos cursos de formação de professores (e nos de
Fonoaudiologia) a partir do Decreto 5.626/05, que regulamentou a chamada Lei de Libras
(Lei 10.436/02). Usando uma ferramenta desenvolvida pelo próprio curso NEO, o curso de
pedagogia a distância do INES oferece o ensino da Libras para os alunos ouvintes e surdos
nos três níveis da disciplina de Libras, através de 13 polos de ensino desse curso, em algumas
regiões do país. A plataforma dispõe de uma série de recursos, como vídeos em Libras,
webconferência, questionários, portfólio gamificado, entre outros, que viabilizam o
ensino/aprendizado e a interação aluno/professor e aluno/aluno. Por ser recente, faltam
mecanismos que avaliem a capacidade de aprendizado em Libras dos alunos. A formação de
professores bilíngues pode colaborar vigorosamente para o ensino/aprendizado,
contribuindo com metodologias que viabilizem sua aquisição.
Palavras-chave: Libras, Curso de Pedagogia, Ensino a distância.
Abstract
The objective of this article is to present the organization, methodology and tools used in the
Virtual Learning Environment (VLE) of the Pedagogy Course, in the online modality, of the
National Institute of Education for the Deaf (INES), in the context of the Libras discipline. This
curricular discipline became mandatory in teacher training courses (and in Speech-Language
Pathology and Audiology) as of Decree 5,626/05, which regulated the so-called Libras Law
(Law 10,436/02). Using a tool developed by the NEO course itself, the INES distance
pedagogy course offers the teaching of Libras to hearing and deaf students at the three levels
of the Libras discipline, through 13 teaching centers of this course, in some regions of the
country. . The platform has a series of resources, such as videos in Libras, web conferencing,
questionnaires, gamified portfolio, among others, that enable teaching/learning and
student/teacher and student/student interaction. As it is recent, there is a lack of
mechanisms to assess students' ability to learn in Libras. The training of bilingual teachers
can collaborate vigorously for teaching/learning, contributing with methodologies that make
their acquisition viable.
12 Curso de Mestrado Profissional em Diversidade e Inclusão, pertencente ao Instituto de Biologia da
Universidade Federal Fluminense. ORCID: https://orcid.org/0000-0002-8302-8388
Revista Aleph, Niterói, V. 2, Outubro. 2022, nºEspecial, p. 46 - 68 ISSN 1807-6211
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Keywords: Libras, Pedagogy Course, Distance learning.
Introdução
Os cursos formação de professores, notadamente o de Pedagogia, têm evoluído em
consonância com os avanços da sociedade, bem como por meio das pesquisas desenvolvidas
na área de humanas. Com pouco mais de cem anos, esse curso superior se firmou como
principal lócus de formação para atuação na docência da Educação Infantil e dos primeiros
anos do Ensino Fundamental e na gestão escolar.
Em 2011, o governo federal lançou o Programa Viver sem Limite - Plano Nacional dos
Direitos da Pessoa com Deficiência, o qual definiu como uma de suas metas a criação de
cursos de Pedagogia, numa perspectiva bilíngue (Língua Brasileira de Sinais - Libras/Língua
Portuguesa) (BRASIL, 2011, p. 12). Tal programa veio ao encontro de dois ordenamentos
importantes na área da educação de surdos: a Lei 10.436/02 e o Decreto 5.626/05, que a
regulamentou. A Lei 10.436/02 reconheceu a Libras como meio legal de comunicação e
expressão” (art. 1º) (BRASIL, 2002) das pessoas surdas, as quais foram definidas, de acordo
com o Decreto, como aquelas que, “por ter[em] perda auditiva, compreende[m] e
interage[m] com o mundo por meio de experiências visuais, manifestando sua cultura
principalmente pelo uso da (...) Libras” (art. 2º) (BRASIL, 2005). No seu art. 3º, o Decreto
definiu que a Libras deveria ser inserida como disciplina curricular obrigatória nos cursos de
formação de professores” (e nos cursos de Fonoaudiologia) (ibid,ibid).
Assim, o INES, em 2018, começou a oferecer o Curso de Pedagogia (EaD), objetivando
formar professores e gestores educacionais, surdos e não surdos, em uma perspectiva
bilíngue Libras/Língua Portuguesa) e intercultural, conforme o Projeto Pedagógico de Curso
(PPC), nas cinco macrorregiões do país por meio de treze polos de apoio presencial. Nesse
contexto, a disciplina de Libras ganha grande relevância.
Práticas de dramatização e incorporação trabalhadas com professores surdos trazem
bons resultados nesse processo. Para, então, garantir a aprendizagem da Libras, é
fundamental o respeito linguístico e a construção de uma competência comunicativa em
Libras durante a formação de professores bilíngues que utilizarão a língua de sinais como
língua de instrução de seus alunos surdos.
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O ensino de Libras como segunda língua via EaD utilizou diversas tecnologias para
acesso do conteúdo, materiais didáticos considerando aspectos visuais-espaciais da Libras
nos ambientes virtuais das plataformas. A formação busca, principalmente, garantir fluência
e proficiência na Libras por parte dos professores formados para que possam ministrar
futuramente suas aulas para alunos surdos em sua língua de conforto, bem como usando a
língua portuguesa como L2. Buscamos mostrar que é um mito que alunos surdos tenham
dificuldades para aprender e escrever em português, o que falta são professores com
fluência na Libras e apreensão de questões identitárias e culturais assim como que dominem
a construção de materiais didáticos, o que garante a quebra das barreiras linguísticas.
Pretendo, pois, apresentar, como professora autora, a organização dessa disciplina,
bem como as suas ferramentas, desenvolvidas especialmente para esse curso.
O Curso de Pedagogia EaD do INES
Criado inicialmente para prover educação para crianças e jovens, tendo apenas os
anos iniciais da educação, a partir de 2005, iniciou o seu departamento de Ensino Superior
(DESU), o qual passou a ofertar, inicialmente, em 2006, o curso de Normal Superior. Em
2007, o Normal se tornou Curso de Pedagogia, com ênfase em educação bilíngue. No mesmo
ano, foi criado o primeiro curso de pós-graduação lato sensu.
O Curso na modalidade presencial oferta 60 vagas a cada ano, sendo 50% reservadas
para alunos surdos e os outros 50% preenchidas com alunos ouvintes. O ingresso se
exclusivamente por meio de vestibular próprio, em que o vestibulando faz prova de Língua
Portuguesa e de proficiência em Libras. Os candidatos são avaliados por banca examinadora;
os ouvintes precisam saber, ao menos, o básico da Libras. O convívio entre surdos e ouvintes,
a interação através da Libras e da Língua Portuguesa, possibilita um ambiente linguístico e
cultural rico, propiciando aprendizagem contextualizada com as demandas da comunidade
surda.
Em 2018, passou a ser oferecida a modalidade EaD. Tal como acenado, a proposta
desse curso ocorreu no contexto do Plano Nacional dos Direitos da Pessoa com Deficiência -
Plano Viver sem Limite (Decreto nº 7.612, de 17/11/2011), do governo federal, que previa:
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a criação de 27 cursos de Letras/Libras Licenciatura e Bacharelado e de 12
cursos de Pedagogia na perspectiva bilíngue. Por meio do plano, serão
criadas 690 vagas para que as instituições federais de educação contratem
professores, tradutores e intérpretes de Libras (SDH-PR/SNPD, 2013, p. 27).
Por meio de seu Núcleo de Educação Online (NEO), o INES iniciou o projeto de criação
de um curso de Pedagogia-Licenciatura a distância, com ênfase, também, na educação
bilíngue.Foram desenvolvidas, pois, ferramentas que possibilitassem o ensino da Libras a
distância. Plataformas convencionais, certamente, não dariam conta dos requisitos
necessários para a execução do curso. Apesar de ter a ementa do curso presencial pronta, foi
necessário o desenvolvimento de material adequado para a plataforma, pois a simples
adaptação não permitiria que os alunos desenvolvessem todas as suas potencialidades. O
curso teve o ingresso da sua primeira turma em 2018, sendo o pioneiro em toda a América
Latina nesse formato.
Pensando na formação de professores bilíngues aptos a terem a Libras como Língua
de instrução para o aluno surdo, o Curso de Pedagogia, modalidade EaD (com um percentual
de 50% de estudantes surdos e 50% de ouvintes), têm a Libras como componente curricular
fundamental, sendo oferecida em oito disciplinas (quatro obrigatórias e quatro opcionais), a
partir de quatro níveis de competência linguística: nível básico (Libras 1, 2, 3 e 4), nível
intermediário (Libras 3, 4, 5 e 6) e nível avançado (Libras 4, 5, 6, 7 e 8). Os estudantes, ao
ingressarem, realizam um teste de proficiência e são distribuídos de acordo com esses níveis.
Eles devem cursar, no mínimo, quatro disciplinas de Libras, podendo se matricular em níveis
mais avançados (caso tenham ingressado nos níveis 1 e 2), se assim desejarem.
Em um curso dessa amplitude se fazem necessários diálogos em várias direções. Um
requisito básico é a valorização da Libras como primeira língua da comunidade surda
brasileira, sua língua de conforto. Essa abordagem inclui práticas pedagógicas que
contemplem a diversidade linguística do Brasil, a produção cultural regional e a educação
engajada com o ambiente social onde ela é falada/sinalizada, tendo as perspectivas do
bilinguismo e multilinguismo em vista, em contexto intercultural. Privilegiando uma
abordagem socioantropológica, a disciplina de Libras, em consonância com o Curso, busca
um posicionamento aditivo, e não assimilacionista, tanto da língua de sinais como da cultura.
Esse posicionamento intercultural e bilíngue apresenta vantagens ligadas à língua, à
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cultura, aos espaços, à política, aos aspectos sociais e às variações linguísticas presentes no
Brasil. Como Quadros (2005, p. 31) esclarece: "implica mudanças na arquitetura, nos
espaços, nas formas de interação, nas formações dos professores bilíngues, de professores
surdos e de intérpretes de língua de sinais”. Assim, o uso de duas línguas não torna,
automaticamente, um curso bilíngue, es ligado a perspectivas político-pedagógicas
presentes, sua metodologia, seu currículo, avaliações, a integração cultural, o respeito a
variação linguística presente, tanto na Libras, como na Língua Portuguesa, levando a
formação de educadores verdadeiramente bilíngues.
O NEO conta com as seguintes presenças docentes: professor formador, professor
conteudista e tutor.
Quadro 1: Funções que o professor assume no papel do tutor.
Professor no Papel de tutor
Função
Professor Formador
Responsável direto pelas aulas.
Professor Conteudista
Prepara o material para o curso.
Tutor
Apoia o aluno em seu aprendizado, tem
uma relação mais próxima e conhece o
aluno. Responsável pelos fóruns e
webconferências, pela elaboração das
avaliações, sua aplicação e pelas notas
dos alunos.
Fonte: produção da autora
A figura do tutor é praticamente exclusiva do EaD, sendo pouco comum encontrá-los
em cursos presenciais. Sua função é muito similar ao do professor, porém suas atribuições
são:
a) Mediação dos alunos em relação aos conteúdos apresentados pelo professor.
b) Respeitar as atividades do cronograma do curso.
c) Dar apoio ao desenvolvimento das atividades do professor
d) Esclarecer as dúvidas dos alunos de forma rápida, no prazo máximo de 24 horas.
e) Estar em contato com os alunos para mediação das atividades dos professores.
f) Buscar formação continuada, continuar evoluindo em seus estudos.
g) Saber se expressar em Libras.
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h) É o responsável pela aula presencial que ocorre a cada dois meses, avaliando as
atividades solicitadas pelos professores.
i) Responsável pela avaliação e notas.
j) Marcação de webconferências duas vezes por semana para tirar dúvidas dos alunos.
A atividade do tutor não se limita ao cuidado individualizado dos alunos. É também
responsável pelos fóruns e webconferências, pelas avaliações e notas, além de promover a
integração entre os alunos do grupo. Através das interações individuais, mas principalmente
em grupo, o aluno percebe que a construção de saberes a EaD é um trabalho corporativo.
Nos encontros presenciais, ele pode fomentar a interação presencial que acontece no
virtual.
A construção das competências na formação desse profissional passa pelo domínio
das tecnologias, pois no ensino a distância essa é a principal ferramenta de ensino. Saber
definir a melhor estratégia a ser usado em cada ocasião pode ser determinante para o bom
desempenho dos alunos e da turma em geral.
O acompanhamento dos alunos pelos quatro anos de sua formação acadêmica é
tarefa árdua e muitas vezes sobrecarrega o tutor. Os modelos para esse tipo de ensino ainda
estão sendo construídos, muitas vezes não havendo paradigma a ser usado. Os desafios do
processo educativo impostos pelo EaD são grandes, acrescenta-se a necessidade de contínuo
contato com o aluno pode sobrecarregar o tutor;
A função de tutor mostra-se relevante quando se fala do ensino a distância, sendo
significante no processo educacional. Assim, é necessário que a formação desse profissional
pense nas especificidades de cada local, suas necessidades, como a infraestrutura física, para
aplicação das provas, como na virtual, a capacidade do aluno se conectar sem empecilhos e
manter-se focado e animado, o que o levará ao sucesso acadêmico.
É fundamental para o êxito do ensino a distância que o aluno conheça como se o
aprendizado e todas as ferramentas disponíveis. Do professor, requer-se conhecimento das
tecnologias usadas e adaptação a essa nova forma de ensino. Por parte da instituição, deve
vir proposta pedagógica adequada e não uma mera adaptação da que é usada no curso
presencial.
O foco na interatividade, colaboração e participação faz com que a função do
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professor se modifique, deixando de representar um mero depositário de conhecimento a
ser transferido ao aluno, transformando-se em um mediador de aprendizado. Foi com base
nessa premissa que busquei, juntamente com a equipe do INES, construir a disciplina de
Libras.
Ensino a distância da Libras
Os estudos sobre interação em contextos educacionais bilíngues de/para surdos ainda
são recentes no Brasil, se comparados a outras áreas da Linguística Aplicada, e estão
concentrados no ensino superior. Assim, pesquisas referentes ao ensino a distância da Libras
para ouvintes e surdos estão no começo e, nesse sentido, este estudo pretende dar uma
contribuição ao debate.
Em geral, por força do Decreto 5.626/05, a disciplina de Libras é ofertada, na grande
parte das universidades, apenas em um semestre, sem a opção de o aluno continuar seu
aprimoramento dentro do curso superior. Assim, muitas vezes, o conteúdo é raso e
insuficiente, pois é sabido que o aprendizado de uma língua demanda anos de estudo. Os
que querem continuar estudando precisam procurar um curso fora.
Essa insuficiência no ensino da Libras nos cursos de formação de professores tem
causado preocupação na comunidade surda, pois a disciplina não conta com normatização
que oriente a seus conteúdos básicos. As universidades, em geral, abordam diversos (e
importantes) aspectos, tais como cultura, trajetória histórica, diferentes identidades surdas,
aspectos linguísticos da Libras, mas não há uma unidade em termos de ementa.
Entende-se que, para além de questões relativas ao aprendizado da Libras, precisam
estar presentes, sem dúvida, questões sociais e políticas no ensino da Libras, visando à
valorização das identidades surdas. Dessa forma, também é objetivo da disciplina de Libras
que o aluno perceba a importância de conteúdos pedagógicos que dialoguem com a cultura
surda; esse referencial precisa estar presente em escolas comuns (inclusivas) e em escolas
bilíngues para surdos.
A comunidade surda tem características que começam a firmar- se na sua
convivência social. E entre uma e outra geração que ia para a escola,
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pesquisadores da Educação de Surdos discutiram, em Congressos e eventos
que envolviam a comunidade ouvinte e surda, os novos cenários que
exigiam uma educação pensada a partir de anseios que discutiam os rumos
que a escola para surdos deveria tomar (...) Mas, a falta da escola, de seus
professores, estava em receber os alunos surdos e não acompanhar o
crescimento dessa comunidade, bem como a expansão do seu movimento
político (MIORANDO, 2006, p. 78-79).
Entende-se que, em um curso em que o foco do aprendizado é a qualificação com
demandas de acessibilidade, o que inclui a educação de surdos, as barreiras de comunicação
entre surdos e ouvintes precisam ser eliminadas. Vencendo o preconceito histórico, o surdo
pode afirmar sua alteridade e ter sua “voz” reconhecida. O ouvinte, no contexto dos cursos
de Libras a distância, beneficia-se do contato e da integração com os surdos, os quais podem
proporcionar, dentre outros elementos, uma experiência rica de aprendizado da Libras.
A educação a distância, por meio das TICs, tem o potencial de criar estratégias de
ensino mais atrativas e eficazes. Porém, ainda existem cursos nessa modalidade que
reproduzem os métodos tradicionais de ensino.
Sabe-se, ainda, que, muitas vezes, o ensino da Libras é feito por meio de lista de
vocabulário, com traduções do português para Libras, palavra por palavra, o que indica a
necessidade de se repensar essa metodologia em cursos. De acordo com Rafael Lanzetti
(2009, p. 5), a tradução palavra-por-palavra pressupõe que o texto de chegada terá o
mesmo número de palavras do texto original obrigatoriamente na mesma ordem sintática”.
Desse modo, o uso das TICs, por si , pode não significar a adoção de uma
metodologia inovadora no ensino da Libras. O uso de tecnologias assistivas (como o caso do
uso de avatares) baseadas em tentativas de correspondência da Libras a Língua Portuguesa,
por exemplo, pode resultar no denominado “português sinalizado” (COLLING; BOSCARIOLI,
2014). Conforme esclarece Quadros (1997), a tentativa de enquadrar a Libras dentro da
estrutura gramatical da Língua Portuguesa acaba por desvalorizar aquela língua por não
considerar sua estrutura gramatical própria.
O reconhecimento da Libras, o desenvolvimento tecnológico e o crescimento da
demanda na formação de profissionais habilitados trouxeram à luz questões de como pensar
a educação da Libras a distância e a necessidade de encontrar caminhos diferentes dos
tradicionais presentes na educação presencial. Segundo Lopes (2017, p. 19):
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PEDAGOGIA DO INES
A disciplina Libras em EaD (Educação a Distância) visa a adequar o uso da
tecnologia e seus canais de produção e recepção a característica visual
espacial da língua de sinais que difere das línguas orais, que são expressas
através do canal oral-auditivo. A disciplina Libras a distância deve
apresentar uma proposta inovadora de material didático pautada na
visualidade a partir do uso de vídeos com o apoio de instruções escritas
utilizando-se de textos impressos os principais materiais didáticos. O
material escrito/impresso deve ser exposto em plataformas de ambientes
virtuais através de softwares demonstrando a viabilidade da oferta de uma
disciplina de Libras com objetos de aprendizagem que garanta o contato
com a língua de sinais a partir de sua característica viso-gestual (grifos
meus).
Como indicado, uma das vantagens trazidas pela regulamentação do ensino a
distância é a interiorização e democratização dos cursos superiores, levando formação a
lugares onde antes era impossível se fazer um curso superior, como é o caso de muitas
comunidades no Brasil que antes nunca haviam tido contato com a Libras. É uma modalidade
desafiadora para os alunos, pois as situações de aprendizagem são apresentadas de modo
novo para aqueles que sempre tiveram uma situação de aprendizado convencional, com
relação aluno/professor presencial.
Assim, a interiorização do ensino de Libras, propiciada pela EaD, a coloca em
evidência, revelando sua diversidade linguística e oportuniza seu uso pelo Brasil, inclusive
para o acesso em programas do governo.
Desse modo, é possível sinalizar o ensino de Libras a distância com uma
metodologia que incentiva o aprendizado dos processos linguísticos, o uso
de metodologias visuais na abordagem de ensino bilíngue; participam desta
construção toda a equipe que nela atua: coordenação, coordenação
pedagógica, técnico-administrativos, professor- -supervisor, tutores a
distância e presencial e alunos. Deste modo, podemos perceber que de fato
é possível a relevância do ensino de Libras a distância no atendimento ao
decreto 5.626, que regulamenta a Lei 10.436, que é atribuída às
necessidades de implementar o ensino de Libras no ensino superior no
Brasil (PROMETI; CASTRO JUNIOR, 2015, p. 165).
Esse crescimento da oferta de cursos trouxe novos desafios para o ensino da Libras,
pois em ensino presencial temos as relações dialógicas entre professores e alunos, ou corpo
docente e discentes. Com o ensino a distância, vemos o surgimento de um outro profissional
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intermediador, o tutor. Assim, o professor é o responsável por planejar as aulas e o tutor
atuará na mediação das atividades pedagógicas e na avaliação.
O uso das Tecnologias da Informação e Comunicação (TICs) deveria favorecer o ensino
da Libras, pois tem a capacidade de incorporar possibilidades tecnológicas. Afinal, os
recursos videográficos valorizam a educação lexicográfica e os aspectos culturais
visuoespaciais da língua de sinais.
No geral os cursos à distância são apresentados por meio de uma plataforma online,
onde são postados os conteúdos aos quais os estudantes terão acesso. No AVA, em geral,
existem atividades individuais e coletivas, com participação de fóruns e espaços para
postagem de atividades e resolução de dúvidas, além de interação com os colegas de turma.
Para viabilizar o aprendizado, a plataforma deverá contar com seminários temáticos,
contando com material interativo e diversificado, estimulando a criatividade. No caso da
disciplina de Libras, o conteúdo deve privilegiar o aspecto visual-espacial da língua, para
diferenciá-la do aprendizado das línguas orais-auditivas, sendo preferencialmente
apresentado em vídeos com apoio de material escrito, e não o contrário.
Além disso, os tutores, que precisam ser proficientes em Libras, deverão estimular o
contato dos alunos, por meio de fóruns e trabalhos em grupo. Essa interação entre os alunos
enriquecerá o aprendizado, pois aqueles que em algum conhecimento poderão apoiar os
que apresentam alguma dificuldade. O contato regular com o tutor será um substituto do
trabalho de monitoria que muitas vezes acontece nos cursos presenciais. As TICs utilizadas
nos cursos EaD colocam o aluno da disciplina diante da diversidade visual dos surdos,
habilitando-o, assim, a atender as necessidades socioculturais dos seus futuros alunos, onde
o conhecimento é compartilhado para contribuir com a construção do conhecimento.
Pode-se dizer que as tecnologias da informação e comunicação, tão presentes na EaD,
trouxeram muitos benefícios para o ensino da Libras, pois sua aplicabilidade torna possível o
contato dos participantes por todas as regiões do Brasil, sendo um campo de pesquisa para a
linguística aplicada.
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Disciplina de Libras no Curso de Pedagogia NEO
Com o objetivo de alcançar um maior número de alunos, bem como aqueles que
estão longe dos grandes centros, o Instituto Nacional de Educação de Surdos (INES) começou
a oferecer, no começo de 2018, um curso de Pedagogia que pretende atender a uma
demanda de formação pedagógica de surdos e ouvintes para atuarem, prioritariamente, na
educação de surdos, em escolas bilíngues.
O Núcleo de Educação Online (NEO) desenvolveu uma plataforma própria, o AVA,
Ambiente Virtual de Aprendizagem. Apresenta grade curricular completa em Libras e
também em textos, contemplando alunos surdos, que apresentam alguma dificuldade em
Língua Portuguesa, e ouvintes, que estão no processo de aprendizado de uma segunda
língua.
O objetivo da formação teórica e prática, do profissional em Pedagogia do NEO é
preparar professores bilíngues. Estes atuarão em escolas de educação infantil e séries iniciais
do Ensino Fundamental para crianças surdas, e em muitos casos será a única referência de
adulto proficiente em Libras. Uma formação sólida é fundamental, uma vez que muitos
alunos não têm a Libras em suas famílias, e a aquisição da identidade surda se dará na
escola. Assim, o professor deverá assenhorear-se dos conteúdos pedagógicos que
possibilitem a aquisição de conhecimento nos diferentes níveis de ensino/aprendizagem pela
criança.
Assim, a proposta metodológica envolve a organização e a elaboração de vídeos, bem
como a escolha e o uso de diferentes ferramentas e objetos de aprendizagem (alguns dos
quais criados especificamente para o curso), tendo como referência a visualidade e a
interatividade entre os estudantes e entre eles e os tutores.
Os vídeos utilizados se distribuem a partir das seguintes categorias:
- vídeos de metalinguagem vídeos com legenda que debatem sobre a Libras e a educação
de surdos.
- vídeos de vocabulário - vídeos que associam Libras ao objeto/figura evitando, sempre que
possível, associação do sinal em Libras ao signo em LP.
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- vídeos de contexto - vídeos (cuja extensão varia de acordo com o nível), sem legenda, com
cenário em 3D, em situação de diálogo, a partir dos quais os estudantes visualizam o uso da
Libras em situações do cotidiano, podendo interpretar o diálogo a partir do contexto, com
base nos vídeos de vocabulário e em suas experiências no Ambiente Virtual de
Aprendizagem (AVA).
Com relação às ferramentas e objetos de aprendizagem13, temos:
-Fórum - ferramenta importante de debate, que proporciona ao aluno a expressão de
opiniões de questionamentos, bem como o senso de pertencimento ao grupo. Nele os
discentes discutem sobre a Libras e a educação de surdos, tendo como referência os vídeos
de metalinguagem.
- Portfólio Gamificado objeto lúdico, criado especialmente para o curso. Nele o estudante
produz um discurso livre, em Libras (formato de vídeo), com base no vocabulário abordado
na unidade e/ou em outras experiências (vividas no AVA, nos encontros presenciais ou em
outros espaços). Depois que gravar o vídeo, a produção vai para o universo do aluno. O aluno
pode adquirir um enfeite para os seus planetas.
- Questionário - ferramenta que permite a verificação do aprendizado da Libras pelo aluno,
tendo como base os vídeos de vocabulário e os de contexto.
- Webconferência ferramenta que possibilita a interação, em Libras, entre os estudantes e
entre esses e os tutores do curso. A proposta é o desenvolvimento e uma interação livre para
que os alunos possam vivenciar a Libras em situações de diálogo.
Ao entrar no AVA, o aluno terá acesso a uma aula completa, contendo; apresentação da
teoria, vocabulário, atividade avaliativa de aprendizagem e diálogo, onde terá a experiência
prática do conteúdo abordado na unidade.
A proposta metodológica envolve a organização e a elaboração de vídeos, bem como
a escolha e o uso de diferentes ferramentas e objetos de aprendizagem (alguns dos quais
criados especificamente para o curso).
Com um percentual de 50% de estudantes surdos e 50% de ouvintes, o curso tem a
Libras como componente curricular fundamental, sendo oferecida em oito disciplinas (quatro
obrigatórias e quatro opcionais), a partir de quatro níveis de competência linguística.
13 Algumas ferramentas foram alteradas no processo de mudança de Plataforma no ano de 2021.
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ENSINO A DISTÂNCIA DE LIBRAS: UMA EXPERIÊNCIA DO CURSO DE
PEDAGOGIA DO INES
Pensa-se que cada nível deveria exigir um volume de formação de cerca de 120 horas de
aula, assim foram desenvolvidos materiais específicos para cada um dos níveis abaixo.
- Nível 1, básico (Libras 1/2 e Libras 3/4);
- Nível 2, intermediário (Libras 3/4 e Libras 4/5);
- Nível 3, avançado (Libras 6/7 e Libras 7/8).
Quadro 2: Conteúdos por níveis
Nível 1 (120h), básico (Libras
1/2 e Libras 3/4)
Nível 2 (120h), intermediário
(Libras 3/4 e Libras 4/5)
Nível 3 (120h), avançado
(Libras 6/7 e Libras 7/8)
Tema
Tema
Tema
Apresentação
Pessoal,
Alfabeto Manual,
Números,
quantidades e ordinais,
Dados pessoais,
Pronomes
Interrogativos,
Pronomes
possessivos,
Cores,
Tipos de frase,
Calendário,
Meios de transportes,
Ano Sideral e dias da
semana,
Família,
Esportes,
Tempo.
Alimentos,
Animais,
Escola,
Academia,
Sinais Icônicos,
Sinais Arbitrários,
Incorporação de
negação,
Classificadores de
Libras,
Alofones,
Pares Mínimos,
Composição,
História dos surdos.
Sinonímia,
Antonímia,
Homonímia,
Paronímia,
Polissemia,
Frase negativa,
Frase interrogativa,
Sintaxe,
Comparação,
Adjetivos,
Metáfora,
Literatura Surda,
Pedagogia Surda,
Metodologia de
ensino de Libras como L1 e
L2,
Didática Surda.
Fonte: produção da autora 2021.
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Com relação às ferramentas e objetos de aprendizagem, temos:
Figura 1: Plataforma Ambiente Virtual de Aprendizagem (AVA)
Fonte: https://neoines.com.br/course/view.php?id=50&section=0
Os alunos são acompanhados por tutores sem todas as atividades e são orientados de
como tirar o melhor proveito de todos os recursos da plataforma e fiquem atentos às
possíveis dúvidas.
Figura 2: Apresentação da teórica
Fonte: https://neoines.com.br/course/view.php?id=50
A responsabilidade da apresentação dos conteúdos é do professor, a tradução em
Libras, as legendas, pois a parte teórica vai além do vocabulário, incluindo conceitos como
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PEDAGOGIA DO INES
identidade surda, cultura, história, etc. e pelos temas do fórum para que os alunos
expressem suas opiniões.
Figura 3: Material didático
Fonte: https://neoines.com.br/mod/page/view.php?id=3957
Sessão no AVA onde ficam depositados materiais didáticos que auxiliam os alunos em
cada unidade da disciplina: diálogo inicial (teoria básica), textos, vídeos complementares,
links. Os alunos contam com vídeos diferenciados: de vocabulário ou de contexto.
Figura 4: Vídeo de vocabulário
Fonte: https://neoines.com.br/course/view.php?id=50
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É apresentado o conteúdo da aula onde o aluno aprende o novo vocabulário, tira
dúvidas e corrigir algum possível erro.
Figura 5: Vídeo de sinais
Fonte: https://neoines.com.br/course/view.php?id=50
O aluno estuda o vocabulário, sinais, e aprende a usá-lo em contexto adequado do
diálogo que virá depois.
Figura 6: Vídeo de diálogo
Fonte: https://neoines.com.br/course/view.php?id=50
No diálogo, o aluno o uso na prática do vocabulário aprendido e responde, em
Libras, ao questionário. Atividade para estimular o aprendizado.
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PEDAGOGIA DO INES
Figura 7: Fórum bilingue
Fonte: https://neoines.com.br/mod/forum/view.php?id=6423&group=1802
É uma ferramenta importante de debate e interação entre alunos e professores
tutores, que proporciona ao aluno a expressão de opiniões de questionamentos, bem como
o senso de pertencimento ao grupo. Nele, os discentes discutem sobre a Libras e a educação
de surdos, tendo como referência os vídeos de metalinguagem. É o local onde é explorada a
capacidade de argumentação do aluno, seu ponto de vista sobre determinado ponto
abordado. Assim, questões como certo ou errado e concordo ou discordo são evitados. Os
tutores são os responsáveis por promover a discussão entre os alunos, mas os avaliadores
podem participar sempre que acharem necessário.
Figura 8: Questionário
Fonte: https://neoines.com.br/mod/quiz/view.php?id=6424
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Outra ferramenta que permite a verificação do aprendizado da Libras pelo aluno,
tendo como base os vídeos de vocabulário e os de contexto. A avaliação é feita através da
pontuação que o aluno obteve nos questionários, verificando a absorção dos conceitos
apresentados. Pode ser de forma escrita ou em vídeo em Libras.
Figura 9: Portfólio gamificado
Fonte: https://neoines.com.br/mod/multimedia/view.php?id=6425&group=1811
Tem objeto lúdico, criado especialmente para o curso. Nele o estudante produz um
discurso livre, em Libras (formato de vídeo), com base no vocabulário abordado na unidade
e/ou em outras experiências (vividas no AVA, nos encontros presenciais ou em outros
espaços). Depois do vídeo gravado, a produção vai para o "universo" do aluno. Nesse
template, o estudante pode adquirir enfeites para os seus "planetas" de acordo com a
pontuação que vai adquirindo ao submeter os vídeos.
Figura 10: Webconferência
Fonte: https://neoines.com.br/course/view.php?id=50
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Trata-se de uma ferramenta que possibilita a interação, em Libras, entre os
estudantes e entre esses e os tutores do curso. O aluno agenda um horário para tirar suas
dúvidas com o tutor, também é uma atividade para estimular o aprendizado. A proposta é o
desenvolvimento e uma interação livre para que os alunos possam vivenciar a Libras em
situações de diálogo. Diferencia-se do Fórum por acontecer de forma síncrona, os tutores
marcam ao menos dois encontros, no horário que melhor favorecer os alunos. Ficam
gravadas na plataforma para consulta posterior.
Essas são ferramentas de ensino e avaliação, que tem possibilitado o ensino da Libras
a distância. Esse material veio suprir uma lacuna que existia no ensino da Libras. O aluno
surdo tem apresentado um bom resultado. O aluno ouvinte encontra certa dificuldade que é
superada conforme progride nos estudos. O aprendiz precisa praticá-la, por isso para o
desenvolvimento dessa língua o ouvinte precisa fazer uma imersão na comunidade surda.
As atividades são elaboradas para trabalhar mais com práticas teatrais com
professores surdos, que são diálogos elaborados com o objetivo de tornar o aluno fluente.
Classificadores são instrumentos linguísticos com estrutura gramatical na modalidade espaço
visual que auxiliam na compreensão de tamanho, forma, característica corporal e auxiliam no
esclarecimento de conceitos através da incorporação de personagens. O esclarecimento das
características dos classificadores se dá de forma gradual.
Materiais didáticos com recursos visuais e práticas como teatro e incorporação são
primordiais para reconhecer o nível linguístico em que o aluno se encontra. Dramatização e
repetição são abordagens para memorização de vocabulário e a interação didática deve
ocorrer através da prática para a proficiência da Libras. Do professor é esperado que instrua
a execução dos sinais, utilize dramatização, diálogos, traduções e oriente o aluno sobre
estrutura da língua e aspectos socioculturais, esforçando-se em promover estratégias que
viabilizem esse aprendizado formal.
A educação bilíngue do surdo precisa, então, de um ambiente que respeite sua língua
de conforto, com professores habilitados para usar Libras como língua de instrução, que os
conceitos sejam apresentados nessa língua, de colegas de turma e de profissionais de apoio
fluentes em Libras, estabelecendo assim o contato em Libras tanto de surdos com surdos,
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como surdos e ouvintes. assim será garantido ao aluno surdo seu desenvolvimento
intelectual e cognitivo.
A formação sólida do professor de Libras, ou melhor, a constituição de professores
proficientes, que usarão a língua de sinais como língua de instrução é fundamental, pois “[o]s
alunos se espelham neste professor bilíngue, o respeitam, pois dele também recebem
respeito, conseguem ter um envolvimento psicossocial mais amplo e consequentemente se
sentirem aceitos.” (SKLIAR, 2003, p. 85).
Conclusão
Apesar dos avanços e benefícios que a EaD pode propiciar no ensino da Libras, são
grandes os desafios educacionais, tecnológicos e linguísticos. A busca de excelência deve
passar por um currículo adequado e contextualizado com a sociedade em que vivemos.
O curso de Pedagogia com ênfase na área da educação de surdos promove a
interação entre a Libras e a Língua Portuguesa em diversos os aspectos, linguísticos,
culturais, como exemplo. As ferramentas disponíveis na plataforma são instrumentos de
construção de conhecimento coletivo, e não apenas o lócus onde o professor ensina e o
aluno aprende, o tutor tem papel preponderante nessa troca de saberes, levando ao
desenvolvimento de bagagem linguística que levará o professor uma melhor capacidade de
ensinar e aprender com o aluno surdo.
O ensino da Libras no EaD contribuirá de forma significativa para a difusão da Libras,
trará uma maior visibilidade para a Língua e para a cultura surda, facilitando a integração do
surdo na sociedade e propiciará educação de qualidade para a comunidade surda, que terá
acesso aos processos educacionais e em sua língua materna.
quem pense que o currículo da disciplina de Libras é o mais importante para o
aprendizado dessa língua, mas isso não é uma verdade, pois não se trata apenas de aprender
um vocabulário para conseguir se comunicar com seus alunos surdos em sala de aula e sim
de uma comunicação, de fato, com eles. Os alunos do Curso de Pedagogia do INES, na
modalidade EaD, são ouvintes e aprendem Libras como sua L2. Muitos podem achar que
seguir uma formação acadêmica é o suficiente, mas a verdade é que se deve entender a
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PEDAGOGIA DO INES
subjetividade, cultura e identidades surdas, que são diversas. O professor bilíngue deve se
atentar à necessidade de um aprofundamento, uma imersão verdadeira na língua e atualizar
seus estudos sobre a área sempre, num constante processo de formação.
É essencial que os professores tenham formação sobre a estrutura linguística e
saibam que variações de fluência e sinalização entre os alunos surdos. Nesse sentido,
destaca-se, novamente, a importância da fluência em Libras para a comunicação, pois a
Língua Portuguesa é a L2 do surdo. Além disso, é preciso considerar a variação de domínio da
LP na modalidade escrita entre os surdos.
Na teoria isso seria o suficiente para a formação e fluência desses alunos porém essa
não é a realidade, na prática poucos são os formandos que de fato tiveram pleno
aprendizado da Libras. Desta forma se fazem necessárias pesquisas e incentivos nessa área
curricular.
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Data do envio: 03/06/2021
Data do aceite: 25/05/2021
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