INTERNET, PANDEMIAS E FORMAÇÃO DE PROFESSORES DE EDUCAÇÃO FÍSICA. Experiências da constituição de subjetividades ativas
Mariel Alejandra Ruiz
Universidad Nacional de Lujan
Lujan, BS, Argentina
Universidad Nacional de Lujan
Lujan, BS, Argentina
DOI: https://doi.org/10.22409/mov.v7i15.45859
RESUMO
Este texto resume parte de uma pesquisa em andamento, sobre as experiências dos estudantes e a produção de conhecimento corporal na formação inicial de professores em Educação Física na Universidade Nacional de Lujan (Argentina), no contexto do atual isolamento social, preventivo e compulsório. É uma análise dos usos da Internet dentro da rede social Facebook (FB), tentando entender como e de que forma seu uso contribui para a formação de subjetividades de ensino. O ponto de partida é uma abordagem crítica da realidade a ser investigada, assumindo a responsabilidade de construir conhecimento como produto do diálogo entre múltiplas perspectivas, posições de significado e verdade. Considerando as postagens de estudantes, professores e outros como discursos que contribuem para a formação de identidades e/ou funções docentes, em um contexto e desde o início de sua carreira (LITWIN, 2005; CASABLANCAS, 2017; MAGGIO, 2018) incluindo a digitalização como um novo cenário para a articulação de conhecimentos e identidades (RUIZ; GANZ; CASABLANCAS; 2020). A observação não participativa tem sido usada como estratégia para coletar informações úteis para a descrição das interações em um grupo fechado de BF. A análise mostrou um uso particular desta plataforma, dando origem a uma multiplicidade de individualidades ativas, que produzem conhecimentos ligados ao ensino, demonstrando a criação de novas identidades de ensino, outras e até mesmo desconhecidas identidades docentes.
Palavras-chave: Internet. Pandemia. Formação de Professores. Subjetividades. Ativas
INTERNET, PANDEMIC AND TEACHER TRAINING IN PHYSICAL
EDUCATION. Experiences of constitution of active subjectivities
ABSTRACT
This text summarizes a section of an ongoing investigation on the experiences of students and the production of bodily knowledge in initial teacher training in Physical Education at the National University of Luján, in the context of current social, preventive and compulsory isolation. It is an analysis of the uses of the Internet within the social network Facebook (FB), trying to understand how and in what way its use contributes to the conformation of teaching subjectivities. It has started from a socio-critical approach to the reality to be investigated, assuming the responsibility of building knowledge as a product of dialogue between multiple perspectives and positions of meaning and truth. Considering the posts of students, teachers and others, as discourses that contribute to the conformation of teacher identities and/or roles, in a context and from the beginning of their career (LITWIN, 2005; CASABLANCAS, 2017; MAGGIO, 2018) including digitality as a new articulating scenario of knowledge and identities (RUIZ; GANZ; CASABLANCAS; 2020). Non-participant observation has been used as a useful information gathering strategy for the description of interactions in a closed group of FB. The analysis has shown a particular use of said platform, giving rise to a multiplicity of active individuals, which produce knowledge linked to teaching, demonstrating the creation of new, other and even unknown teaching identities.
Key-words: Internet. Pandemic. Teacher training. Active Subjectivities.
INTERNET, PANDEMÍA Y FORMACIÓN DOCENTE EN EDUCACIÓN FÍSICA. Experiencias de constitución de subjetividades activas
RESUMEN
Este texto resume un tramo de una investigación en proceso, sobre las experiencias de les estudiantes y la producción de saberes corporales en la formación docente inicial en Educación Física en la Universidad Nacional de Luján, en el contexto de aislamiento social, preventivo y obligatorio actual. Se trata de un análisis sobre los usos de Internet dentro de la red social Facebook (FB) procurando comprender cómo y de qué manera su uso contribuye a la conformación de subjetividades docentes. Se ha partido de un abordaje socio critico de la realidad a investigar, asumiendo la responsabilidad de construir un conocimiento como producto de la dialoguicidad entre múltiples perspectivas y posicionamientos de sentido y de verdad. Considerando a los posteos de les estudiantes, docentes y otres, como discursos que contribuyen a la conformación de las identidades y/o roles docentes, en un contexto y desde el inicio de su carrera (LITWIN, 2005; CASABLANCAS, 2017; MAGGIO, 2018) incluyendo a la digitalidad como un nuevo escenario articulador de saberes e identidades (RUIZ; GANZ; CASABLANCAS, 2020). Se ha utilizado la observación no participante como estrategia de recolección de información útil para la descripción de las interacciones en un grupo cerrado de FB. El análisis ha mostrado un uso particular de dicha plataforma, dando lugar a una multiplicidad de individualidades activas, que producen conocimiento vinculado a la docencia, demostrando la creación de nuevas, otras y hasta desconocidas identidades docentes.
Palabras clave: Internet. Pandemia. Formación Docente. Subjetividades activas.
Introdução
Existem outras formas de pensar, conhecer, imaginar e refletir sobre as experiências de formação inicial de professores em Educação Física? Sobre como os alunos, como encarnações subjetivas, produzem conhecimento? E como e de que forma criam as identidades dos professores? No curso Universitário de Educação Física (PUEF) da Universidade Nacional de Luján, Delegação de San Fernando, desenvolvemos a pesquisa na qual tentamos nos mover da questão de como eles aprendem o conhecimento disciplinar dos assuntos propostos na formação, para nos referirmos a uma experiência de formação, de isolamento, digitalização, e em coexistência com a rede de redes, Internet, já que entendemos que as funções docentes são construídas com outros e em um contexto, desde o início de sua carreira (LITWIN, 2005; CASABLANCAS, 2017; MAGGIO, 2018). Queremos empreender uma tentativa de abordar estas questões, ignorando se podemos responder como elas merecem, mas achamos sugestivo considerar que este interesse cuja preocupação é colocada na experiência, no conhecimento corporal1 e nos discursos e dispositivos que operam em formação (RUIZ, 2019).
A circulação exponencial do vírus COVID-19 produziu uma série de mudanças em cadeia no contexto social, laboral e educacional, entre outros, a partir das quais o sistema educacional em todos os níveis foi obrigado a renunciar à presença para desenvolver todos os processos pedagógicos mediados pelas tecnologias, o que significou mergulhar em uma dimensão diferente daquela a que estamos acostumados, na qual a informação digital (SERRANO, 2020) transforma os ambientes de vida: a digitalidade (CHANONA, 2017).
A formação de professores em geral e em particular a formação de professores em Educação Física, enfrenta o desafio inevitável de incluir entre suas preocupações, curiosidades e possibilidades, as atuais tecnologias de artefatos com a consequente incorporação de conteúdos digitais para formação. Internacionalmente, a questão tecnológica e digital relacionada à educação é um tema de pesquisa amplo e abundante (CARDENAS, 2013; AREA MOREIRA, 2018; PÉREZ, 2018; ABADÍA, 2020) como é na Argentina (MAGGIO, 2012, 2018; SIBILIA 2012; CASABLANCAS, 2017; NECUZZI, 2017; FORESTELLO, 2016; PONCE DE LEÓN, WELSCHINGER LASCANO, 2016).
As propostas didáticas e os variados usos das tecnologias para o ensino em diferentes níveis educacionais e para a formação superior e/ou universitária estão presentes nas diretrizes educacionais da Argentina (Lei Nacional de Educação, 2006; Núcleos de Aprendizagem Prioritária, 2004; Projetos curriculares, 2007, Ministério da Educação, 2017), e as propostas de práticas específicas em relação à Educação Física estão em fase de crescimento (CABRERA RAMOS, 2020; PLAZA MATA, 2013; FERNANDÉZ ESPÍNOLA, LADRÓN DE GUEVARA MORENO, 2015; MONGUILLOT, GONZÁLEZ, GUITERT, 2017; TELLO, MOYA MORALES, LÁZARO CAYUSO, 2018; BARAHONA, GARCÍA, PAÑEGO, 2020).
Em estudos recentes sobre experiências de formação inicial em Educação Física (RUIZ, 2019), a incidência da cultura digital é apresentada como uma preocupação comum, ou seja, a digitalização, como um cenário que articula conhecimento e tecnologia como um conteúdo didático potencial, para a promoção de outras novas práticas de formação em Educação Física (DUSSEL, 2011; RUIZ; GANZ; CASABLANCAS, 2020). Esta preocupação nos convida a rever e refletir sobre os usos da Internet na experiência da formação inicial de professores universitários em Educação Física, levando em conta as possibilidades de conexão e dispositivos, mas partindo da idéia de que a Internet não é uma tecnologia, mas uma "produção cultural", ou seja, expressa uma certa e determinada cultura, valores, crenças e formas de constituição da sociedade (CASTELLS, 2002).
É por isso que nosso objetivo é conhecer os usos da Internet na experiência da formação inicial de professores universitários em Educação Física, mais especificamente no grupo fechado de alunos do PUEF e sua ligação com a construção de uma prática discursiva e uma pedagogia disruptiva do corpo, através da identificação dos discursos que atuam nos postos de trabalho pelos alunos, professores e aquelas organizações com presença marcante que participam do grupo, para refletir sobre essas práticas e, finalmente, contribuir com construções teóricas que contribuam para o aperfeiçoamento, inovação e transformação da didática na formação inicial.
Para tanto, o ponto de partida foi uma abordagem crítica da realidade a ser investigada, assumindo a responsabilidade de construir conhecimento como produto do diálogo entre múltiplas perspectivas e posições de significado e verdade, com objetivo de transformar a realidade formativa. Da perspectiva sócio-construcionista, que como Cotty (1998) argumenta é inspirada pela "geração (e transmissão) coletiva de significado. Este é um campo propício do mundo intersubjetivo compartilhado, a construção social do sentido e do conhecimento (PAZ SANDÍN, 2003), no contexto da instituição formadora, regida pelas convenções da linguagem e seus próprios processos sociais. A partir destas perspectivas, o objetivo é concentrar-se na compreensão de processos específicos nos quais os alunos do PUEF produzem e reproduzem o conhecimento corporal na experiência da formação inicial de professores universitários, e os significados políticos, práticas e horizontes, identidades e demarcações de identidade que são suscitados dentro do ciberespaço. Desta perspectiva, são propostas como técnicas de coleta de provas a observação não participante e a geração de um arquivo visual.
O universo de análise foi moldado pelos usos no Facebook feitos pelos estudantes do PUEF da Universidade Nacional de Luján da Delegação Manuel Belgrano na cidade de San Fernando, Província de Buenos Aires, Argentina. Como se trata de uma proposta de formação inicial, os estudantes são em sua maioria jovens entre 18 e 26 anos, sendo uma condição de entrada a aprovação do nível do Ensino Médio.
Para definir a amostra, foi seguido o critério de não probabilistico, adotando o tipo de amostragem de conveniência (GUTIÉRREZ PÉREZ, 1999), seguindo os seguintes passos: primeiro, foi selecionada uma rede social, selecionando o Facebook como a mais popular de todas as redes sociais. Em seguida procedemos à investigação daqueles espaços formais (FB oficial da UNLu) e informais (Centro Estudantil, movimentos políticos estudantis, FB de consulta estudantil, FB das diferentes disciplinas, entre outros), que estão dentro da FB e que estão ligados à instituição que leciona a carreira de Educação Física UNLu-San Fernando, e nos quais participam os usuários estudantes, para finalmente nos concentrarmos no grupo fechado de estudantes do PUEF; finalmente procedemos à observação não-participante desses espaços, suas dinâmicas e usos. A duração da coleta de provas foi realizada entre os meses de abril e junho de 2020.
1. Cenário Pandêmico e Educação na Argentina
A pandemia produzida pelo coronavírus, mostrou e ampliou as desigualdades sociais e econômicas existentes em todo o mundo, somando-se à perda de vidas humanas. Em relação a nosso país, o governo argentino decidiu desde cedo implementar o isolamento social preventivo e obrigatório em todo o território nacional, o que incluiu a suspensão das atividades comerciais e industriais e, em termos de educação, o fechamento de todos os estabelecimentos em todos os níveis do país, a fim de evitar a propagação do vírus, evitando assim o colapso do sistema de saúde.
O isolamento obrigatório levou à organização massiva de uma proposta educacional e de formação inéditida até o momento, discutindo questões enre ouras questões a denominação para ese tipo de educação, já que temos educação à distância, educação à distância e/ou teletrabalho respondem a formatos e modalidades que são escolhidos e aceitos pelas pessoas envolvidas neles. Esta emergência sanitária sem dúvida destacou as deficiências socioeconômicas, destacando a brecha digital que já existe em nível global e aprofundando as desigualdades educacionais dos setores mais vulneráveis da sociedade.
O relatório de 30 de maio de 2020 da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO) informa que 87% da população estudantil mundial afetada por esta situação (IESALC-UNESCO, 2020) e, da mesma forma, o relatório das Nações Unidas sobre a América Latina e o Caribe sobre o impacto da COVID-19, mostra como a implementação da oferta virtual, deixa de fora mais de 171 milhões de estudantes, aprofundando as desigualdades educacionais a longo prazo (ONU, 2020).
Na Argentina, as respostas foram: a criação do programa "Seguimos Educando" (ARGENTINA, 2020a) para dar continuidade ao plano do sistema educacional nacional, e a criação de vários materiais para famílias e comunidade educativa, disseminados através de diferentes apoios para todos os níveis educacionais. Livretos educacionais com várias propostas de ensino para o conteúdo curricular, agrupados por área e nível, estão disponíveis através de uma plataforma digital (www.seguimoseducando.gob.ar) e várias propostas foram disponibilizadas para a comunidade educacional por meio da plataforma www.educ.ar, que está ativa desde 2000.
O Ministério da Educação concordou com o Conselho Nacional Inter-Universitário (CIN) em difundir conteúdo educacional através de vários canais de televisão (TV Pública, Canal Encuentro, Paka Paka e DeporTV), bem como produções audiovisuais de universidades públicas em vários formatos, tais como documentários, tutoriais, webinars temáticos e até mesmo youtuber universitário.
O 'Plano Juana Manso' foi lançado em maio de 2020 por videoconferência do Ministério da Educação Nacional, para integrar e proporcionar acesso às tecnologias. Este plano substituiu o 'Plano Conectar Igualdad'2 (Connect Equality Plan), que foi promovido durante 2010-2018, e foi fortemente divulgado durante o período 2010-2014 e que foi defundida a partir de 2015 até seu fechamento em 2018.
Com relação à educação universitária, a Secretaria de Políticas Universitárias (SPU), através da Resolução 12/2020 de 3 de abril de 2020, estabeleceu que "Cada uma das Universidades Nacionais, levando em conta as modalidades e ofertas, deve adaptar seu calendário acadêmico para levar em conta possíveis modificações futuras imprevisíveis" (ARGENTINA, 2020b).
No contexto da pandemia, os campi "virtuais" das universidades que haviam sido utilizados para acompanhar as aulas presenciais ou aquelas utilizadas para fins específicos tornaram-se os protagonistas, não sem dificuldades, com as complexidades da ignorância ou do uso em massa, o que exigiu novas abordagens de conectividade e formação nestes recursos tecnológicos. Os diferentes cenários digitais começaram a mostrar tanto suas dificuldades quanto suas possibilidades de realizar aulas e outras tarefas em relação a formação, pesquisa e extensão.
Neste contexto, entre as medidas adotadas estava o acordo entre o Ministério da Educação Nacional e a Entidade Nacional de Comunicações (ENACOM) para que as três empresas de telefonia celular do país (Movistar, Claro e Personal) facilitassem o livre acesso às plataformas educacionais a partir dos telefones celulares, liberando o consumo de dados privados, nos sites das universidades e instituições de ensino superior do país (ARGENTINA, 2020c).
2. Educação Física, formação e digitalização na experiência de formação
Os professores de Educação Física (PUEF) da Universidade Nacional de Luján, reorganizaram o calendário acadêmico e propondo um agrupamento de disciplinas em diferentes categorias3 de acordo com as particularidades dos cursos realizados e suas possibilidades de credenciamento.
O uso de salas de aula "virtuais" para formação, já utilizadas em alguns casos, principalmente como repositório de textos, programas e/ou para comunicação com os alunos em relação à organização dos cursos, começou a expandir suas possibilidades de uso, carregando-os com propostas pedagógicas didáticas, incluindo conteúdos e competências digitais (HERNÁNDEZ, 2019). Combinando-o com outras mídias e recursos digitais como: Instagram, Facebook, WhatsApp, e-mail, vídeos, áudios, Padlet, PowertPoint, etc., com usos e propósitos variados e diversificados de acordo com os assuntos.
Isto implicava que a formação de professores de educação física, como requisito obrigatório, permitiria a Internet como um novo cenário de formação, ou seja, como um mediador para a formação inicial de professores de educação física, que incluía suas possibilidades de acesso e permanência, ou seja, conectividade, dispositivos tecnológicos e outros elementos, tais como materiais de estudo impressos. Os dispositivos tecnológicos têm sido variados, principalmente telefones e computadores, e muito poucos Tablets, que tornaram possível entrar, permanecer e viajar através dos vários e múltiplos idiomas digitais.
Quanto às possibilidades de acesso e permanência, alguns estudantes afirmam que "eu não podia estudar porque estava quase sem internet por um mês" (27/06/2020) ou que "eu não tinha a possibilidade de ter internet para continuar com o curso" (28/07/2020) ou que "eu tive que cancelar o serviço de internet para poder continuar pagando o aluguel" (02/07/2020), sendo o aspecto econômico um fator determinante e influenciando fortemente as possibilidades de formação, que em certos casos é ampliado para incluir os dispositivos "tenho problemas de conectividade, não tinha computador e com o telefone celular era difícil" (26/06/2020). Estas manifestações deixam clara a ausência de programas ou políticas estatais que lidam com isto, que existiam, mas hoje parecem estar ausentes ou mais especificamente restritas.
A combinação de acessibilidade, dispositivos e materiais impressos são outros aspectos a serem levados em conta: "Estou lidando apenas com dados de telefones celulares e infelizmente não tenho os módulos impressos. (26/06/2020) O material impresso representa a modalidade de presença em um presente que a torna impossível.
Outro caso revela a profundidade de uma grande desigualdade digital "Eu não consegui estudar porque não tenho internet em casa, nem computador, e meu telefone só funciona para a wsp! (13/07/2020), que podem ser ampliados, como mostrado no caso seguinte "tive que abandonar o curso porque não tinha computador ou telefone para poder fazê-lo" (10/07/2020), dispositivos úteis são aqueles que facilitam, não apenas a entrada na Internet, mas também aqueles que permitem acompanhar as exigências de uma proposta de formação que só pode ser transitada com uma rede de uso, ou que os habilita.
Os problemas de conexão, acesso e permanência têm um forte impacto nas experiências de formação, bem como em suas vidas diárias. Para autores como Canaza-Choque, a desconexão também está ligada à perda de competitividade no mercado de trabalho, pois se manifesta como uma desigualdade comunicativa, que "representa para aqueles conectados uma vantagem no desenvolvimento, enquanto para aqueles desconectados a oportunidade de serem incluídos no avanço informativo, tecnológico, comercial, educacional e cultural, entre outros" (CANAZA-CHOQUE, 2018, p. 228).
3. Torne-se um 'usuário da web' da experiência de formação da EF
Do ponto de vista histórico, a Internet pode representar a busca de pessoas para a transmissão de informações a lugares onde o recurso de sua voz é inacessível para uma comunicação, reduzindo custos e melhorando a qualidade, destes processos (FELDMAN, 2002). E é descrita como uma rede de computadores, como um conjunto de computadores que são instalados em todo o mundo, conectados e interligados.
Do nosso ponto de vista, a Internet é um meio de comunicação, de interação e de organização social, particularmente de produção cultural que inclui diferentes usos e manifestações, coincidindo com Castells (2001), um meio que "o que ela faz (...) é processar a virtualidade e transformá-la em nossa realidade, constituindo a sociedade em rede, que é a sociedade em que vivemos”. Isto representa um espaço social, no qual as pessoas desenvolvem certos comportamentos ligados a seus interesses, necessidades e preocupações. Estes comportamentos se apropriam da Internet, amplificando-a e fortalecendo-a do que realmente são: produções culturais (CASTELLS, 1999, p. 6).
Essas produções culturais também representam, nos termos de Bauman, uma destruição geográfica ou topográfica, ou seja, uma experiência simultânea entre dois universos, o da conexão, ou da vida on-line, e o da desconexão ou da vida off-line. Como o autor aponta,
Cada um de nós hoje vive, intermitentemente, embora com muita freqüência simultaneamente, em dois universos: online e offline. O segundo dos dois é frequentemente referido como "o mundo real" (...) Os dois universos diferem nitidamente, nas visões de mundo que inspiram, nas habilidades que exigem e nos códigos de comportamento que amalgamam e promovem. Suas diferenças podem ser, e de fato são negociadas: mas são difíceis de conciliar (BAUMAN, 2015, p. 7).
Cada dimensão é diferente, até mesmo contraditória, mas a circulação entre uma e outra sempre cria uma fronteira de trânsito pessoal e individual onde é inevitável que ambos os universos afetem um ao outro.
Portanto, para ser um usuário da Internet, supõe ter algum suporte, algum dispositivo digital, com um sistema operacional para acessar a rede e um serviço ativo que permita a permanência, neste sentido, percebe-se que os aspectos econômicos, sociais e políticos desempenham um papel essencial. Como usuário da Internet, a pessoa tem acesso a uma grande quantidade de informações, que está ligada a certos perfis individuais de concepção da realidade social. Estes perfis de informação são definidos através dos algoritmos de cada mecanismo de busca (Google e Facebook, por exemplo), que utilizam diferentes "pistas" para mostrar os resultados em seqüência4.
Segundo Prada (2020), concordamos quando ele diz que "a Internet se tornou um elemento-chave para gerar novos padrões sociais, comunicacionais e emocionais", e que se há algo que caracteriza o presente, é o enorme impacto que a Internet tem sobre o desenvolvimento de nossa criatividade. Para o autor, o elemento chave é o conceito de "usuário da Internet", convencido de que quando entramos no sistema de rede através dos diferentes dispositivos que selecionamos e/ou temos, nos tornamos protagonistas. Autores como Sarmiento Guede, de Esteban Curiel, e Antonovica (2017), mencionam que:
o usuário experimentou uma grande transformação. Ele deixou de ser um ator passivo no processo de comunicação para se tornar um agente, em termos de protagonista, que controla muita informação e tem um grande poder de influenciar os outros através de suas opiniões. (SARMIENTO GUEDE, apud ESTEBAN CURIEL e ANTONOVICA, 2017, p. 82).
Como 'usuários da Internet' participamos ativamente diante de uma grande quantidade de informações, de idiomas, vozes, imagens e vidas de outros, e implementamos diferentes estratégias e táticas que estão ligadas a práticas de criação, participação, comunicação, socialização, etc.
No Facebook (FB), uma rede social lançada em 2004, ela é apresentada como uma estrutura dinâmica na forma de um 'muro' de divulgação com a possibilidade de mensagens privadas entre usuários (AGUILAR RODRIGUEZ; SAID HUNG, 2010) ao qual você pode adicionar ao vivo, histórias e salas de bate-papo. O Facebook dos estudantes do PUEF é acessado por estudantes, graduados, professores e não-professores, tornando-se um espaço de circulação múltipla de informações, tanto ligadas às disciplinas quanto às questões institucionais. Os cursos também são publicados, apoiados ou não por organizações governamentais, ligados à Educação Física, esportes, medicina, outros assuntos no final, ofertas de emprego relacionadas ao campo, venda de roupas e materiais esportivos ou de atividade física, entre outros assuntos.
É possível identificar diversos materiais em relação aos assuntos da carreira, como áudio-visual, bibliografia, aulas ao vivo, palestras de especialistas, aplicações on-line e também, consultas a professores sobre dinâmicas e trabalhos práticos propostos, além disso, são observadas reclamações administrativas e comunicações sociais, que às vezes ligam, redirecionam, para outras plataformas como Instagram, YouTube e WhatsApp.
Diferentes modos de interação são mostrados, alguns através da publicação de imagens, vídeos, textos, escrita por chat, outros através das 'reações' da FB (eu gosto, eu amo, eu me preocupo com isso, eu gosto, eu me surpreendo, eu estou triste e eu estou com raiva), a possibilidade de compartilhar publicações, mesmo comentando com um ponto para gerar notificações de comentários sobre essa publicação (ou seja, não perdê-la), entre os próprios estudantes, e entre estudantes e professores, graduados e não-professores, permitindo a participação ativa com diferentes graus de criatividade, mas em todos os casos gerando protagonismo nos participantes. Como pode ser visto na imagem a seguir:
Fotografia 1: Post de estudante no Facebook, de 10/08/2020.
Podemos observar uma presença muito ativa de grupos políticos, tais como o Centro Estudantil e outros movimentos políticos acadêmicos, que fazem parte da vida universitária, desafiando as várias dimensões, estruturas e figuras da mesma, mas também fornecendo estratégias que têm impacto na carreira, estudantes, professores etc5.
A partir de nosso entendimento, o FB dos estudantes constitui uma verdadeira rede de comunicação e interação interpessoal para a comunidade universitária, constituindo um repositório multimídia, ou seja, uma "plataforma digital que reúne, registra, dissemina, preserva e dá acesso público a diversos conteúdos" (CONICET, 2019).
Fotografia 2: Mensagem do estudante no Facebook, de 01/8/2020.
Os lançamentos, ou seja, as publicações variam em seus propósitos e modalidades. Consultas acadêmicas e/ou administrativas são textos, escritos em formato de perguntas que se abrem para a conversação ou contribuição de dados que geram diferentes "fios" de acordo com o conteúdo. Por exemplo, quando a consulta é para dados precisos, as respostas são poucas e concretas, por exemplo, um post: "Eu preciso de declaração de que sou um estudante regular. Alguém sabe como posso obtê-la on-line? Porque a página me diz que eu tenho que solicitar em San Fernando. Obrigado". A resposta é: "envie um e-mail para sanferalumnos@gmail.com" (post de estudante no FB, de 12/08/2020), de colegas ou professores que fornecem as informações, mesmo referindo-se a outras plataformas: "amiga te respondo por wasap", (resposta em comentários a uma consulta administrativa). Mas quando a preocupação se refere a problemas acadêmicos, sociais ou mesmo políticos, ela gera intercâmbios mais amplos.
As imagens editadas como folhetos de divulgação, convidam à ação concreta ou à participação em palestras e reuniões. Ao contrário dos lançamentos a que fizemos referência, estas imagens aparecem repetidamente na parede, publicadas por pessoas diferentes, compartilhadas novamente dentro do grupo, gerando uma seqüência repetida da mesma informação. Este tipo de cargo está mais relacionado a grupos de estudantes e movimentos políticos estudantis de várias posições e perspectivas.
Fotografia 3: Mensagem de estudante no Facebook, de 06/08/2020.
A imagem 3 foi publicada 5 vezes pelo moderador da página entre 16:57 e 23:48hr, sem observar outras publicações no meio. Este recurso é utilizado para que as publicações, entre outras, não se percam e que o correio apareça e seja visto pelos membros do grupo.
As imagens dos produtos à venda relacionadas à atividade física e seu condicionamento, geram consultas que na maioria das vezes são referidas ao envio de mensagens privadas. Estas publicações são acompanhadas de diferentes explicações, desde os compromissos oficiais até as necessidades de vendas para situações pessoais. Estas imagens mostram cenas da vida pessoal, já que muitas vezes os produtos são fotografados nos ambientes daqueles que os oferecem. Assim, a interação mostra diferentes formas de participação social, que anunciam o surgimento de outras narrativas, diante do imenso e constante fluxo de informações.
3.1. Formas de como os estudantes são “usários"
O uso da FB, como parte da vida universitária de formação de professores em Educação Física, nos permite reconhecer diferentes formas de ser um usuário. Visivelmente existe um tipo de uso acadêmico, em relação ou baseado nos interesses e/ou necessidades ligadas às matérias. Este uso articula as interações dos estudantes, em relação a consultas sobre propostas de formação que, em alguns casos, incluem recursos digitais para esta modalidade virtual, como o seguinte caso: "Bom dia pessoal…alguém sabe no nome do aplicativo de anatomía?” (post de estudante no Facebook, 2020), como interações relativas à organização da proposta, tais como a seguinte imagem:
Foto 4: Mensagem do estudante no Facebook 06/08/2020
Interações que se referem à necessidade de entender e até mesmo tornar públicas algumas situações particulares em alguns assuntos não escapam, por exemplo: "(...) não pude abrir a segunda Parcial para fazê-lo e a primeira que não aprovei, me deixaram diretamente livre, não me deram a oportunidade de fazer a Parcial em outro dia... o que tenho que fazer? Alguém sabe?" (post de estudante no Facebook, 2020).
Finalmente, existem interações que se referem à busca de parceiros para a formação de grupos de trabalho, desenvolvimento de trabalho prático, etc., como, por exemplo: "Estamos procurando alguém que queira se juntar ao nosso grupo para fazer o integrador (...) já somos 3 (responsáveis e dispostos a fazer o trabalho)" (Facebook dos Estudantes, 2020). Neste caso, alguns requisitos são exigidos e expressos para se juntar ao grupo, o que de alguma forma implica a exigência de um perfil particular de estudante-parceiro, para aquele grupo.
Outras interações se referem à carreira em geral, mais precisamente à Instituição Universitária, e sua adaptação à situação atual, cujas demandas parecem passar por diferentes circuitos de informação e resposta desconhecidos dos estudantes, como, por exemplo: "Olá a todos, preciso me comunicar com um representante da universidade para resolver uma situação acadêmica. Alguém sabe onde eu posso me comunicar? (Estudante Facebook, 2020) ou o seguinte: "Gostaria de perguntar a um de vocês se receberam suas notas para as matérias que promoveram no último período? Porque eu olhei meu perfil hoje e o meu ainda está faltando" (Estudante Facebook, 2020). Ou como, "olá, como vai? Alguém conseguiu o cartão para operar no banco Santander Rio, para a bolsa de estudos"? (Estudante Facebook, 2020) mostrando como uma plataforma que excede a vida institucional se revela.
Estes usos, dizemos, estão de alguma forma relacionados a uma socialização, que é inspirada pela troca de informações, que conecta interesses, de ligar o público com o privado, ou melhor, o social com o particular, como, por exemplo: "Quem se junta a um grupo de amigos ansiosos para sair e dar uma pequena ajuda a todas essas pessoas" (Estudante Facebook, 2020), ou "É hora de jogar um jogo muito difícil, de ir aos tribunais da cidade e saber que os casos de pessoas nas ruas, famílias e crianças com grandes dificuldades para enfrentar este problema se multiplicaram” (Estudante Facebook, 2020).
Desta forma, a FB trabalha aqui como um amplificador para a consciência das situações sociais que a situação atual de pandemia, isolamento, coronavírus e estudantes, futuros professores, como atores, protagonistas, envolvidos com estas questões.
Além disso, há intercâmbios ligados a outros interesses, tais como "Treinamento em Halterofilismo Olímpico". Professor (...) (Treinador da equipe argentina de halterofilismo) Professor de Educação Física" (Estudante Facebook, 2020) onde a ampliação oferecida pela FB, está mais relacionada a perfis profissionais e campos de inserção no trabalho.
Finalmente, há um uso que pode ser lido como uma plataforma política, ou seja, como um espaço para a divulgação de certos grupos, como centros ou grupos de estudantes, de ideias, ações, propostas, etc. em relação à carreira, à vida universitária ou às suas relações com a sociedade, como o seguinte anúncio: "Neste contexto que estamos atravessando a nível mundial, somos obrigados a ficar em casa para cuidar uns dos outros, trazendo como conseqüência que os cursos devem ser realizados de forma virtual, aprofundando as dificuldades e desigualdades que já existiam antes e propondo novos desafios tanto para estudantes quanto para professores. Por esta razão, e tomando como exemplo projetos de outras Universidades Nacionais, apresentamos hoje ao Secretário do Bem-Estar Social uma proposta de 'ESCOLARES NETBOOK'". (Grupo de estudantes no grupo do Facebook, 2020). Ou o seguinte: "Queremos dizer a todos os estudantes que expressaram sua preocupação conosco que continuaremos trabalhando para e com vocês e também reivindicando nossos direitos como estamos fazendo. Muito obrigado" (Movimento Estudantil, Facebook dos Estudantes, 2020). Ambos os anúncios, transmitem ou publicam informações, cujos desejos visam convencer os estudantes de que suas preocupações, reivindicações, interesses e necessidades estão sendo abordados e considerados nesse contexto. Ao mesmo tempo, eles informam ao resto da comunidade acadêmica sobre sua interferência na carreira. Isto também pode ser visto na divulgação de conteúdos em diferentes formatos, como um vídeo sobre o tema da inclusão num contexto europeu: "Educação Inclusiva no Século 21, a chave para...". (Estudante Facebook, 2020).
Considerações finais
Somos motivados a levantar algumas questões que nos levam a continuar a estudar em profundidade a natureza digital e digital das experiências iniciais de formação de professores em Educação Física e seu impacto na construção de subjetividades de ensino.
De nossa perspectiva, os usos da Internet são diversos, variados e diferentes, ligados às necessidades pessoais, também diversos, mas sempre inscritos em contextos específicos (sociais, culturais e políticos) que valorizam e/ou limitam tais usos.
Como usuários da Internet, não apenas acessamos dados, informações, mas também e sobretudo, recortes ou fragmentos da vida de outros, que estão lá, para serem interpretados, o que nos obriga a reconhecer e refletir sobre o impacto que ela tem do ponto de vista educacional para os estudantes.
Quanto ao FB dos estudantes, consideramos que funciona como "uma unidade na diversidade", ou seja, mostra coerência interna baseada na diversidade. Acreditamos que esta unidade é a Educação Física, diversidade, são as perspectivas, que refletem diversas concepções de Educação Física, em diferentes formatos, imagens, fotos, panfletos e até mesmo em links que se conectam com outros sites de informações específicas, e que enquadram as relações da carreira com diferentes áreas de inserção no trabalho. Assim, as imagens constituem um tecido visual denso, onde não apenas perspectivas e concepções diversas são enxertadas, mas também onde o íntimo é expresso, a justaposição pessoal com o social, o cultural e o político.
Por sua vez, a superexposição de idéias, posições e perspectivas à respeito da Educação Física está ligada às linguagens (práticas) que os estudantes constroem a partir dos centros estudantis e movimentos políticos, com base na apropriação de materiais, textos, ideias, encontradas e mistas, ou seja, em linguagens já existentes (práticas existentes).
Finalmente, acreditamos que a experiência digital mostra os estudantes como protagonistas, que produzem conhecimentos ligados ao ensino, em relação à implantação de certas habilidades (intervenção, reflexão, criação, exposição, contextualização, etc.) dando origem nestes processos à constituição e criação de novas, outras, e até desconhecidas, identidades pedagógicas, ou seja, é possível que a experiência de formação que ocorre em vários cenários, como as plataformas digitais, contribua para a formação de subjetividades ativas, sendo assim agentes digitais para a ação pedagógica.
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ACERCA DE LOS AUTORES
MARIEL ALEJANDRA RUIZ é doutora em Educação pela Universidade de Barcelona, mestre em desenvolvimento profissional e institucional pela mesma Universidade, professora da Universidade Nacional de Luján e Formador Permanente da Dirección General de Cultura y Educación de la Provincia de Buenos Aires.
E-mail: ruizmariel1@gmail.com
MARIA PAULA PISANO CASALA é doutora em Pedagogia pela Universidade de Barcelona, mestre pela mesma Universidade, Professora/Pesquisadora do Departamento de Educação da Universidade Nacional de Luján na carreira, Professora Universitária em Educação Física.
E-mail: paupisano88@gmail.com
Recebido em: 10.07.2020
Aceito em: 05.10.2020
1 Aqueles saberes que são gerados a partir das práticas discursivas sobre o corporal, ou seja, como todos aqueles saberes que são ressignificados no corporal dos discursos socioculturais que o contexto atual em que vivemos nos oferece.
2 O plano Connecting Equality, como política de inclusão digital de âmbito federal, distribuiu 3 milhões de netbooks no período 2010-2012, a professores e estudantes. Ao mesmo tempo, o conteúdo digital foi desenvolvido e o trabalho foi feito nos processos de formação de professores. Decreto 459/10 https://dges-cba.infd.edu.ar/sitio/programa-conectar-igualdad-decreto-459-10/
3 Tipo A: Aqueles assuntos que podem ser desenvolvidos em sua totalidade em modo de não-presença. Tipo B: Aqueles assuntos que começam em modo de não-presença, mas exigem um período de presença. Tipo P: aqueles assuntos que são atendidos exclusivamente, o que significa que eles não são desenvolvidos em modalidade de não-presença.
5 Por exemplo, a visualização dos problemas dos alunos quando confrontados com o caráter obrigatório de um curso digital, através da elaboração, implementação e divulgação dos resultados de uma pesquisa com os alunos realizada através do googleform.