Universidade Federal Rural do Semi-Árido (UFERSA)
Mossoró, RN, Brasil
Agostinha Mafalda Barra de Oliveira
Universidade Federal Rural do Semi-Árido (UFERSA)
Mossoró, RN, Brasil
Universidade Potiguar (UnP)
Mossoró, RN, Brasil
DOI: https://doi.org/10.22409/mov.v7i12.36375
RESUMO
Neste estudo, tem-se por objetivo analisar a relação de variáveis sociodemográficas com a prevalência da síndrome de burnout (SB) nos discentes do curso de Administração de uma Ifes no semiárido do Nordeste Brasileiro. Para tanto, mensurou-se o nível de prevalência da SB, por meio do Maslach Burnout Inventory-Student Survey (MBI-SS), levando em consideração o sexo, o estado civil e a quantidade de filhos de uma amostra de 189 estudantes. Os dados foram analisados com o auxílio do software estatístico IBM Statistical Package for the Social Sciences (SPSS) 24.0. Com base no teste t, utilizado para identificar se houve diferenças estatísticas entre duas médias populacionais, os resultados apontam que a variável sexo apresentou uma diferença estatística na dimensão exaustão emocional. Na variável filhos, foi identificado um maior nível de significância na dimensão reduzida eficácia profissional. Em contraponto, a variável estado civil não apresentou relação com nenhuma das dimensões da SB. Isso significa que os fatores sexo e filhos apresentam-se como aqueles associados ao desenvolvimento e à prevalência da síndrome, enquanto o estado civil não.
Palavras-chave: Síndrome de Burnout. Discentes. Curso de Administração.
This study aims at analysing the relationship of social-demographic variables with the burnout syndrome (BOS) prevalence in the student body of the Administration course in a Federal Institute of Education in North-eastern Brazil. To this end, the BOS prevalence level was measured through the Maslach Burnout Inventory-Student Survey (MBI-SS), taking into account gender, marital status and number of children in a sample with 189 students. The data were analysed with the help of the Statistical Package for the Social Sciences (SPSS) IBM software, version 24.0. Based on the t test, which is used to identify whether there were statistical differences among the population means, the results show that the variable concerning gender presented a statistic difference in the dimension concerning emotional exhaustion. In the variable concerning children, a higher level of significance was identified in the dimension concerning reduced professional efficacy. On the other hand, the variable concerning marital status presented no relationship with the BOS dimensions. This means that the factors concerning gender and children are presented as those associated to the syndrome’s development and prevalence, unlike marital status.
Key words: Burnout Syndrome. Student Body. Administration Course.
CORRELACIÓN ENTRE FACTORES SOCIODEMOGRÁFICOS ASOCIADOS AL SÍNDROME DE QUEMADURA EN ESTUDIANTES
RESUMEN
El objetivo de este estudio es analizar la relación de las variables sociodemográficas con la prevalencia del síndrome de burnout (BS) entre los estudiantes de un curso de Administración de Empresas IFES en la región semiárida del noreste de Brasil. Con este fin, el nivel de prevalencia de BS se midió utilizando la Encuesta de Inventario de Estudiantes Burnout de Maslach (MBI-SS) y se identificaron el sexo, el estado civil y el número de hijos de una muestra de 189 estudiantes. Los datos se analizaron utilizando el software estadístico IBM Statistical Package for Social Sciences (SPSS) 24.0. Con base en la prueba t, utilizada para identificar si hubo diferencias estadísticas entre dos medias poblacionales, los resultados indican que la variable de género presentó una diferencia estadística en la dimensión de agotamiento emocional. En la variable niños, se identificó un mayor nivel de significación en la dimensión de efectividad profesional reducida. Por el contrario, la variable de estado civil no estaba relacionada con ninguna de las dimensiones SB. Esto significa que los factores sexo y niños se presentan como factores asociados con el desarrollo y la prevalencia del síndrome, mientras que el estado civil del estudiante no.
Palabras clave: Síndrome de Burnout. Estudiantes. curso de negocios.
A síndrome de burnout (SB), também conhecida como síndrome de esgotamento físico e mental, pode ser caracterizada pela resposta à exposição crônica de agentes estressores. Por não dispor de mecanismos suficientes para enfrentá-los, a pessoa acaba desenvolvendo-a. Essa patologia é constituída por três dimensões: exaustão emocional, despersonalização e baixa realização profissional (FERNANDES; NITSCHE, 2018; MASLACH; JACKSON, 1981; VIANA et al., 2014).
A expressão burnout foi descrita em 1974 pelo doutor Freudenberger. O autor descreve a SB como uma falha proveniente da exaustão e do cansaço provocado pelo trabalho excessivo, levando o indivíduo a tornar-se inoperante em suas atividades (PORCIUNCULA, 2015).
De acordo com Fogaça et al. (2012), essa síndrome tem sido considerada um relevante problema de saúde mental e vem sendo estudada em diversos países. Nos últimos anos, o Brasil também começou a pesquisá-la (SCHUSTER; DIAS, 2018). Contudo, mesmo havendo maior interesse sobre o tema, a SB ainda é pouco conhecida na população de uma forma geral (SILVA et al., 2015).
Segundo Llorent e Calzado (2016), atualmente a SB tem sido objeto de diversas investigações devido à sua grande importância e ao seu elevado impacto na vida dos profissionais. Entre as inúmeras variáveis que explicam essa tendência de estudos, destaca-se o aumento do estresse dentro e fora do local de trabalho.
Ademais, embora a SB se apresente com mais ênfase no contexto laboral, ela também se faz presente no ambiente universitário (GOULART, 2014; VIANA, 2014). Por ser um espaço de interação ensino-aprendizagem altamente exigente e competitivo, a universidade pode ser considerada como geradora de estresse para os seus estudantes (BARLEM, et al., 2013; VIANA, et al., 2014). Por esse motivo, alguns estudos abordam essa temática, a saber, DA MOTA et al., 2017; LOPES; GUIMARÃES, 2016; AGUIAR; AGUIAR; MERCES, 2018; DELALATA et al., 2016; PELEIAS et al., 2017.
A avaliação da SB em discentes também se constitui de três dimensões, previstas na perspectiva social-psicológica de Maslach e de seus colaboradores e no modelo de Maslach e Jackson (1981): Exaustão Emocional, Descrença e Reduzida Eficácia Profissional. A primeira se refere ao fato do estudante se sentir exausto em virtude das exigências do estudo; a segunda diz respeito a uma atitude cínica e distanciada do alunado com relação ao estudo; a última é caracterizada pelo sentimento de incompetência desses sujeitos quanto ao seu papel de estudantes (CARLOTTO; CÂMARA, 2006; FOGAÇA, et al., 2012).
Diversos fatores podem ser considerados estressores dentro do ambiente universitário, dentre eles, podem-se citar a conciliação entre trabalho e estudo, os acúmulos de avaliações, as pressões psicológicas por notas e o cumprimento de prazos e de período de curso (AGUIAR; AGUIAR; MERCES, 2018; BARLEM et al., 2013; BENAVANTE et al., 2014; FERRAZ; CARDONA; MONTE, 2009; PINTO et al., 2018).
Além desses supracitados, a SB pode estar associada também a fatores sociodemográficos. Neste trabalho, optou-se por avaliar três aspectos desse tipo de causa, a saber, o sexo (AGUIAR; AGUIAR; MERCES, 2018; CAMPOS et al., 2012; GONÇALVES, 2016; LOPEZ et al., 2017; MEYER, et al., 2012; PINTO et al., 2018), o estado civil (AGUIAR; AGUIAR; MERCES, 2018; GONÇALVES, 2016) e os filhos (AGUIAR; AGUIAR; MERCES, 2018; VIANA et al., 2014).
De acordo com Carlotto (2011), pesquisar sobre essa temática contribui com o estudo sobre o tema em contexto nacional, tendo em vista que a produção de pesquisas no Brasil sobre SB ainda é considerada escassa se comparada ao grande acervo internacional. Na esfera social, o tema é relevante quando se verifica os danos que podem ser causados pela SB, tanto em relação ao bem-estar e à qualidade de vida dos indivíduos quanto em relação aos custos sociais advindos dessa doença. Já com relação ao âmbito institucional, a Ifes estudada também ganha com esse estudo, posto que os resultados podem colaborar para melhorias com relação à saúde psíquica de seus discentes, facilitando o desenvolvimento de metodologias de ensino que possibilitem a inclusão de diferentes perfis sociodemográficos.
Dessa forma, delimita-se como problema de pesquisa a seguinte questão: qual a relação entre os fatores sociodemográficos e a prevalência da SB nos discentes do curso de Administração? Assim, para responder a problemática apresentada, para diminuir essa escassez na literatura sobre o tema no Brasil e para contribuir com a esfera social e institucional, estabelece-se como objetivo deste trabalho analisar a relação entre as variáveis sociodemográficas com a prevalência da SB dos discentes do curso de Administração de uma Ifes no semiárido do Nordeste brasileiro. Para tanto, foi necessário: 1) Mensurar o nível de prevalência de burnout nos alunos do curso de administração da Ifes, 2) Identificar as variáveis sociodemográficas sexo, quantidade de filhos e estado civil e 3) Relacionar as variáveis sociodemográficas identificadas com o nível de prevalência da SB.
O presente trabalho estrutura-se com os seguintes itens: introdução, conceito, dimensões, fatores relacionados à SB, métodos utilizados e resultados encontrados a partir dos instrumentos utilizados. Por fim, são apresentadas as conclusões, as recomendações de posteriores estudos e as referências bibliográficas utilizadas.
Estudos apontam que a prevalência da SB pode estar associada a fatores sociodemográficos, como o sexo do indivíduo, o seu estado civil e se ele possui ou não filhos. Os tópicos a seguir farão uma explanação dos resultados das pesquisas que investigaram a relação da síndrome com essas causas. Contudo, vale salientar que, devido à escassez de estudos realizados com discentes para as variáveis estado civil e quantidade de filhos, optou-se, para incrementar essa revisão, por incluir análises realizadas também com docentes e/ou outros grupos ocupacionais.
Campos et al. (2012) realizaram um estudo com o objetivo de estimar a prevalência da SB em 300 estudantes de odontologia da Faculdade de Odontologia de Araraquara – Unesp, no qual foi utilizado o MBI-SS como instrumento de coleta. Nessa pesquisa, identificou-se que há maior prevalência da SB e dos seus componentes nos discentes do sexo masculino.
Em complemento, Lopez et. al. (2017) realizaram um estudo que teve como objetivo principal analisar as relações entre as características sociodemográficas, o burnout acadêmico e o bem-estar psicológico em estudantes universitários em uma Universidade da cidade de Barranquilla. Propuseram uma abordagem quantitativa e um tipo de pesquisa descritivo-correlacional. O instrumento utilizado para medir o burnout acadêmico foi a Escala Unidimensional de Burnout Estudantil (EUBE), em uma população de 452 sujeitos. De acordo com os resultados, em relação ao sexo, os homens contam com uma maior tendência de sofrer a síndrome do burnout acadêmico.
Por sua vez, Pinto et al. (2018) fizeram uma revisão integrativa sobre a prevalência e os fatores associados ao burnout em estudantes de odontologia, de medicina e de enfermagem. Para tanto, buscaram na base de dados Pubmed em 2017. Essa pesquisa possibilitou identificar que, apesar de não terem sido encontradas diferenças significativas relacionadas ao sexo, os homens apresentaram escores de Reduzida Eficácia Profissional maiores do que as mulheres.
Os resultados desses estudos (CAMPOS et al., 2012; LOPEZ et al., 2017; PINTO et al., 2018) se justificam pelo fato de as mulheres procurarem ajuda e suporte familiar com mais frequência do que os homens, além de terem um melhor suporte por parte da sociedade. Assim, supõe-se que o fato de elas se sentirem mais à vontade de expressar as suas fraquezas contribui para a não intensificação da síndrome.
Em contraponto, Meyer et al. (2012) realizaram um estudo com o objetivo de analisar a qualidade de vida e o estresse ocupacional em estudantes de medicina matriculados no último ano de internato. A amostra foi composta por 302 internos de universidades públicas e privadas de Santa Catarina, os quais responderam a um questionário autoaplicável.
Por meio dessa avaliação, foi possível identificar que, em relação às dificuldades em conciliar o internato com o estudo, o sexo feminino apresenta mais dificuldade com a dedicação integral, quando comparadas com os homens. As mulheres apresentam uma maior dificuldade em administrar o seu tempo e em cumprir a elevada carga de atividades universitárias. Consequentemente, maior predisposição delas ao estresse e à depressão no trabalho. Essa investigação identificou maiores escores no sexo masculino em relação ao domínio psicológico. No mais, evidenciou que as mulheres tendem a sofrer mais com estressores psicológicos como a depressão, o luto, a ansiedade e a tristeza.
Aguiar, Aguiar e Merces (2018) também realizaram um estudo com o objetivo de descrever a prevalência da SB em estudantes de medicina da Universidade do Estado da Bahia (UNEB) do 1° ao 8° semestres. A ideia era verificar se há variáveis sociodemográficas, acadêmicas e psicossociais associadas à síndrome. Aplicou-se um questionário para levantamento dessas causas, além do MBI-SS. O resultado vai ao encontro ao de Meyer et al. (2012), posto que nele foi observada uma maior prevalência de SB em alunas.
Contudo, com o objetivo de compilar e de sistematizar a informação relativa à SB em estudantes de medicina para perceber qual o estado da arte e aumentar a consciencialização nas escolas médicas, Gonçalves (2016) realizou um trabalho que apresentou outro resultado. O estudo utilizou a base de dados Pubmed para pesquisar artigos publicados nos últimos dez anos, a partir dos seguintes termos de busca: Burnout; Burnout Syndrome; Medicine; Students; Portuguese. A autora desse estudo afirmou que a associação do burnout com o sexo não é clara, pois surgem dados contraditórios em diferentes estudos. Em alguns deles, há maior prevalência no sexo masculino, em outros, a SB prevalece entre as mulheres. Existiam, ainda, resultados em que há ausência de diferença estatisticamente significativa entre ambos.
Em síntese, não há consenso nos estudos apresentados quanto à prevalência da síndrome ser maior em homens ou em mulheres. Essa falta de consenso justifica a necessidade de verificar se há diferença significativa na prevalência. Pelo exposto, estabeleceram-se as seguintes hipóteses:
H1: A prevalência de exaustão emocional difere para as discentes do sexo feminino em relação aos do masculino.
H2: A prevalência de descrença difere para as discentes do sexo feminino em relação aos do masculino.
H3: A prevalência de reduzida eficácia profissional difere para as discentes do sexo feminino em relação aos do masculino.
Em sua dissertação de mestrado, Gonçalves (2016) aponta que os estudantes de medicina solteiros apresentam níveis de exaustão emocional e burnout significativamente superiores em relação aos casados. De forma similar, estudos realizados com profissionais de saúde (SÁ; SILVA; FUNCHAL, 2014; PANTOJA, 2017) também apresentaram os mesmos resultados, ressaltando que a prevalência da SB é maior entre os solteiros ou separados, ou seja, entre aqueles que não são casados ou vivem em união estável. Tais resultados sugerem que os casados ou em união estável podem experimentar sentimentos de responsabilidade na família, além do apoio emocional, o que resulta em uma maior resistência ao burnout.
Em contraponto, Aguiar, Aguiar e Merces (2018), com base em evidências empíricas extraídas de um estudo realizado com 216 estudantes de medicina da UNEB, afirmam que ocorre uma maior prevalência da síndrome em discentes casados. Em concordância com esses dados, Carlotto (2011) verificou que os professores das escolas da região metropolitana de Porto Alegre – RS que não tem companheiro fixo possuem maior realização no trabalho. Sendo assim, os docentes casados também apresentam uma maior predisposição a desenvolver a síndrome.
Diferente dos achados nos estudos apresentados anteriormente, Carlotto e Palazzo (2006) e Santos (2015) evidenciaram que não há diferenças significativas em nenhuma das dimensões da SB em relação à variável demográfica estado civil. Vale salientar que esses dois estudos não foram realizados com discentes, mas sim com com professores. Resaltamos que, até o momento, não se tem conhecimento de resultados desse tipo de pesquisa realizada com estudantes.
Em síntese, os dois estudos realizados com discentes (GONÇALVES, 2016; AGUIAR; AGUIAR; MERCES, 2018), em complemento aos demais feitos com trabalhadores, que relacionaram o estado civil com as SB, também apresentam resultados inconclusivos. Dessa forma, para efeito deste artigo, fixam-se as hipóteses de que:
H4: A prevalência de exaustão emocional difere para os discentes solteiros/divorciados/viúvos em relação aos casados/em união estável.
H5: A prevalência de descrença difere para os discentes solteiros/divorciados/viúvos em relação aos casados/em união estável.
H6: A prevalência de reduzida eficácia profissional difere para os discentes solteiros/divorciados/viúvos em relação aos casados/em união estável.
Viana et al. (2014) realizaram um estudo com o objetivo de determinar a prevalência da SB e as suas dimensões. Avaliaram a sua relação com o transtorno de ansiedade e com percepção do nível de qualidade de vida entre os estudantes de ciências da saúde de uma instituição de ensino superior de Montes Claros-MG. Participaram 352 alunos, os quais responderam aos seguintes instrumentos: MBI-SS, Inventário de Ansiedade Traço-Estado, WHOQOL-Bref, Critério de Classificação Econômica Brasil e Questionário demográfico-socioeconômico. Assim, observou-se uma menor chance de ocorrer SB entre os discentes que declararam ter filhos. Os autores justificam esse resultado por acreditarem que o ato de cuidar do filho pode ser caracterizado como uma fonte de gratificação e de uma melhor delimitação temporal dos agentes estressores acadêmicos.
Em adição, Aguiar, Aguiar e Merces (2018) observaram que há uma maior prevalência da síndrome entre aqueles estudantes que não possuem filhos. Da mesma forma, em um estudo realizado com profissionais de enfermagem, identificou-se que pessoas que não possuem filhos estão associadas negativamente à dimensão exaustão emocional (SÁ; SILVA; FUNCHAL, 2014).
De forma similar, Carlotto e Palazzo (2006), com base em uma pesquisa realizada em Porto Alegre-RS, concluiram que professores com filhos apresentaram menores níveis de burnout nas três dimensões. Em outro estudo de mesmo âmbito, Carlotto (2011) confirma que docentes sem filhos têm mais exaustão emocional e despersonalização do que os que são pais. No entanto, diferente da sua análise anterior, ela identificou que esses profissionais que têm filhos apresentam menor realização no trabalho.
Em síntese, os resultados dos cinco estudos apresentados, sendo desses apenas dois especificamente realizados com discentes, sinalizaram que indivíduos que possuem filhos têm menores chances de desenvolver a SB. Dentre eles, apenas em uma pesquisa, os resultados indicaram que os sujeitos que têm filhos apresentam uma menor realização no trabalho. Assim, diante desses resultados apresentados, determina-se a hipótese de que:
H7: A prevalência de exaustão emocional difere para os discentes que possuem filhos em relação aos que não possuem.
H8: A prevalência de descrença difere para os discentes que possuem filhos em relação aos que não possuem.
H9: A prevalência de reduzida eficácia profissional difere para os discentes que possuem filhos em relação aos que não possuem.
Para o alcance dos objetivos propostos, foi realizado um estudo descritivo de abordagem quantitativa e delineamento transversal, com discentes do curso de Administração de uma Ifes localizada no Semiárido do Nordeste Brasileiro.
Os dados referentes aos discentes foram fornecidos pela secretaria do curso com base nos critérios descritos. O tamanho da amostra foi calculado considerando-se o total de 424 estudantes de Administração, regularmente matriculados, no primeiro semestre de 2018. Desse total, 189 alunos, de todos os períodos, compuseram a amostra. Esse número é considerado representativo de acordo com o método baseado no nível de confiança de 95% e erro de estimação de 6% (RICHARDSON, 2014).
O instrumento aplicado para mensurar as dimensões da SB foi o Maslach Burnout Inventory-Student Survey (MBI-SS), acrescido das questões referentes ao sexo, ao estado civil e ao número de filhos dos participantes. Utilizou-se a versão proposta por Carlotto e Câmara (2006), uma versão específica para estudantes que foi traduzida e adaptada para o uso no Brasil a partir do instrumento elaborado por Schaufeli et al. (2002). Tal instrumento é composto por 15 afirmações sobre sentimentos e atitudes que englobam os três aspectos fundamentais do burnout: a Exaustão Emocional (EE), a Descrença (DE) e a Reduzida Eficácia Profissional.
Com relação à análise dos dados, após o recolhimento dos questionários, codificaram-se os itens e tabularam-se as questões no Excel. A segunda etapa foi realizar o processamento dos dados no software estatístico IBM Statistical Package for the Social Sciences (SPSS) 24.0.
Na sequência, foi feita a análise de confiabilidade do instrumento (MBI-SS) por meio do alfa de Cronbach e encontrado os seguintes valores: EE (α = 0,800), DE (α = 0,742) e REP (α = 0,741). Pelo exposto, os dados obtidos via MBI-SS apresentam uma confiabilidade admissível, tendo em vista que o valor aceitável para o alfa de Cronbach é 0,70 (MAROCO; GARCIA-MARQUES, 2006).
Para avaliar se a distribuição é normal, foi utilizado o teste de Kolmogorov-Smirnov (KS), apresentando os seguintes valores de significância: EE (ρ = 0,272), DE (ρ = 0,472) e REP (ρ = 0,094) obtendo um total de ρ = 0,387. Considerando-se que todos esses números estão acima de 0,05, pode-se afirmar que os dados dessa pesquisa apresentam uma distribuição normal.
Como nesse último, a distribuição foi caracterizada como normal para todas as dimensões da SB. Em seguida, aplicou-se o teste t de student, sendo utilizado para identificar se houve variação entre o nível de burnout em cada grupo de fatores. Para tanto, cada variável foi dividida em dois grupos: sexo (masculino e feminino), estado civil (solteiro/divorciado/viúvo e casado/em união estável), e filhos (possui ou não possui).
De acordo com Larson e Farber (2016), o teste t é de hipótese baseado em duas amostras. Ele pode ser utilizado para testar a diferença entre duas médias populacionais. A hipótese nula (Hₒ) é uma possibilidade estatística que normalmente afirma que não há diferença entre os parâmetros de duas populações. Já a hipótese alternativa (Hₐ) é uma suposição estatística que é verdadeira quando Hₒ é falsa. Se α < 0,050, a hipótese alternativa é aceita, ou seja, há variação entre as médias populacionais. Se α > 0,050, mantém a nula e não há diferenças entre os grupos. Neste estudo, o teste t foi utilizado para identificar se houve variação entre o nível de burnout em cada grupo de fatores. A fim de sequenciar o teste t, elaboraram-se as seguintes hipóteses para nortear o estudo:
Hipóteses |
H1: A prevalência de exaustão emocional difere para os discentes do sexo feminino em relação aos do masculino. |
H2: A prevalência de descrença difere para os discentes do sexo feminino em relação aos do masculino. |
H3: A prevalência de reduzida eficácia profissional difere para os discentes do sexo feminino em relação aos do masculino. |
H4: A prevalência de exaustão emocional difere para os discentes solteiros/divorciados/viúvos em relação aos casados/em união estável. |
H5: A prevalência de descrença difere para os discentes solteiros/divorciados/viúvos em relação aos casados/em união estável. |
H6: A prevalência de reduzida eficácia profissional difere para os discentes solteiros/divorciados/viúvos em relação aos casados/em união estável. |
H7: A prevalência de exaustão emocional difere para os discentes que possuem filhos em relação aos que não possuem. |
H8: A prevalência de descrença difere para os discentes que possuem filhos em relação aos que não possuem. |
H9: A prevalência de reduzida eficácia profissional difere para os discentes que possuem filhos em relação aos que não possuem. |
Quadro 1 – Hipóteses da pesquisa
Fonte: Dados da pesquisa (2018).
3. Apresentação e Análise dos Dados
Os resultados mostraram uma leve predominância do sexo feminino com 55%. 75% dos participantes são solteiros, 21,3%, casados ou possuem união estável, 3,2%, divorciados e apenas 0,5 são viúvos. Observa-se um predomínio de estudantes que não possui filhos: 88,4%.
Os resultados de uma análise acerca da prevalência da SB mostram que, dentre os discentes investigados, apenas 8,5% deles assinalam baixo nível em todas as três dimensões e 31,2% apresentam alto nível em apenas uma. No entanto, 50,2% dos alunos indicam alto nível em duas dimensões e 10,1% apontam alto nível nas três. Chama-se atenção, principalmente, para os altos índices de estudantes que se encontram emocionalmente exaustos, correspondendo a 66,1%, como também daqueles que se acham em uma reduzida eficácia profissional com um número de 71,4%.
A partir da análise das três dimensões, pode-se afirmar que a tendência para prevalência de SB nos discentes do curso de Administração está consideravelmente alta, baseando-se nos achados da pesquisa (Exaustão = 66,1%; reduzida eficácia profissional = 71,4%), ou seja, eles estão com elevada propensão para desenvolver tal adoecimento mental.
No que se refere à variável sexo, identificaram-se diferenças no comparativo de médias entre os grupos. As mulheres apresentaram uma média maior do que a dos homens, conforme demonstra a Tabela 3. Elas apresentaram um maior nível de significância na dimensão EE (α = 0,026) que, consequentemente, interferiu no total (α = 0,049). Isso indica que elas se sentem mais exaustas emocionalmente do que os homens e, com isso, podem ter mais chances de desenvolver a SB.
|
Teste de Levene |
Teste t para igualdade de médias |
||||||||
F |
Sig. |
T |
Gl |
Sig. (2-ext.) |
Diferença de médias |
Diferença de erro padrão |
Intervalo de Confiança da Diferença de 95% |
|||
Inf. |
Sup. |
|||||||||
EE |
* |
,062 |
,803 |
-2,239 |
187 |
,026 |
-1,967 |
,879 |
-3,701 |
-,234 |
** |
-2,230 |
176,675 |
,027 |
,882 |
-3,708 |
-,226 |
||||
DE |
* |
1,170 |
,281 |
-,207 |
187 |
,836 |
-,183 |
,884 |
-1,928 |
1,561 |
** |
-,209 |
183,715 |
,835 |
,878 |
-1,916 |
1,549 |
||||
REP |
* |
2,883 |
,091 |
-1,178 |
187 |
,240 |
-,983 |
,834 |
-2,628 |
,663 |
** |
-1,156 |
163,135 |
,249 |
,850 |
-2,661 |
,695 |
||||
Total |
* |
,151 |
,698 |
-1,983 |
187 |
,049 |
-3,133 |
1,580 |
-6,250 |
-,017 |
** |
-1,994 |
182,786 |
,048 |
1,572 |
-6,234 |
-,033 |
Variâncias iguais assumidas*; Variâncias iguais não assumidas**
Tabela 1 – Teste t para amostras independentes – Variável sexo dos discentes
Fonte: Dados da pesquisa (2018)
No que diz respeito à variável estado civil, não foi identificada diferença significativa entre as duas médias populacionais, conforme demonstrado na Tabela 4. Esse fator evidencia que o fato dos discentes estarem casados ou solteiros não influencia no desenvolvimento da síndrome.
|
Teste de Levene |
Teste t para igualdade de médias |
||||||||
F |
Sig. |
T |
Gl |
Sig. (2-ext.) |
Diferença de médias |
Diferença de erro padrão |
Intervalo de Confiança da Diferença de 95% |
|||
Inf. |
Sup. |
|||||||||
EE |
* |
,000 |
,993 |
-,859 |
187 |
,391 |
-,872 |
1,016 |
-2,876 |
1,131 |
** |
-,871 |
83,361 |
,386 |
1,001 |
-2,864 |
1,119 |
||||
DE |
* |
,721 |
,397 |
-,435 |
187 |
,664 |
-,439 |
1,010 |
-2,433 |
1,554 |
** |
-,419 |
76,421 |
,676 |
1,048 |
-2,527 |
1,648 |
||||
REP |
* |
,822 |
,366 |
-,451 |
187 |
,653 |
-,431 |
,956 |
-2,318 |
1,455 |
** |
-,440 |
77,955 |
,661 |
,980 |
-2,383 |
1,520 |
||||
Total |
* |
,701 |
,404 |
-,958 |
187 |
,339 |
-1,743 |
1,820 |
-5,333 |
1,847 |
** |
-,926 |
76,817 |
,357 |
1,882 |
-5,491 |
2,005 |
Variâncias iguais assumidas*; Variâncias iguais não assumidas**
Tabela 2 – Teste t para amostras independentes – Variável estado civil dos discentes do semestre 2017.2
Fonte: Dados da pesquisa (2018).
Com relação ao fato de possuir filhos ou não, os resultados mostraram que houve diferença entre os grupos no comparativo de médias. Os discentes que possuem filhos, independentemente da quantidade, apresentaram um maior nível de significância na dimensão REP (α = 0,022), conforme pode ser visto na Tabela 5. Isso indica que os estudantes que já são pais possuem um nível de reduzida eficácia profissional mais elevado e, consequentemente, uma maior probabilidade de desenvolver a síndrome frente àqueles que não têm filhos.
|
Teste de Levene |
Teste t para igualdade de médias |
||||||||
F |
Sig. |
T |
Gl |
Sig. (2-ext.) |
Diferença de médias |
Diferença de erro padrão |
Intervalo de Confiança da Diferença de 95% |
|||
Inf. |
Sup. |
|||||||||
EE |
* |
1,176 |
,280 |
,448 |
187 |
,655 |
,618 |
1,380 |
-2,105 |
3,341 |
** |
,401 |
25,320 |
,692 |
1,543 |
-2,557 |
3,793 |
||||
DE |
* |
,126 |
,723 |
1,201 |
187 |
,231 |
1,642 |
1,367 |
-1,055 |
4,338 |
** |
1,136 |
26,021 |
,266 |
1,445 |
-1,328 |
4,612 |
||||
REP |
* |
1,551 |
,214 |
-2,318 |
187 |
,022 |
-2,968 |
1,281 |
-5,495 |
-,442 |
** |
-2,724 |
30,120 |
,011 |
1,090 |
-5,194 |
-,743 |
||||
Total |
* |
4,567 |
,034 |
-,286 |
187 |
,775 |
-,708 |
2,476 |
-5,592 |
4,175 |
** |
-,235 |
24,408 |
,816 |
3,018 |
-6,932 |
5,515 |
Variâncias iguais assumidas*; Variâncias iguais não assumidas**
Tabela 3 - Teste t para amostras independentes – Variável filhos dos discentes do semestre 2017.2
Fonte: Dados da pesquisa (2018)
Com base no teste t, utilizado para identificar se houve diferenças estatísticas entre duas médias populacionais, foi observado que, em relação às variáveis sexo e filhos, as hipóteses foram confirmadas apenas parcialmente para uma ou outra dimensão da SB. Enquanto para a variável estado civil, as hipóteses não foram confirmadas. A síntese desses resultados está apresentada no Quadro 2.
Hipóteses |
Status |
H1: A prevalência de exaustão emocional difere para os discentes do sexo feminino em relação aos do masculino. |
Confirmada |
H2: A prevalência de descrença difere para os discentes do sexo feminino em relação aos do masculino. |
Não confirmada |
H3: A prevalência de reduzida eficácia profissional difere para os discentes do sexo feminino em relação aos do masculino. |
Não confirmada |
H4: A prevalência de exaustão emocional difere para os discentes solteiros/divorciados/viúvos em relação aos casados/em união estável. |
Não confirmada |
H5: A prevalência de descrença difere para os discentes solteiros/divorciados/viúvos em relação aos casados/em união estável. |
Não confirmada |
H6: A prevalência de reduzida eficácia profissional difere para os discentes solteiros/divorciados/viúvos em relação aos casados/em união estável. |
Não confirmada |
H7: A prevalência de exaustão emocional difere para os discentes que possuem filhos em relação aos que não possuem. |
Não confirmada |
H8: A prevalência de descrença difere para os discentes que possuem filhos em relação aos que não possuem. |
Não confirmada |
H9: A prevalência de reduzida eficácia profissional difere para os discentes que possuem filhos em relação aos que não possuem. |
Confirmada |
Quadro 2 – Síntese dos resultados dos testes de hipóteses
Fonte: Dados da pesquisa (2018)
A variável sexo apresentou uma diferença estatística na dimensão exaustão emocional. Em complemento, na variável filhos, foi identificado um maior nível de significância na dimensão reduzida eficácia profissional. Em contraponto, os grupos populacionais, em relação à variável estado civil, não apresentaram variação para nenhuma das dimensões da SB. Isso significa que os fatores sexo e filhos foram identificados como associados ao desenvolvimento e à prevalência da SB, mas não apresentam associação com o fator estado civil.
3.2. Discussões
A variável sexo apresentou-se como fator relacionado com a exaustão emocional. Esse resultado demonstra que as mulheres apresentaram uma maior propensão a desenvolver a SB do que os homens, corroborando as pesquisas de Carlotto (2011), Meyer et al. (2012), Santos (2015), Fernandes, Nitsche e Godoy (2018), Aguiar, Aguiar e Merces (2018). Esse achado difere dos resultados descritos por Carlotto e Palazzo (2006), os quais afirmam a ausência de diferenças estatisticamente significativas com relação ao sexo, e dos estudos de Campos et al. (2012) e Carlotto (2002), que asseguram que o sexo masculino é mais vulnerável à SB do que o feminino.
O fato de as mulheres sentirem-se mais exaustas emocionalmente do que os homens pode ser devido à pressão sofrida por elas para cuidar dos filhos, dos afazeres domésticos e, muitas vezes, ter que conciliar essas tarefas com o trabalho e/ou o estudo. Assim, o papel da mulher na sociedade geralmente apresenta mais ônus do que o dos homens. A elevação da exaustão emocional nelas pode ser interpretada também pela questão afetiva vinculada ao feminino, posto que isso requer um envolvimento maior delas com o cuidado, a alimentação e a preocupação com o bem-estar de outras pessoas (CARLOTTO, 2011).
A variável filhos apresentou-se como fator associado à reduzida eficácia profissional. Assim, aqueles discentes que possuem filhos apresentaram uma maior prevalência nessa dimensão, confirmando o estudo de Carlotto (2011). Diferente desse achado, Carlotto e Palazzo (2006) e Viana et al. (2014), Sá, Silva e Funchal (2014) e Aguiar, Aguiar e Merces (2018) afirmaram que pessoas com filhos têm menores chances de adquirir a SB. O resultado dessa pesquisa em que os indivíduos que possuem filhos têm uma maior predisposição à SB pode ser explicado pelo fato de os estudantes terem de dedicar a maior parte do seu tempo à prole, sobrando pouco para as demais atividades de vida diária. Isso pode fazer com que o sujeito se sinta incompetente e não realizado em sua vida pessoal ou profissional.
Por outro lado, a variável estado civil não se apresentou como fator associado a nenhuma das dimensões da SB. No entanto, ressalta-se aqui a necessidade de investigações mais profundas para que seja possível explicar e/ou validar os resultados encontrados nesse estudo.
No que se refere à variável estado civil, tal resultado concorda com os estudos de Carlotto e Palazzo (2006) e Santos (2015). Porém, Carlotto (2011) e Aguiar, Aguiar e Merces (2018) verificaram que sujeitos casados possuem maiores chances de desenvolver a síndrome. Já os autores Sá, Silva e Funchal (2014) e Pantoja (2017) mostraram que estudantes solteiros apresentaram maior prevalência da síndrome.
Por fim, vale salientar que as características sociodemográficas do indivíduo, como o seu sexo e se possui filhos não, são por si mesmas desencadeantes do fenômeno, mas facilitadoras ou inibidoras da ação dos agentes estressores. No entanto, essa indicação concorda com os resultados apresentados nesse estudo, os quais evidenciam que determinadas características sociodemográficas podem influenciar no aparecimento da SB, como o fato de ser mulher e de possuir filhos.
Em suma, pode-se afirmar que o presente estudo revela a necessidade de realização de mais pesquisas sobre a SB e a busca de fatores associados ao seu desenvolvimento, conferindo maior relevância ao tema. Afinal, mesmo se apresentando com importante repercussão social, ainda é um campo pouco explorado em termos de investigações.
Esses resultados sugerem a necessidade de ações preventivas que possam atenuar os sintomas identificados. A busca pelo bem-estar, pela saúde física e mental e pela melhoria da qualidade de vida no ambiente universitário são ações essenciais para reduzir o sofrimento psíquico dos discentes. Também devem ser considerados pelas universidades criar unidades de atenção e de apoio aos estudantes. Além disso, é fundamental desenvolver metodologias de ensino que possibilitem, em especial às alunas e aos estudantes com filhos, a conciliação dos seus estudos com seus outros afazeres, prevenindo, assim, o surgimento de doenças nos futuros trabalhadores.
Portanto, a síndrome de burnout pode ser evitada, desde que os professores, os estudantes e também a sociedade trabalhem em conjunto para elaborar atividades preventivas contra fatores de risco e contra o estresse crônico. A partir de mudanças na estrutura institucional, é possível melhorar as relações entre as pessoas, por meio de palestras e de treinamentos com docentes e com o alunado na intenção de informá-los e orientá-los sobre a doença. O professor, ao exercer o papel de educador, pode se tornar uma importante peça na prevenção e na detecção precoce do sofrimento psíquico dos alunos e das alunas, afinal, ele está em constante interação com seus discípulos.
As limitações da pesquisa concentram-se no recorte transversal do estudo, investigando-se um curso específico de uma Ifes do Nordeste brasileiro. Acerca das sugestões para pesquisas futuras, almejamos que novos estudos sejam realizados com indivíduos de diversos cursos e em distintas instituições de ensino superior. Só assim poderemos conhecer e avaliar melhor os fatores que contribuem para o surgimento do burnout. É interessante que sejam feitos novos estudos envolvendo discentes de instituições privadas ou até mesmo de pós-graduação.
Ademais, é importante a realização de novas pesquisas, sobretudo qualitativas, que busquem aprofundar a investigação dos fatores desencadeantes ou associados à SB entre os demais estudantes. A continuidade dos estudos contribuirá para identificação precoce, para a prevenção e para o tratamento da síndrome.
AGUIAR, Ramon Lucas Bomfim de; AGUIAR, Márcia Cristina Maciel de; MERCÊS, Magno Conceição das. Síndrome de burnout em estudantes de medicina de Universidade da Bahia. Revista Psicologia, Diversidade e Saúde, v.7, n.2, p.267-276, 2018.
BARLEM, Jamila Tomaschewski et al. Manifestações da síndrome de burnout entre estudantes de graduação em enfermagem. Texto & Contexto Enfermagem, v.22, n.3, p.754-762, 2013.
CAMPOS, Juliana Alvares Duarte Bonini et al. Síndrome de burnout em graduandos de Odontologia. Revista Brasileira de Epidemiologia, v.15, n.1, p.155-165, 2012.
CARLOTTO, Mary Sandra. Síndrome de burnout em professores: prevalência e fatores associados. Psicologia: Teoria e Pesquisa, v.27, n.4, p.403-410, 2011.
CARLOTTO, Mary Sandra. A síndrome de burnout e o trabalho docente. Psicologia em Estudo. v.7, n.1, p.21-29, 2002.
CARLOTTO, Mary Sandra; CÂMARA, Sheila Gonçalves. Características psicométricas do Maslach Burnout Inventory. Student Survey (MBI-SS) em estudantes universitários brasileiros. Psico-USF, v.11, n.2, p.167-173, 2006.
CARLOTTO, Mary Sandra; PALAZZO, Lílian dos Santos. Síndrome de burnout e fatores associados: um estudo epidemiológico com professores. Cadernos de Saúde Pública, v.22, n.5, p.1017-1026, 2006.
DELALATA, Amanda Giomo et al. Sindrome de burnout em estudantes acadêmicos: uma necessidade de atenção. Archives of Health Investigation, v. 5, 2016.
FERNANDES, Larissa Santi; NITSCHE, Maria José Trevizani; GODOY, Ilda de. Associação entre síndrome de burnout, uso prejudicial de álcool e tabagismo na enfermagem nas UTIs de um hospital universitário. Revista Ciência e Saúde Coletiva, v. 23, n.1, p.203-214, 2018.
FIGUEIREDO-FERRAZ, Hugo; CARDONA, Sara; GIL-MONTE, Pedro. Desgaste psíquico e problemas de saúde em estudantes de psicologia. Psicologia em Estudo, v.14, n.2, p.349-353, 2009.
FOGAÇA, Monalisa de Cássia et al. Burnout em estudantes de psicologia: diferenças entre alunos iniciantes e concluintes. Aletheia, n.38-39, p.124-131, 2012.
GONÇALVES, Catarina Isabel Ramos Vilas Boas. Síndrome de burnout em estudantes de medicina. 31f. Dissertação (Mestrado Integrado em Medicina) – Instituto de Ciências Biomédicas Abel Salazar. Universidade do Porto, Portugal, 2016.
GOULART, Carolina Tonini et al. Estresse e síndrome de burnout em discentes de enfermagem. 52f. Dissertação (Mestrado em Enfermagem) - Centro de Ciências da Saúde, Programa de Pós-Graduação em Enfermagem. Universidade Federal de Santa Maria. Santa Maria, RS, 2014.
LARSON, Ron; FARBER, Betsy. Estatística aplicada. 6 ed. São Paulo: Pearson Education do Brasil, 2016.
LOPES, Fernanda Luzia; GUIMARÃES, Gisele Soares. Estudo da síndrome de burnout em estudantes de Psicologia. Psicologia Ensino & Formação, v.7, n.1, p.40-58, 2016.
LÓPEZ, Hilda Helena Estrada et al. Burnout académico y su relación con el bienestar psicológico en estudiantes universitarios. Revista Espacios. v.39, n.5, p.7-23, 2018.
LLORENT, Vicente J.; RUIZ-CALZADO, Inmaculada. El Burnout y las variables sociodemográficas en los profesionales de la educación que trabajan con personas con discapacidad en Córdoba (España). Revista Ciência e Saúde Coletiva, n.21, v.10, p.3287-3295, 2016.
MAROCO, João; GARCIA-MARQUES, Teresa. Qual a fiabilidade do alfa de Cronbach? Questões antigas e soluções modernas?. Laboratório de Psicologia, v.4, n.1, p.65-90, 2006.
MEYER, Carolina et al. Qualidade de vida e estresse ocupacional em estudantes de medicina. Revista Brasileira de Educação Médica, v.36, n.4, p.489-498, 2012.
MOTA, Íris Dantas da et al. Síndrome de burnout em estudantes universitários: um olhar sobre as investigações. Motrivivência, v.29, p.243-256, 2017.
PANTOJA, Fábio Gian Braga et al. Avaliação do burnout em trabalhadores de um hospital universitário do município de Belém (PA). Saúde em Debate, v.41, n.especial, p.200-214, 2017.
PELEIAS, Ivam Ricardo et al. A síndrome de burnout em estudantes de ciências contábeis de IES privadas: pesquisa na cidade de São Paulo. Revista de Educação e Pesquisa em Contabilidade, v.11, n.1, p.30-51, 2017.
PINTO, Priscilla Sarmento et al. Síndrome de burnout em estudantes de odontologia, medicina e enfermagem: uma revisão da literatura. Revista Família, Ciclos de Vida e Saúde no Contexto Social, v.6, n.2, p.238-248, 2018.
PORCIUNCULA, Alice Mariz et al. Síndrome de burnout em gerentes de atenção primária em saúde. Dissertação apresentada com vistas à obtenção do título de Mestre Modalidade Profissional em Saúde Pública. Fundação Oswaldo Cruz - FIOCRUZ. Rio de Janeiro, 2015.
RICHARDSON, Roberto Jarry. Pesquisa social: métodos e técnicas. São Paulo: Atlas, 2014.
DE SÁ, Adriana Müller Saleme; DE OLIVEIRA MARTINS-SILVA, Priscilla; FUNCHAL, Bruno. Burnout: o impacto da satisfação no trabalho em profissionais de enfermagem. Psicologia e Sociedade, v.26, n.3, p.664-674, 2014.
SANTOS, Tiago Nunes Carneiro dos. Burnout e comprometimento organizacional em professores universitários. 128f. Dissertação (Mestrado em Psicologia) – Faculdade de Ciências Humanas e Sociais – Universidade Fernando Pessoa. Porto, Portugal, 2015.
SCHAUFELI, Wilmar B. et al. Burnout and engagement in university students. A Cross National Study, v.33, n.5, p.464-481, 2002.
SCHUSTER, Marcelo da Silva; DIAS, Valéria da Veiga. Oldenburg Burnout Inventory – validação de uma nova forma de mensurar Burnout no Brasil. Revista Ciência e Saúde Coletiva, n.23, v.2, p.553-562, 2018.
SILVA, Jorge Luiz Lima da et al. Aspectos psicossociais e síndrome de burnout entre trabalhadores de enfermagem intensivistas. 153f. Tese (Doutorado em Ciências na área de Saúde Pública)-Fundação Oswaldo Cruz-FIOCRUZ. Escola Nacional de Saúde Pública Sérgio Arouca-ENSP, 2015.
VIANA, Gustavo Magalhães et al. Relação entre síndrome de burnout, ansiedade e qualidade de vida entre estudantes de ciências da saúde. Revista da Universidade Vale do Rio Verde, v.12, n.1, p.876-885, 2014.
SOBRE AS AUTORAS
AGOSTINHA MAFALDA BARRA DE OLIVEIRA é doutora em Psicologia Social e Antropologia das Organizações pela Universidad de Salamanca e professora da Universidade Federal Rural do Semi-Árido
E-Mail: agostinhamafalda@ufersa.edu.br
JULIANA CARVALHO DE SOUSA é doutoranda em Administração na Universidade Potiguar.
E-Mail: juli.cs1009@gmail.com
JOYCE SILVA SOARES DE LIMA é graduada em Administração na Universidade Federal Rural do Semi-Árido – UFERSA.
E-Mail: joycessdl@hotmail.com
Recebido em: 13.09.2019
Aceito em: 11.11.2019
Movimento-Revista de Educação, Niterói, ano 7, n.12, p. 324-344, jan/abr. 2020.