APRESENTA��O

 

DOI: https://doi.org/10.22409/mov.v7i14.47356

 

 

 

Este ano de 2020 assinala 55 anos de P�s-Gradua��o, contados a partir do Parecer Sucupira (Parecer CFE n� 977/65).  Ao longo destes anos, a universidade, em geral, e a P�s-Gradua��o, em particular, passaram por modifica��es significativas no que diz respeito a sua autonomia, formas de financiamento, dura��o dos cursos e forma��o de pessoal qualificado. Ao mesmo tempo, a convers�o da pesquisa em atividade sistem�tica, com o fito de responder ao processo de internacionaliza��o da economia/do trabalho/da tecnologia, propiciou o desenvolvimento e a solidifica��o do Sistema Nacional de Ci�ncia, Tecnologia e Inova��o. Tamb�m veio requerer a organiza��o de um sistema de ensino articulado, composto por universidades, escolas, faculdades e institutos isolados, institutos vinculados �s universidades e institui��es de forma��o profissional cient�fica e tecnol�gica de n�vel superior.  Neste sentido, todas as �reas do conhecimento, Ci�ncias Exatas e da Terra, as Engenharias, as Ci�ncias da Sa�de, as Ci�ncias Agr�rias, as Ci�ncias Humanas, as Ci�ncias Sociais Aplicadas, Lingu�stica, Letras e Artes, vieram dando respostas a este processo de modifica��o ocorrido, desde ent�o, sendo a Educa��o transversal a todas elas.

Neste contexto, apresentamos �s leitoras e aos leitores a d�cima quarta edi��o, uma Edi��o Especial, da Movimento � Revista de Educa��o do Programa de P�s-Gradua��o em Educa��o e da Faculdade de Educa��o da Universidade Federal Fluminense.

O Dossi�, intitulado 55 anos de P�s-Gradua��o no Brasil, busca resgatar e preservar a mem�ria da g�nese da P�s-Gradua��o brasileira e aspectos de seu desenvolvimento, passando pela Reforma Universit�ria de 1968, at� os dias que correm, e organiza-se em doze artigos, uma entrevista, cinco documentos, uma resenha.

O primeiro artigo do dossi�, intitulado Meio s�culo de P�s-Gradua��o no Brasil: do per�odo heroico ao produtivismo pela media��o de um modelo superior �s suas matrizes, de Dermeval Saviani, analisa o processo de implanta��o da p�s-gradua��o no Brasil, configurado como um novo modelo superior, tendo por base os modelos estadunidense e europeu e levanta o problema em torno dos riscos de descaracteriza��o do modelo brasileiro de p�s-gradua��o que se manifestam no produtivismo acad�mico.

No artigo A P�s-Gradua��o no Brasil: itiner�rios e desafios, Carlos Roberto Jamil Cury revela os elementos hist�ricos e legais dessa trajet�ria, destacando, de um lado, a a��o proativa do Estado na forma��o de elites acad�micas preparadas para as atividades de investiga��o cient�fica e, de outro lado, a presen�a da comunidade cient�fica em comiss�es, avalia��es relativas � p�sgradua��o. Isso n�o significou a inexist�ncia de cr�ticas e de problematiza��es.

Em A Sa�de Coletiva: contribui��es para a p�s-gradua��o brasileira, Everardo Duarte Nunes toma por base fontes prim�rias das �reas da educa��o e da Sa�de Coletiva - epidemiologia, ci�ncias sociais em sa�de e planejamento, com o fito de analisar o conceito de Sa�de Coletiva e as rela��es que se estabelece entre ele e o desenvolvimento da p�s-gradua��o no Brasil, particularmente o da constitui��o de Programas em Sa�de Coletiva.

Adriana Marcondes Machado, Beatriz Saks Hahne e Carolina Terruggi Martinez, em Enfrentando a escrita-em-d�vida na forma��o de pesquisadores, desvelam o mal-estar causado nos corpos de docentes e discentes pesquisadores como, o estresse, a depress�o e a ansiedade. Segundo as autoras, a rela��o com a escrita passa a ser vivida como algo ou da ordem protocolar ou do imposs�vel sob a supremacia da avalia��o quantitativa, a limita��o dos prazos e a necessidade premente de publicar artigos como atividade cont�nua em nome das boas avalia��es e da justifica��o da concess�o de bolsas de estudo, dentre outros imperativos.

��������� No manuscrito A P�s-Gradua��o em Centros Regionais Brasileiros como espa�o de internacionaliza��o at home, de Egeslaine de Nez e Marilia Costa Morosini, as autoras evidenciam a import�ncia da p�s-gradua��o em centros regionais, considerando sua contribui��o marcante para a produ��o da ci�ncia e, assim, sugerem a internacionaliza��o at home, uma especificidade de internacionaliza��o que se daria a partir de dentro, partindo dos arranjos locais para o externo, em n�veis nacional e internacional.

��������� Em O Mestrado Profissional em Educa��o Profissional e Tecnol�gica (ProfEPT) e o significado dessa oferta de forma��o em p�s-gradua��o no Brasil, Sandra Terezinha Urbanetz, Elisete Lopes Cassiano e Vanessa Bettoni analisam a contribui��o do Mestrado Profissional em Educa��o Profissional e Tecnol�gica (ProfEPT) para a p�s-gradua��o brasileira com base em rico invent�rio documental e emp�rico.

��������� O trabalho de Rafael da Cunha Lara, intitulado A Doc�ncia na P�s-Gradua��o sob o Signo de Jano: cultura, conhecimento e cansa�o, analisa os aspectos da doc�ncia na p�s-gradua��o do Brasil, na contemporaneidade, relacionados � cultura, ao conhecimento e aos processos de trabalho. Com base na an�lise de resultados de duas pesquisas qualitativas, empreendidas na forma de estudo de caso m�ltiplo, envolvendo professores universit�rios de todo o pa�s, o autor revela a maneira pela qual se constitui o trabalho docente na p�s-gradua��o, evidenciando novos elementos da cultura do trabalho em um contexto de acelera��o de ritmos de vida pessoal e laboral, de produ��o do conhecimento e de imers�o em elementos da cultura digital.

No artigo As Significa��es do Professor do Ensino Superior sobre as A��es Constitutivas do Estudo na P�s-Gradua��o em Educa��o, Francisco Antonio Machado Araujo e Maria Vilani Cosme de Carvalho tomam por base os aportes te�ricos da Psicologia Hist�rico-Cultural para analisar a apreens�o dos conte�dos, e o desenvolvimento do estudo, por parte dos discentes, em n�vel da P�s-Gradua��o em Educa��o mediado pelas significados trazidos, pelo docente, para sala de aula, sobre suas viv�ncias no percurso acad�mico-cient�fico.

J� no artigo Os Debates sobre a Forma��o Docente na CAPES e na ANPEd (2016-2019), Adilson de Souza Borges procede ao levantamento de produ��es cientificas junto ao Portal de Peri�dicos Capes e ao s�tio eletr�nico da Associa��o Nacional de P�s-Gradua��o e Pesquisa em Educa��o entre os ano de 2016 e 2019, de modo a evidenciar os debates produzidos acerca da forma��o docente no campo das pol�ticas educacionais.

Por fim, o �ltimo artigo do dossi� � de autoria de Elza Margarida de Mendon�a Peixoto: O Problema da Forma��o Pr�-Profissional das Condi��es Subjetivas dos Professores para a Pr�tica Profissional - Contribui��es de Jos� Barata-Moura. Nele a autora explora a quest�o radical subjacente � pr�tica do ensino e ao est�gio docente enquanto momentos da forma��o pr�-profissional das condi��es subjetivas dos professores para a pr�tica profissional. Com base no materialismo hist�rico dial�tico, defende que pr�tica de ensino e o est�gio referem-se ao problema da forma��o com verdade, ou seja, de uma forma��o que possibilite uma consci�ncia/subjetividade que reflita adequadamente aquilo que � a realidade.

 

Em seguida, a entrevista com Afr�nio Mendes Catani, livre docente da pela Universidade de S�o Paulo (USP) e professor visitante do Programa de P�s-Gradua��o em Educa��o da Universidade Federal Fluminense (UFF), tem como t�tulo Metamorfoses do Ensino Superior Brasileiro: da �forma��o de elites� ao �pragmatismo desenfreado�. Nela, os entrevistadores Marcos Marques de Oliveira e Nevaldo Leoc�dia Bastos J�nior, al�m de prestar uma homenagem ao saudoso Jorge Nassim Vieira Najjar, capturam as metamorfoses ocorridas no sistema de ensino superior brasileiro, que segundo Afr�nio Mendes Catani possui quatro marcos institucionais fundamentais. S�o eles: a cria��o da USP, na d�cada de 1930, voltada � forma��o das elites paulistanas; a reforma universit�ria realizada pela Ditadura Militar, no final dos anos 1960, que marcou um primeiro movimento de expans�o das chamadas universidades federais brasileiras, com o intuito de adotar o modelo departamental da universidade norte-americana; a promulga��o da Lei de Diretrizes e Bases da Educa��o Nacional (LBDEN) de 1996, durante o governo de Fernando Henrique Cardoso, que visava atualizar o nosso sistema de ensino superior �s prerrogativas privatistas de um projeto de integra��o do pa�s � globaliza��o transnacional; e, as pol�ticas educacionais dos governos de Lu�s In�cio Lula da Silva, que com vistas � configurar um novo movimento de expans�o de matr�culas no ensino superior brasileiro, buscou combinar iniciativas que atendessem tanto aos interesses dos setores privados de ensino, quanto �s prerrogativas dos movimentos da sociedade civil que atuam em defesa da Educa��o P�blica.

 

Da se��o Documento consta o Relat�rio da Equipe de Assessoria do Planejamento do Ensino Superior (EAPES) � Acordo MEC-USAID que, balizou os trabalhos do Grupo de Reforma Universit�ria, criado por Decreto n� 62.937, de 2 de julho de 1968, sua consulta, espera-se, venha contribuir para o aprofundamento de estudos em torno do tema da Educa��o Superior.

Al�m do Relat�rio, a se��o incorpora quatro homenagens ao nosso querido e saudoso Jorge Nassim Vieira Najjar que, entre outros cargos p�blicos, foi Diretor da Faculdade de Educa��o e Coordenador do Programa de P�s-Gradua��o em Educa��o da Universidade Federal Fluminense. A primeira e a segunda, intituladas Meu Mestre e eu e Pelas M�os do Orientador, s�o dois relatos de experi�ncias singelos, produzidos, respectivamente, por Marcelo Mocarzel e Karine Morgan, que expressam o amor e a troca intensa de conhecimento e aprendizado que marcaram a rela��o entre orientador e orientandos em um curto per�odo de tempo da vida acad�mica de muitos e muitos p�s-graduandos n�o s� no Brasil, mas, talvez, no mundo inteiro. Um curto per�odo de tempo, sim, organizado segundo a estrutura curricular dos cursos de mestrado e doutorado, que, no entanto, se eternizam nas vidas singulares de Marcelo Mocarzel e Karine Morgan. Que tal rela��o possa nos servir de exemplo.

A terceira homenagem, intitulada Amigo, Intelectual Org�nico e Defensor da Educa��o P�blica - homenagem a Jorge Nassim Vieira Najjar, se traveste no �Parecer para fins de acesso da classe de Associado IV para a classe E (Professor Titular) da Carreira do Magist�rio Superior� elaborado pelo professor Luiz Fernandes Dourado, membro banca examinadora do desempenho acad�mico de Jorge Najjar que o eleva a categoria de Professor Titular da Universidade Federal Fluminense, no m�s de julho de 2020.

A quarta homenagem diz respeito ao Decreto n� 13.775, de 8 de outubro de 2020, que cria a Unidade Municipal de Educa��o Infantil Jorge Nassim Vieira Najjar, sob o secretariado da professora Flavia Monteiro de Barros Araujo.

 

Encerramos o Dossi� com a Resenha, escrita por Renata Azevedo Campos, sobre o livro Pol�ticas e avalia��o da p�s-gradua��o stricto sensu: da inser��o social local � internacionaliza��o, uma colet�nea organizada por Valdina Alves Ferreira. O livro � resultado de pesquisas e an�lises acerca das pol�ticas educacional em torno da p�s-gradua��o stricto sensu.

 

Esperamos que a leitura do dossi� propicie outras tantas an�lises que venham contribuir no combate ao academicismo e na constru��o de uma pr�xis transformadora da realidade, particularmente da universidade e da escola p�blica.

Boa leitura!

 

 

Zuleide Simas da Silveira (org.)

Universidade Federal Fluminense (UFF)

Niter�i, RJ, Brasil

 

 

 

 

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