Análise da qualidade do orçamento público à luz das desigualdades sociais
um estudo de caso da Universidade Federal Fluminense
Resumo
O orçamento público é a expressão monetária de um planejamento. Ou seja, é a previsão de receitas e autorização de despesas. Trata-se de importante instrumento de políticas públicas e definição de prioridades da Administração Pública. Tal instrumento é um parâmetro para analisar a viabilidade de execução das políticas públicas nos pontos de vista econômico e político. Isso ocorre, respectivamente, pela sua utilidade em avaliar os recursos disponíveis para a formulação das políticas públicas, no qual se chama análise estática, mas também pela análise dinâmica, que são possibilidades da gestão orçamentária dentro do contexto político institucional de decisão. O planejamento do orçamento público apresenta uma grande relação com as ideias centrais dos governos e repercutem sobre a administração pública como um todo (ABREU; CÂMARA, 2015) . Nas Universidades Federais de ensino superior, como no caso da Universidade Federal Fluminense (UFF), o ensino é totalmente gratuito, e grande parte do seu financiamento provém do Fundo Público Federal, que reúne os recursos financeiros arrecadados da população mediante a tributação, impostos, taxas e contribuições. Pelo fato dos recursos orçamentários destinados às universidades públicas possuírem uma carência crescente, torna-se “cada vez mais crescente a necessidade de tornar os instrumentos de controle, como o orçamento anual e sua alocação aos departamentos, mais descentralizados, transparentes, flexíveis e de corresponsabilização, melhorando a performance das atividades primárias de ensino, pesquisa e extensão” (PIRES et al., 2010, p. 40 apud MARTINS; FERNANDES; BRUN, 2019).. No início do Século XX, houve um avanço das políticas federais de educação e de proteção social pelo governo. Com isso, o governo realizou diversas políticas destinadas a atender o setor público, com a expansão do número de instituições federais, de campi e de matrículas apoiada no Programa de Apoio a Planos de Reestruturação e Expansão das Universidades Federais. Também foram criadas através de iniciativa de estados e do governo federal, políticas de ações afirmativas, consubstanciadas especialmente através da Lei de Cotas de 2012, no qual auxiliou a entrada de um novo público nas universidades (COSTA et al., 2021). A estimativa do investimento anual por aluno é realizada pelo Inep, de acordo com os níveis de ensino, nas instituições públicas de ensino. As despesas com pessoal ativo, encargos sociais, outras despesas correntes e investimentos financeiros, relativos às três esferas de governo, são as rubricas consideradas na estimativa do investimento médio por aluno, excluindo os gastos com aposentadorias e pensões, bolsas de estudo, financiamento estudantil e juros, amortizações e encargos da dívida da área (COSTA et al., 2021). De acordo com os dados dos Censos Demográficos de 1960 a 2010, \textcite{brito} diz que a ampliação do acesso à educação superior durante esse período aconteceu por conta uma desigualdade entre classes, grupos raciais e níveis socioeconômicos. Entretanto, estudos que analisam dados da década de 2010 mostram um aumento proporcionalmente maior de grupos mais vulneráveis historicamente. Através dos fatos mencionados, o objetivo da minha monografia é analisar, a partir do orçamento público da Universidade Federal Fluminense durante o período de janeiro de 2019 à dezembro de 2021, se as despesas públicas para essa instituição de ensino superior está sendo capaz de reduzir as desigualdades socioeconômicas dos alunos e realizar avanços sociais sob o ponto de vista das metas estabelecidas e da qualidade do gasto.
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Referências
ABREU, C.; CÂMARA, C. O orçamento público como instrumento de ação governamental: uma análise de suas redefinições no contexto da formulação de políticas públicas de infraestrutura. Rev. Adm. Pública, Rio de Janeiro, volume 49, número 1, páginas 73–90, 2015.
BRITO, M. M. A. A dependência na origem: desigualdades no sistema educacional brasileiro e a estruturação social das oportunidades. 2014. Tese – Universidade de São Paulo, São Paulo.
COSTA, J. et al. Expansão da educação superior e programa de investimento público. Rio de Janeiro: Ipea, 2021. Disponível em: http://dx.doi.org/10.38116/td2631.
MARTINS, J.C.; FERNANDES, W.L.C.; BRUN, S. A. Orçamento público e Universidade: Uma análise da relação entre gasto público e qualidade de ensino. GESTUS, Matinhos, volume 2, número 6, páginas 75–89, jul. 2019.
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