A determinação histórica e seus impactos construção econômico-social
Resumo
Moishe Postone é responsável por uma instigante crítica marxista às interpretações dominantes no campo do marxismo. Esta pesquisa é dedicada a discutir a contribuição de Postone e como reinterpreta o Capital com “ênfase no historicamente específico” destacamos a importância da determinação histórica na leitura de o Capital. Ao analisar o duplo caráter do trabalho no capitalismo (trabalho concreto e abstrato) tal como apresentado por Marx, Postone apresenta-nos uma distinção do conceito original de Marx da concepção de trabalho. Desta forma, sugere o autor, que no marxismo tradicional o capitalismo e suas conquistas desenvolve as indústrias, tecnologias (forças de produção), sendo o problema o mecanismo de mercado e o sistema distributivo (relações de produção) que faz uma alocação desigual, consequentemente, Postone afirma que no capitalismo riqueza é o próprio valor e que o valor imprime uma dinâmica que não regula apenas o modo de distribuição, mas também a produção. Desta forma, a produção tecnológica é determinada pelo que é valor; isto nos leva a afirmar que não podemos entender o modo produção capitalista como sendo neutro, podendo ser apropriado por um sistema socialista, colocando os seus frutos a serviço e uso de todos. As conquistas produzidas pelo capitalismo são moldadas pelo valor. O marxismo tradicional aponta a contradição no capitalismo alicerçada no fato de que este desenvolve a produtividade, mas a distribui de maneira desigual. Postone, porém, sugere uma reinterpretação de Marx, olhando para forma de distribuição do valor. A primeira forma de domínio pelo trabalho é forma de dominação pessoal, uma relação pessoal direta estabelecida entre o senhor e servo. Essa primeira forma foi superada pelo capitalismo; a formação social baseada na forma-mercadoria, se caracteriza pela independência pessoal na estrutura de uma independência materializada na coisa. Antes do surgimento do capitalismo, o trabalho era dominado por relações de dependência pessoal; porém, com este advento, surge uma nova forma de dominação do trabalho – dominação impessoal - em que ninguém, em tese, é obrigado a trabalhar. A independência no capitalismo é a independência pessoal, porém, cria-se uma dependência das coisas. A forma de obrigação ao trabalho não se dá por meio de outro ser humano e sim através das coisas. O trabalho de todos consiste na forma adequada de se adquirir as mercadorias. Na sociedade capitalista, as relações sociais são diferentes. As pessoas não dependem uma, das outras; todos dependem do mercado, que se apresenta como um conjunto de relações sociais autonomizadas em relação aos indivíduos. As relações sociais são, por definição, relações humanas; o mercado, por sua vez, se constitui por estabelecidas relações entre coisas. Assim, a sociedade capitalista, onde a produção de mercadorias é generalizada, produz uma dominação impessoal e abstrata (POSTONE, 2014). A interpretação de dominação abstrata, elaborada por Postone, rompe com as concepções dos marxistas tradicionais. Trata-se da dominação de pessoas por estruturas abstratas, algo que acontece quase (objetivamente) independente, embora não possa ser objetivamente independente. Sabemos que as relações sociais se estabelecem entre pessoas. Porém, no capitalismo tais relações são desenvolvidas por meio das coisas, o que nos leva a concluir que, objetivamente, há relações entre coisas Postone (2014). Para Postone (2014), identificar o trabalho como historicamente determinado o fez ter um olhar para interdependência social nele baseada. O trabalho de todos é instrumento através do qual as mercadorias podem ser adquiridas. A historicidade determinada, revela que dominação abstrata de pessoas por estruturas abstratas tem por consequência evidenciar que, no capitalismo, a aparência se apresenta como o ser independente “livre”, mas, em sua essência, reside uma dependência das coisas. Desta maneira, as coisas tornam-se as mediadoras das relações
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Referências
POSTONE, M. Tempo, trabalho e dominação social: uma reinterpretação da teoria crítica de Marx.
[Sine loco: sine nomine], 2014.
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