TV INES UM VEÍCULO DE ACESSIBILIDADE PARA A COMUNIDADE SURDA
TV INES A VEHICLE OF ACCESSIBILITY FOR THE DEAF COMMUNITY
Maria Inês Batista Barbosa54
Resumo
O texto apresenta os bastidores e algumas reflexões sobre uma webTV para e com surdos.
Com um gap de informação a partir da pouca acessibilidade nas mídias tradicionais e digitais
para este grupo, a criação de uma web TV bilíngue para surdos trouxe novos e grandes
desafios para um campo que parecia consolidado nas suas práticas de produzir material
audiovisual. O espaço mediático, que reflete, mas também constrói os discursos que circulam
na sociedade, tem ao longo de décadas feito a difusão e legitimação de uma representação
social de falta” sobre a surdez e o sujeito surdo. A criação de uma web TV a TV INES,
buscou romper com este discurso hegemônico a partir da contratação de apresentadores
surdos e a participação de consultores surdos e profissionais da área da Educação de Surdos
nas etapas de produção dos programas. Tinha como objetivo proporcionar à comunidade
surda a possibilidade de se ver representada num produto midiático e para a comunidade
ouvinte, a oportunidade de quebrar pré-conceitos. O dia a dia nos bastidores da web TV
exigiu dos dois grupos (surdos e não surdos), uma mudança de paradigma com relação à
comunicação, espaço bilíngue e aceitação das diferenças. A experiência possibilitou a
inclusão na dinâmica de trabalho de novas técnicas que possibilitaram a construção de um
material bilíngue totalmente acessível à comunidade surda.
Palavras chaves: Surdo. Web TV. Acessibilidade
Abstract
The text presents behind the scenes and some thoughts on a web TV for and with the deaf.
With an information gap from the lack of accessibility in traditional and digital media for this
group, the creation of a web TV brought new and great challenges to a field that seemed
consolidated in its practices of producing audiovisual material. The media space, which
reflects, but also constructs the discourses that circulate in society, has for decades made the
disseminated and legitimized of a “lack” social representation about deafness and the deaf
subject. The creation of a web TV - TV INES, sought to break with this hegemonic discourse
and the hiring of deaf presenters, the participation of deaf consultants and professionals in
the field of Deaf Education in this new media space aims to provide the deaf community with
the possibility of seeing represents in a media product and for the listening community it is
the opportunity to break preconceptions. The daily life behind the scenes of the TV
demanded a change of paradigm in relation to communication, bilingual space and
acceptance of differences. The experience enabled the inclusion of new techniques in the
54 Doutora e mestre em Educação em Ciências e Saúde pela UFRJ, fonoaudióloga do Instituto Nacional de
Educação de Surdos e docente do curso de graduação em Fonoaudiologia da Universidade Veiga de Almeida.
ORCID: https://orcid.org/0000-0002-9749-9674
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work dynamics that made it possible to build a bilingual material fully accessible to the deaf
community.
Key words: Deafness. Web TV. Accessibility
Introdução
Os avanços na área tecnológica têm exigido do homem contemporâneo níveis de
instrução e contínua atualização que lhe favoreçam uma constante transformação,
demandada pelas inter-relações e interconexões do uso, cada vez mais, dinâmico das mídias
digitais. Nesta era tecnológica em que, de modo rápido e em profusão existe, a circulação da
comunicação e informação, a lógica não é mais a do sujeito passivo no consumo de
informações, mas um agente produtor, criador e transformador de informações e conteúdos.
Esses avanços, que por vezes excluem, também interligam povos e culturas
possibilitando que grupos minoritários construam, em rede, lugares de resistência e de luta
por uma sociedade mais justa e com condições mais igualitárias. A possibilidade de
convocação simultânea de movimentos sociais em diferentes partes do mundo,
reivindicando respeito, o reconhecimento e o lugar por direito dentro da teia social, vem
provocando transformações e novas configurações sociais e de poder, modificando a
sociedade e quebrando preconceitos (HALL, 2003; BARBOSA; REZENDE FILHO, 2020).
Para Staiger (2005), quando falamos de minoria, não estamos nos referindo a uma
conotação quantitativa, mas sim da condição em que vivem determinados grupos, isto é,
posições de exclusão e de desigualdade social.
O espaço mediático, que reflete, mas também constrói os discursos que circulam na
sociedade, tem ao longo de décadas feito a difusão e legitimação de uma representação
social de falta” sobre a surdez e o sujeito surdo. No entanto, os movimentos sociais
principalmente em prol de uma educação que atenda às suas especificidades, têm
possibilitado discussões sobre suas marcas culturais de identidade, diferenças, de exclusão e
inclusão pela sociedade, além da realização de ações que modifiquem a realidade existente
(BARBOSA; REZENDE FILHO, 2020).
Stuart Hall (2003) aponta nos seus estudos no campo da comunicação para a
importância de um debate político-epistemológico que permita que tenhamos a
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compreensão da comunicação como direito do ser humano. Esta visão do autor tem como
base as suas convicções democráticas embasadas na observação da cena cultural
contemporânea e da ideia de que vivemos numa sociedade plural (BARBOSA; REZENDE
FILHO, 2020).
O Instituto Nacional de Educação de Surdos INES, instituição federal especializada
com 163 anos dedicados à educação de surdos e que tem como uma de suas missões
subsidiar políticas educacionais para este público, em 2013, inova suas práticas buscando
atender a um antigo desejo desta comunidade no campo da comunicação, um canal de TV,
criada a partir da contratação da Associação de Comunicação Roquette Pinto (ACERP).
Este artigo visa a trazer algumas contribuições para pensarmos a inter-relação entre
comunicação e educação a partir de uma pesquisa de doutorado que acompanhou, por um
ano, a produção de um programa produzido por esta TV.
Metodologia
A pesquisa de base qualitativa de cunho etnográfico, teve como campo pesquisa
os bastidores das reuniões e execução das etapas de pré, produção e pós-produção de um
programa. Por meio da observação participante e da escrita de um diário de campo, fotos e
vídeos, foram registrados o dia a dia dos ensaios e gravações. Foi possível interagir com a
dinâmica e estratégias que o grupo social estudado, visto como o outro” nas suas
dimensões sociais e culturais, enfrentou no cotidiano da produção de materiais audiovisuais
acessíveis.
Esta experiência nos permitiu vivenciar atividades que não podem ser registradas por
meio de perguntas ou documentos quantitativos, mas emergiu da relação que se
estabeleceu entre as partes envolvidas no processo de investigação. O diário de campo foi
utilizado como um instrumento de trabalho para registro das vivências, das dúvidas,
questões e conflitos do período de observações, isto é, um documento descritivo que
contém os conteúdos das atividades vivenciadas dentro da TV INES, e que posteriormente foi
utilizado para gerar os dados da pesquisa (SCHRODER et al. 2000).
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Aweb TV
No seu formato tradicional, a TV está, ainda hoje, presente em 95% dos lares
brasileiros com pelo menos um aparelho. Com uma programação linear e atingindo públicos
de idade, gênero, classe social, religião e ideologias diferentes, é um veículo de comunicação
de massa que, além de entreter, também possui uma vocação educativa. Sua presença diária
e sua visualização por diferentes públicos e por longos períodos diariamente acabam por
contribuir, a partir de suas imagens e narrativas, para a constituição dos sujeitos e suas
subjetividades (WOODWARD, 2000; FISCHER, 2002).
O avanço tecnológico, que parecia indicar o fim ou no mínimo a diminuição do uso
da televisão a partir dos novos dispositivos móveis, não se consolidou. A televisão, ao
contrário, incorpora a sua dinâmica tradicional os avanços tecnológicos tanto no que diz
respeito ao formato do aparelho, como na forma de distribuir seu conteúdo. Com estes
recursos, a TV converte-se num veículo de entretenimento com múltiplos recursos e
disponibilização de conteúdos variados para o público em geral, mas também para públicos
específicos por meio dos canais por assinatura. Visualizada tradicionalmente com horários
pré-estabelecidos para cada programa e com faixa de programa para determinado público, a
interface com a internet amplia o acesso que passa ser a qualquer hora e local por meio dos
dispositivos móveis. Ganha espaço entre as mídias sociais a web TV ou a TV na internet,
espaço virtual em que o espectador pode ser também produtor de seus próprios conteúdos.
Apesar das possibilidades de conectividade e as diferentes formas de disponibilizar
conteúdos audiovisuais para diferentes públicos, ainda se constitui numa barreira para a
comunidade surda, pois o que está disposto em leis e decretos não é, ainda, uma realidade
integral, que os recursos de acessibilidade que atendam às especificidades linguísticas e
culturais deste público, na prática, ainda estão em construção e não os alcançam como
deveria. Embora tenhamos avançado com relação ao tempo e à frequência da presença da
acessibilidade em veículos de comunicação como a televisão e os espaços virtuais. Estudos
apontam que esses instrumentos de acessibilidade para os surdos ainda são ineficientes
(BARBOSA; REZENDE FILHO, 2020).
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O Instituto Nacional de Educação de Surdos buscando diminuir a lacuna de acesso à
informação e ao entretenimento para a comunidade surda criou uma web TV com uma
característica diferenciada de outras mídias que visa atender tanto a comunidade surda
quanto ouvinte, ao disponibilizar seus conteúdos em língua brasileira de sinais (Libras) e
português (com áudio e legenda) e ter o surdo como protagonista. Vinculada ao Ministério
da Educação, a TV INES nasce com o desafio de permitir à comunidade surda um acesso mais
democrático ao entretenimento, educação e cultura (BARBOSA; REZENDE FILHO 2020).
Os avanços tecnológicos que ocorriam quando da criação da TV INES a direcionaram
para o formato de web TV, podendo, desta forma, ser disponibilizada em aplicativos para
smartphone, tablets, smart TV e mais tarde, por satélite. Nas mídias sociais está presente no
facebook,instagram, youtube etwitter. Toda esta disponibilidade de acesso não à TV,
mas, principalmente ao seu conteúdo, justifica seu slogan: TV INES - acessível sempre. Com
programação inicial de 12h, passou muito rapidamente a oferecer seus conteúdos 24h por
dia em streaming evídeo on demand. A grade passou a ser composta por programas de
produção própria, em que o surdo é protagonista em vários momentos da produção e
programas licenciados e adaptados com a inclusão da Libras por meio da janela do
intérprete. Ainda no seu primeiro ano ganhou o troféu de Júri no prêmio Oi Tela Móvel,
considerada a principal premiação para a inovação de conteúdo móvel no Brasil.
Além de ser uma web TV bilíngue, a proposta do surdo como protagonista busca levar
o olhar e as referências da comunidade surda para o espaço mediático.
O espaço da produção numa web TV com e para surdo
Buscando sair da visão de unidirecionalidade que, por vezes, caracteriza o processo
comunicacional (emissor mensagem receptor), Hall (2003) propõe pensarmos este mesmo
processo de uma forma mais dinâmica, com etapas distintas, mas que se relacionam entre si
(produção, distribuição, circulação, consumo e reprodução). O momento da produção
inicio à atividade, mas não deixa de estar interrelacionada com as outras etapas. Constitui-se
de três momentos: pré-produção caracterizada pelo planejamento orçamentário, captação
de recursos, seleção de equipe, escolha de elenco, figurinos locações e escrita do roteiro;
produção com leituras dos roteiros, montagem de cenários, ensaios e filmagem;
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finalmente, a pós-produção - na qual todo o material vai ser revisto, feitos a decupagem e
edição com a inclusão das vinhetas, créditos, trilha sonora, para finalmente ser exportado e
disponibilizado ao público. É durante este processo que as mensagens serão codificadas na
forma de um discurso significativo, com um referencial de ideias e sentidos (HALL, 2003).
Para Ellsworth (2001), o produtor deve ter em mente duas questões que nortearão
sua concepção sobre a audiência esperada: Quem este filme pensa que você é?, referindo-se
a à ideação que o produtor faz do seu espectador e quem este filme deseja que você seja?,
referindo-se às mudanças que a obra pode provocar no espectador. De acordo com Noronha
(2019), não apenas o conhecimento sobre a rotina de produção, ideologias profissionais,
conhecimento Institucional e suposições sobre a audiência, mas também elementos da
estrutura sociocultural e política referentes à audiência pretendida irão compor a mensagem.
Ainda segundo Ellsworth (2001), conceito de modos de endereçamento, pode nos ajudar a
pensar a importância e o papel social da TV INES ao permitir compreender as relações
estabelecidas entre o texto fílmico e as experiências de seus espectadores ao assisti-lo.
Indica que o modo de endereçamento envolve escolhas de posicionamento de câmera,
cenário, trilha sonora, planos, edição etc, mas cada uma destas escolhas é pensada não ao
acaso, mas dentro de um campo simbólico com construções conscientes e inconscientes por
parte dos produtores com o objetivo de endereçar uma obra audiovisual a alguém e fazê-lo
entrar numa relação particular com a história (ELLSWORTH, 2001).
Embora sem a garantia de que os programas levariam os espectadores surdos a se
identificarem com a programação da TV INES, a presença de pessoas surdas na equipe
permitia que as especificidades desta comunidade estivessem sendo pensadas nos
diferentes momentos da produção. Este era o principal diferencial deste trabalho.
Por dentro da TV: Desafios e conquista
A contratação da ACERP colocou à disposição do INES uma equipe composta por
profissionais com muita experiência na produção e distribuição de conteúdos audiovisuais,
além de todo recurso material e tecnológico para viabilizar a TV. Tinha início, então, para
toda equipe, desde o diretor ao porteiro da TV, o desafio de produzir materiais audiovisuais
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com surdos e para surdos. Como colocamos anteriormente, são muitas as etapas pelas
quais passa uma obra audiovisual até chegar ao espectador. No nosso caso, um espectador
que possui especificidades individuais e sociais que, sem dúvida, provocariam mudanças em
quem fosse participar deste processo, assim como na forma de produzir conteúdo
audiovisual acessível.
Como apontado por Ellsworth (2000), o conhecimento da audiência é fundamental
para se endereçar uma obra audiovisual a alguém e, neste caso, o discurso presente na
sociedade sobre os sujeitos surdos é, na maior parte do tempo, de incapacidade social,
cognitiva e de comunicação. O desafio colocado seria: Como quebrar esse discurso? Quais as
representações para quem muito pouco se viu representado na TV? Qual seria o discurso a
ser veículo, a do deficiente ou do sujeito sociocultural? Como fazer circular nos corredores da
TV ao mesmo tempo a língua de sinais e o português? Seriam necessárias mudanças na
forma de se produzir um programa bilíngue?
Buscando quebrar o discurso pautado na incapacidade pela deficiência, a equipe da
TV INES foi formada com ouvintes e surdos. Os diferentes espaços da TV passaram a ser local
de aprendizado para ambos os grupos. Era preciso desfazer pré-conceitos sobre língua,
comunicação e subjetividades. Para os ouvintes, seria a oportunidade de conhecer e saber
sobre o sujeito surdo, compreender a Libras como uma língua e aprendê-la para não incorrer
no tão comum bloqueio de comunicação entre surdos e ouvintes. Para os surdos, era a
oportunidade de construir um espaço midiático contra hegemônico que teriam lugar de
fala dentro de todo o processo.
A participação do surdo num espaço que sempre foi ocupado por ouvintes e com
domínio da língua portuguesa provocou mudanças na forma e nos processos de se produzir
material audiovisual. Nos corredores, reuniões, ensaios e gravações a língua de sinais passou
a ser vista e utilizada pelos ouvintes mesmo que inicialmente mediada pelo intérprete,
profissional este, que passou a fazer parte de todo o processo de produção, fazendo tanto a
interpretação entre surdos e ouvintes, como a tradução dos roteiros ou outros textos usados
durante o processo de produção. O fluxograma (Fig. 1) demonstra que a produção de um
material audiovisual ganhou novas etapas para se atingir a proposta de programas bilíngues.
De acordo com Siqueira (2015):
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{...} os processos se ampliaram, ganharam novas roupagens, elementos
ressignificados, técnicas aprimoradas e densidade. E as rotinas
incorporaram elementos que são característicos da cultura surda e sua
linguagem (p. 83).
Figura 1: Fluxograma de produção dos programas
Fonte: Produção TV INES
As etapas acrescidas na dinâmica de produção estão relacionadas à tradução para a
língua de sinais, que os roteiros são construídos em português. Assim, ensaiar o texto em
Libras, estudo dos sinais, dúvidas e traduções, criação de vídeo em Libras, gravação de áudio
guia para a edição e, posteriormente, a legendagem e colocação de áudio, são todas etapas
que foram sendo construídas com uma equipe, em que a diversidade deveria ser
considerada como fator fundamental para um novo fazer dentro de um espaço
consolidado nas suas práticas. Não podemos negar os momentos de tensão, principalmente,
no processo de tradução dos roteiros, que pode parecer simples, se pensarmos na língua
apenas como um instrumento de comunicação, no entanto, torna-se mais complexo quando
a consideramos como um modo relacional de comunicação, em que conflitos, constituição
de identidades e capital cultural, estão incluídos. Entender e respeitar, no momento da
tradução, a narrativa construída pelo roteirista e suas intenções endereçadas aos
espectadores, e acrescentar elementos da cultura surda expressa na e com a língua de sinais,
é um desafio diário da TV INES (RODRIGUES; SANTOS, 2018 BARBOSA; REZENDE FILHO 2020).
Para Hooks (2010) é importante que o espectador possa se ver representado
naquilo que assiste. Estudos de Thomas (2002) e Golos (2010) apontam para a falta de
representantes surdos nos produtos midiáticos, assim como a circulação de narrativas com
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uma visão hegemônica sobre a surdez, abordando principalmente representações
baseadas numa disputa linguística entre a língua de sinais e a oralidade. A presença, na TV
INES, de apresentadores e consultores surdos, além de profissionais envolvidos com a
educação de surdos, apresenta à comunidade em geral e, particularmente, ao espectador
surdo, desde a criança até o adulto, a possibilidade de se ver representado nas narrativas,
personagens e língua que compõem toda a grade de programação da web TV.
O tempo para se produzir uma obra audiovisual para a televisão é veloz e
frenético, no entanto, quando a este processo existente, somam-se novas etapas que
demandam análise e discussões numa outra língua desconhecida pela maioria da equipe,
a tensão ocasionada pelas diferenças aparece. Estas diferenças denunciam o quanto ainda
estamos caminhando no processo de inclusão das pessoas surdas.
Conclusão:
O INES, responsável pela formação de meninos (as) e jovens surdos dentro do
ambiente formal de aprendizagem, ao criar a TV INES, amplia seus espaços para fora dos
muros da escola. Oportuniza, de forma totalmente acessível, noticiário, programa de
humor, programa infantil, programas de utilidade pública, programas de entrevista com
surdo, apresentando suas trajetórias profissionais e acadêmicas ou experiência de vida. A
TV se constitui, enquanto esteve no ar, como um espaço de identificação e
reconhecimento social. Sua linha editorial, com narrativas audiovisuais bilíngues, buscou
integrar públicos diferenciados e desafiar os saberes e as práticas dentro do campo da
comunicação. Toda esta dinâmica busca um modelo mais atual de produção, fugindo dos
modelos tradicionais que privilegiam em grande parte a comunidade ouvinte.
Como uma TV pública vinculada ao Ministério da Educação, buscou cumprir seu
papel social de levar cultura, educação e entretenimento de forma igualitária para toda a
sociedade e ratifica a fala de Hall (2000) sobre a importância de colocarmos luz na
pluralidade que existe em nossa sociedade. Retirada do ar por questões de financiamento,
a TV INES, continua na pauta de luta e reivindicações da comunidade surda (acréscimo
autora).
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Data do envio: 04/06/2021
Data do aceite: 25/05/2021
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